Em funcionamento normal a rede de vasos sanguíneos está completamente cheia de sangue, o qual também preenche o coração.
O coração trabalha por contrações e relaxamentos sucessivos.
Em cada contração sai sangue do coração para os vasos sanguíneos e em cada
relaxamento volta a esse órgão uma quantidade igual de sangue.
O sangue que sai do coração vai ser distribuído por todo o
corpo, levando às células os elementos nutritivos absorvidos nos intestinos e o
oxigénio do ar ventilado, o qual é absorvido nos pulmões.
Os vasos sanguíneos que, partindo do coração, se vão
distribuir por todo o corpo, chamam-se Artérias. Estas no seu percurso,
ramificam-se repetidamente, originando artérias de calibre cada vez menor, até
que no final (junto às células) têm a espessura de cabelos, designando-se por
Capilares. Uma vez livre do oxigénio e dos elementos nutritivos, o sangue
absorve o dióxido de carbono e os produtos de excreção que devem ser
eliminados. Para isso, o sangue volta ao coração, com passagem pelos pulmões,
onde aquele gás é expulso para a atmosfera. Os vasos que conduzem o sangue de
volta ao coração chamam-se veias.
Pulsação
A rede de vasos sanguíneos está normalmente cheia de sangue,
o qual exerce uma pressão uniforme nas paredes internas dos vasos, mantendo-as,
assim, sempre abertas. O sangue também enche o coração quando este está em
relaxamento (diástole). Quando o sangue sai do coração para a artéria aorta e
restantes vasos, impulsionado pela contracção cardíaca (sístole), a força e a
velocidade que animam a deslocação dessa massa de sangue, ocasionam distensão
ligeira das paredes arteriais, como consequência do embate desse sangue na rede
vascular.
Essa onda de choque, síncrona com os batimentos cardíacos, transmite-se até às pequenas arteríolas mais distantes do coração. Portanto pode dizer-se, que a pulsação é a sensação palpável de distensão momentânea das artérias provocada pelo impulso e choque de uma massa de sangue nas paredes arteriais como consequência da contracção cardíaca. A pulsação permite avaliar indirectamente como o coração se comporta em dado momento.
A pulsação pode sentir-se colocando 2 ou 3 dedos (nunca o
polegar) sobre uma artéria que passe à superfície do corpo. Os pontos mais
frequentes para procurar a pulsação são no punho (arteria radial), no pescoço
(artéria carótida), face interna do braço (artéria umeral) e virilha (artéria
femural), sendo no entanto os mais comuns o carotídeo e o radial.
Conceito de
hemorragia
Chama-se hemorragia à saída de sangue dos vasos sanguíneos
como consequência da sua ruptura. A
perda de grande quantidade de sangue (por exemplo, mais de 50% do volume sanguíneo)
torna-se uma situação muitíssimo perigosa conduzindo rapidamente à morte.
Apenas uma paragem cardiopulmonar tem prioridade de socorro sobre as
hemorragias.
Acontece por vezes, que uma ferida relativamente pequena origina uma hemorragia bem abundante, difícil de controlar. Esse facto deverá alertar o socorrista/montanheiro para a possibilidade do paciente sofrer de hemofilia. Estes doentes estão geralmente identificados como tal, com documentos que dão indicações precisas sobre a actuação de emergência nesse tipo de situações.
Classificação e
características das hemorragias
. Quanto à
localização
Hemorragias
externas
São aquelas em que o sangue sai através de uma ferida.
Hemorragias
exteriorizáveis por orifícios naturais ou internas visiveis
São aquelas em que o sangue sai para o exterior por um dos
orifícios naturais do corpo humano: ânus, boca, nariz, ouvidos, uretra, vagina.
Hemorragias
internas invisiveis
Dizem-se internas quando o sangue drena para uma cavidade do
organismo, daí derivando que este não seja observável. As hemorragias internas podem ocorrer em
situação de trauma (por exemplo, lesões torácicas, com suspeita de fractura de
costelas; forte impacto ao nível do abdome; politraumatizados graves; feridas
penetrantes; queda de altura superior à do corpo da vítima) ou de doença (por
exemplo, úlcera do estômago).
