As feridas, bem como as restantes
lesões dos tecidos moles, são todas aquelas que interferem quer com a pele,
quer com as camadas musculares que lhe ficam por baixo.
Podem ser maiores ou menores, não
deixando por isso, de ser todas importantes, surgindo na maioria dos casos a
partir de acidentes de qualquer tipo.
A sua gravidade depende não só da
extensão e profundidade mas também da existência de outras lesões associadas e
todas elas provocam, além da dor, hemorragias menores ou maiores, lesões de
nervos e tendões, lesões de órgãos internos e nalguns casos, infecções,
contaminações e até estado de choque.
Conceito de ferida
Ferida é uma rotura provocada na
pele, seja ela uma simples picada de um alfinete, um corte por uma lâmina, uma
facada, um tiro ou uma dentada, podendo ser superficial ou profunda e atingir
pequena ou grande extensão.
Estas lesões podem-se dividir em:
Lesões superficiais simples:
Não necessitando de tratamento
médico ou diferenciado.
Lesões superficiais complicadas, Profundas ou penetrantes:
Requerem sempre tratamento médico
ou diferenciado (podem associar-se a lesões nos órgãos internos)
E ainda:
Lesões fechadas:
São aquelas em que existiu apenas
lesão na derme ou hipoderme, sem que tenha havido ruptura da superfície da pele
ou das mucosas do corpo.
Lesões abertas:
São aquelas em que houve ruptura
da superfície da pele ou das mucosas do corpo, isto é, em que houve ferida
Portanto: ferida é uma solução de
continuidade da pele (ruptura mais ou menos profunda da pele).
A pele
A pele é o elemento de contacto
do corpo com o meio ambiente, protegendo-o do frio e do calor, da humidade e da
secura, assim como do ataque de bactérias. A pele deve ser forte e resistente e
adaptar-se ao tamanho do seu possuidor.
A pele é o revestimento externo
do corpo, pesa cerca de 4 kg e divide-se em três camadas.
A camada superficial, a EPIDERME,
onde estão os pelos e as glândulas. Depois aparece a DERME, com feixes de
fibras, e, por último, a HIPODERME, com camadas de tecido adiposo e conjuntivo,
que tornam possível a aderência da pele aos órgãos internos.
Funções da pele
Na derme e hipoderme abundam os
vasos sanguíneos, que transportam substâncias nutritivas. O calor do corpo é
regulado através de dilatações ou constrições adequadas dos vasos sanguíneos
cutâneos e também mediante o suor, cuja evaporação actua como refrigerante. O
sebo das glândulas sebáceas torna a pele flexível.
Os receptores sensoriais da derme
e da hipoderme fornecem-nos constantemente informações sobre o meio ambiente.
Os diferentes corpúsculos sensoriais registam diferentes tipos de informação.
Por isso, na superfície da pele existem diferentes pontos sensíveis ao frio, ao
calor, à dor, ao tacto ou à pressão.
Lesões abertas (feridas)
Estas lesões são geralmente
designadas por feridas e podem-se classificar em:
. Escoriações
. Feridas Incisas
. Feridas Contusas
. Feridas Penetrantes
Primeiro Socorro
O primeiro socorro deverá ser
posto em prática para todas as feridas, independentemente do seu tipo:
. Acalmar a vítima falando com
ela, saber como se feriu e se tem em dia a vacina contra o tétano.
. Se necessário, retirar adornos
(aneis, relógios, fios, etc)
. Ter as mãos e unhas lavadas
. Expor a ferida
. Nunca falar, tossir, espirrar
ou fumar para cima de uma ferida
. Lavar e desinfectar a ferida
. Cobrir a ferida com um penso,
de preferência esterilizado
Nota: As feridas devem ser sempre
lavadas e desinfectadas, no sentido de dentro para fora e nunca utilizar
algodão para limpar as feridas. Não usar álcool ou soluções corantes como
mercúrio-cromo e tintura de iodo.
Feridas requerendo tratamento médico ou diferenciado:
São feridas do tipo: na boca,
nariz, pescoço, olhos, órgãos genitais ou quaisquer feridas extensas ou
profundas.
