06 março 2013

Socorro em montanha – 15ª parte – Intoxicações e Envenenamentos

Neste artigo relacionado com as intoxicações e os envenenamentos, vamos fazer uma abordagem geral no início e de seguida vamos dar especial atenção e principalmente na intoxicação e envenenamento motivado por plantas. Os montanheiros são muito vulneráveis a envenenamentos por contacto com plantas e animais que podem segregar venenos poderosos. Devido à extensão da matéria, a classe dos animais será abordada num próximo tema. E agora, após esta breve introdução vamos passar ao tema em questão.





Venenos em geral

Um veneno pode ser definido como qualquer substância capaz de produzir um efeito deletério sobre os processos corporais. Pode actuar modificando as funções metabólicas normais das células ou destruindo-as directamente. O envenenamento pode resultar da ingestão, inalação, injecção, contacto de superfície ou absorção através da pele e mucosas de substâncias em quantidades tóxicas.
A primeira consideração a ser feita no tratamento é determinar se realmente houve envenenamento. Uma vítima que tenha simplesmente deglutido alguma substância não está necessariamente envenenada. Algumas substâncias são inócuas e não requerem tratamento. Outras necessitam apenas de um copo de leite ou água para minimizar as probabilidades de uma epigastralgia. No entanto deve-se suspeitar de envenenamento em qualquer vítima que apresente uma doença aguda ou grave inexplicada.





Alguns dos sintomas mais comuns de envenenamento incluem náuseas, vómitos, dor abdominal, diarreia, midríase ou miose, salivação ou sudorese excessivas, respiração alterada, inconsciência  e convulsões. Se a respiração for insuficiente, haverá cianose (cor azulada dos lábios e pele). Resultarão queimaduras químicas ou inflamação pelo contacto cutâneo com substâncias corrosivas.
Um dado adicional importante para a avaliação e confirmação da existência de envenenamento é a investigação da área onde a vítima foi encontrada ou onde esteve recentemente. Os objectos encontrados no local como garrafas ou frascos (especialmente de remédios), ou restos de comida ou bebida, podem ser importantes. Gases e outras substâncias, algumas vezes podem ser detectados pelo olfacto.





Se a vítima vomitar, todo o vómito (ou parte dele) deve ser guardado e levado para o serviço de emergência, pois pode auxiliar na identificação do veneno. É de inestimável importância levar junto um frasco rotulado com o veneno suspeitado, se possível.
A identificação precisa e rápida pode ser facilitada quando existe um nome comum da substância ou pela leitura dos componentes do produto no rótulo. Se não existirem outras fontes de informação, o rótulo fornecerá o nome do produtor, que, possivelmente, poderá ser contactado. Além disso, a quantidade deixada no frasco pode dar uma estimativa da quantidade máxima de produto que pode ter sido ingerido. Levando o frasco com a vítima, é possível fornecer-lhe um tratamento apropriado e, talvez, salvar-lhe a vida.





Ingestão de venenos

As substâncias venenosas que geralmente são ingeridas podem incluir alimentos, bebidas, medicamentos, produtos caseiros e plantas. As plantas venenosas são discutidas noutra secção deste artigo.

Tratamento
Quando for confirmado envenenamento ou existirem suspeitas bem fundamentadas, as medidas de primeiros socorros devem ser instituídas imediatamente. Várias pessoas acreditam que exista um antídoto (uma substância que neutralize os efeitos venenosos de outras substâncias) para a maioria ou totalidade dos agentes venenosos. Porém, e infelizmente isto não é verdade. Na realidade, existem muito poucos antídotos, e estes geralmente requerem a orientação médica para serem usados. O bom tratamento de emergência e cuidados de suporte são os melhores meios que um socorrista/montanheiro possui para tratar uma vítima envenenada.

Diluição – Em geral, o tratamento mais importante para a ingestão de venenos é diluí-los no estômago e, então, induzir a sua eliminação através do vómito. Para este tipo de tratamento é necessário que a vítima esteja consciente. A diluição do veneno é obtida com ingestão de um ou dois copos de leite ou água.





Vómito – Observar a vítima com atenção, principalmente o seu grau de consciência, antes de decidir sobre a indução do vómito. Algumas vezes o vómito pode ser mais prejudicial que útil.

