22 maio 2013

Prever a meteorologia em Montanha (Parte 2)

Para a prática do montanhismo em todas as suas variantes, é aconselhável possuir alguns conhecimentos básicos sobre os princípios que regem o tempo e o clima.
Ainda que constantemente se utilizem estas duas palavras de forma indiscriminada, a realidade diz-nos que se tratam de conceitos muito diferentes. O tempo pode-se definir como sendo o estado da atmosfera num determinado ponto ou lugar e numa época ou momento determinado, podendo-se descrever relativamente a uma determinada área concreta da superfície da Terra. Pelo contrário, o clima define-se como  sendo a condição característica da atmosfera deduzida de largos períodos de observação. Isto quer dizer que o conhecimento do clima é derivado do conhecimento do tempo, sendo o primeiro uma generalização e o segundo um acontecimento particular e concreto. Do mesmo modo que se estabelece esta distinção entre tempo e clima, podemos estabelecer uma distinção entre Meteorologia (ciência que estuda o tempo) e Climatologia (ciência que estuda o clima).
O motivo da necessidade para o excursionista ter conhecimentos sobre o clima e o tempo de um determinado lugar, reside na possibilidade de poder estabelecer as “estratégias” gerais e as “tácticas” concretas de forma a poder desfrutar e realizar incursões sem estar sujeito a grandes perigos. Por exemplo, se formos realizar uma incursão pela montanha, devemos ter em primeiro lugar, um bom conhecimento do clima de montanha para nos equiparmos de forma adequada (como é sabido, a altitude quando alcança cotas relativamente importantes provoca uma série de modificações nos elementos climáticos, entre as quais se destaca a descida da temperatura – excepto quando se produz inversão térmica, a diminuição da pressão atmosférica devido à perda de densidade consequência do afastamento da superfície terrestre, aumento da força dos ventos devido à diminuição da fricção com a superfície da terra, aumento da turbulência, etc). 


No entanto também será importante conhecer as previsões do tempo para poder planificar as nossas actividades de um modo mais imediato (portanto, jamais nos ocorreria sair numa incursão a uma zona de montanha, antevendo uma previsão de forte tempestade).
A maioria dos montanheiros está habituado a recolher informação televisiva, ou via internet, das previsões meteorológicas, as quais se efectuam a partir da interpretação de mapas do tempo e de imagens proporcionadas por alguns satélites (como é o caso do Meteosat).


Esta informação meteorológica que nos proporcionam nos meios de comunicação, geralmente são de carácter geral. Por esse motivo, se quisermos informação concreta e determinada sobre um lugar específico, devemos completar essa informação com outro tipo de informação e adaptá-la dependendo das características topográficas do terreno.
De qualquer forma, apesar dessa necessidade de conhecer outros tipos de dados e do facto de a maioria das interpretações dos mapas de tempo nos serem fornecidas, é indispensável conhecer algumas directrizes básicas para efectuar as nossas próprias leituras dos mapas do tempo.
Grosseiramente poderíamos distinguir entre dois tipos de mapas: os mapas de análises (como o seu nome indica, analisa uma situação concreta, geralmente já passada, motivo pelo qual são bastante exactos) e os mapas de previsões (que não são tão exactos e em que a previsão pode ser de 24 horas a 12 dias). Destes mapas do tempo, os que têm maior difusão são os mapas de superfície nos quais são representados, por meio de isóbaras, os valores da pressão atmosférica reduzidos ao nível do mar. Nestes mapas costuma-se desenhar as isóbaras múltiplos de 4 milibares com linhas contínuas muito finas e setas que indicam o seu sentido giratório. As configurações isobáricas indicam-se com “A” (anticiclone: áreas de altas pressões) e “B” (tempestades: áreas de baixas pressões), conforme seja o tipo que formem.


Também se desenham as frentes frias (linhas mais grossas com triângulos de cor azul) as frentes quentes (linhas com semi-circulos de cor vermelha) e as frentes ocluidas (linhas com semicírculos e triângulos alternados).