Primeiro socorro:
. Acalmar a vítima falando com
ela, saber como se feriu e se tem em dia a vacina contra o tétano.
. Se necessário, retirar adornos
(aneis, relógios, fios, etc)
. Expor a ferida
. Nunca falar, tossir, espirrar
ou fumar para cima de uma ferida
. Não lavar ou desinfectar
. Proteger a ferida com
compressas ou panos limpos e secos
. Efectuar cobertura da ferida
. Providenciar o transporte para
um hospital
Lesões dos tecidos moles
A maioria das lesões compromete
os tecidos moles, a pele, os músculos ou a fáscia (planos de tecido conjuntivo,
organizados no corpo humano em camadas. Envolvem e separam os ossos, músculos e
órgãos, preenchem os espaços e dão unidade à estrutura). Podem ser fechadas ou
abertas.
Lesões fechadas dos tecidos
moles
Um objecto contundente atirado
contra um corpo com força suficiente, esmaga o tecido abaixo da pele. Dentro
deste tecido origina-se a formação de uma contusão. É uma ferida fechada se a
pele se mantiver integra. A lesão abaixo da superfície pode-se estender a uma
profundidade variável. A lesão é precedida de formação de edema e dor.
Geralmente os pequenos vasos sanguíneos nos tecidos são rompidos, permitindo o
vazamento de quantidades variáveis de sangue e plasma para o tecido. Este
vazamento imediato é o responsável pelo edema e pela dor. O excesso de sangue
no tecido migra gradualmente em direcção à pele e causa uma coloração
característica, a Equimose, de cor preta e azul-escura.
Quando são danificadas
quantidades consideráveis de sangue, ou quando são rompidos vasos sanguíneos
grandes no local da contusão, pode provocar o desenvolvimento bastante rápido
de um coágulo de sangue dentro do tecido lesado, sendo a lesão fechada de
tecido mole mais grave, chamado de hematoma ou literalmente, um tumor sanguíneo
Tratamento das lesões fechadas
As contusões pequenas não
requerem cuidado especial de emergência. Nas lesões mais graves de tecidos
moles, o edema e o sangramento abaixo da pele podem ser intensos e levarem ao
choque. Pode-se conseguir um certo controle deste sangramento, fazendo-se pressão no local com uma ligadura macia. As
aplicações locais de frio podem ajudar a controlar o edema inicial, e reduzi-lo
até certo ponto. Se o sinistrado tiver uma lesão extensa de partes moles,
deve-se questionar a possibilidade de existência de fracturas subjacentes.
Lesões abertas de tecidos
moles
As feridas abertas causam
sangramento evidente e estão sujeitas à contaminação directa, podendo provocar
infecção.
Escoriações
São as lesões mais superficiais,
designadas geralmente por “esfoladela”. Têm origem no esfregar a pele contra
uma superfície áspera, geralmente chão, alcatrão da estrada, pedras, paredes,
muros, gelo, etc. Provoca a perda de parte da camada externa da pele.
Geralmente é extremamente dolorosa e pode haver sangramento através dos
capilares da superfície lesados.
Primeiro socorro
. Limpar a zona lesionada
. cobrir com um penso
Feridas incisas
São lesões que têm origem num
objecto cortante e afiado (facas, navalhas, lâminas, vidros, galhos, paus, etc.
É uma ferida de um corte, cujos bordos são lisos. Provoca dor profunda e sangra bastante e
continuamente. Geralmente caracteriza-se por um ferimento cortante ou recortado
na pele, nos tecidos subcutâneos, nos músculos subjacentes, nos nervos e vasos
sanguíneos associados.
Primeiro socorro
. Unir os bordos da ferida
. Aplicar um penso compressivo
. Controlar a hemorragia
. Cobrir com um penso
Feridas contusas
São lesões causadas por objectos
contundentes.
Primeiro socorro
. Controlar as hemorragias
. Se a lesão for muito extensa,
deverá imobilizar a zona como se fosse uma fractura.