. Quanto ao tipo de
vaso sanguíneo
Hemorragias arteriais
Surgem como consequência da ruptura de uma artéria. O sangue
apresenta cor vermelho-vivo, saindo em jacto simultaneamente com cada sístole
ventricular. Este tipo de hemorragia, geralmente com muito sangue, é muito
difícil de controlar.
Hemorragias
venosas
Surgem como consequência da ruptura de uma veia. O sangue
tem uma cor vermelho-escuro e sai de forma regular e contínua, já que está
sujeito a uma pequena pressão. Este tipo de hemorragia é geralmente mais fácil
de detectar e de menor gravidade que a hemorragia arterial, embora a não
prestação de socorro possa ser fatal.
Hemorragias
capilares
Este grupo de hemorragias inclui aquelas originadas a partir
da ruptura de vasos sanguíneos capilares arteríolas e vénulas. O sangue drena
lentamente, sendo fácil o seu controlo. A maior parte das vezes a hemostasia (mecanismos
naturais que o próprio corpo utiliza para combater uma hemorragia)dá-se
espontaneamente.
Gravidade de uma
hemorragia
A gravidade de uma hemorragia depende essencialmente de três
factores, a saber: velocidade com que o sangue sai do(s) vaso(s) sanguíneo(s);
volume de sangue perdido; e características do paciente (idade, estado geral,
peso).
Sinais e sintomas
Uma vítima de hemorragia poderá apresentar alguns destes
sinais e sintomas:
. Saída evidente de sangue
. Dor local ou iradiante
. Agitação
. Ansiedade
. Inconsciência
. Taquipneia
. Taquicardia
. Hipotermia
. Hipotensão
. Acufenos (zumbidos nos ouvidos)
. Palidez e suores frios
. Mal-estar geral ou enfraquecimento: dor visceral
(torácica, abdominal), dor esquelética
. Náuseas e/ou vómitos
. Sede (sempre que há perda de líquidos orgânicos em
quantidade
. Gradual dificuldade de visão
. Púpilas dos olhos progressivamente dilatadas
O volume da hemorragia pode ser estimado grosseiramente
através de uma avaliação do sangue perdido no local. Os locais mais frequentes
de hemorragias internas são o tórax e o abdome. O fígado (localizado no
quadrante superior direito) e o baço (quadrante superior esquerdo) são os
órgãos abdominais que mais frequentemente produzem hemorragias abundantes.
Algumas fracturas, especialmente as de bacia e fémur, são
particularmente graves, podendo provocar hemorragias internas graves e conduzir
ao choque. Geralmente o traumatismo crâneo-encefálico isolado não causa choque
hipovolémico (diminuição do volume de sangue) em adultos.
Actuação de
emergência em caso de hemorragia da palma da mão
Por se tratar de um local onde existe uma rede muito densa
de vasos sanguíneos, podendo, por esse motivo, qualquer golpe ocasionar uma
perda abundante de sangue, a hemorragia merece uma actuação muito especial.
Começa-se pela compressão manual directa, se for possível executá-la (ausência
de corpos estranhos ou fractura), mas feita pela própria vítima (se estiver
consciente). Assim:
- Colocar um rolo de
pano na palma da mão que deve ser apertado pela vítima.
- Rodar o seu punho
de modo que os dedos fiquem voltados para baixo.
- Colocar por baixo
uma gravata larga (caso de lenços triangulares) que irá de seguida envolver
toda a mão, de modo que a ponta do lado do dedo polegar venha a cobrir os seus
4 dedos desde o indicador até ao mínimo e a outra cubra o dedo polegar.
- Puxar para si a
mão da vítima, com o antebraço perpendicular ao seu corpo e, alternadamente,
puxar as pontas da gravata em sentido contrário, de modo a obrigar os dedos da
vítima a apertarem o rolo de pano e atando-as depois à volta do punho.
- Executar a
suspensão do membro superior.
Actuação de
emergência em caso de hemorragias externas graves
. Pedir ajuda (tentar alertar as equipes de resgate do
local)
. Posição: auxiliar o sinistrado a colocar-se na posição
supino, prevenindo uma eventual lipotimia. Se necessário, elevar as
extremidades inferiores a 30º do plano horizontal, ou mantendo o membro mais
elevado do que o coração.
. Prevenir o choque hipovolémico e cobrir o sinistrado com
um lençol isotérmico.
