24 julho 2013

Caçar (continuação)



Esfolar e amanhar

Aves
A maior parte das aves devem ser depenadas e cozinhadas com a pele, tendo em vista reter a humidade e aumentar o seu valor alimentar.






Após a ave depenada, corta-se-lhe a cabeça e faz-se um golpe no ânus através do qual se possa remover as vísceras.




Lava-se a cavidade do corpo da ave com água doce e limpa. Separa-se a moela, fígado e coração para assar.




Limpa-se a moela, abrindo-a e removendo-lhe os grãos, areias e a pele interior.


 

 É mais fácil depenar uma ave depois de escaldada.




As aves aquáticas são uma excepção, estas aves são mais fáceis de depenar a seco. Depois de cozinhadas, algumas aves podem ser esfoladas para se lhes melhorar o sabor, no entanto o valor alimentar pode perder-se.
Aves necrófagas, tais como abutres e tartaranhões, devem ser fervidas pelo menos durante 20 minutos para que os parasitas sejam destruídos. Guardam-se todas as penas (excepto as das necrófagas). Estas podem ser usadas para isolar os sapatos ou o vestuário ou para pôr na cama.





Animais

As pulgas e os parasitas costumam abandonar um corpo frio. Deve-se aguardar que tal suceda antes de limpar e amanhar as carcaças. A limpeza deve ser feita estando-se próximo de água corrente, sempre que possível, onde as carcaças possam ser lavadas.





Para preparar animais de pequeno e médio porte:

1) Pendura-se a carcaça de cabeça para baixo num ramo apropriado. Corta-se-lhe a garganta e deixa-se sangrar para um recipiente. Ferve-se o sangue. Este é uma fonte valiosa de alimento, vitaminas, minerais e de sal.





2) Faz-se uma incisão em torno dos “pulsos” e “tornozelos” do animal e uma outra em forma de “Y” desde as patas traseiras até à garganta através da barriga. Não se corta a carne, apenas se corta a pele.

3) A partir do tórax, faz-se uma incisão em direcção de cada uma das patas dianteiras.

4) faz-se uma incisão circular em torno dos órgãos sexuais.

5) Esfola-se actuando de cima para baixo. A pele da maior parte dos animais mortos recentemente costuma sair como se fosse uma luva justa, revelando-se mais difícil em algumas espécies.


 

6) abre-se-lhe a barriga e retira-se as entranhas, da traqueia para cima, separando toda a massa visceral com um corte circular para remover os órgãos sexuais.






7) Guarda-se os rins, fígado e coração. Utiliza-se a gordura aderente aos intestinos e ao couro. Todas as partes de um mamífero são comestíveis, inclusive as partes carnudas do crânio, tais como os miolos, língua e outras partes moles. Inspecciona-se o coração, rins, fígado e intestinos para verificar se têm manchas ou vermes.





 Se o animal tiver alguma doença, o perigo estará presente durante o manuseamento e a preparação da carne para cozinhar. Se tivermos luvas, devemos usá-las durante a preparação do animal. Elas ajudarão a evitar que se contraia a doença. Uma vez o animal bem cozido, há poucas hipóteses de sermos contaminados pela doença.

8) Não se deita fora nenhuma das partes do animal. As glândulas, entranhas e órgãos reprodutores podem ser usados como isca em armadilhas e em linhas de pesca.

Como estripar os animais

Corta-se a pele em volta do ânus, e se o animal for macho corta-se a pele paralela, mas não contígua, ao pénis.






 Insere-se o indicador e o dedo médio entre a pele e a membrana que contém as entranhas, coloca-se a lâmina da faca entre os dois dedos e faz-se um corte até à queixada.





Corta-se o diafragma quando chegarmos às costelas, corta-se o osso pélvico e remove-se o ânus,




abre-se o peito, separa-se e remove-se a maior quantidade da traqueia que se puder.




Coloca-se o animal numa posição lateral e retira-se as entranhas.





Como esfolar animais de grande porte

Após termos caçado o animal, deita-se este de costas. Corta-se a pele em linha recta (será uma grande ajuda ter uma faca bem afiada) desde o osso da cauda até um ponto sob a queixada do animal.  Pressiona-se a abertura a abertura na pele até que dois dedos possam ser inseridos entre a pele e a fina membrana que contém as entranhas. Coloca-se a lâmina entre os dedos, corta-se e força-se com os dedos para a frente, tendo a palma da mão voltada para cima, cortando a pele e não a membrana. Quando se chegar às costelas não necessitamos de ser tão cuidadosos. Retiramos os dedos, forçamos com a faca para baixo da pele e levantamo-la. Corta-se até ao ponto C. Com o corte central completo faz-se de seguida cortes cortes laterais desde A até C (ver figura). Corta-se no lado interior de cada perna até ao joelho e jarrete. Fazem-se então cortes em torno das pernas da frente imediatamente  acima dos joelhos bem como em torno das pernas traseiras logo acima do jarrete. Faz-se o último cruzamento no ponto C e dá-se um corte completo em torno do pescoço e na parte de trás das orelhas. Começa-se então a esfolar.