A informação que se pode extrair destes mapas é variada, dada a importância que tem a pressão atmosférica: de valor (superior a 1013 mb – áreas de alta pressão e inferior a 1013 mb – áreas de baixa pressão) e da disposição das isóbaras (declive, curvatura e direcção), consegue-se deduzir a direcção e a força do vento (o maior declive, quer dizer quanto mais juntas estejam as isóbaras, maior será a força do vento), as áreas de instabilidade atmosférica e de precipitação (isóbaras rectilíneas indicam tendência para a instabilidade), e as de estabilidade (dorsal e anticiclone), e úteis considerações sobre a humidade e a temperatura de cada sector (se as isóbaras marcarem uma procedência marinha de latitudes altas, a temperatura será inferior à normal e a humidade relativa será alta; se marcarem procedência marinha de latitudes similares, a temperatura será normal e a humidade relativa será alta; se marcarem procedência marítima de latitudes mais baixas, a temperatura será superior à normal e a humidade absoluta será alta; se marcarem procedência continental de latitudes mais altas, a temperatura será inferior à normal e a humidade absoluta será baixa; se marcarem procedência continental de latitudes similares, a temperatura será normal e a humidade relativa será baixa; se marcarem procedência continental de latitudes mais baixas, a temperatura será superior à normal e a humidade relativa será baixa).
Além destes mapas de superfície, existem os chamados mapas de altitude ou topografias da superfície de uma dada pressão, normalmente 850, 700, 500 e 350 milibares, os quais dispõem de uma menor difusão, ainda que a sua utilização seja vital para uma boa compreensão dos fenómenos que ocorrem na atmosfera. Estes mapas indicam através de isoípsas as altitudes a que se encontra determinada pressão. Nestes mapas também podemos encontrar, além da isoípsas, umas linhas descontínuas denominadas isotérmicas que unem pontos com a mesma temperatura  e a determinada altitude e cujo traçado é importante porque assinalam bolsas de ar frio em altura, que podem ter grandes repercussões pluviométricas. A topografia que normalmente se utiliza com maior frequência é a de 500 milibares (mb). A altitude normal neste tipo de mapas é 5500 m aproximadamente; os valores superiores a 5500 m indicarão áreas de pressão alta e os valores inferiores, áreas de baixa pressão em altura.

Na carta acima estão representadas a carta de pressão à superfície (linhas brancas), isoípsas dos 500 hpa (1hpa = 30 pés = 9 metros) (linhas de cor) e a nebulosidade.


Tempo com situação de instabilidade e evolução diurna

Esta situação é muito comum em montanha e perigosa pelo facto de ser difícil de prever e avaliar a sua gravidade. Ocorre geralmente no Verão e durante a tarde, originando fortes tempestades com acumulação eléctrica, fortes chuvas e granizo. Normalmente a madrugada apresenta-se com ausência de vento ou no mínimo vento aquecido proveniente dos vales, o céu costuma ter algumas nuvens ou estar  parcialmente coberto, durante o decorrer da manhã as nuvens vão evoluindo lentamente de forma que passado o meio dia os cumes começam a ficar cobertos de neblinas e durante a tarde continuam a formar-se nuvens de desenvolvimento vertical (cumulonimbos) que, finalmente, culminarão em tempestade. Por regra, o montanheiro deverá evitar efectuar ascensões que possam ultrapassar os dois dias, ou pelo menos prever esta situação, supondo que o boletim meteorológico tenha advertido desta situação.



Interpretação dos sinais de forma a prever a meteorológica

A previsão meteorológica, apesar do uso da moderna tecnologia, não oferece segurança absoluta. A sua antecipação com uma alta percentagem de êxito não vai além de um ou dois dias, e para previsões com maiores prazos, a margem de erro aumenta consideravelmente.


Para actividades curtas de fim de semana, são úteis as informações meteorológicas locais, mas para actividades mais prolongadas temos de nos guiar pelos nossos próprios conhecimentos, auxiliados por instrumentos como o barómetro,


 os indícios obtidos pela observação da evolução do tempo, sinais da natureza e até pelo comportamento dos seres vivos.



Indicações barométricas


O barómetro é o instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica, quer dizer, o peso da atmosfera sobre um ponto concreto. A palavra barómetro deriva de duas palavras gregas, “baros” (peso) e “metron” (medida).

Para a observação e previsão meteorológica é necessário considerar dois parâmetros:
-          Subida ou descida da pressão.
-          Velocidade com que se produzem estas variações.



O altímetro por sua vez, é na essência um barómetro ao qual se aplica uma escala de altitudes, tendo em atenção que a pressão atmosférica diminui lógicamente com a altitude. Deste modo, o altímetro marcará de forma inversa à do barómetro: seja que uma subida de pressão se reflete numa descida de altitude e por sua vez uma descida de pressão numa subida de altitude.
O altímetro é definitivamente um instrumento muito útil para qualquer actividade de montanha e hoje em dia já existem altímetros-barómetros digitais que são bastante acessíveis e de grande precisão.






