07 março 2013

Socorro em montanha – 15ª parte – Intoxicações e Envenenamentos (B)




Plantas que têm ocasionado mais casos de intoxicação e envenenamento na Peninsula Ibérica

Ainda no âmbito do tema das intoxicações e envenenamentos, vamos de seguida abordar algumas plantas venenosas predominantes na Peninsula Ibérica e que têm ocasionado casos de intoxicação e envenenamento no decorrer dos últimos anos. Concerteza que algumas delas vos serão familiares, no entanto nem todos saberão que possuem características prejudiciais. Esperamos desta forma conseguir esclarecer algumas dúvidas e alertar para terem cuidado nas próximas incursões à montanha.







Aconitum Napellus (azul) e Luparia (amarelo), acónito – Encontram-se frequentemente nos Pirinéus. O princípio activo mais importante do Acónito é a aconitina, o mais tóxico de todos os alcaloides. Uma dose de 1mg pode ser fatal. Sabe-se de vários casos ocorridos, como o caso de uns pastores de Setcases (Pirinéu Oriental) que ao assarem uns pássaros utilizando paus de acónito faleceram no acto. Existe também o caso de uma companhia de paraquedistas franceses que em 1960 faleceram durante uns exercícios de sobrevivência no Pirinéu Central quando comeram raízes de acónito ou ainda o caso de uma família que confundiu o acónito com outra planta silvestre chegando a falecer alguns membros dessa família apesar da rapidez do socorro e tratamento. Os efeitos desta planta são fulminantes, constando-se que 3 mg projectados contra o olho de um cavalo são suficientes para o matar.







Sinais e sintomas:

. 5 a 25 minutos após ingestão: formigueiro na boca e lábios que se alastra pelo corpo.
. Distúrbios de audição, olfacto e paladar, espirros.
. Prostração, vómitos, dor de cabeça, palidez.
. Pulso fraco e rápido, arritmias, engasgamento, frio.
. Paralisia, coma, morte entre 5 a 65 horas devido a paragem cardíaca.

Tratamento:

. Transporte para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade respiratória.
. Lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado também conhecido como carvão vegetal.





. Perfusão de soro fisiológico (equipas de resgate).

Atropa Belladona – É uma planta bonita com caule ramificado que forma uma mata espessa e que cresce normalmente na borda dos bosques de folha larga, entre escombros e em locais abandonados. São conhecidos casos de intoxicação por serem confundidas as suas bagas de cor escura com arándonos. A ingestão de 3 bagas pode ser fatal. O alcaloide principal é a hiosciamina e em menor proporção a atropina e escopolamina.







Sinais e sintomas:

. Náuseas e vómitos.
. Pele e mucosas secas (boca e olhos), vermelhidão da face, midríase (pupila dilatada), confusão, delírio, agitação, coma.
. Taquicardia.
. Morte.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade respiratória.
. Lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado também conhecido como carvão vegetal.





. Tratamento sintomático.
. Administração de antidoto: fisostigmina 1.2 mg em 1-2 minutos que pode ser repetido até que diminuam os sintomas de agitação. Se reaparecerem os sintomas, pode-se administrar em perfusão contínua (2 mg em 500 cc de soro glicosado 5%  em 12 horas) ou em pastilhas de 0,2 – 0,5 mg por via EV lenta em 5 minutos, podendo-se repetir esta dose passados 30 minutos se persistirem os sintomas neurológicos. A dose máxima é de 4 mg/hora. Efeitos secundários: bradicardia, hipotensão, convulsões. Se se manifestarem estes efeitos secundários, podem-se contrariar com atropina em doses de 0,5 mg por cada mg de fisostigmina (efectuado por Equipas de resgate e socorro especializadas).

Bryonia Dioica (Nabo do Diabo, Erva Papeira) – É uma planta vivaz cujo fruto é uma baga de cor vermelha. Cresce na margem das florestas . Contem um glucósido chamado brionina. A ingestão de 15 bagas pode matar uma criança e a ingestão de 40 bagas pode matar um adulto.







Sinais e sintomas:

. Náuseas, vómitos, diarreia sanguinolenta.
. Cólicas, convulsões, coma, morte.
. O suco da planta pode produzir lesões na pele.

Tratamento:

. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com charope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado
. Tratamento sintomático.