Nota: Se houver objectos
estranhos encravados, não os retirar.
Feridas perfurantes
São lesões provocadas por
objectos pontiagudos e normalmente bem afiados. É um tipo de ferida que à
superfície da pele não apresenta gravidade, no entanto são muito graves porque
provocam lesões graves em zonas muito profundas. Não existe forma de o
socorrista/montanheiro avaliar o grau de lesão causado por uma ferida desta
natureza. Geralmente requer uma cirurgia exploradora na zona lesada. Deve-se
sempre suspeitar de lesão extensa. Algumas feridas, especialmente as das
extremidades, podem atravessar todo o
membro ou cavidade do corpo para saírem do lado oposto.
Primeiro socorro
. Localizar os orifícios de
entrada e/ou de saída.
. Controlar as hemorragias
externas e prever a hipótese de
hemorragias internas.
. Tapar as feridas com pensos, se
possível, esterilizados.
Complicações das lesões abertas
Além da possibilidade de
aparecimento de uma infecção e de um tétano, é também comum, neste tipo de
lesões, o aparecimento de hemorragias e estado de choque, bem como lesões
várias nos músculos, nos nervos e nos tendões, o que como se percebe, facilita
o agravamento da lesão inicial.
O tétano é uma doença infecciosa
e aguda. O germe que a produz, depois de entrar no organismo, multiplica-se e
produz uma toxina que ataca a espinal medula, podendo levar a vítima à morte.
Quando as agressões sofridas
pelas vítimas são muito violentas, são normalmente atingidos os órgãos
internos, causando na vítima lesões que, a qualquer momento, podem pôr-lhe a
vida em perigo imediato.
Dentro deste tipo de lesões, as
que poderão ocorrer mais facilmente são:
. Lesões do Tórax
. Lesões abdominais
Quaisquer destas lesões podem
apresentar-se abertas ou fechadas.
Lesões do Tórax
É um traumatismo extremamente
grave, principalmente se vai afectar a ventilação da vítima através de
possíveis perfurações nos pulmões. Mas a gravidade desta lesão não fica por
aqui, existindo a possibilidade de hemorragias internas e de lesão directa do
coração e pulmões. Assim, as pancadas fortes no tórax poderão ocasionar, além
das mais diversas fracturas, ruptura do coração, ruptura do diafragma e toda
uma série de contusões associadas, levando o sinistrado, por vezes, a uma morte
rápida, se a sua entrada no hospital não for feita dentro do mais breve espaço
de tempo.
As lesões torácicas podem ser
resultado de quedas, armas brancas, armas de fogo, explosões ou compressões.
Este tipo de lesões pode interferir seriamente com o fornecimento constante de
oxigénio. O nosso organismo não tem capacidade para armazenar oxigénio.
Qualquer tipo de lesão que interfira seriamente com o fornecimento constante de
oxigénio por meio da respiração normal, deve ser tartada sem demora, a fim de
evitar a lesão permanente das células que dependam essencialmente de um
fornecimento constante de oxigénio, especialmente as células do encéfalo e
outros elementos do sistema nervoso que necessitam continuamente de um
suprimento rico em oxigénio, podendo morrer em poucos minutos, se este for
interrompido.
As lesões do tórax podem
dividir-se em:
. Abertas:
quando são provocados por
objectos que penetram na parede exterior e assim provocam, primeiro que tudo,
uma ferida. Podendo também estar associadas a fracturas graves das costelas em
que a extremidade fragmentada da costela lacera a parede torácica e a pele para
o exterior. Estas lesões podem ser concomitantes com contusões ou lacerações do
coração, pulmões ou grandes vasos.
. Fechadas:
Quando resultam de pancadas na
parede do tórax. Neste tipo de lesões a pele não perde a sua continuidade.
Podem ocorrer, no entanto, graves danos resultantes de costelas fracturadas ou
contusão no interior do tórax, podendo ainda haver lacerações do coração ou
pulmões. As lesões fechadas graves incluem compressão do tórax e contusões
graves, originadas por exemplo, por um objecto em queda livre, soterramento
numa caverna, etc.