. Pressão Directa
- Avaliar os riscos
para o socorrista/montanheiro. (se possível usar luvas de latex)
- Cortar a roupa e
deixar exposta a ferida. Verificar a presença de objectos cortantes, que
poderão causar feridas ao socorrista/montanheiro.
- Não perder tempo.
Aplicação imediata de uma pressão directamente sobre a ferida hemorrágica
(cerca de 10 minutos) com os dedos ou palma da mão, preferencialmente sobre
compressas esterilizadas (de gaze ou pano) ou lenços triangulares.
- As primeiras
compressas aplicadas não deverão ser retiradas, aplicando as demais em cima
daquelas. Sobre as compressas aplicar um penso maior do que o local atingido,
seguro com uma ligadura elástica bem apertada, mas não impeditiva da passagem
da corrente sanguínea.
- Este método, também apelidado de “compressão manual directa”, é adequado em 90% das hemorragias externas. Embora tenha algumas contra-indicações. Assim não se deve utilizar a pressão directa quando a hemorragia está associada a uma fractura, ou no local da hemorragia existirem corpos estranhos empalados como, vidros, paus, ou objectos cortantes.
Corpo estranho
empalado
Se não é possível aplicar uma pressão directa, devido à
presença de um corpo estranho empalado, devem premer-se com firmeza os bordos
contra esse corpo.
Colocar uma compressa sobre a ferida para reduzir o risco de infecção. Utilizar rolos de ligadura (ou uma “sogra”) a fim de formar uma compressa da mesma altura do objecto. Segurar de seguida a compressa enrolando a ligadura por cima. Não se deve exercer pressão sobre o objecto empalado.
- Quando a hemorragia é num dos membros, deve
elevar-se a zona para contrariar a força da gravidade, diminuindo a pressão
sanguínea no membro ferido. A zona ferida deve ter um ponto de apoio, de modo a
não ficar pendente: utilizar, por exemplo, um tiracolo de elevação. Não se
realiza este movimento caso seja evidente ou se suspeite da existência de
fractura.
. Pressão indirecta
- Quando a pressão
directa não pode ser aplicada, por impeditivos decorrentes da natureza da
situação, o socorrista/montanheiro pode utilizar um método alternativo: a
“pressão indirecta”.
- A pressão
indirecta consiste em pressionar nos pontos de compressão arterial, na raiz dos
membros, no trajecto da artéria principal, impedindo assim a progressão da
corrente sanguínea a jusante desse ponto. O socorrista/montanheiro poderá
considerar dois pontos de aplicação da pressão indirecta:
- No membro
superior: na artéria umeral.
- No membro
inferior: na artéria femural.
- A pressão
indirecta só poderá ser aplicada num máximo de 10 minutos (podendo extender-se
a 15 minutos na artéria femural), ao fim dos quais se aliviará a pressão
durante 1 a 1,5 minutos. Se a hemorragia persiste. O socorrista/montanheiro
voltará a comprimir a artéria, desta vez um pouco mais acima ou mais abaixo do
local anteriormente comprimido.
- Após o controlo da hemorragia, procede-se como no método anterior, cobrindo a zona da ferida com compressas (de preferência esterilizadas), seguras por uma ligadura elástica compressiva.
. Aplicações frias
A aplicação de frio, de modo indirecto no local (por
exemplo, saco de frio instantâneo, saco com gelo, envolvido por um pano)
contribui para a diminuição das perdas sanguíneas, já que provoca
vasoconstrição.
A aplicação de frio não deve exceder os 10 minutos de cada
vez, pois corre-se o risco de provocar dificuldade na circulação sanguínea e
lesões nos tecidos moles (queimaduras pelo frio).
. Garrote arterial
A utilização do garrote, ou torniquete, deve ser apenas
considerada quando os restantes métodos não se revelem suficientes, estando em
perigo a vida da vítima (por exemplo, amputação traumática). Trata-se do último
recurso, uma vez que a sua utilização é
extremamente perigosa, envolvendo muitos problemas que colocam directamente em
perigo a vida do sinistrado.
Deve ser utilizado como último recurso
- Quando fracassaram
as medidas anteriores e exista um grande volume de sangue aparentemente perdido
com instalação de um choque hipovolémico.
- Quando o
socorrista/montanheiro se encontra sozinho com o sinistrado que, tendo uma
grande hemorragia, apresenta ainda uma paragem cardíaca (presenciada).