Colchicum autumnale (Narciso de Outono) – É uma planta herbácia que contém dois alcaloides. Cresce nos prados dos Pirinéus. A ingestão de 5 a 10 sementes pode ser mortal, costuma-se chamar arsénico vegetal.







Sinais e sintomas:

. Período de latência: 2 a 6 horas.
. Ardor na boca, enjoo, vómitos, dor abdominal, diarreia sanguinolenta.
. Dor de cabeça, cólicas, delírio, convulsões.
. Taquicardia, hipotensão.
. Morte em 90% dos casos.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado
. Tratamento sintomático.

Conium Maculatum (Cicuta, Cegude) – Cresce nas bermas dos caminhos. Contém diversos alcaloides. A intoxicação ocorre por se confundir as suas folhas com Perejil ou a sua raíz com Chirivia. O seu odor desagradável ajuda a fazer a diferenciação correcta. A sua toxicidade é muito conhecida pelo facto de ter sido a causa da morte do filósofo Sócrates. São conhecidos casos de pessoas que morreram após comerem perdizes que haviam comido Cicuta.







Sinais e sintomas:

. Ardor na boca, enjoo, vómitos e diarreia.
. Midriase (dilatação pupilar), dificuldade visual, alucinações, dores musculares, paralisia progressiva.
. Insuficiência renal. A urina solta um odor característico de amêndoas amargas.
. Morte devido a paragem respiratória em 3 a 4 horas. Se for tratado a tempo, a mortalidade é inferior a 10%.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.
. Diurese forçada.
. Tratamento sintomático.

Coriaria Myrtifolia – É um arbusto que cresce nas margens. O seu fruto é uma baga de cor avermelhada que contém a glucoside coriamirtina. A intoxicação ocorre por ser confundida com a Amora, como aconteceu com oito crianças da povoação de Terrassa, em que um deles faleceu. São conhecidos casos de intoxicação devido à ingestão de caracóis e perdizes que tinham ingerido estas bagas. A ingestão de 15 a 20 bagas pode ser fatal para um adulto.







Sinais e sintomas:

. Período de latência entre 30 a 120 minutos.
. Náuseas, vómito, diarreia sanguinolenta, boca seca.
. Vertigens, cefaleia, agitação, convulsões de 5 a 10 minutos de duração e que se repetem a cada 10 ou 30 minutos, coma.
. Dispneia (falta de ar).
. Morte devido a paragem cardíaca em 15% dos casos.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.
. Diurese forçada.
. Se estiver com convulsões pode-se administrar diazepan (equipas de resgate e saúde especializadas).
. Tratamento sintomático.

Daphne mezereum – É um arbusto que produz uma baga vermelha. Encontra-se em bosques de abetos e carvalhos. A intoxicação é devido à confusão que se faz com as groselhas. A ingestão de 10 a 15 bagas pode matar uma criança.







Sinais e sintomas:

. Ardor na boca, dor abdominal, náuseas e diarreia.
. Febre, vertigens, falta de ar.
. Morte em 30% dos casos.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.





. Tratamento sintomático.

Datura Stramonium (Estramonio) – Planta herbácea que cresce nas margens dos rios e em taludes. O alcaloide principal é l-hiosciamina e em menor proporção atropina e escopolamina. A ingestão de cerca de 20 sementes pode ser mortal.







Sinais e sintomas:

. Náuseas, vómitos.
. Secura da pele e mucosas (boca, olhos), vermelhidão da cara, midríase, confusão, delírio, agitação, coma.
. Taquicardia.
. Morte.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.
. Antídoto: fisosrigmina 1-2 mg em 1-2 minutos que se poderá repetir até que estabilizem os sintomas de agitação. Se reaparecerem estes sintomas, pode-se administrar em perfusão contínua (2 mg em 500 cc de soro glicosado 5% em 12 horas) ou em pastilhas de 0,2 – 0,5 mg por via EV lenta em 5 minutos, podendo-se repetir esta dose passados 30 minutos se persistirem os sintomas neurológicos. A dose máxima é de 4 mg/hora. Efeitos secundários: bradicardia, hipotensão, convulsões. Se surgirem estes efeitos secundários, podem-se contrariar com atropina em doses de 0,5 mg por cada mg de fisostigmina. (equipas de resgate e socorro especializadas).

