18 dezembro 2013

O Sol, o Calor e a Húmidade (1ª parte)




Uma vez que falamos no artigo anterior acerca do frio, não poderíamos deixar de falar no seu oposto, o calor. Nesse contexto apresentamos hoje a primeira parte dedicada a este tema e que esperamos seja do vosso agrado.






O Sol

A luz do Sol permite-nos ter visão, possui propriedades antidepressivas, tem uma certa acção bactericida e é fundamental para a síntese da vitamina D3 (antirraquítica). A necessidade da síntese desta vitamina satisfaz-se com a irradiação de 20 cm2 de pele (uma superfície menor do que a cara) durante 30 minutos por dia.





Os efeitos adversos da exposição solar dividem-se em agudos e crónicos. De entre os agudos, destacam-se o eritema solar, a queimadura solar, a imunossupressão (diminuição de defesas) e a maioria das doenças da pele produzidas ou desencadeadas pelo Sol. Entre os crónicos destacam-se o envelhecimento da pele e o cancro da pele.






O Sol e a pele

O espectro electromagnético divide-se, segundo a longitude de onda, em ultravioleta (inferior a 400 nanómetros - nm), em visível (400-760 nm) e infravermelhos (superior a 760 nm).
A queimadura solar ocorre devido a uma exposição excessiva aos raios ultravioletas (UV), os quais por sua vez  se dividem em UVA (320-400 nm), em UVB (290-320 nm) e em UVC (200-290 nm). Os UVC são filtrados e absorvidos pela camada de ozono antes de chegarem ao nível do mar. Os UVB são mais potentes do que os UVA e representam a principal causa de queimadura solar (85%). Por outro lado, os UVA representam a maioria dos raios ultravioletas que alcançam a superfície terrestre (90% ao meio-dia) e portanto são responsáveis por uma grande parte dos efeitos cutâneos agudos e crónicos da radiação ultravioleta, como por exemplo a degeneração do colágénio, com o consequente envelhecimento precoce da pele.





Para se quantificar o grau de protecção solar, utiliza-se o sistema DEM e FPS.

. O DEM (dose mínima eritematosa) é o tempo mínimo de exposição que produz vermelhão. Quatro vezes este tempo origina queimaduras do primeiro grau e oito vezes este tempo provoca queimaduras do segundo grau.




. O número de FPS (factor de protecção solar) de um produto, indica as vezes que se alonga o DEM num individuo. Por exemplo, se um individuo com um DEM de 6 minutos utiliza um creme com factor de protecção solar 10, poderá tolerar uma exposição de 60 minutos (6x10) sem se queimar.





O eritema solar acontece quando a pele fica vermelha devido aos raios ultravioletas e infravermelhos e equivale a uma queimadura de primeiro grau. Este fenómeno já é detectável nos primeiros 30 minutos de exposição aos raios UV, está bem desenvolvido após 2 a 6 horas com um pico às 12-24h e resolve-se após 4-7 dias. Pode produzir inchaço, hipersensibilidade e dor nas zonas expostas.





A queimadura solar ocorre por acção dos raios UV e aparece entre as 4 e as 6 horas de exposição. É equivalente a uma queimadura do segundo grau. Provoca bolhas, dor, diminuição da sensibilidade e pode ser acompanhada de febre, arrepios e náuseas.





A exposição crónica pode originar envelhecimento cutâneo prematuro, e mesmo lesões pré-malignas ou tumores cutâneos malignos. A radiação UVB tem um papel importante na origem do cancro de pele, e também os raios UVA são em parte responsáveis de tal forma que uma pessoa que receba mais de 10 sessões de raios UVA por ano tem um risco acrescido de sofrer de cancro da pele. No que diz respeito aos tumores malignos, ainda não está claro o papel protector dos cremes solares. Convém saber que uma lesão assimétrica, com bordos irregulares e que mudou de cor tendo um diâmetro superior a 6mm pode ser um melanoma.






Factores que intervêm nas lesões produzidas pelo Sol

. Comprimento de onda: UVB produz 1.000 vezes mais eritema do que o UVA.

. Pigmentação da pele: quanto maior pigmentação existir, menos queimaduras ocorrem.






. Espessura da pele.

. Hidratação: a penetração dos raios UV é superior em pele húmida do que na pele seca.





. Anatomia: O DEM é superior nas extremidades, sendo aí mais intenso do que na cara, pescoço e tronco.

. Reflexão ambiental: a neve fresca reflete aproximadamente 90% da luz, a neve antiga cerca de 60%, a reflexão no gelo ronda os 25% e a areia reflete 20%. As nuvens apenas diminuem em cerca de 20% da radiação UVB.





. Altitude: os raios UV aumentam cerca de 4% por cada 300 metros de altitude. A 1.500 metros a irradiação, no verão é a dobrar e no inverno, é quatro vezes maior do que ao nível do mar.





. Latitude: a exposição é maior em latitudes baixas.

. Hora do dia: cerca de 65% dos raios UV alcançam a terra entre as 10:00h e as 15:00h.






Prevenção

. Evitar a exposição durante as horas de máxima irradiação (entre as 10:00h e as 15:00h).

. Protecção com roupa adequada, boné, viseira, camisola de manga comprida, calças largas, etc.





. Levar em conta que a maior altitude, é maior a  intensidade de radiação existente, uma vez que os raios solares estão menos filtrados pela atmosfera.





. Ter em conta que a existência de determinadas superfícies que podem reflectir até mais de 50% da radiação incidente, como sejam a neve, areia, água, erva e o asfalto.

. Saber que a menor latitude terrestre existe maior irradiação solar, pois os raios solares incidem de forma mais verticais.





. Utilizar protecção com filtros solares com alto factor de protecção (60) e que protejam dos UVA e dos UVB (factor de protecção 60A /60B). Aplicar estes filtros a 30 ou 60 minutos antes da exposição e renovar a cada duas horas e depois de nadar ou suar. Devem-se utilizar cremes resistentes à água (água, suor), as water-resistant conservam as suas propriedades após 40 minutos de imersão em água e as water-proof até 80 minutos.





. Recorrer ao uso de baton do cieiro protector.

. Evitar os salões de bronzeamento artificiais (solários), pois a luz UVA que emitem causa envelhecimento cutâneo precoce e cancro da pele.

. Evitar o uso de cremes bronzeadores, pois intensificam a radiação ultravioleta.




Tratamento

Se aparecer uma queimadura, deve-se colocar compressas húmidas ou pomadas hidratantes. As pomadas anestésicas podem originar sensibilização, razão pela qual se desaconselham.
Se a queimadura for mais grave, podem-se aplicar pomadas com hidrocortisona a 1% , duas vezes por dia.
A dor e a inflamação podem-se tratar  com ibuprofeno (400-600 mg) a cada 6-8 horas.
A queimadura resolve-se em 4 – 7 dias.





Esperemos que o tema apresentado seja do vosso agrado e na próxima semana voltaremos ao mesmo tema. Até lá protejam-se do Sol.





Boas caminhadas

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