Os distúrbios originados no
indivíduo por esta lesão podem ser muitos e de vários tipos. No entanto, ao
socorrista/montanheiro interessa só o facto de em todos os casos haver grande
perigo para o sinistrado, pois a qualquer momento pode haver paragem
ventilatória, também esta com várias origens.
Esta lesão pode ser identificada
por:
. Dor no local da lesão
. Dor pleurítica (dor que se
agrava pela respiração ou ocorre com ela) localizada ao redor da lesão
. Dispneia (dificuldades
ventilatórias)
. Cianose (dos lábios e unhas)
. Pulso fraco e rápido
. Excitação
. Confusão e delírio
. Hemoptise (eliminação de sangue
com a tosse)
. Impossibilidade de um ou ambos
os lados do tórax se expandirem normalmente com a respiração
. Ausência de movimentos
ventilatórios (nos casos mais graves)
Sintomatologia de lesões torácicas
Qualquer alteração no padrão
respiratório normal será um sinal particularmente importante a ser observado. A
dor torácica no local de uma fractura ou de uma contusão evidentes, indica
lesão da parede torácica, podendo indicar também lesão do pulmão subjacente. A
dor é agravada pela respiração, principalmente quando inspira, indicando
irritação das superfícies pleurais do pulmão ou da parede torácica. Esta
irritação pode ser resultado da laceração destas superfícies por costelas
fracturadas ou por alguns processos patológicos graves.
A profundidade da respiração e a
dificuldade em realizar um ciclo ventilatório são indicadores fiéis de
dificuldade respiratória. Esta dispneia poder ser resultado de várias causas.
No sinistrado traumatizado, pode advir de uma expansão inadequada do tórax, ou
do facto de o sinistrado ter perdido o controlo nervoso normal da sua
respiração, ou ainda, devido a obstrução das vias aéreas ou compressão
intratorácica do próprio pulmão pela acumulação de sangue ou ar. A observação
de que a parede torácica deixa de se expandir quando o sinistrado inspira é
extremamente importante, pois constitui uma indicação de perda de capacidade
dos músculos torácicos actuarem
adequadamente. Tal disfunção muscular pode resultar da lesão directa da
própria parede torácica, de uma lesão grave dos nervos que controlam a parede
torácica ou de uma lesão encefálica grave.
A hemoptise geralmente indica que
o pulmão está lacerado. Em tais casos, o sangue pode penetrar nos brônquios
intrapulmonares, sendo então eliminado pela tosse, na tentativa de limpar as
vias aéreas.
Um pulso fraco e rápido são os
sinais de choque. O choque pode resultar de uma oxigenação insuficiente do
sangue por um pulmão incapaz de se
expandir para receber ar inspirado e oxigenar o sangue que o atravessa. Pode
ainda, resultar de hemorragia grave da parede torácica lacerada, com a própria
perda de sangue causando desta forma, o choque.
A cianose indica que o sangue não
está a ser suficientemente oxigenado. A detecção destes sinais num sinistrado
com lesões graves, indica que ele não é capaz de levar uma quantidade adequada de
oxigénio para o sangue, através dos pulmões e consequentemente, deve-se
suspeitar de uma lesão torácica.
O Pneumotórax de tensão
É um dos casos mais comuns de lesões
torácicas. Pode resultar de uma abertura através da pele ou do pulmão. Enquanto
o ar vai entrando para o espaço pleural (concentrando-se entre a pleura
visceral e a parietal) , o pulmão lesado vai colapsando e diminuindo de volume,
o que provoca um deslocamento anormal do mediastino para o lado oposto,
originando uma compressão do pulmão não lesado e podendo ainda, comprometer o
correcto funcionamento do coração. O sinistrado entra facilmente em asfixia.
Portanto Pneumotórax significa a
presença de ar dentro da cavidade torácica, porém por fora do pulmão. Nesta condição, o pulmão encontra-se separado
da parede torácica e é dito colabado. O volume pulmonar está diminuído, e a quantidade de ar que pode
ser inspirado, a fim de promover as trocas de oxigénio e dióxido de carbono,
encontra-se reduzida. Surge a hipoxia, e à medida que aumenta o pneumotórax
torna-se evidente a insuficiência respiratória.
