20 março 2013

Cobras venenosas de todo o mundo (parte 2)

(continuação ...)



Bushmaster

Estas são grandes cobras de corpo moderadamente esguia e cabeça muito mais larga que o pescoço. Têm comprimento médio de 2,10 m a 3,30 m, mas podem atingir comprimentos superiores aos 3,30 m. São castanho-claras, com um matiz cor-de-rosa, e têm uma série de manchas escuras, as quais são largas no dorso e estreitas nos lados. As escamas são extremamente rugosas e levantadas como os dentes de uma lima.




A bushmaster aparece principalmente nas florestas nas baixas altitudes. Prefere solo seco e esconde-se, muitas vezes, nos covis dos animais. Quando no solo da floresta, a sua camuflagem torna-a difícil de localizar. A cobra pode permanecer imóvel até ser tocada ou pode tentar fugir quando encurralada. Pode atacar traiçoeiramente – algumas vezes pode até atirar-se contra um intruso. A cauda vibra quando a cobra está irritada e estas vibrações entre as folhas secas podem confundi-la com uma cascavel. A bushmaster é uma cobra selvagem e perigosa, mas raramente é vista. A melhor precaução é usar botas e não pôr as mãos nos buracos e arbustos rentes ao chão.





Grupo das cobras-ferro-de-lança

Neste grupo há várias espécies intimamente relacionadas. A ferro-de-lança e cerca de seis das suas parentes são cinzentas e castanhas ou avermelhadas, com manchas escuras, as quais são geralmente estreitas no dorso e largas nos flancos. É moderadamente grossa, com uma cabeça muito mais larga que o pescoço. A ferro-de-lança tem um comprimento médio de 90 cm a 1,20 m, mas pode atingir um comprimento de 2,40 m ou 2,70 m. Alguns membros deste grupo são mais grossos. A ferro-de-lança é também conhecida por “barba-amarela”.




O grupo das cobras-ferro-de-lança está largamente espalhado através das Américas Central e do Sul. A espécie maior é de cobras terrestres. Algumas das pequenas, conhecidas por víboras-das-palmeiras, vivem nas árvores, especialmente na base das folhas das palmeiras. Os tipos maiores deste grupo são perigosos e aparecem muitas vezes nos canaviais e em volta das residências, onde caçam ratazanas. Todas elas arqueiam o corpo antes de atacarem.
A cascavel, a bushmaster e o grupo ferro-de-lança são todas relacionadas com as víboras-mosqueadas. Todas têm dois dentes compridos na mandíbula superior e mais nenhum dente de dimensões comparáveis às daqueles. Os dois dentes compridos podem estar cobertos por uma cortina de carne ou dobrados para trás dentro da boca. Outra característica destas cobras é a presença de uma fossa profunda entre o olho e a narina.

Cobras-marinhas

A cobra marinha aparece apenas em águas salgadas ou salobras ao longo da costa do Pacífico, do Golfo da Califórnia ao equador. É por vezes abundante no Golfo do Panamá. Não aparece no Atlântico. A cobra-marinha das Américas tem o dorso castanho e preto e a barriga amarela. Estas cobras podem ter um comprimento médio de 60 cm a 90 cm.





Não há cobras venenosas em nenhuma das ilhas das Caraíbas, excepto na Martínica, em Santa Lúcia e na Trindade. O Chile e as terras altas dos Andes acima dos 3.000 m não têm cobras venenosas.





Cobras venenosas do Sueste Asiático

Cobra-capelo

A atitude típica de combate, com a cabeça levantada e o capuz aberto, é a característica que mais facilmente permite identificar as cobras-capelo. A espécie mais vulgar, a cobra-capelo-indiana (também conhecida por Naja, ou Naga), pode atingir 1,80 m de comprimento. A marca de “óculos” no capelo é típica destas espécies. A marca pode consistir numa só mancha ou duas sem ponte. As cobras-capelo fazem o capelo quando excitadas, normalmente, mas nem sempre. A cobra-capelo-real é a maior de todas as cobras venenosas. Tem um comprimento médio de 3 m a 3,60 m; algumas podem atingir os 5,40 m. Em proporção ao corpo, o capelo da cobra-capelo-real é mais estreito que o das outras cobras-capelo.




As cobras-capelo são as mais vulgares cobras venenosas em muitas das regiões do Sueste asiático. São particularmente numerosas na India, onde, devido a crenças religiosas, os nativos não as destroem. As cobras-capelo aparecem com mais frequência em locais rochosos ou em edifícios velhos, onde se alimentam de ratazanas. As espécies mais vulgares não são particularmente traiçoeiras. Contudo, a capelo-real pode atacar deliberadamente, especialmente quando guarda os ovos. 