Não induzir o vómito nas seguintes condições:

. Se a vítima estiver inconsciente ou em convulsão (pois o vómito poderia ser aspirado para os pulmões e provocar asfixia).

. Se a vítima estiver em choque.

. Se a vítima ingeriu convulsivantes, pois o vómito aumenta a probabilidade de desencadear convulsões.

. Se a vítima ingeriu venenos que provoquem espuma, pois o vómito representará um perigo de asfixia nestes casos.

. Se o veneno ingerido for um corrosivo forte como um ácido, lixívia, amónia, fosfatos, carbonatos, etc, ou se tiver causado queimaduras labiais e de faringe (uma vez que o seu retorno apenas causará mais lesões esofágicas e perfuração, agravando a situação).

. Se o veneno contiver querosene, gasolina, combustivel de isqueiro, hidrocarbonetos, xileno, tolueno, tetracloreto de carbono, tricloretano, solvente de verniz, óleo mineral ou outros derivados do petróleo (pois poderiam causar pneumonia química se aspirados para os pulmões).

. Se o tempo decorrido desde o contacto com o veneno for superior a 3 horas.

Entretanto se os vómitos tiverem que ser induzidos, pode-se utilizar a técnica mais conhecida de estimulação mecânica da úvula e da faringe com uma espátula ou com o próprio dedo,






ou o meio mais eficaz para as vítimas de 1 ano de idade ou mais é a administração de uma colher de sopa com xarope de ipeca (ipecacuanha – emético de alta eficácia, bastante inócuo), em 150 ml de água. Na sua maioria, as vítimas vomitarão dentro de 15 a 20 minutos. Se isto não ocorrer, a dose deve ser repetida apenas uma vez. Se o vómito for induzido, a vítima deve ser observada constantemente, de forma a evitar a aspiração para os pulmões. A colocação da vítima em decúbito lateral com a cabeça e o tronco ligeiramente mais baixos facilitará o vómito e ajudará a impedir a aspiração.

Absorventes – O carvão ativado ou vegetal é um absorvente eficaz para várias substâncias tóxicas. O socorrista/montanheiro deve procurar orientação e ter certeza de que o seu uso é o indicado para cada caso em particular. O carvão activado ou vegetal inibe o vómito induzido pelo xarope de ipeca. Portanto, se a ipeca tiver sido administrada, o carvão activado deve ser dado após a vítima ter vomitado. O carvão activado é administrado por via oral. Deve-se misturar uma ou duas colheres de sopa num copo de água imediatamente e antes de o dar à vítima. Não deve ser misturado e guardado antes de ser tomado, pois o carvão depositar-se-á no fundo do copo.






Atenuadores – Nos casos que envolvem ingestão de substâncias irritantes para o trato gastrointestinal, também são úteis os demulcentes, como gel de hidróxido de alumínio, leite de magnésio ou leite simples. Tais agentes são atenuadores e ajudam a diminuir a irritação gastrointestinal.






Venenos inalados

Para os venenos que são inalados, como gás natural ou monóxido de carbono a primeira regra para socorrer a vítima, e talvez proteger-se a si próprio, será coloca-lo rápidamente num local com ar fresco. Também é permitido administrar oxigénio suplementar, se existir alguma bala de O2. Se a vítima não estiver a respirar, deve-se iniciar a respiração artificial imediatamente, mantendo-a até que haja retorno da respiração pelos seus próprios meios. Poderá ser necessário fazer ressuscitação cardiopulmonar.

Venenos injectados

O abuso de drogas através da injecção é quase sempre resultante do abuso de drogas. As picadas e mordidas venenosas (este tema será abordado mais aprofundadamente num próximo artigo).





Os sintomas produzidos por venenos injectados são:

. Estado de delírio.
. Dor.
. Aumento da sensibilidade no local da picada.
. Edema local.
. Inconsciência.
. Diminuição da função ou paragem respiratória e circulatória.
Se houver edema em qualquer extremidade, deve-se remover imediatamente todos os anéis, relógios e pulseiras.

Superfície (venenos de contacto)

Algumas substâncias podem causar irritação ou destruição tecidual através do contacto com a pele, mucosas ou olhos. Estas substâncias incluem corrosivos, como ácidos, álcalis e fenóis, assim como outros compostos menos destrutivos. O contacto com estes agentes causará inflamação ou queimaduras químicas nas áreas afectadas.




