Os iões do ar
Séculos de história popular e de relatos sugerem que algumas
pessoas sofrem incómodos e dores perante a mais ligeira mudança de tempo.
Uma revisão minuciosa das investigações relativas aos efeitos
dos sistemas meteorológicos a curto prazo e o clima nas pessoas, revela que
apenas foram publicados alguns (poucos) estudos bem elaborados.
Por exemplo, Muecher e Ungeheuer investigaram os tempos de
reacção, a percepção visual, a propensão aos acidentes de trabalho e as visitas
a ambulatórios médicos durante seis condições meteorológicas diferentes. Concluiram
que estas quatro variáveis estavam afectadas por mudanças no tempo,
principalmente por um vento seco e quente que visita as regiões alpinas da
Europa no começo da Primavera e do Outono, esse vento apelida-se de “Foehn” ou
“vento assombrado”, devido aos efeitos nocivos que tem sobre as pessoas.
Existem muitos outros ventos deste tipo em todo o mundo, como
o “Santa Ana” na Califórnia, o
“Chinook” no Oeste do Canadá e nos Estados Unidos, o “Sirocco” em Itália, o
“Sharav” ou “Hamsin” no Médio Oriente, o “Mistral” na França, o “Thar” na India
e o “Zonda” na Argentina.
Estes ventos secos e quentes que correm ao nível do solo
carregam enormes quantidades de pó e geram imensos campos de electricidade
estática e de iões. Os iões formam-se quando os átomos ganham ou perdem
electrões (partículas carregadas negativamente), criando um desequilíbrio no
número de partículas carregadas em cada um.
As concentrações de iões positivos nessas tempestades podem
aumentar até 13.000 por centímetro cúbico. Em terreno aberto, existem
normalmente um total de 400 a 2.000 iões por cada centímetro cúbico de ar e a
proporção entre iões + e – vai de 4:1 a 1,3:1. Outros fenómenos naturais geram
iões positivos e negativos a uma escala menor, como por exemplo, a fricção
entre massas de ar geram iões positivos e a radiação solar e cósmica,
trovoadas, vegetação, cascatas de água e radiações da terra, geram iões
negativos.
A figura abaixo apresenta um exemplo da influência de uma
frente meteorológica sobre os iões positivos e negativos do ar. Essas medições
foram tomadas após uma tarde de tempestade ter ocorrido em Filadélfia,
Pensilvania.
Verifica-se que as concentrações de iões no ar cresceram
rapidamente durante os 90 minutos anteriores à tempestade e de seguida caíram
de forma contínua até ter terminado a tempestade.
As respostas do corpo
humano aos iões do ar
A figura abaixo
ilustra os sistemas do corpo que respondem a mudanças da ionização do ar. Estas
incluem o sistema nervoso, endócrino, respiratório e imunitário. O texto
seguinte descreve a natureza dessas respostas.
Demonstrou-se que até 30% dos seres humanos são sensíveis aos
altos níveis de iões positivos que ocorrem nos ventos secos e quentes acabados
de mencionar. Por exemplo, Robinson e Dirnfeld estudaram o “Sharav”, cujas
características mais destacadas incluem um súbito aumento da temperatura e uma
queda da humidade e do vento. Notaram que as pessoas sensíveis ao tempo
começaram a sofrer no momento em que a quantidade total de iões aumentava
devido a um aumento desproporcional do número de iões positivos, isto ocorria
entre 24 a 48 horas antes de que ocorressem qualquer outras mudanças em
parâmetros ambientais como a velocidade e a direcção do vento, a temperatura, a
radiação solar, e a humidade. Sintomas como enxaquecas, inchaço de membros,
asma, palpitações e hiperatividade do aparelho digestivo, são típicos em
pessoas “sensíveis”.
Na próxima semana voltaremos a este tema, até lá…
Boas caminhadas
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