O pneumotórax pode resultar da
penetração de ar para o tórax directamente através de uma ferida aspirante
aberta para o exterior. Pode também resultar da fuga de ar de um pulmão rompido
por uma costela fraturada. No pneumotórax o mecanismo normal pelo qual o pulmão
se expande, isto é, a adesão capilar ao interior da parede torácica, é perdido
e o pulmão comprometido ou colabado, não se pode expandir com a inspiração.
Outra lesão também muito comum é:
Ferida aspirante do tórax
Quando a lesão é aberta, acontece
que o ar que vai entrar pela ferida não pode sair, porque a ferida funciona
como uma válvula unidirecional, mantendo todo o ar que entra, dentro da
cavidade pleural. Neste caso é necessário actuar rapidamente e tapar de
imediato o buraco, nem que seja com uma mão ou até com um dedo que se introduz
na ferida até haver material apropriado para o tapar.
Portanto, nas feridas abertas do
tórax, o ar pode penetrar na cavidade torácica através da ferida, quando o
sinistrado inspira, e o tórax se expande durante o ciclo respiratório normal.
Normalmente a pressão no interior da cavidade torácica é mantida um pouco
inferior à atmosférica. A inspiração reduz significativamente esta pressão.
Quando a cavidade torácica está aberta, o ar desloca-se através da ferida, da
mesma forma que se desloca através do nariz e da boca durante a respiração
normal. No entanto quando isto ocorre, o ar permanece por fora do pulmão, no
espaço pleural. São formadas assim, as condições de um pneumotórax e o pulmão
fica comprometido funcionalmente. O ar é eliminado através da ferida quando o
sinistrado expira e a pressão intratorácica aumenta. Tais feridas abertas de
tórax são denominadas feridas torácicas aspirantes, porque existe um som de
aspiração na ferida cada vez que o sinistrado respira, causado pela passagem de
ar através da lesão. Como medida de emergência, é fundamental que estas feridas
sejam tamponadas com um curativo estanque ao ar. A finalidade deste curativo é
selar a ferida. Deve-se usar uma cobertura grande, de forma que se evita que
este seja aspirado para o interior da cavidade torácica.
Primeiro Socorro
Se a lesão é fechada
. Se há suspeita de fractura de
costelas, manter a vítima imóvel tanto quanto o possível.
. Vigiar a ventilação e a
circulação sanguínea.
Se a lesão é Aberta
. Recomende à vítima imobilidade
absoluta.
. Considere sempre que está em
presença de uma ferida aspirante do tórax e, por isso, tape de imediato a
ferida com um penso não poroso.
Um penso não poroso pode ser
improvisado para tamponar uma ferida, utilizando uma compressa, de
preferência esterilizada, que em forma
de rolhão se introduz dentro do buraco (ferida), e cobrir depois com papel de
alumínio (se não houver, pode-se substituir por um plástico, visto que a função
é impedir a passagem do ar). Tapar depois com outras compressas e colocar
adesivo em telha.
. Se a lesão for provocada por
uma munição, procurar o orifício de saída e aplicar-lhe um penso.
. Controlar possíveis
hemorragias.
O que se deve fazer a todas as vítimas, independentemente de a
lesão ser aberta ou fechada.
. Prevenir o estado de choque.
. Colocar a vítima de lado e
sobre a lesão (se não houver fractura de costelas).
. Não dar nada a beber
. Vigiar a ventilação e
circulação.
. Se possível, administrar
oxigénio( em montanhas altas, normalmente os alpinistas carregam balas de
oxigénio)
Lesão do abdómen
É uma lesão que pode causar
fractura ou ruptura das vísceras ocas ou maciças e caracteriza-se por sinais e
sintomas idênticos aos das hemorragias internas invisíveis, particularmente
quando as grandes artérias abdominais estão ao mesmo tempo lesadas.
