03 setembro 2014

Altitude: o ambiente hipobárico da Terra (13)




Recomendações para fazer uma visita segura a grandes altitudes

É normal que a altitude origine um certo desconforto. Existem algumas precauções que podem ser tomadas para que a experiência seja o máximo de positiva possível. Uma nutrição correcta e uma ingestão de líquidos adequada, podem ter uma grande influência na permanência em altitude.






Boa nutrição

Como a perda de apetite e a actividade física enérgica são coisas que andam associadas na vida em altitudes extremas, é fundamental ingerir uma quantidade de calorias adequada e selecionar os nutrientes de uma forma correcta.





Quem sabe bem isto, são os nutricionistas e os fisiologistas, que aconselham os desportistas como fazer a mistura adequada de hidratos de carbono e de gordura na alimentação.





Também é muito importante para a saúde dos alpinistas, que costumam perder peso durante as suas visitas a grandes altitudes. As pessoas que costumam viver ao nível do mar e que se alimentam pouco, podem perder até 3 quilos durante a primeira semana que passem em altitude.





Os alpinistas perguntam constantemente o que deve conter a melhor alimentação de altitude para que o rendimento seja óptimo. Parece que os hidratos de carbono são importantes em altitude. Num estudo de campo, dois grupos de pessoas alimentaram-se de forma diferente, um grupo alimentou-se com uma dieta normal e outro grupo com uma dieta rica em hidratos de carbono.





O rendimento, no que diz respeito à resistência, do grupo que fez uma alimentação rica em carbohidratos, foi superior quando efectuavam exercícios intensos e além disso, também foram menores os seus sintomas de mal de altitude. Outros estudos demonstram que não ingerir energia em altitude, em forma de hidratos de carbono, pode levar a uma perda de massa muscular e um declínio no desempenho do rendimento.





 Durante a aclimatação à altitude, ocorrem melhorias no rendimento devido ao atraso do esgotamento das reservas de glicogénio dos músculos. Exemplificando a sabedoria do corpo, o apetite e os alimentos mais apetecidos, coincidem com a necessidade de uma ingestão contínua de hidratos de carbono. A maioria dos alpinistas, quando estão em altitude preferem o sabor dos alimentos que têm pouca gordura e grandes quantidades de hidratos de carbono, e as comidas gordurosas são desagradáveis para os alpinistas.





A junção desta situação com a adaptação metabólica, pode explicar porque diminui o peso corporal durante os primeiros dias de exposição à altitude. Por outras palavras, como a alimentação é baixa em calorias e baixa em gorduras, o corpo utiliza as suas próprias reservas de gordura como combustível.





Curiosamente, as experiências bioquímicas demonstram que a utilização celular de nutrientes fica alterada durante as três primeiras semanas de aclimatação à altitude. A gordura converte-se no combustível predominante durante a actividade física e a utilização de hidratos de carbono diminui. Isto protege as reservas locais de carbohidratos do glicogénio nos músculos e no fígado e serve para melhorar o tempo que se aguenta antes do esgotamento.





Quando se escala em altitudes extremas, isto pode ser a diferença entre a vida ou a morte. Desconhecem-se os mecanismos para economizar o glicogénio muscular e a mudança de um metabolismo gordo, mas existem três teorias. A primeira é que este fenómeno pode ser provocado pelo exercício prolongado e de baixa intensidade, que caracteriza a escalada e que estimula principalmente o metabolismo gordo. A segunda é que uma alimentação pobre em calorias e hidratos de carbono, juntamente com um elevado gasto de energia (por exemplo, um longo dia de escalada), pode reduzir as reservas de glicogénio nos músculos e no fígado, forçando a uma mudança do metabolismo.





A terceira é que o sistema nervoso autónomo pode sofrer uma alteração. Concluiu-se que a exposição a grande altitude aumenta de uma forma crónica a estimulação simpática nervosa e eleva a noradrenalina no plasma.





 Por sua vez, a noradrenalina faz com que o tecido adiposo liberte no sangue ácidos gordos livres e glicerol. De seguida esses ácidos gordos são absorvidos pelas fibras musculares através de uma acção massiva.





No próximo artigo terminaremos este tema, até lá…





Boas caminhadas

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