04 fevereiro 2015

Avalanches




Equipamento preventivo

Além das medidas preventivas que se devem adoptar relativamente às características do terreno e do itinerário a seguir em função das condições meteorológicas, devemos dispor do equipamento necessário para a localização e salvamento das possíveis vítimas, que poderemos ser nós próprios.





Após a primeira meia hora de permanência, enterrado por uma avalanche, as possibilidades de sobreviver diminuem considerávelmente. Portanto para resgatar uma vítima com vida, quase que a única possibilidade consiste em contar com um rápido resgate levado a cabo pelos próprios companheiros presentes no acidente. Transportar e saber utilizar um equipamento preventivo adequado para uma busca rápida, pode ser portanto a nossa única possibilidade de salvação. Isto inclui todos os elementos do grupo, se queremos que realmente seja eficaz.





Este equipamento preventivo imprescindível em qualquer actividade com exposição a avalanches é: o detector electrónico de vítimas de avalanche e a pá. Uma ferramenta sem a outra não serve de grande coisa, pelo que devem estar sempre associadas.






Aparelhos electrónicos de detecção

São chamados ARVA (apareil de recherche de victimes de avalanche), LEVA (localizador electrónico de vitimas de avalanche) ou DVA (detector de vítimas de avalanche). O nome que parece ser mais utilizado na linguagem dos montanheiros é o de ARVA. Este nome tem inclusivé uma fácil interpretação em português podendo-se definir como Aparelho para Resgate de Vítimas de Avalanche.





O princípio de funcionamento é simples: o receptor recebe um sinal do emissor que aumenta com a aproximação. O aparelho dispõe de um comando para modificar a intensidade de recepção o qual se vai afinando cada vez mais na localização. Não obstante, é imprescindível estudar as instruções de utilização de cada fabricante.
Estes pequenos emissores-receptores colocam-se presos ao corpo, de preferência debaixo do vestuário exterior, de forma que não se corra o disco de ser separado do nosso corpo, e devem ser activados na posição de emissão desde que se comece a caminhada.







Deve-se levar em conta que estes aparelhos funcionam com pilhas, portanto devem-se mudar com frequência, pelo menos a cada início de temporada para um uso esporádico. É normal estes aparelhos perderem alcance com o passar do tempo, pelo que a cada início de temporada se deve confirmar o alcance real de segurança, que podemos calcular aproximadamente como a quinta parte do alcance efectivo que nos informe o aparelho na superfície. Igualmente, deve-se confirmar que cada aparelho recebe e emite, antes de cada saída.





Também se comercializam uns aparelhos mais simples que apenas são emissores. Podem ser úteis como opção económica, intercalados por alguns membros de um grupo numeroso, em que sempre ficarão aparelhos receptores na superfície, mas convém frisar que estes aparelhos são completamente ineficazes em grupos muito reduzidos uma vez que não existe a possibilidade de procurar vítimas com eles.
No caso de não se dispor destes aparelhos pode-se recorrer ao cordino de avalanche; que é simplesmente uma comprida e fina corda de cor viva com referências de distância e direcção do extremo a que se encontra atado o montanheiro. Ao atravessar zonas de risco, cada participante do grupo deve soltar o cordino completamente. Não é um método de todo recomendado, pois a sua eficácia é bastante duvidosa, pois fácilmente o cordino poderá ficar completamente enterrado.





O facto de levarmos um equipamento preventivo completo (ARVA, pá,...) não nos isenta de ser prudentes já que estes equipamentos não conseguem prever nem evitar avalanches, e qualquer avalanche, por pequena que seja, é altamente perigosa.

Pás

A massa de uma avalanche endurece imediatamente ao deter-se e de nada serve levar um dispendioso aparelho electrónico de grande eficácia, se não tivermos uma pá para desenterrar rápidamente o sepultado. Não podemos esquecer que a possibilidade de sobrevivência diminui considerávelmente quanto mais tempo transcorra após a detenção da avalanche.





Algumas pás também servem para improvisar um trenó de resgate que pode ser útil após desenterrar a vítima. Em grupos reduzidos, todos os componentes do grupo devem transportar uma pá, em grupos numerosos pode-se prescindir de algumas pás, sempre e quando se respeite uma distância de segurança entre os membros do grupo, nas zonas perigosas.

Sondas de avalanche

São umas varetas de alumínio dobráveis que se introduzem na neve como sistema de detecção, no caso de a vítima não possuir nenhum sistema de localização.






É essencialmente uma ferramenta de busca para grupos de resgate organizados, pelo facto de que para serem eficazes são precisas muitas pessoas, com o número de sondas suficientes (e muita sorte). Além disso, quando se recorre a este tipo de busca, poucas possibilidades existem de se encontrar a vítima com vida. Também é aconselhável o uso desta ferramenta em conjunto com os ARVA e a pá, para localizar com exactidão uma vítima detectada a grande profundidade. Se não se dispor de sonda, podem-se usar os bastões sem a borboleta, ou os próprios esquis, ainda que o seu comprimento seja escasso para ser realmente útil. Existem também bastões especiais que se podem converter em sonda.










Uma manta de alumínio de emergência, é também um acessório interessante em qualquer actividade invernal para conservar o calor corporal de um acidentado, após ser desenterrado.






Equipamento preventivo é também a roupa de agasalho, necessária para suportar o frio se formos surpreendidos. Se não tivermos outra alternativa que não seja atravessar uma zona com perigo potencial, convém apertar todos os zippers e botões, além de tomar as precauções básicas, quando exista perigo de avalanche.






Para a próxima semana encerraremos este tema. Até lá...





Boas caminhadas

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