O veneno irritante ou corrosivo deve ser removido o mais rápidamente possível. Para o contacto de pele, lavar a área afectada extensivamente com água e sabão. Se a roupa da vítima estiver contaminada, deve-se colocar água corrente directa por debaixo das roupas, mesmo quando estiverem a ser removidas, de forma a auxiliar a rápida remoção do agente corrosivo.





Os irritantes químicos nos olhos devem ser tratados com lavagem copiosa desses órgãos colocando um fio de água corrente do lado lacrimal do olho para o lado parietal deste.




Não se deve perder tempo a tentar neutralizar ácidos e álcalis, pois está demonstrado que a lavagem extensiva com água corrente é mais valiosa para a prevenção de lesões posteriores.






Plantas venenosas

A cada ano ocorrem milhares de casos de envenenamento por plantas, muitos dos quais resultam em reacções graves para as vítimas. As plantas venenosas crescem em campos, jardins, casas e locais de trabalho. A alta incidência de tais envenenamentos indica que a maioria das crianças e vários adultos não conhecem os perigos que podem advir da ingestão, ou mesmo mordida da planta que parece mais inocente. Uma planta venenosa pode afectar os sistemas circulatório, gastrointestinal ou nervoso central, ou pode irritar a pele. As manifestações do envenenamento geralmente sobrepõem-se, no entanto, certas plantas possuem um efeito predominante sobre um sistema primário.

Distúrbios circulatórios

A vítima, no prazo de 30 a 50 minutos após a ingestão de uma planta venenosa, pode apresentar os sinais clássicos de colapso circulatório: frequência cardíaca alta, queda da pressão arterial, sudorese, cianose e fraqueza.

Algumas das plantas que podem produzir colapso circulatório são:

. Açafrão Palhinha; Erva de São Cristóvão; Falso Heléboro; Erva Dedal; Heléboro Verde; Nabo Venenoso; Lantana; Lírio do Vale; Erva de Passarinho; Napelo; Loureiro; Oleastro; Cicuta Venenosa; Batata (broto); Rododendro; Teixo.

Tratamento

O tratamento do colapso circulatório deve ser o mesmo que o usado para qualquer outra situação de choque. Deve-se colocar a vítima em posição supina com os membros inferiores elevados, mante-lo aquecido, administrar infusões intravenosas (equipas de resgate especializadas) e providenciar o transporte para um centro hospitalar. Fazer ressuscitação cardiopulmonar se for necessário. Se o paciente estiver consciente e alerta, devem-se induzir os vómitos com xarope de ipeca. Lembrar de recolher o vómito e também, se possível, uma amostra da planta ingerida, levando-os para o hospital.

Distúrbios Gastrointestinais

Pequenas quantidades de algumas plantas podem produzir distúrbios gastrointestinais graves, ao passo que grandes quantidades de outras são necessárias para produzir esses sintomas. Pode haver o desenvolvimento de vómitos e diarreias dentro de 20 a 30 minutos após a ingestão.





Algumas das plantas que podem produzir distúrbios gastrointestinais são:

Erva de São Cristóvão; Sanguinária; Caladio; Mamona; Narciso; Cogumelo; Quatro Horas; Erva Dedal; Jacinto; Azevinho; Iris; Nabo Selvagem; Espora; Podofilo; Erva de Passarinho; Ipomeia; Carvalho; Espirradeira; Poinsétia; Glicinia; Teixo.

Tratamento

A vítima deve receber todas as medidas de suporte necessárias e ser transportada para um hospital, a fim de receber cuidados médicos. É muito importante levar uma amostra da planta para o hospital, possibilitando assim identifica-la. Os vómitos devem ser guardados, pois também podem auxiliar o médico a identificar a planta venenosa.