De uma forma geral, a aproximação de uma frente nublosa coincide com uma descida da pressão atmosférica e uma subida desta com o final da perturbação. Uma descida do barómetro (ou subida do altímetro) com bom tempo anuncia pioramento e uma subida (ou descida do altímetro) com mau tempo, é sinal de melhoria.





Nem sempre podemos confiar no barómetro

Ou no altímetro… não podemos esquecer que a pressão atmosférica é apenas um parâmetro da atmosfera, apenas um. Não podemos pretender saber o tempo apenas por consultar este dado. No entanto poderão orientar-nos em face das prováveis tendências meteorológicas para o futuro imediato e não mais do que três dias. A típica lenda que reza nos barómetros decorativos: em que pressão alta é associada a bom tempo e pressão normal associada a tempo variável, e ainda que pressão baixa é associada a chuva, apenas nos será útil em algumas ocasiões. Esta associação directa entre pressão e mau ou bom tempo foi atribuída, à alguns anos atrás em latitudes superiores, pelos britânicos no princípio do séc. XX. Nas Ilhas Britânicas, o tempo depende quase exclusivamente das tempestades atlânticas e das frentes de oeste. Neste caso, apenas consultando as variações de pressão, pode-se saber se se aproxima uma tempestade ou um anticiclone, chuvas ou sol respectivamente.
No entanto em latitudes inferiores, como nas montanhas, é necessário contemplar a leitura destes instrumentos com mais dados. O sistema meteorológico atmosfera-continente-oceanos é muito mais complexo com uma massa de ar particular e caprichosa, em que pode chover por acção do vento.

- A descida súbita da pressão (em poucas horas,), mesmo que seja débil, indica a aproximação de uma perturbação de curta duração (tormenta). Se a descida é considerável é presságio de uma tempestade. Se for mais de 5 mb de descida em 24 horas, indica a aproximação de uma perturbação de caracter tempestuoso.


- A descida lenta, regular e pronunciada do barómetro (ao longo de um dia ou mais) indica um período grande de mau tempo, sendo mais acentuada a perturbação quanto maior for a descida (temporal).



- Uma elevação brusca com baixas temperaturas, é sinal de bom tempo. Se a subida for considerável e prolongada pode-se contar com vários dias de bom tempo.


- Uma elevação brusca da pressão, com bom tempo e com uma pressão prévia inferior à media barométrica do lugar, é indício  de que se aproxima vento com possibilidades de que a pressão acabe por descer.

- Nos dias calmos de verão, o barómetro baixa um ou dois milibares ao meio-dia e sobe ao entardecer. Na montanha, ao contrário, com tempo estável, o barómetro sobe um par de milibares ao meio-dia e se registar o contrário é sinal de perturbações em perspectiva.





- Uma descida lenta, em dois ou três dias, assinala uma mudança de tempo notável. Mais chuvoso e duradoiro.


- Com uma subida lenta, chegará um anticiclone firme com algumas nuvens baixas ou neblina e um longo período de bonança.


Outro sinal muito significativo a considerar juntamente com a observação do barómetro,  é a mudança de direcção do vento. Quando a direcção do vento muda no sentido dos ponteiros do relógio e o barómetro sobe, é sinal de bom tempo. Quando muda em sentido contrário e desce o barómetro, é sinal de mau tempo.



Observação dos indícios naturais


Na falta de boletins fiáveis, a atenta observação dos indícios naturais juntamente com o barómetro, podem ajudar-nos em percursos prolongados na montanha para fazermos o nosso próprio prognóstico local a curto prazo, servindo também para comparar com os dados disponíveis e tirarmos as nossas próprias conclusões. Estes indícios são variáveis dependendo da zona e do microclima, mas de qualquer forma ajudam-nos a enriquecer o nosso próprio conhecimento e experiência sobre o clima.


Todos os indícios que nos oferece uma observação atenta são de grande ajuda VISTOS NO SEU CONJUNTO, pois isoladamente podem-nos levar a falsas apreciações.
Não esquecer que os habitantes da região onde nos encontramos podem oferecer uma grande ajuda, pois ninguém melhor que eles conhece as peculiaridades do clima local.




São sinais de bom tempo estável:

- Céu ligeiramente rosáceo ao amanhecer, o disco solar límpido e brilhante e neblinas matinais no fundo dos vales.



