24 setembro 2014

Padrões climáticos e os iões do ar (2)




Os iões do ar

Séculos de história popular e de relatos sugerem que algumas pessoas sofrem incómodos e dores perante a mais ligeira mudança de tempo.





Uma revisão minuciosa das investigações relativas aos efeitos dos sistemas meteorológicos a curto prazo e o clima nas pessoas, revela que apenas foram publicados alguns (poucos) estudos bem elaborados.





Por exemplo, Muecher e Ungeheuer investigaram os tempos de reacção, a percepção visual, a propensão aos acidentes de trabalho e as visitas a ambulatórios médicos durante seis condições meteorológicas diferentes. Concluiram que estas quatro variáveis estavam afectadas por mudanças no tempo, principalmente por um vento seco e quente que visita as regiões alpinas da Europa no começo da Primavera e do Outono, esse vento apelida-se de “Foehn” ou “vento assombrado”, devido aos efeitos nocivos que tem sobre as pessoas.





Existem muitos outros ventos deste tipo em todo o mundo, como o “Santa Ana” na Califórnia, o “Chinook” no Oeste do Canadá e nos Estados Unidos, o “Sirocco” em Itália, o “Sharav” ou “Hamsin” no Médio Oriente, o “Mistral” na França, o “Thar” na India e o “Zonda” na Argentina.





Estes ventos secos e quentes que correm ao nível do solo carregam enormes quantidades de pó e geram imensos campos de electricidade estática e de iões. Os iões formam-se quando os átomos ganham ou perdem electrões (partículas carregadas negativamente), criando um desequilíbrio no número de partículas carregadas em cada um.





As concentrações de iões positivos nessas tempestades podem aumentar até 13.000 por centímetro cúbico. Em terreno aberto, existem normalmente um total de 400 a 2.000 iões por cada centímetro cúbico de ar e a proporção entre iões + e – vai de 4:1 a 1,3:1. Outros fenómenos naturais geram iões positivos e negativos a uma escala menor, como por exemplo, a fricção entre massas de ar geram iões positivos e a radiação solar e cósmica, trovoadas, vegetação, cascatas de água e radiações da terra, geram iões negativos.





A figura abaixo apresenta um exemplo da influência de uma frente meteorológica sobre os iões positivos e negativos do ar. Essas medições foram tomadas após uma tarde de tempestade ter ocorrido em Filadélfia, Pensilvania.





Verifica-se que as concentrações de iões no ar cresceram rapidamente durante os 90 minutos anteriores à tempestade e de seguida caíram de forma contínua até ter terminado a tempestade.






As respostas do corpo humano aos iões do ar

 A figura abaixo ilustra os sistemas do corpo que respondem a mudanças da ionização do ar. Estas incluem o sistema nervoso, endócrino, respiratório e imunitário. O texto seguinte descreve a natureza dessas respostas.





Demonstrou-se que até 30% dos seres humanos são sensíveis aos altos níveis de iões positivos que ocorrem nos ventos secos e quentes acabados de mencionar. Por exemplo, Robinson e Dirnfeld estudaram o “Sharav”, cujas características mais destacadas incluem um súbito aumento da temperatura e uma queda da humidade e do vento. Notaram que as pessoas sensíveis ao tempo começaram a sofrer no momento em que a quantidade total de iões aumentava devido a um aumento desproporcional do número de iões positivos, isto ocorria entre 24 a 48 horas antes de que ocorressem qualquer outras mudanças em parâmetros ambientais como a velocidade e a direcção do vento, a temperatura, a radiação solar, e a humidade. Sintomas como enxaquecas, inchaço de membros, asma, palpitações e hiperatividade do aparelho digestivo, são típicos em pessoas “sensíveis”.





Na próxima semana voltaremos a este tema, até lá…





Boas caminhadas