Distúrbios do sistema nervoso central

As plantas venenosas podem produzir vários sintomas de alterações do sistema nervoso, incluindo depressão, hiperatividade, hiperexcitação, estupor, confusão mental ou coma.
Algumas das plantas que podem produzir distúrbios do sistema nervoso central são:

Maçã (semente); Apricó (caroço); Açafrão Palhinha; Erva de São Cristóvão; Coração de Maria; Jasmim Amarelo; Cereja (caroço); Narciso; Falso Heléboro; Cogumelo; Heléboro Verde; Cânhamo; Nabo Venenoso; Figueira do Inferno; Espora; Marijuana; Napelo; Ipomeia; Loureiro; Oleastro; Pêssego (caroço); Cicuta Venenosa; Batata (broto); Rododendro; Ruibaerbo (folha); Ervilha doce; Estramônio; Cicuta D’água; Jasmim Amarelo.

Tratamento

O tratamento deve ser basicamente vocacionado para o suporte básico de vida. Os vómitos não devem ser induzidos se a vítima estiver em esturpor ou inconsciente. Providenciar com urgência a evacuação da vítima para um centro hospitalar.

Irritantes cutâneos

Através do contacto da pele, algumas plantas podem produzir prurido, além de queimaduras e formação de bolhas. Raramente tais tipos de planta possuem reacções sistémicas de natureza grave.





Algumas plantas que podem produzir irritações cutâneas são:

Botão de Ouro; Heléboro Negro; Diefembácia; Quatro Horas; Iris; Podofilo; Oleastro; Poinséfia; Trepadeira venenosa; Carvalho Venenoso; Sumagre Venenoso; Teixo.

Tratamento

O tratamento de emergência da irritação cutânea deve consistir apenas numa limpeza extensiva da pele com sabão e água. Existe o risco específico com a diefembácia, uma das plantas vistas com maior frequência em casas e escritórios.





Um pedaço desta planta colocado na boca pode causar irritação suficiente e edema das membranas mucosas, produzindo dificuldades de deglutição, respiração e fala. Se o edema for intenso, as vias aéreas podem ficar completamente obstruídas e a vítima entrará em risco de asfixia. O tratamento de emergência consiste na abertura das vias aéreas, entubação, se necessário administração de oxigénio e transporte urgente para um centro hospitalar (efectuado apenas por equipas de resgate especializadas).




Perigos provenientes das plantas

Há pelo menos trezentas mil espécies de plantas silvestres no mundo. Um elevado número delas são potencialmente comestíveis. Muito poucas são mortais quando ingeridas em pequenas quantidades. O perigo de plantas venenosas nas diversas regiões do mundo é uma realidade. Como regra, as plantas venenosas não são um risco sério, mas, em certas condições, podem ser perigosas. Existem dois tipos gerais de plantas venenosas: as que são venenosas ao toque (plantas urticantes) e as que são venenosas quando ingeridas.






Plantas venenosas ao toque

A maior parte das plantas venenosas ao contacto pertencem à família da sumagreira ou à família do trovisco. As três plantas venenosas mais importantes dos Estados Unidos, por exemplo, são a hera venenosa, o carvalho venenoso e a sumagreira venenosa.
A hera venenosa é um arbusto rastejante ou trepador com folhas brilhantes dispostas em grupos de três.




O carvalho venenoso é uma planta arbustiva com folhas ovais que também crescem em grupos de três.




A sumagreira venenosa tem folhas lisas, estreitas e paralelas que crescem de um pedúnculo lenhoso.



Todas estas plantas têm cachos de bagas brancas. O conhecimento do aspecto e dos efeitos destas plantas ajuda noutras partes do mundo onde florescem plantas semelhantes. Um bom tratamento expedito para estas plantas venenosas consiste na aplicação de cinzas de madeira molhadas sobre a área do corpo afectado.
Os sintomas do envenenamento por meio das plantas é semelhante em todas as partes do mundo – vermelhidão, comichão, inchaço e bolhas. O melhor tratamento após contacto com estas plantas é uma boa lavagem com um sabão forte.

Plantas venenosas para ingerir

O número de plantas venenosas não é grande em comparação com o número das não venenosas e comestíveis. Uma boa regra é aprender e reconhecer quais as plantas comestíveis, e comer apenas as conhecidas.

Quando se tiver dúvidas sobre quais as plantas que são ou não venenosas, pode-se observar os roedores e outros animais que comem plantas. De modo geral, os alimentos destes animais são seguros para os humanos. As aves não são de confiança, dado que muitas vezes comem bagas que são venenosas para os humanos. Pode-se seguir as seguintes regras como uma indicação de ordem geral (não aplicável aos cogumelos):

. Provar e mastigar uma pequena porção de qualquer planta que não se conheça. Se for amarga ou desagradável, não se deve comer. É importante testar todas as partes das plantas, uma parte de cada vez, porque muitas delas têm apenas uma ou algumas partes comestíveis.