As capelo são cobras lentas. Para atacar levantam sempre a cabeça. Podem ser mortas com uma vara dura batida segundo um plano paralelo ao solo e apontada à cabeça ou à parte levantada.





Kraits

A maior parte das kraits têm um listrado brilhante em preto e branco ou preto e amarelo. Têm uma coluna vertebral rígida, na qual há uma fiada de escamas largas. A cabeça é pequena e não mais larga que o pescoço. As kraits têm um comprimento médio de 1,20 m a 1,5 m, mas podem atingir 1,80 m.




A krait vulgar da India desloca-se principalmente durante a noite. Vive em terrenos abertos, de preferência matagais cerrados, e muitas vezes é encontrada próxima de povoados e nos caminhos. A krait listrada prefere a selva fechada. Todas as kraits são muito venenosas. São cobras inofensivas e normalmente não mordem, a menos que sejam pisadas. Ao contrário da cobra-capelo, a krait não levanta a cabeça para atacar nem ataca com o corpo arqueado como a víbora – simplesmente, sacode bruscamente a cabeça de um lado para o outro e morde.





Víboras

Normalmente, as víboras têm a cabeça mais larga que o pescoço. A espécie mais vulgar e mais perigosa é a víbora Russel. É grossa e atinge 1,5 m de comprimento. Têm marcas discretas no dorso, consistindo em três fiadas de pintas formadas por anéis negros debruados a branco e com o centro avermelhado ou castanho. A víbora-de-escamas-serradas é outra espécie perigosa. Estas são cobras pequenas, com cerca de 60 cm de comprimento, geralmente de cor clara com quadriláteros escuros. As escamas dos flancos são rugosas e algumas vezes em dente de serra. Quando perturbadas, estas cobras enroscam-se vigorosamente e emitem um assobio ruidoso.




A víbora de Russel prefere locais abertos e ensolarados, mas pode ser encontrada em quase toda a parte, excepto na floresta cerrada. Não é particularmente traiçoeira e não costuma atacar, a menos que seja consideravelmente irritada. Embora pequena, a víbora-de-escamas-serradas é traiçoeira e morde com grande presteza; consta que víboras apenas com 30 cm de comprimento matam. Preferem zonas desérticas ou secas e não aparecem na floresta cerrada.





Víboras-de-fossa

As víboras-de-fossa podem ser esguias ou grossas. A cabeça é habitualmente muito mais larga que o pescoço. Estas víboras são vulgarmente castanhas, com manchas escuras. Alguns tipos são verdes. São assim chamadas por causa da depressão profunda entre o olho e a narina.
Na India há cerca de uma dúzia de espécies desta cobra. As víboras-de-fossa aparecem em todos os tipos de terreno e podem ser encontradas nas árvores ou no chão. As cobras que vivem nas árvores são esguias; as que vivem no chão são grossas e de corpo pesado. Apenas as maiores são perigosas. Uma das víboras-de-fossa da China é uma moccasin similar às da América do Norte; aparece nas zonas rochosas das montanhas remotas do Sul da China. Atinge um comprimento de 1,35 m, mas não é perigosa, a menos que a irritem. Uma víbora-de-fossa pequena, com cerca de 45 cm de comprimento, aparece muitas vezes nas planícies da China oriental. Esta cobra é demasiado pequena para ser perigosa para um homem calçado.





Cobras-marinhas

Estas cobras têm a cauda achatada em forma de remo e distinguem-se das enguias pelo facto de terem escamas e as enguias não. As cobras-marinhas variam enormemente quer quanto à cor, quer quanto à forma. O comprimento médio destas cobras vai de 1,20 m a 1,5 m, mas por vezes podem atingir os 2,40 m ou mesmo os 3 m.
As cobras-marinhas encontram-se ao longo das costas e na foz de alguns dos maiores rios. A mordedura destas cobras é perigosa, mas rara. As cobras-marinhas podem ser vistas, por vezes, em grande número, especialmente durante a época do cio, mas raramente costumam morder, a menos que lhes mexam. Não se conhece um só caso de ataque deliberado a um homem dentro de água.






Cobras venenosas da Europa, África e Próximo Oriente

Na Europa, a Oeste de Volga, as víboras são as únicas cobras venenosas que podem ser encontradas. Não há cobras venenosas na Irlanda nem em Madagáscar.

Cobras-de-coral

Iguais às cobras da América do Norte.




Cobras-marinhas

Iguais às cobras do Sueste asiático.





