25 junho 2014

Altitude: o ambiente hipobárico da Terra (5)




Ambiente hipobárico-hipóxico e rendimento físico

Apesar da existência de grande quantidade de investigações e teorias, não está claro o que é que limita o rendimento do organismo a grandes altitudes.





 O Dr. Charles Houston, um dos especialistas de altitude mais destacados do mundo, concluiu, de uma forma simples, muito do que sabemos actualmente sobre a matéria. Segundo este, parece provável que a fadiga muscular limita o rendimento até cerca de 3.000 a 4.600 metros de altitude. Entre 4.600 e 6.100 metros as causas de diminuição de rendimento parecem ser distintas para cada pessoa. Acima dos 6.100 metros, as principais restrições são a incapacidade de respirar ou de difundir ar suficiente (quer dizer, desde o interior dos pulmões para o sangue).






Exercício máximo

Os alpinistas em altitude precisam de realizar um esforço físico máximo apenas em raras ocasiões. Mesmo assim, apenas o podem prestar durante breves períodos e, depois, necessitam de tempo para recuperar.





Fazer exercício a uma altitude extrema exige um exercício de ventilação muito elevado. Perto do cume do Evereste, por exemplo, cada passada que se dá para a frente e para cima necessita de 7 a 10 ciclos de respiração completos. Um alpinista descreveu de maneira muito expressiva esta experiência ao usar as seguintes palavras: “após cada pequena passada dobramo-nos sobre os nossos piolets, com a boca aberta, esforçando-nos por respirar o suficiente para que os nossos músculos continuem a trabalhar. Tenho a sensação de que vou explodir. À medida que ganhamos altitude, é necessário deitar-nos para recuperar da respiração ofegante.”





Acima de 1.500 metros, a diminuição da potência aeróbica máxima (VO2 max) devido a uma exposição a altitude, assume aproximadamente 3% a cada 300 metros de subida. Este efeito está ausente abaixo dos 1.500 metros.





No entanto, esta resposta varia de pessoa para pessoa. É provável que a variação que se verifica de pessoa para pessoa, se deva à natureza do VO2 max, a qual não é determinada por um único parâmetro, mas que implica muitas componentes fisiológicas num sistema complexo de transporte de O2 desde os alvéolos dos pulmões até às mitocôndrias das células musculares.





Outros componentes fisiológicos importantes são o ritmo de ventilação pulmonar, o estado ácido-base, o rendimento cardíaco e a concentração de hemoglobina.
A uma altitude extrema, o ritmo máximo de trabalho (potência) e o VO2 max, caem rapidamente à medida que aumenta a altitude. Isto traduz-se, por exemplo, num menor rendimento em competição. Assim, os tempos de provas de estádio e de natação aumentam cerca de 3% em corridas que durem 4 minutos e cerca de 8% nas corridas que durem sensivelmente 1 hora.





Ainda que a glicose anaeróbica compense a redução da capacidade aeróbica a altitude extrema, esta resposta não ocorre durante um exercício levado ao máximo, porque o metabolismo anaeróbico também está muito limitado.





Biopsias efectuadas em músculo humano mostraram que os níveis de lactato intramuscular são mais baixos durante um exercício máximo num ambiente hipobárico-hipóxico (em altitude) do que num exercício exaustivo ao nível do mar.




No próximo artigo damos continuidade ao tema, até lá…





Boas caminhadas