. Deve-se separar a planta nos seus constituintes básicos: folhas, caule, raízes, etc.

. Deve-se cheirar a planta, verificando se existem odores fortes ou odores ácidos.

. Não se deve comer nada durante oito horas antes de começar o teste.

. Durante este período pode-se colocar uma amostra da planta no interior do nosso cotovelo ou pulso. 15 minutos são suficientes para verificar se existe alguma reacção alérgica.

. Durante o período do teste não se deve tomar nada oralmente, excepto água pura e a planta que está a ser testada.

. Seleccionar uma pequena porção do componente da planta.

. Antes de o colocar na boca, ponha o pedaço da planta na superfície exterior do lábio para verificar se queima ou se faz comichão.
Se após três minutos não houver reacção, coloque o pedaço na língua. Deve-se esperar então, 15 minutos.





. Se não houver reacção, mastiga-se o pedaço inteiramente e mantém-se na boca durante mais 15 minutos. Não se deve engolir.

. Se não houver nenhuma irritação durante este tempo, engole-se o pedaço mastigado.

. Espera-se durante oito horas. Se ocorrerem alguns sintomas de doença, deve-se induzir o vómito e beber bastante água.

. Se não ocorrerem nenhuns efeitos prejudiciais, come-se o equivalente à quantidade de  metade de uma chávena de chá, da mesma planta preparada da mesma maneira. Espera-se mais oito horas, se não ocorrerem nenhuns sintomas de doença, a planta é segura para comer.

. Em caso de dúvida, cozinha-se toda a alimentação vegetal. Muito do veneno dos alimentos desaparece com a cozedura.





. Deve-se evitar comer plantas com suco leitoso e não se deve deixar que este entre em contacto com a pele.

. Deve-se evitar o envenenamento pela cravagem-do-centeio, devendo-se para isso rejeitar todas as ervas, cereais e grãos que apresentem pontos negros em vez de grãos normais.

. Embora a maior parte das bagas sejam comestíveis, muitas são venenosas. Devem-se apanhar apenas as bagas que se reconhecer.





. Deve-se evitar comer cogumelos e outros fungos. Apenas poucos tipos são venenosos, mas, como os cogumelos apresentam tantas variedades, formas, cores e tamanhos, apenas um especialista pode determinar, com toda a segurança, quais são os comestíveis.
Se por acaso comer uma planta que se suspeite de ser venenosa, deve-se provocar o vómito.

Partes comestíveis das plantas

As plantas, sejam elas aquáticas ou terrestres, das regiões temperadas ou tropicais, do deserto ou do ártico, fornecem as seguintes partes comestíveis:

. Raízes e outras partes subterrâneas: tubérculos, rizomas e bolbos.
. Rebentos e caules.
. Folhas.
. Nozes.
. Sementes e grãos.
. Frutos.
. Casca.




Como saber se a planta é comestível

. Deve-se evitar plantas com flores em forma de guarda chuva, embora a cenoura, o aipo e a salsa (todos comestíveis) sejam membros desta família.

. Evite todos os legumes, feijões e ervilhas, estes absorvem minerais do solo e originam problemas digestivos.

. Se existirem dúvidas, deve-se evitar todos os bolbos.





. Devem-se evitar todas as bagas brancas e amarelas, geralmente são venenosas, metade de todas as bagas vermelhas são também venenosas, as bagas azuis e negras são geralmente inofensivas.

. Os frutos e as bagas em cachos são comestíveis.

. Frutos solitários no pedúnculo são inofensivas.

. Uma seiva leitosa indica uma planta venenosa.

. As plantas que irritam a pele não devem ser comidas.

. As plantas que crescem na água ou na lama são, muitas vezes, saborosas.

Deve-se saber reconhecer os tipos mais comuns de plantas venenosas de modo a poder evitá-las.