Víboras europeias

Estas cobras têm um corpo curto e grosso e uma cabeça larga, a qual é muito mais larga que o pescoço. Têm, normalmente, uma listra em ziguezague pelo dorso. A cor pode ser cinzenta, castanho-esverdeada, avermelhada ou amarela. A víbora europeia tem um comprimento médio de 69 cm. Há oito espécies no continente europeu. Também são conhecidas por “áspides”.
As víboras aparecem geralmente nas zonas silvestres, particularmente nas formações rochosas, tais como os Pirinéus, os Apeninos e nos montes balcânicos, onde podem ser encontradas até aos 1.500 m. Podem ser encontradas até aos 67º de Latitude na Escandinávia e através da Sibéria. Encostas ensolaradas, terrenos alagadiços e charnecas, searas e montes de entulho são os seus locais favoritos para vaguear. Algumas das víboras europeias são agressivas e selvagens, provocando ocasionalmente algumas mortes.





Víboras africanas

As víboras do Norte de África são similares às da Europa, excepto quanto à víbora-de-capelo.  Esta é uma cobra grande, acastanhada ou cor de areia, com marcas berrantes, de corpo pesado e cauda muito curta. 




A víbora-de-capelo atinge um comprimento de 1,5 m. A África Central e a do Sul têm várias espécies adicionais de víboras. Entre as maiores está a víbora-de-cornos. Encontra-se na África Ocidental, tem cornos no nariz, uma cabeça muito larga e um corpo grosso coberto de marcas coloridas ao longo do dorso; atinge um comprimento máximo de 1,20 m. A víbora do Gabão tem um corno no nariz, uma cabeça larga e um corpo grosso com marcas oblongas no dorso e manchas triangulares coloridas nos flancos; sabe-se que atinge um comprimento de 1,80 m. Há um vasto número de víboras africanas, a maior parte delas de pequeno tamanho.




A víbora-de-capelo prefere as florestas abertas ou os relvados próximos dos cursos de água. A víbora-de-cornos encontra-se nos ou próximo dos cursos de água. A víbora do Gabão vive nas florestas densas. A mordedura de qualquer uma destas cobras é extremamente perigosa. Contudo não são agressivas nem inclinadas a morder. As víboras mais pequenas, que se encontram nos territórios arenosos, nas matas abertas, nos capinzais ou nas florestas fechadas, são mais provavelmente agressivas e perigosas, a despeito do seu pequeno tamanho. Uma das espécies mais pequenas enterra-se na areia e pode atacar  à passagem das pessoas. A sua presença é denunciada por um serpenteado característico na areia.





Cobras-capelo

Há várias variedades de cobras-capelo na África e no Próximo Oriente. As cobras-capelo desta área podem ser pretas, castanhas, cinzentas ou amareladas, com ou sem marcas. As cobras-capelo atingem, por vezes, 1,80 m a 2,10 m. Uma espécie, a cobra-capelo-d’água, pode atingir os 2,40 m.




As cobras-capelo da África e do Próximo Oriente podem ser encontradas em quase todos os habitat. Uma variedade vive na ou próxima da água, outra trepa às árvores. Algumas das cobras-capelo nesta área são referidas como sendo agressivas e selvagens. A vulgaríssima cobra-capelo-egipcia do Norte de África e das regiões adjacentes é muitas vezes encontrada em volta de locais rochosos e de ruinas. 




A distância a que a cobra pode atacar é igual à distância que vai da cabeça levantada ao chão. Algumas cobras-capelo, porém, podem “cuspir” o veneno a uma distância de 3 m a 3,60 m. 




Este veneno é inofensivo, a menos que atinja os olhos, pois neste caso pode provocar cegueira se não forem imediatamente lavados. É particularmente perigoso escarafunchar nos buracos e nos montes de pedras por causa da possibilidade de se encontrar uma cobra-cuspideira.








Mambas

Estas cobras são muito delgadas e têm cabeças pequenas. Têm geralmente uma cor uniforme, negra ou verde, sem manchas ou marcas peculiares. As escamas são lisas, simétricas e largas. As mambas atingem um comprimento de 3,60 m. 




Uma mamba de 2,40 m tem cerca de metade da grossura de um cabo de vassoura. É difícil identificar as mambas com rigor. Os dentes de uma cobra de 2,40 m têm apenas cerca de 1,5 cm de comprimento, a grossura de um alfinete e estão quase completamente cobertos de carne.




As mambas encontram-se em toda a África, excepto nas zonas mais a Norte. A mamba da África do Sul pode ser encontrada desde a Tanzânia, no Leste, até à África Ocidental, a sul do Congo; há duas mambas – a negra e a verde. A mamba-verde encontra-se na África Ocidental, desde o Senegal ao Niger. 




As mambas vivem nas árvores ou no solo e consta que entram nas casas procurando ratazanas. São cobras muito rápidas. Podem atacar deliberadamente durante a época de acasalamento, mas fora dela são bastante tímidas. 




A mordedura da mamba é muito perigosa. Como curiosidade o nome de mamba negra não se deve à cor do corpo, mas sim devido ao facto de possuir o interior da boca negro.