- Durante o dia, com o céu vivo e tempo quente e seco, a visibilidade pode ser embaciada por causa de uma bruma ligeira no ambiente.



- A brisa do vale começa a soprar por volta das nove ou dez da manhã e adquire a sua maior força ao meio-dia. Sobre os declives das montanhas, a alturas similares, é frequente a formação de cúmulos que se elevam depois do meio-dia cobrindo os cumes e desaparecendo ao entardecer. Amiúde formam-se e dissolvem-se também alguns  cirros. As nuvens altas procedem de N, NE e SE.



- No ocaso do dia, o céu está claro e apresenta um colorido amarelo avermelhado com o horizonte claro. Depois de um intervalo de calma, a brisa de montanha substitui a do vale.



- A noite refresca notavelmente originando orvalho ou geada, conforme a estação. A noite de lua brilhante ou muito estrelada pode prognosticar geada. Distinguem-se relativamente poucas estrelas no céu mas com um forte cintilar, e não aparece nenhuma auréola em redor da lua. Nestes casos não se esperam variações.


- De uma forma geral os ventos frios e secos de N, E e NE, assim como os que sopram na mesma direcção que o sol no seu percurso diurno, levam consigo o bom tempo, mantendo-o.


- A formação e persistência das neblinas indicam predomínio das altas pressões e é sinal de estabilidade atmosférica.




Sinais anunciadores de alteração de tempo:

- Se com bom tempo cruzam o céu nuvens a distintas alturas, aproxima-se uma frente, o que pressagia mau tempo.


- O vento quente e húmido, geralmente de S, é acompanhado de chuvas, neve ou tempestades ( aumentando o perigo de avalanches).


- O vento frio e húmido de W e NW pode produzir muito nevoeiro, originando chuvas no verão e neve no inverno.


- Outro indício significativo é a mudança de direcção do vento dominante em altura, pois indica o curso que se deslocam as massas de ar, principalmente se muda de N ou NE para S ou SW, indica a aproximação de temporal.


- Os traços dos aviões ajudam-nos a prever o nível de humidade na atmosfera nas camadas altas. Se os aviões não deixam marca, o bom tempo durará todo o dia e pode continuar igual. O rasto branco e quanto mais aberto pior, pode indicar pior tempo nas próximas horas.




- Um pôr do sol num céu amarelo pálido, anuncia chuva.



- A visibilidade raramente é boa com bom tempo, por causa do estancamento da poeira atmosférica nas camadas de ar próximas do solo (bruma seca) ou do desvio irregular dos raios luminosos pelas camadas desigualmente aquecidas (bruma de calor).
Ao contrário, a visibilidade anormalmente boa deve ser interpretada como mau indício. Salvo imediatamente após a chuva, quando a atmosfera se encontra limpa, fresca e homogénica, uma visibilidade excessiva denota a presença de húmidade elevada, que impregna o pó e o faz cair devido ao peso; ou então é sinal de que se produzem correntes convectivas que elevam a poeira a grande altitude. Em qualquer destes casos existirá a ameaça de mudança de tempo ou de tempestade.



- Um sol pálido ao amanhecer, o céu branco leitoso, a aureola e seus fenómenos secundários em volta do sol e da lua anunciam a presença de um véu de cirroestratos na vanguarda de uma perturbação, anunciam chuvas com antecipação de 24 a 48 horas, salvo se a perturbação seja local ou muito violenta.

- São bom sinal os ventos calmos e a circulação normal de brisas dos vales e montanha, não afectadas por erupções de vento meteorológico.





- Os ventos de componente Norte a Nordeste são frios e secos, assegurando a predominância de altas pressões, pelo contrário os de Sul e Sudoeste são quentes e húmidos. É importante detectar a mudança de direcção dos ventos e o sentido em que se produzem (a evolução das massas de ar supõem uma possível aproximação de tempestade).



- Os ventos de Noroeste, frios e húmidos, antecedem os distúrbios atmosféricos.

- As colunas de fumo que se elevam verticais e sem causar desvios, indicam estabilidade atmosférica. Pelo contrário aquelas que traçam esteiras de turbulência e descendentes, indicam instabilidade atmosférica.

- A superfície mate dos lagos e tanques também são prenúncio de mau tempo.

- A maior parte das aves insectívoras voam baixo e lançam guinchos.



- As gralhas fazem igual em bandos e principalmente pela manhã.



- As gaivotas voam alto e em direcção a terra.