Plantas tropicais venenosas

O ambiente tropical tem condições ideais para o desenvolvimento da vegetação e dos animais. Se souber o que procurar, o ambiente tropical é uma abundante fonte de alimentos. Mas estas condições ambientais aumentam os riscos dos perigos biológicos. Os seres vivos tendem a desenvolver-se mais e a actuar mais agressivamente nos ambientes tropicais do que noutras partes do mundo.

Certas plantas tropicais são venenosas e devem ser evitadas, sendo as principais, as seguintes:

Mangue-branco – Esta planta, de folhas e bagas brancas, encontra-se nos mangais, nos estuários e perto das costas. A seiva desta planta provoca bolhas quando entra em contacto com a pele. Cega se entrar em contacto com os olhos.







Mucuna, ou olho-de-burro – Esta planta trifoliada, de flores púrpura pendentes e vagens frisadas, encontra-se em zonas de bosques cerrados e mato, mas nunca em florestas. Os pelos das flores e das vagens provocam irritação. Se entrarem em contacto com os olhos, provocarão cegueira.








Urtigas – Esta planta está largamente difundida, especialmente nos charcos ou perto deles. Tem folha áspera ou “dentada”, que é venenosa ao contacto, provocando uma sensação de queimadura.







Pilriteiro, ou espinheiro-alvar – Esta planta também se encontra em zonas temperadas, ao longo das estradas ou em campos cultivados (particularmente com a soja). Dá uma flor em forma de trombeta de cor púrpura-clara, folhas de bordo dentado e uma vagem espinhosa. Todas as partes desta planta são venenosas, especialmente as sementes.










Pangi – Esta trepadeira de folhas cordiformes encontra-se principalmente na selva da Malásia. As suas sementes contém ácido prússico e são perigosas quando comidas ao natural, mas são comestíveis quando assadas.








Pinhão-de-purga – As sementes da purgueira, um arbusto de folhas parecidas com a do ácer, actuam como um laxativo violento.








Rícino – Este arbusto, cujas folhas radiais lembram, por vezes, o topo de uma palmeira miniatura, é vulgar nos matagais e em terrenos abertos. As sementes amadurecem em cachos parecidos com ouriços e são tóxicas e fortemente diarreicas.









Estricnina – Estes arbustos, parecidos com o corniso (espécie de abrunheiro), crescem em estado silvestre nos trópicos. O fruto, amarelo ou branco, de aspecto saboroso (com forma e tamanho de uma pequena laranja), abunda no Sudoeste da Ásia, tem uma polpa extraordinariamente amargosa e as sementes contém um dos mais potentes venenos conhecidos do homem.








Plantas venenosas do Deserto

Evitar todas as plantas do deserto com suco leitoso. Estas plantas costumam causar muita irritação nas superfícies expostas da pele. Uma exsudação branca escorrendo de um caule partido é um aviso. Este suco leitoso é veneno se for ingerido.

Plantas venenosas nas regiões polares

A maior parte das plantas nas regiões polares são comestíveis, a cicuta-d’água é, na maior parte dos casos, a única planta fortemente venenosa, mas os rainúsculos amarelos e alguns cogumelos devem ser evitados. A cicuta-d’água é uma das plantas mais venenosas do mundo.





Pode identificar-se pelo local onde cresce (sempre em solo húmido) e pelas seguintes características – um bolbo oco  e compartimentado na base de um caule oco, raízes em forma de fuso e um cheiro forte e desagradável, que se nota em especial na raíz e no bolbo. É particularmente abundante nos terrenos alagadiços próximos das praias do Sul e em volta dos lagos pantanosos nos vales dos rios do interior. Nunca aparece nas encostas ou em terreno seco. Todas as bagas das regiões polares são comestíveis, com a notável excepção do fruto do rainúnculo-amarelo, o qual é venenoso.




Outras plantas venenosas

Cicuta – Apresenta caules com listras púrpuras, raízes com câmaras ocas, folhas dentadas em conjuntos de dois a três lóbulos e cachos de pequenas flores. Encontram-se por todo o mundo, sempre junto de água e apresentam um odor desagradável. É mortal após a ingestão.







Cónio – Tem cerca de 2 metros de altura e muitos ramos. Os caules são cavados, com pintas púrpuras e as folhas são grosseiramente dentadas, mais claras em baixo. Tem cachos densos, de pequenas flores brancas e raízes brancas. Encontram-se por todo o mundo, em terrenos com ervas bravas. Apresentam um odor desagradável. É mortal após ser ingerida.

