01 outubro 2011

A Mochila (1)

A mochila é um dos elementos do nosso equipamento que requer mais atenção e cuidado. Uma mochila que se ajusta mal ou de má qualidade, irá tornar a nossa vida infernal, encorvando-nos lentamente até que fiquemos exaustos e doridos. Na hora de adquirir uma mochila, devemos ter muito cuidado, pois será a nossa companheira inseparável que nos ajudará a transportar a casa às costas.
Até à pouco tempo, falar de mochilas era o mesmo que falar de armações de madeira. Posteriormente a mochila com armação exterior de alumínio teve um grande êxito, no entanto com o evoluir da tecnologia, as mochilas evoluíram e dispomos actualmente de diversos tipos de mochila com armação interior e adaptadas aos diversos tipos de actividades. É essencial que a mochila se torne o mais confortável possível.




O nosso corpo e a mochila


Pensemos na articulação e na acção axial que se produz entre as pernas, a zona pélvica, a coluna vertebral, os ombros e os braços, enquanto caminhamos. Quando avançamos o pé direito, a anca direita gira sobre a parte inferior da coluna; a perna esquerda move-se a seguir e imediatamente a anca esquerda gira sobre a coluna em direcção oposta. Simultaneamente os ombros movem-se em tandem, mas o seu movimento é diametralmente oposto ao das pernas e os braços balançam de trás para a frente para equilibrar a passada. Em terreno plano, a mochila rígida de armação exterior não interfere muito na mecânica do movimento, mas se abandonarmos a suavidade do trilho plano e subirmos para as montanhas, verificamos que no terreno acidentado causa problemas na sequência do movimento. Os problemas não aparecem tanto nas subidas, uma vez que os movimentos das pernas e das ancas serão curtos, concentrados e estáveis, mas nas descidas começa-se a verificar que as ancas giram sobre o eixo central da coluna, como fazem normalmente, só que se inclinam para os lados cada vez que avançamos a perna para descer. Se a armação é rígida, a parte da mesma que está em contacto com a anca mais alta empurra a quina oposta da armação, separando-a do ombro, e o mais grave, o centro de gravidade da carga desloca-se e é distinto do centro de gravidade do corpo, provocando assim o desequilíbrio, o que num terreno com grande pendente e abrupto pode ser perigoso. Basicamente é um problema de balanço da mochila, uma vez que o corpo vai para um lado e a mochila para outro. Ponderou-se em soluções para resolver este problema. Pensou-se então no conceito do arnês sobre as ancas para melhorar o desenho das mochilas, o que se conta como um dos avanços mais importantes para melhorar a comodidade do transporte. O homem nunca foi destinado para ser uma besta de carga e a sua complicada e delicada coluna vertebral não foi destinada para suportar cargas pesadas. Se transferirmos o peso nas ancas em vez de o fazer sobre as costas, podemos carregar a mochila com muita mais comodidade e eficácia e ainda se unirmos o cinturão do arnês aos extremos inferiores da armação, fazendo um cinturão flutuante sobre as ancas, o corpo será independente da armação e vice-versa sem deixar de gravitar o peso sobre as ancas. A essência de um bom desenho de mochila radica na estabilidade e na distribuição do peso. Actualmente quase todas as mochilas têm arneses integrados sobre as ancas que fazem que o peso da mochila seja suportado pelos fortes músculos das ancas e das nádegas, em vez dos ombros

Como escolher a mochila ideal

Esta é a pergunta que apenas cada um pode responder individualmente. A escolha da mochila dependendo do tipo de actividade, é fundamental. Devemos olhar ao aspecto ergonómico, cujo conceito se refere à ajustabilidade dos objectos à anatomia humana. Proporcionar transporte de carga em harmonia com a constituição física humana é a principal função da mochila. Quando escolher a sua mochila deve prestar atenção em como ela se ajusta aos quadris e às costas, deve colocar a mochila nas costas e atar o cinturão das ancas com a sua parte superior sobre o osso da anca, de seguida ajustar as fitas dos ombros de forma que a mochila se ajuste às costas de forma que o ponto mais alto da armação fique a cerca de 4-7 cm abaixo do osso proeminente do pescoço. Este teste deve ser efectuado com a mochila cheia de forma a verificar como ela se adapta ao seu corpo. As mulheres devem verificar se a curvatura das alças não incomoda na altura dos seios (existem actualmente mochilas desenhadas especificamente para mulheres com alças mais estreitas por esse motivo e cinta da barriga mais afunilada adequando-se melhor à bacia da mulher ). A mochila ideal é aquela que mais se adapta às suas actividades e estrutura física. Para testar a resistência da mochila, vire-a do avesso e puxe com força no local das costuras, não esquecendo de testar também a resistência e a regulagem das alças de ombro e de barriga.


Espaço entre a mochila e as costas


Existem pessoas que preferem ter um espaço entre a mochila e as costas de forma a criar uma corrente de ar que aumente a ventilação e permita ficar mais frescos. O ideal é levar a mochila o mais possível encostada ao corpo. Uma mochila mais adaptada ao corpo torna a carga mais confortável. Lógicamente as costas suarão mais se tiverem uma mochila a pressiona-la, mas também transpiram quando subimos uma montanha sem mochila, é improvável que se crie uma corrente de ar suficiente que permita a evaporação do suor e da condensação que se forma. Quanto mais espaço tivermos entre as costas e a mochila, mais peso carregaremos nos ombros, fazendo que nos inclinemos para a frente para compensar, o que nos cansará mais.

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