06 outubro 2011

De Braga até ao Alasca

O Clube de Montanhismo de Braga esteve representado na expedição “Portuguese Denali 2011”, que decorreu no maciço do Denali, Alasca, nos EUA. Planeando escalar a montanha mais alta da América do Norte (Denali ou Mount McKinley, com 6.192m de altura) pelo West Buttress. A expedição que foi composta por três elementos: Armindo Dias, o Líder, Vasco Fernandes e Eduardo Vieira, este último como representante do CMB, acabou por não ter sucesso. Esta foi a segunda tentativa de alcançar esta montanha. A primeira em 2007, com um grupo de cinco elementos, também não teve sucesso devido ao mau tempo. A escalada nesta montanha é caracterizada pelo grande isolamento em relação à civilização, devida ao facto de todo o percurso ser efectuado em neve e gelo, bem como de nos encontrar-mos num clima sub-ártico, sujeito em qualquer altura a grandes mudanças em termos de condições climatéricas e ao grande ênfase na auto-suficiência que as equipas têm de demonstrar, na medida em que não há qualquer abrigo ou reabastecimento em todo o maciço, segundo Eduardo Vieira, salientando que devido a essa circunstância, toda a comida para a expedição que pode durar mais de três semanas, e todo o combustível necessário para cozinhar e derreter neve (para obter água) tem de ser carregado pelos membros da expedição. Por esse motivo, na prática é impossível carregar toda a comida, combustível e equipamento numa mochila, acabando por resolver-se esse problema usando duas técnicas distintas, trenós semelhantes aos que usamos para deslizar nas encostas da Serra da Estrela e que se atam às mochilas, sendo usados normalmente, entre os sucessivos campos, bem como a técnica de subir e enterrar material supérfluo num depósito o qual é depois bem marcado na neve com varas finas de bambu, dormindo-se no acampamento mais abaixo e voltando a subir no dia seguinte com uma carga mais leve, recuperar o depósito e montar novo acampamento.
Condições Climatéricas
A montanha é escalada através de uma sucessão de acampamentos (normalmente cinco) desde o campo base no South-East Fork do Glaciar kahiltna. A via escolhida pode ser dividida em três partes: a primeira parte que se situa entre o campo base e o campo três, consiste na travessia do Glaciar Kahiltna que se faz em cerca de três dias com um ganho de altitude de cerca de 1.200m. Não tem grandes dificuldades técnicas, mas vem a ser uma das zonas que apresenta maiores perigos, pois o Glaciar é rasgado por inúmeras fendas no gelo ou crevasses e o risco de queda numa delas é significativo. A última parte da escalada compõe-se com a subida ao campo cinco e daí, a ida ao cume. Infelizmente devido ao cansaço acumulado, quando foi alcançado campo, depararam-se condições impeditivas de tentativa de cume, em virtude do muito vento, que se traduz em muito frio e muito perigoso quando nos deslocamos àquela altitude. Perante este cenário, segundo Eduardo Vieira, houve a necessidade de tomar decisões e, analisada a meteorologia e as questões logísticas, foi decidido abandonar a escalada, pois o mau tempo iria durar ainda alguns dias, sem garantia de melhorias de que voltassem a verificar-se condições razoáveis para tentar cume. Além do mais, a comida também já não abundava e temia-se que não fosse suficiente para o tempo de espera para mais uma tentativa.
Convém lembrar que esta aventura foi publicada na revista “Campismo & Montanhismo”, nº31 Julho/Agosto/Setembro 2011 da FCMP.
Parabens “Edú” estamos orgulhosos de ti. Não fizeste cume, mas foi uma vitória, pois naquele terreno inóspito, cada passada é uma vitória.

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