Esta lesão também se pode dividir
em:
. Abertas:
Também designadas por feridas
abdominais, que são aquelas em que há uma ferida penetrante provocada por
munição, faca, navalha, pau, vareta, bastão, piolet, ou outro objecto afiado.
. Fechadas:
Também designadas por contusões
abdominais, onde não há qualquer ferida. São originados por pancadas fortes
contra rochas, explosões, gelo, quedas, etc.
Primeiro Socorro
. Expor a lesão.
. Lavar a ferida com soro
fisiológico ou com água e sal, tendo o cuidado de não lhe tocar com as mãos (a
melhor forma de o fazer é deixar caír o líquido tipo água-corrente).
. Cobrir a lesão com uma
compressa de preferência esterilizada (se possível utilizar um penso para o
abdómen). Fixar com ligaduras ou utilizando lenços triangulares (cobertura do
abdomén).
. Se existirem quaisquer órgãos
saídos da cavidade abdominal, não se deve tocar-lhes, nem tentar introduzi-los
no seu lugar.
. Manter o penso sempre
humedecido com soro fisiológico ou com água e sal.
. Colocar a vítima semi-sentada e
de joelhos flectidos se assim ela se sentir mais aliviada das dores.
Casos especiais
Corpos estranhos impalados
Ocasionalmente, um objecto como
uma faca, lasca de madeira, ou caco de vidro, poderá ser encontrado numa ferida
perfurante. É chamado de, objecto estranho impalado na ferida. Além do controlo
da hemorragia, devem-se seguir três regras para o tratamento de um sinistrado
com objecto estranho impalado na ferida: 1 – Não remover o objecto. A sua
remoção pode causar hemorragia grave ou lesar nervos ou músculos próximos do
objecto estranho. Deve-se tentar estancar qualquer sangramento do ferimento de
entrada pela pressão directa , porém evitar exercer qualquer força sobre o
objecto em si ou sobre o tecido directamente adjacente ao bordo cortante. 2 –
Usar um curativo volumoso para estabilizar o objecto. O objecto estranho
impalado, em si, deve ser incorporado dentro do curativo, de forma que a sua
movimentação após a colocação da ligadura, seja mínima. 3 – Providenciar o
transporte deste tipo de sinistrado, o mais urgentemente possível, para uma
Unidade Hospitalar, com o objecto impalado ainda no seu lugar de origem.
Se for necessário encurtar um
objecto impalado muito comprido, com a finalidade, por exemplo, de permitir o
transporte do sinistrado, convém ter presente que mesmo o movimento mais leve
pode causar dor grave, hemorragia ou lesar o tecido ao redor dele. Antes que o
objecto seja cortado, deve-se ter certeza de que qualquer movimento transmitido
ao sinistrado seja mínimo. A dor é um factor que agrava o choque no sinistrado
que tenha sofrido hemorragia intensa. Deve ser evitada sempre que seja
possível.
. Se existirem pequenos objectos
encravados (faca, vidros, lança de gelo, arpão, pau, etc) nunca se retira.
Fazer uma protecção com rodilha ou “sogra”, para que o objecto não alargue os
bordos da ferida ou se afunde mais, e fixar com uma cobertura.
. Se o objecto estranho estiver
nos olhos, tentar retirá-lo com um fio de água corrente, do canto interno para
o externo do olho. Se não saír, fazer um penso oclusivo e vendar os dois olhos.
. Em feridas nas articulações com
suspeita de lesão de nervos, músculos ou tendões, fazer penso na posição em que
se encontrem os membros e imobilizar na mesma posição.
Ligaduras
Após o primeiro socorro a cada
uma das lesões anteriormente focadas, é necessário fazer a fixação do penso.
Assim, seguem-se exemplos que demonstram as execuções mais comuns de ligaduras.
Modo de colocar as ligaduras
Para ligar as feridas, usam-se
ordinariamente ligaduras de gaze ou de linho, de comprimento e de larguras. Chamam-se
ligaduras cinco por cinco, as que têm 5cm de largura e 5m de comprimento, dez
por oito, as que têm 10cm de largura e 8m de comprimento, etc. Já com certeza
experimentaram como é difícil colocar uma ligadura que não está enrolada.