- Os peixes saltam para apanhar moscas e mosquitos junto à água.



- As moscas e mosquitos tornam-se mais agressivos e persistentes.




- O gado mostra-se inquieto e procura abrigo.



- Durante a tarde as lesmas, os vermes, sapos e cobras, aparecem e cruzam os caminhos.



- O trevo ergue-se e levanta as suas folhas quando existe ameaça de tempestade.



- Os doentes reumáticos, assim como quem sofreu fracturas ou intervenções cirúrgicas, vêem-se afectados pelas dores de “mudança de tempo”.


- Nos bosques de coníferas, se as pinhas espalhadas pelo chão estiverem bem abertas, espera-se tempo seco, se estiverem fechadas, espera-se tempo húmido. Numerosas plantas mudam o seu aspecto com a humidade.


- O perfume das rosas é mais acentuado com baixas pressões do que em situações anticiclónicas.


- A maioria dos incêndios florestais ocorrem entre as 12:00h e as 17:00h (quando a insolação é maior). Factores que aumentam o risco são as geadas no final da Primavera e uma atmosfera seca.


- As teias de aranha. Diz-se que a forma destas mantém relação com o tempo. Quando a aranha tece uma teia pouco densa e distendida, se manterá o bom tempo. No entanto se a teia estiver bem tensionada e possuir um enredo maior, pode ser sinal de vento ou chuva.


- Costuma-se dizer que quando as formigas começam a elevar a entrada a entrada dos seus formigueiros mais do que o habitual, é aviso de que se aproximam as chuvas.


- Fala-se de bom tempo quando os grilos e as cigarras cantam, no entanto estes insectos são capazes de cantar antes de uma tempestade estourar, pelo que poderão não ter muito interesse para uma correcta previsão meteorológica quando analisados isoladamente.


- A rã é a estrela da meteorologia popular. Anuncia a chuva se coaxar mais forte do que o costume.



- As aves migratórias anunciam a chegada das estações climáticas com maior exactidão do que o calendário. Está próxima a Primavera ou ainda voltarão as condições invernais? Devem-se observar se as espécies migratórias da zona já chegaram, como os gansos, os pombos, os patos, as cegonhas, etc. Mesmo assim, é preciso ter presente outras circunstâncias para evitar falsas interpretações.


- Se as andorinhas se perseguirem, altas no céu e com gritos estridentes, o bom tempo está assegurado.



- Não é normal observar as perdizes pousadas sobre ramos, principalmente se estivermos próximos (pois costuma estar escondida entre o mato). No entanto se as observarmos à distância, pousadas a certa altura, não teremos mau tempo.



- Se ouvirmos piar a coruja ao entardecer, isso é prognóstico de chuva próxima.



- Os corvos, gralhas, etc, adoram brincar com o vento das ladeiras que ascende pelos rochedos, mantendo-se horas sobre estes. Se desaparecerem e se observarem a descer para os vales, é sinal de que chegará a chuva.



- O canto do melro, anuncia que o inverno se foi.


- Costuma-se dizer que quando o galo canta a horas anormais da noite, significa que o tempo vai mudar.


- Em zonas onde é normal haver ventos fortes, os rebanhos de animais como os cavalos ou as vacas orientam-se, curiosamente, oferecendo as suas partes traseiras para o vento, que não tardará a chegar.


- Em vales, normalmente afectados pelo efeito foenh, a brusca seca do ambiente afecta o sistema nervoso dos animais que se mostram muito inquietos horas antes de que o efeito chegue.


- Os pastores tibetanos atiram sal ao fogo. Se o sal ranger, avizinha-se bom tempo (ambiente seco), se não ranger, espera-se tempo húmido.


       Para interpretar correctamente os sinais de mudança em relação à direcção dos ventos é necessário levar em conta que na montanha existem causas modificadoras da sua direcção como a acção directa dos vales, a dinâmica das cristas, a combinação dos das brisas dos vales e dos ventos altos, etc..., para os relacionar com as perturbações atmosféricas é necessário conhecer as características locais e o tipo de tempo que costuma fazer.


Como verificamos, o interesse pela previsão do tempo e pela sua evolução é de extrema importância, e devemos levar em conta que nem sempre poderemos contar com boletins meteorológicos ou imagens de satélite, pelo que será necessário o montanheiro saber observar e interpretar certas variáveis no terreno.

No próximo artigo daremos continuidade a este tema, portanto… fiquem atentos… e… até lá






Boas caminhadas

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