Hedera Helix (Hédera) – É uma videira que se pode encontrar em todo o género de habitats florestais, rochosas, etc. A sua toxicidade é derivada do alto conteúdo de saponósidos. O fruto contém uma glucoside e um alcaloide e as folhas contém cristais de oxalato cálcico. Entre 1976 e 1981 registaram-se 50 casos de intoxicação, tendo sido alguns deles fatais. A dose fatal para uma criança é de 3 bagas.







Sinais e sintomas:

. Prostração, febre, diarreia, vómitos.
. Espasmos musculares, convulsões, paralisia, coma.
. Morte devido a paragem respiratória.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com charope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.
. Tratamento sintomático.

Lonicera Xylosteum (Madresilva) – É um arbusto que produz bagas vermelhas. Cresce próximo e nos limites dos bosques. Os sintomas aparecem  a partir da ingestão de 30 bagas.







Sinais e sintomas:

. Vómitos e diarreia.
. Arritmias, convulsões, coma, morte.

Tratamento:

. Evacuação para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.
. Tratamento sintomático.

Nerium Oleander (Loendro, Adelfa) – É um arbusto rico em glucósides. Encontra-se em torrentes do litoral mediterrâneo meridional.






Sinais e sintomas:

. Náuseas, vómitos, diarreia por vezes sanguinolenta, dor abdominal.
. Dor de cabeça, alterações de equilíbrio, sonolência, coma.
. Arritmias cardíacas. Paragem cardíaca.

Tratamento:

. Evacuação da vítima para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.
. Antídoto: Pode ser útil a administração de fragmentos de FAB purificados de anticorpos antidigoxina em doses de 80-120 mg EV em 20 segundos após ter efectuado a prova de sensibilidade cutânea.
. Tratamento sintomático.

Ricinus Communis (Figueira Infernal, Erva dos Carrapatos) – É um arbusto. O alcaloide principal é a ricina, potente inibidor da síntese proteica. A mastigação de 3 sementes numa criança ou 10 sementes num adulto pode provocar a morte. Numa análise de 424 casos registou-se uma mortalidade global de 8%.






Sinais e sintomas:

. Náuseas, vómitos, diarreia coleriforme, dor abdominal.
. Convulsões, destruição de células hepáticas, hemólise, insuficiência renal.

Tratamento:

. Evacuação da vítima para um centro hospitalar.
. Adoptar medidas para manter a actividade cardiorrespiratória.
. Induzir o vómito com xarope de Ipeca ou lavagem gástrica com administração posterior de carvão activado.
. Tratamento sintomático.

Urtica Urens e Urtica Dioica (urtiga) – É uma planta herbácea com pelos urticantes.






Sinais e sintomas:

. O contacto com a pele provoca dor e urticária.
. A sua ingestão pode originar salivação abundante, vómitos e arritmias.

Tratamento:

. Lavar com água abundantemente.
. Pode-se administrar um anti histamínico (Cetirizina, Ebastina, Loratadina) ou um corticóide tópico (hidrocortisona 1%).

Intoxicação por setas

Nos últimos 10 anos conhecem-se 2 casos de falecimento motivados por intoxicação por setas na Catalunha e nos últimos anos registaram-se 52 casos de intoxicação.
Estas intoxicações ocorrem no Outono, normalmente ao confundirem-se espécies comestíveis com as tóxicas. Estas intoxicações classificam-se em dois grupos, em função do seu período de incubação:

. Inferior a 6 horas.
. Entre 6 horas e 3 dias (mais graves, pois podem lesar órgãos vitais).

Digitalis Purpurea (Dedaleira) – É uma planta que possui flor arroxeada em forma de dedal, em cachos crescendo todas as flores junto do extremo do caule, pertence à família da escrofulária e mede de 60 cm a 1,20 metro de altura. É designada como perigosa. É comum desabrochar na Primavera e permanecer durante todo o Verão. As folhas longas, aveludadas, lanceoladas e ovais saem do caule da planta. É composta por numerosos cardiotónicos como a digitalina, digoxina e digitoxina. É uma planta que cresce de Norte a Sul de Portugal e em doses elevadas, pode provocar fibrilação cardíaca. O envenenamento surge devido à sucção das flores ou ingestão das sementes, caule ou folhas da planta. Existem estudiosos que afirmam que a infusão de apenas uma pequena parte de uma folha (cerca de 10g) pode causar a morte de um adulto.