Começa-se exactamente pelos cantos onde os cortes se encontram. Após esfolarmos o animal o mais que pudermos num dos lados, roda-se a carcaça para esfolar a parte de trás. Espalha-se a pele solta, de modo a evitar que a carne toque no chão, e roda-se o animal no seu lado esfolado. Seguem-se os mesmos procedimentos para o lado oposto até que toda a pele esteja liberta.

Curtimento

Guarda-se a pele. Quando fica seca torna-se leve e é um bom isolante como cobertura de cama ou artigo de vestuário. A pele pode ser curada removendo-se-lhe todo o excesso de carne e esticando-a numa armação.





 Pode obter-se ácido tânico arrancando a parte interior da casca do carvalho e ensopando-a em água. Quanto mais concentrada for a solução, tanto mais eficaz será. A pele deve ser alternadamente ensopada nesta solução e pendurada à sombra para secar. Quanto maior for o número de aplicações, tanto mais bem curtido ficará o couro. O ácido tânico também se encontra no castanheiro, na mimosa, e no chá.

Animais de grande porte

Para a preparação, segue-se as indicações já referidas, tendo em atenção que teremos de ter mais cuidado (e cordas mais robustas) para suspender as carcaças dos animais mais pesados. Se isto for impossível, amanha-se o animal no chão.






Roedores

As ratazanas, das matas e do deserto, têm carne saborosa, particularmente se estufada. Estes roedores devem ser esfolados, estripados e escaldados.





As ratazanas e os ratos devem ser cozidos durante cerca de 10 minutos. Qualquer deles pode ser cozinhado com folhas de dente-de-leão. Incluem-se sempre os fígados.






Coelhos

São saborosos, mas fornecem pouca gordura à dieta. Apanham-se e matam-se com facilidade. Para os esfolar, faz-se uma incisão atrás da cabeça ou corta-se um bocado à pele que nos permita enfiar os dedos.







 Retira-se a pele. 











Para limpar o coelho, faz-se uma incisão ao longo da barriga, abre-se completamente e roda-se vigorosamente para baixo. A maior parte dos intestinos costuma pender para o exterior. O que fica, pode ser arrancado e deitado fora. (Guarda-se o coração e o fígado, se não apresentarem manchas).





Esquilos

A carne de esquilo é tenra e saborosa. Após esfolar o esquilo, simplesmente coloca-se num espeto improvisado e assa-se inteiro numa fogueira. Como alternativa pode-se cortar a carne em pedaços e fazer um guizado. Um esquilo grande pode alimentar duas pessoas. Para o esfolar corta-se a pele ao redor das patas e de seguida corta-se a pele através do meio das costas do animal.






 Colocamos então dois dedos por baixo da pele de cada um dos lados do corte efectuado e puxa-se para os lados opostos, retirando a pele do corpo do esquilo.






Outros animais comestíveis

Todos os mamíferos são comestíveis. Cães, gatos, ouriços-cacheiros, porcos-espinhos e texugos devem ser esfolados e estripados antes de serem cozinhados, Fazem-se estufados com uma boa dose de folhas comestíveis.

Répteis

As cobras e os lagartos são comestíveis. Descabeçam-se e esfolam-se antes de serem comidos. Os lagartos encontram-se um pouco por toda a parte, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais, Assam-se ou fritam-se. Para preparar as cobras, agarram-se firmemente por detrás da cabeça, a qual é cortada com uma faca,






abre-se a barriga e retira-se o interior, esfola-se a cobra e pode-se ainda usar a pele para improvisar cintos e correias.









Partes dos animais que podem ser utilizadas

Entranhas – O coração, fígado e rins podem ser comidos, no entanto devem-se rejeitar todos aqueles que estiverem descolorados.








Sangue – É uma boa base para sopas.






Gordura – É boa para fazer sopas.





Pele – Pode ser usada como couro para roupas entre outras utilidades de agasalho.






Tendões e ligamentos – Podem ser utilizados como tiras e cordas.





Tutano – É uma fonte de alimento muito rica.





Ossos – Podem ser usados para fazer armas e ferramentas.







Com mais este artigo esperamos ter contribuído para te ajudar a enfrentar mais algumas situações de sobrevivência. Sublinhando uma vez mais, que apenas devemos recorrer a estes ensinamentos  em situações de extrema necessidade.

Brevemente voltaremos ao tema. Até lá…





Boas caminhadas