Cobras venenosas da Austrália, Nova Guiné e Ilhas do Pacífico

Na Austrália, na Nova Guiné, nas Novas Hébridas, nas Carolinas, nas Salmão e outras ilhas adjacentes, quase todas as cobras são venenosas. Nas ilhas a leste da Nova Zelândia não há cobras venenosas terrestres.

Cobras-marinhas

Iguais às do Sueste asiático

Trigonocéfalas

Iguais às da América do Norte

Víboras-malhadas

Estas cobras têm um corpo curto, grosso e desgracioso, com uma cabeça muito mais larga que o pescoço e uma cauda curta e fina. Raramente atingem mais de 60 cm de comprimento. Podem ser cinzentas, castanhas, cor-de-rosa ou cor de tijolo, dependendo do arenito da região em que vivem e no qual a camuflagem se integra perfeitamente. Especialmente nas cobras jovens podem ser observadas bandas de cor escura por todo o corpo. A víbora-malhada tem escamas rugosas e um espinho na cauda.
Estas cobras encontram-se em locais arenosos na maior parte da Austrália e no Sul da Nova Guiné e das Molucas. Dado que a víbora-malhada se confunde com o solo onde vive, não é provável que seja vista. Embora a cobra não seja rápida a atacar, pode ser perigosa se irritada ou pisada. O veneno desta cobra é extremamente poderoso.





Cobras-tigrinas

A cobra-tigrina tem anéis escuros sobre fundo verde-acastanhado, cinzento, laranja ou castanho. Por vezes, os anéis são indistintos. Tem um corpo entroncado, com uma cabeça demasiado larga. O seu comprimento médio é de cerca de 1,20 m a 1,50 m quando adulta, mas pode atingir 1,80 m. A cobra-tigrina dilata o pescoço quando excitada.




A cobra-tigrina vive em terreno seco, distribuindo-se extensivamente através da Austrália e da Tasmânia. É um reptil selvagem e perigoso que provoca mais mortes na Austrália que todas as outras cobras juntas. As cobras-tigrinas são rápidas a morder, dilatando o pescoço e atacando com um golpe fulminante tão vigoroso que, por vezes, desloca o corpo da cobra para diante de tal maneira que parece que a cobra executa um pequeno salto.

Cobras-pardas

São cobras delgadas, de cabeça estreita. Normalmente, atingem um comprimento de 1,20 m a 1,50 m. Os olhos são grandes. A cor vai de amarelo-luminoso ao castanho ou cinzento no dorso e branco no ventre. As jovens são castanho-pálidas e têm um belo desenho em anéis. Há cerca de uma dúzia de cobras aparentadas com esta, algumas das quais são chamadas “cobras-chicote”. A despeito do reduzido tamanho da cabeça, o veneno desta cobra é extremamente violento.
A cobra-parda está largamente distribuída na Austrália e aparece também na Nova Guiné. Não é uma cobra agressiva, a menos que a perturbem. Arqueia-se para atacar.





Cobras-negras

A cobra-negra é azul-escura no dorso, escarlate-brilhante no ventre e debruada a preto. As escamas estão dispostas simetricamente e são lisas e acetinadas. O comprimento médio desta cobra vai de 1,80 m a 2,10 m. O corpo é delgado e a cabeça estreita. Dilata o pescoço à mínima sensação de alarme.




Esta cobra encontra-se por toda a Austrália, excepto no Norte e na Tasmânia. Prefere locais alagadiços ou cursos de água. Mergulha e nada bem e pode permanecer debaixo de água por longos períodos de tempo. Dado que se mantém imóvel no fundo dos cursos de água, pode ser perigosa para os banhistas. A cobra-negra não costuma atacar, a menos que a pisem ou a encurralem. Quando excitada, levanta a cabeça alguns centímetros do chão em plano inclinado e ataca a partir desta posição. Embora na Austrália haja mais gente mordida pela cobra-negra que por qualquer outra espécie. O seu veneno é relativamente fraco e são muito poucas as vítimas mortais da sua mordedura.

Contamos ter elucidado algumas dúvidas relativamente ao tipo de cobras venenosas existentes pelo mundo. Não esquecer que a melhor forma de evitar ser mordidos é evitá-las e para que tal suceda é necessário reconhecê-las. No próximo artigo abordaremos as cobras venenosas existentes em Portugal Continental.





Boas caminhadas e … cuidado onde colocam os pés.

2 comentários:

  1. este tambem ta muito bom.
    falta a TAIPAO,mata mais rapido
    do que outra qualquer cobra,uma dentada pode matar mais de 100mil ratos e uma unica dentada pode matar 100 homens.(acho que te falta esta)

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  2. Obrigado pelo comentário e pela informação João. Lógicamente não poderiamos enumerar todas as cobras venenosas existentes, mas foi uma falha não enumerar a Taipao. è desse tipo de colaboração que necessitamos.

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