Sinais e sintomas:

. Visão desfocada, urticária, vómitos, diarreia, náuseas, dor de estômago. Ritmo cardíaco irregular ou lento, pressão arterial baixa, fraqueza, sonolência ou confusão, dor de cabeça, depressão e eventualmente desmaio.

Tratamento:

. Providenciar a evacuação para o centro hospitalar mais próximo.

Datura Suaveolens L. (Trombeteira) – É uma planta cultivada como ornamento que eventualmente escapa do cultivo tornando-se invasora e planta daninha tóxica que ocupa terrenos baldios e áreas húmidas. É facilmente distinguida pelas grandes flores pendulares com corola infundibuliforme, lacínias longamente caudadas e quatro estames com filetes longos e pilosos próximo da base e com anteras laminares. Os princípios activos desta planta são alcalóides beladonados (atropina, escopolamina e hioscina). Embora em Portugal practicamente não existam registos de envenenamento por plantas, existe um registo de que no dia 16 de Agosto de 2006 durante uma simples experiência entre jovens amigos ao fazer uma infusão com esta planta, o que infelizmente terminou em tragédia. Três rapazes na idade da inocência, ingeriram o vulgo “chá-do-diabo” e um deles foi traído pelo veneno da Trombeteira, acabando por falecer. Esta planta está classificada na classe das tóxicas.







Sinais e sintomas:

. Vómitos, náuseas, boca seca, pele seca, dilatação pupilar, rubor da face, hipertermia, taquicardia, distúrbios comportamentais, confusão mental, agitação, depressão neurológica, coma, distúrbios cardiovasculares e respiratórios, e nos casos mais graves pode culminar em morte.

Tratamento:

. Providenciar a evacuação para o centro hospitalar mais próximo.


Técnicas utilizadas no tratamento das intoxicações por vegetais

Técnica de lavagem gástrica (a nível hospitalar)

. Em pessoas inconscientes deve-se proteger a via aérea através de entubação endobronquial.
. Antes da lavagem deve-se fazer aspiração gástrica.
. Utilizam-se sondas de grande calibre com buracos na ponta para evitar a obturação ao recuperar restos sólidos.
. O paciente coloca-se em decúbito lateral esquerdo e em posição de Trendelenburg.
. Introduz-se de cada vez 300 ml de água ou soro fisiológico a 45ºc de temperatura e repete-se a aspiração 10 vezes até o líquido saír claro.

Carvão activado

. O carvão activado tem uma elevada capacidade de absorção e portanto pode reduzir a passagem das substâncias tóxicas desde o estômago para o sangue.
. Apenas é eficiente quando se administra poucos minutos depois da ingestão do tóxico. Se for administrado uma hora depois da ingestão do tóxico ou quando o estômago contém comida, a sua eficácia é reduzida.
. Está contra-indicado quando existe risco de aspiração pulmonar ou quando se tem intenção de administrar posteriormente um antídoto ou xarope de ipeca para provocar o vómito, pois o carvão irá eliminar o antídoto ou o xarope de ipeca.
. Doses: 50 gramas de carvão activado em 300 ml de água. No caso de produtos muito tóxicos deve-se juntar 25 gramas de sulfato de sódio.
. Em tóxicos de circulação enterhepática deve-se administrar 50 gramas  de carvão activado em 15 ml de água a cada duas horas, até um máximo de 10 doses. As 3 primeiras doses misturam-se com 25 gramas de sulfato sódico.
. Em crianças administra-se a metade desta dose.

Indução do vómito

. Apenas é eficaz nas primeiras horas que se seguem à ingestão do tóxico.
. Está contra-indicado em pessoas inconscientes.
. Utiliza-se o xarope de ipeca em doses de 30 ml com 250 ml de água morna em adultos ou 20 ml com 200 ml de água morna em crianças de 5 a 12 anos.
. Se forem administrados 150-200 ml de líquidos antes ou depois do xarope, aumentam as possibilidades de provocar o vómito.
. Se o vómito não ocorrer em cerca de 20 ou 30 minutos, pode-se repetir a dose. Se após 5 minutos de administrar a segunda dose, não ocorrer o vómito, será necessário efectuar uma lavagem gástrica.