Torna-se pois, necessário enrolá-la antes de se proceder à sua colocação no
sinistrado. É preciso ter o cuidado de iniciar a dobrar a ligadura pela ponta
bipartida para que seja a última a parecer quando se liga. Duas pessoas fazem
bem este trabalho, enquanto uma enrola, a outra estica a ligadura para que
fique bem dobrada.
Para ligar feridas, o
socorrista/montanheiro, coloca-se sempre diante e nunca ao lado do sinistrado.
Começa-se a colocar a ligadura um pouco afastada do lugar que necessita dela e
coloca-se com segurança. Começa-se sempre de baixo para cima e de diante para
trás.
O comprimento da ligadura deve
ser proporcional à parte a ligar. Portanto, para ligar os pés e as mãos,
usam-se as mais pequenas. Para ligar as pernas, coxas e braços, usam-se as de
10 por 8 ou as de 15 por 8. Para ligar o tronco empregam-se as maiores que
houver.
Existem diversos modos de colocar
as ligaduras, um destes modos é o seguinte:
Pega-se com a mão direita na
ligadura e faz-se girar obliquamente à volta do membro a ligar, apertando-a simultâneamente.
Desenrola-se apenas a parte necessária e
sobrepõe-se de maneira que uma volta cubra metade da volta precedente. Tendo
chegado ao extremo superior da parte a ligar, dobra-se a ligadura sobre si
mesma, voltando a extremidade para o lado oposto ao que levava. No sítio da
dobra conserva-se firme com os dedos e dão-se algumas voltas para que esta nova
entrada da ligadura fique segura. De seguida volta-se para baixo dando voltas
oblíquas em sentido contrário ao que levava quando se ia para cima. A
extremidade terminal da ligadura fixa-se com um alfinete de segurança ou com um
nó, que deve ficar sempre no lado de cima.
Quando se quer fixar a ligadura e
verificar o ferimento rapidamente, antes enrola-se a ligadura em espirais
largas não sobrepostas (ligadura em serpente) e, em seguida, cobre-se o resto
com as voltas do costume.
Por vezes, se a ligadura é forte,
à medida que se sobe para onde o membro tem maior grossura, a volta inferior
destaca-se do membro. Para evitar esta situação, que impedirá que a ligadura se
fixe no sítio, faz-se a ligadura cruzada.
Existe uma ligadura particular a
que se dá o nome de “ligadura de funda”, por ser parecida com a primitiva arma
de atirar pedras. Usa-se principalmente para ligar feridas da nuca, da testa,
do nariz e do queixo. Faz-se muito facilmente dividindo longitudinalmente em
duas , as ligaduras ordinárias em ambas as pontas, de modo que fique ao centro
um pedaço inteiro que se destina a segurar o penso. É a ligadura mais fácil de
improvisar e contudo uma das menos conhecidas na prática.
A ligadura colocada à maneira de
Mitra de Hipócrates, usa-se ordinariamente para a cabeça. É necessário uma
ligadura com duas pontas. Com uma delas, vai-se da testa até à nuca, e com a
outra, dão-se giros circulares à volta da fronte.
A ligadura de quatro pontas
usa-se para ligar o queixo. Consiste numa tira de gaze ou de linho um tanto
grande e dividida de ambos os lados em duas tiras quase até ao centro.
Aplicadas ao queixo, cada ponta ata-se à sua contrária sobre a cabeça.
Para quem pratica o montanhismo,
o método mais prático e rápido de cobrir feridas é com o recurso aos lenços
triangulares, os quais dispensam legendas e que a seguir demonstramos.
Todos estes métodos apresentados
podem salvar vidas, quando bem aplicados e bem treinados, no entanto, voltamos
a frisar que devem ser muito bem treinados sob a supervisão de um técnico de
saúde, porque quando mal aplicados… o mal pode ser agravado e inclusive
conduzir à morte. Portanto, na primeira oportunidade, não pensem muito,
frequentem um curso de primeiros socorros.
Boas caminhadas
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