Espinheiro ou Sizânia – Apresenta folhas ovais irregularmente dentadas e flor grande, branca, em forma de trompa e fruto espinhoso. Encontram-se nas regiões temperadas e também nos trópicos. Apresenta um odor fraco. É mortal.




Oleandro (espirradeira) ou Nerium Oleander – É considerada por muitos como a planta mais venenosa do mundo. Todas as partes da bela Oleandro contém veneno, na realidade, contém muitos tipos de veneno. Dois dos mais potentes são a oleandrina e aneriantina, conhecidos devido ao seu efeito devastador no coração das vítimas. Segundo alguns botânicos, o veneno da oleandro é tão forte que pode matar uma pessoa que apenas comeu o mel produzido por abelhas que ingeriram o néctar desta planta. Trata-se de uma planta bastante atraente e apesar da sua fama de mortal é frequentemente plantada com propósitos decorativos. Esta planta é originária do norte de África, do leste do Mediterrâneo e do sul da Ásia. É muito comum em Portugal. É uma planta forte que sobrevive até mesmo em solos pobres e áridos. A planta cresce como um arbusto denso e chega normalmente a ter entre 1,8 e 5,4 metros na sua maturidade. Possui folhas finas e verde escuras e as suas flores podem ser amarelas, vermelhas, rosas ou brancas crescendo em cachos. Esta planta também é conhecida por Flor de São José, Loureiro Rosa e Loandro da India.






Cogumelos venenosos

Os cogumelos não podem ser submetidos ao teste do sabor. Os cogumelos venenosos não têm um sabor desagradável, e os sintomas de envenenamento podem aparecer somente várias horas após terem sido ingeridos. Não existe nenhum antídoto para envenenamento devido à ingestão de cogumelos, portanto, ou se consegue identificar perfeitamente os cogumelos comestíveis ou então será melhor evitá-los.




Como selecionar os cogumelos comestíveis

. Deve-se evitar todos os cogumelos com lâminas brancas.

. Deve-se evitar todos os cogumelos que se estejam a decompor ou estejam quentes.

. Se não se souber identificar concludentemente o cogumelo, deve-se evitar.

Os seguintes cogumelos venenosos não devem ser ingeridos:

Yellow Staining: Apresentam uma mancha amarela quando são esfregados. Apresentam uma cor amarela forte no pé. Têm um odor a ácido fénico. Deve-se evitar estes cogumelos.





Amanita-Mortal – Este cogumelo é totalmente branco, com uma grande base, um caule escamoso e um chapéu com cerca de 12 cm de diâmetro. Tem um cheiro fraco e adocicado. É mortal.





Amanita Phaloide – Apresenta um chapéu de cor esverdeada, com cerca de 12 cm de diâmetro, caule pálido, volva grande, lâminas e carne branca. É mortal.











Amanita Muscaris – Apresenta um chapéu vermelho-vivo com pequenas manchas brancas, uma grande base com cerca de 22 cm de diâmetro. É mortal.










Amanita Pantherina – Tem uma cor acastanhada, com pequenas manchas brancas com cerca de 8 cm de diâmetro, lâminas brancas, e tem dois ou três anéis na base do pé. É mortal.







Entoloma Lividum – Tem uma cor escura, cinzento-esbranquiçado, chapéu profundamente convexo e tem cerca de 15 cm de diâmetro. Tem lâminas amareladas ou rosa-salmão e carne branca, firme. Apresenta um odor a amêndoa amarga e râbano. É mortal.





Deixamos aqui alguns apontamentos gerais sobre protecção. Quando saírem para a montanha, sejam diligente na pesquisa sobre a flora e a fauna locais. A maioria será benigna, mas em algumas áreas uma percentagem surpreendente não o será.  Façam pesquisa sobre tudo o que for possível. Talvez o mais importante, se vão para muito longe da civilização, seja saber que venenos poderão ser encontrados no habitat natural.





“Tudo é veneno e nada é veneno, é a dose que faz o veneno – Paracelso”

Boas caminhadas

1 comentário:

  1. Muito interessante, contudo o espinheiro branco não é venenoso, é inclusivamente considerado uma planta medicinal.

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