Tratamento caseiro de emergência para situações de envenenamento

. Quando suspeitar de envenenamento por plantas, deve-se induzir o vómito.
. Em alternativa, faz-se um antídoto, misturando chá e carvão com uma parte igual, se tiver disponível, de leite de magnésio. O carvão absorve o veneno e leva-o para fora do corpo.
. Quando os venenos fazem reacção com a pele, deve-se lavar a pele, retirando o veneno, com água e sabão, e tirar a roupa envenenada.
. Quando os venenos são inalados, desloca-se o paciente para o ar fresco, desaperta-se as roupas e aplica-se respiração artificial (utilizando algum tipo de filtro para colocar na via aérea devido a possível intoxicação de quem presta o socorro).

Tratamento caseiro para situações Nettles urticante (urtigas)

Quando se toca nesta planta roça-se a pele nos seus pelos minúsculos e a pele começa a queimar, a dar comichão e a inchar. Pode-se preparar um remédio caseiro rapidamente para reduzir o desconforto causado pelo ardor originado por esta planta.

. Corta-se um pedaço de fita adesiva, cerca de 6 cm de comprimento. Aplica-se a fita adesiva sobre a pele afectada e de seguida retira-se a fita. A fita adesiva remove os pelos minúsculos cravados na pele. Repete-se a operação com a fita adesiva se for necessário.
. Adiciona-se 1/4 de chávena de bicarbonato de sódio para uma tigela pequena. Adiciona-se água em pequenas quantidades, misturando lentamente até formar uma pasta.
. Aplicar a pasta directamente no local onde a urtiga esteve em contacto com a pele. Permitir que esta pasta penetre na pele até que a sensação ardente ou a comichão pare.
. Limpar a pasta de bicarbonato de sódio da pele. Aplicar de seguida uma leve camada de anti-histamínico creme para reduzir a vermelhidão e o inchaço.
No caso de não ter bicarbonato de sódio, pode utilizar vinagre misturado em partes iguais com água e esfregar esta solução sobre a pele. Pode ainda esfregar gengibre fresco e alho na pele irritada, como outra alternativa.
Mel ou sumo de limão ajudam a aliviar o desconforto.
Se estiver numa caminhada e não possuir nenhum destes elementos à mão, pode procurar Jewelweed ou as unidades de bloqueio enrolado, que geralmente crescem perto das urtigas. Esfregar essas plantas na pele ardente também traz algum alívio.


As plantas venenosas proliferam em qualquer canto, a povoar um jardim, no campo, na montanha e no entanto passamos por elas constantemente, indiferentes ao perigo que elas representam.  São efectivamente, poucas as plantas que matam, mas as que o fazem, fazem-no sem dó nem piedade.
Os cientistas e os estudiosos defendem que “as plantas existem para dar beleza a um determinado espaço. Se não se conhecer a planta, estuda-se e não se prova”.
Não podemos atribuir apenas características maléficas às plantas, pois embora neste artigo apenas falemos nesse aspecto, muitas destas plantas aqui abordadas têm demonstrado óptimos resultados medicinais quando tomadas nas devidas quantidades e com as devidas precauções e acompanhamento especializado. As plantas curam as pessoas desde os primórdios. O Homem quis aproveitar as vantagens da natureza e conseguiu fazer com que muitas plantas obtivessem um fim terapêutico.
Apesar das tentativas, é impossível fazer uma estatística incontestável das plantas mais venenosas.
Primeiro, porque o efeito da toxina varía muito de pessoa para pessoa, sendo que as vítimas mais resistentes podem ter apenas vómitos ou outras reacções menos graves, no entanto as mais fracas podem morrer.
Segundo, porque a quantidade de veneno capaz de causar problemas ao ser humano, varia de planta para planta.
Terceiro, porque existem várias formas de contágio: comendo a planta, tendo contacto pela pele e até cheirando o perfume que a planta exala.
A morte pode ser evitada, se as pessoas estiverem cientes de que as plantas desconhecidas podem matar.
Seja por curiosidade, ou seja por desconhecimento, não arrisque, pois poderá ser a ultima coisa que fará.





 “Tudo é veneno e nada é veneno, é a dose que faz o veneno – Paracelso”

Boas caminhadas

1 comentário:

  1. parabéns! Muito lindo,didático.
    Recomendo procurar o Professor Carlos Tokarnia na UFRRJ para engrandecer ainda mais o trabalho, por ser ele, o maior especialista em plantas toxicas no mundo. - Creio que será engrandecedor conhecer tal grande cientista,simples,acessível e sábio.

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