Equipamento preventivo
Além das medidas
preventivas que se devem adoptar relativamente às características do terreno e
do itinerário a seguir em função das condições meteorológicas, devemos dispor
do equipamento necessário para a localização e salvamento das possíveis
vítimas, que poderemos ser nós próprios.
Após a primeira meia
hora de permanência, enterrado por uma avalanche, as possibilidades de
sobreviver diminuem considerávelmente. Portanto para resgatar uma vítima com
vida, quase que a única possibilidade consiste em contar com um rápido resgate
levado a cabo pelos próprios companheiros presentes no acidente. Transportar e
saber utilizar um equipamento preventivo adequado para uma busca rápida, pode
ser portanto a nossa única possibilidade de salvação. Isto inclui todos os
elementos do grupo, se queremos que realmente seja eficaz.
Este equipamento
preventivo imprescindível em qualquer actividade com exposição a avalanches é:
o detector electrónico de vítimas de avalanche e a pá. Uma ferramenta sem a
outra não serve de grande coisa, pelo que devem estar sempre associadas.
Aparelhos electrónicos de detecção
São chamados ARVA
(apareil de recherche de victimes de avalanche), LEVA (localizador electrónico
de vitimas de avalanche) ou DVA (detector de vítimas de avalanche). O nome que
parece ser mais utilizado na linguagem dos montanheiros é o de ARVA. Este nome
tem inclusivé uma fácil interpretação em português podendo-se definir como Aparelho para Resgate de Vítimas de Avalanche.
O princípio de
funcionamento é simples: o receptor recebe um sinal do emissor que aumenta com
a aproximação. O aparelho dispõe de um comando para modificar a intensidade de
recepção o qual se vai afinando cada vez mais na localização. Não obstante, é
imprescindível estudar as instruções de utilização de cada fabricante.
Estes pequenos emissores-receptores
colocam-se presos ao corpo, de preferência debaixo do vestuário exterior, de
forma que não se corra o disco de ser separado do nosso corpo, e devem ser
activados na posição de emissão desde que se comece a caminhada.
Deve-se levar em conta
que estes aparelhos funcionam com pilhas, portanto devem-se mudar com
frequência, pelo menos a cada início de temporada para um uso esporádico. É
normal estes aparelhos perderem alcance com o passar do tempo, pelo que a cada
início de temporada se deve confirmar o alcance real de segurança, que podemos
calcular aproximadamente como a quinta parte do alcance efectivo que nos
informe o aparelho na superfície. Igualmente, deve-se confirmar que cada
aparelho recebe e emite, antes de cada saída.
Também se
comercializam uns aparelhos mais simples que apenas são emissores. Podem ser
úteis como opção económica, intercalados por alguns membros de um grupo
numeroso, em que sempre ficarão aparelhos receptores na superfície, mas convém
frisar que estes aparelhos são completamente ineficazes em grupos muito
reduzidos uma vez que não existe a possibilidade de procurar vítimas com eles.
No caso de não se
dispor destes aparelhos pode-se recorrer ao cordino de avalanche; que é
simplesmente uma comprida e fina corda de cor viva com referências de distância
e direcção do extremo a que se encontra atado o montanheiro. Ao atravessar
zonas de risco, cada participante do grupo deve soltar o cordino completamente.
Não é um método de todo recomendado, pois a sua eficácia é bastante duvidosa,
pois fácilmente o cordino poderá ficar completamente enterrado.
O facto de levarmos um
equipamento preventivo completo (ARVA, pá,...) não nos isenta de ser prudentes
já que estes equipamentos não conseguem prever nem evitar avalanches, e
qualquer avalanche, por pequena que seja, é altamente perigosa.
Pás
A massa de uma
avalanche endurece imediatamente ao deter-se e de nada serve levar um
dispendioso aparelho electrónico de grande eficácia, se não tivermos uma pá
para desenterrar rápidamente o sepultado. Não podemos esquecer que a
possibilidade de sobrevivência diminui considerávelmente quanto mais tempo
transcorra após a detenção da avalanche.
Algumas pás também
servem para improvisar um trenó de resgate que pode ser útil após desenterrar a
vítima. Em grupos reduzidos, todos os componentes do grupo devem transportar
uma pá, em grupos numerosos pode-se prescindir de algumas pás, sempre e quando
se respeite uma distância de segurança entre os membros do grupo, nas zonas
perigosas.
Sondas de avalanche
São umas varetas de
alumínio dobráveis que se introduzem na neve como sistema de detecção, no caso
de a vítima não possuir nenhum sistema de localização.
É essencialmente uma
ferramenta de busca para grupos de resgate organizados, pelo facto de que para
serem eficazes são precisas muitas pessoas, com o número de sondas suficientes
(e muita sorte). Além disso, quando se recorre a este tipo de busca, poucas
possibilidades existem de se encontrar a vítima com vida. Também é aconselhável
o uso desta ferramenta em conjunto com os ARVA e a pá, para localizar com
exactidão uma vítima detectada a grande profundidade. Se não se dispor de
sonda, podem-se usar os bastões sem a borboleta, ou os próprios esquis, ainda
que o seu comprimento seja escasso para ser realmente útil. Existem também
bastões especiais que se podem converter em sonda.
Uma manta de alumínio
de emergência, é também um acessório interessante em qualquer actividade
invernal para conservar o calor corporal de um acidentado, após ser
desenterrado.
Equipamento preventivo
é também a roupa de agasalho, necessária para suportar o frio se formos
surpreendidos. Se não tivermos outra alternativa que não seja atravessar uma
zona com perigo potencial, convém apertar todos os zippers e botões, além de
tomar as precauções básicas, quando exista perigo de avalanche.
Para a próxima semana
encerraremos este tema. Até lá...
Boas caminhadas
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