- Em situações com
múltiplas vítimas com hemorragias e número de socorristas/montanheiros
insuficientes.
Poderá eventualmente ser utilizado em:
- Amputação
traumática das extremidades sem esmagamento.
- Grande destruição
de tecidos.
- Dilaceração de
tecidos dos membros com perda de substância.
Perigos:
- Isquémia a jusante
do ponto de aplicação (em cerca de 10 minutos).
- Traumatismo no
local de aplicação.
- Destruição do
tecido muscular estriado dos membros (rabdomiólise)
- Sindromas de
reperfusão e de revascularização.
- Insuficiência
renal aguda.
Diferença de acção entre o ponto de pressão arterial e o
garrote:
- O garrote impede
toda a circulação no membro.
- O ponto de pressão
arterial deixa livre a circulação colateral.
Técnica:
- Retirar a roupa do
membro ferido.
- Usar uma ligadura
larga (não elástica), um lenço triangular uma gravata, um cinto, etc, na raiz
do membro. Nunca usar um garrote de borracha.
- Aplicar a ligadura
(de 7–10 cm), apertando bem, até impedir a passagem da corrente sanguínea para
jusante do ponto de aplicação do garrote. Aplicar de seguida um pau e fazer um
torniquete para melhorar o aperto.
- Não retirar nem
aliviar a ligadura aplicada. No centro hospitalar os técnicos de saúde
encarregar-se-ão disso.
- Deixar sempre o
membro garroteado bem à vista.
- Marcar a hora da
garrotagem na testa da vítima com um marcador ou um baton (por exemplo, HG 1735
= hemorragia grave aplicado garrote às 17h:35m).
Actuação de
emergência em caso de hemorragia interna
. Dar o alerta às equipas de resgate da região.
. Posicionamento
- Imobilizar
completamente a vítima, impedindo movimentos.
- Se estiver
consciente, posicionar a vítima com elevação dos membros inferiores. Esta
posição não deve ser feita quando a
vítima tem traumatismo crâneo-encefálico, traumatismos das extremidades ou
dificuldade respiratória.
No caso de traumatismo das extremidades, com a pressão
arterial baixa mas moderada e sem dificuldades respiratórias, pode optar-se
pela posição de Trendelemburg com a utilização de um plano duro, tal como se
pode ver na ilustração de baixo.
- Nas demais situações fazer decúbito dorsal. Em caso de
inconsciência, evitar a queda da língua, e colocar a vítima em decúbito
lateral, controlando a coluna cervical com alinhamento da cabeça, pescoço e
tórax (nariz-umbigo).
. Outras medidas
- A aplicação de
frio (não descomedido) na área suspeita poderá diminuir o processo hemorrágico.
- Aliviar toda a
peça de vestuário que comprima o acidentado, a fim de facilitar a circulação
sanguínea (pescoço, tórax e abdómen).
- Prevenir o choque
hipovolémico: com o recurso a um lençol isotérmico.
- Não dar nada de
beber ao sinistrado.
- Vigiar continuamente
as funções vitais.
Hemorragias
exteriorizáveis por orifícios naturais
Otorragia
Consiste na saída de sangue pelo ouvido
A otorragia indica a possibilidade de se estar perante uma
situação grave, resultante da fractura da base do crâneo
Actuação de emergência:
Em casos leves
- Limpeza do
pavilhão auricular
Em casos Graves
Posicionamentos
- Inconsciente: adoptar
a posição lateral de segurança sobre o ouvido que sangra.
- Suspeita de
trauma: posição de decúbito dorsal, com controlo da via aérea e da coluna
cervical.
- Não tamponar,
permitindo que o sangue saia, de forma a diminuir a pressão intra craneana.
- Cobrir o ouvido
com uma compressa esterilizada, se possível.
- vigiar as funções
vitais.
. Epistaxe
Corresponde à saída de sangue pelo nariz.
Tal como na otorragia, poderá significar a possibilidade de se estar perante uma situação grave, a já mencionada fractura da base do crâneo.
. Actuação de emergência
- Colocar o
sinistrado na posição de semi-sentado com a cabeça inclinada para a frente.
Posição de semi-sentado
- Compressão digital
nas duas narinas, na parte carnuda, durante cerca de 10 minutos, pedindo ao
sinistrado para respirar pela boca.
- Tamponamento anterior das duas narinas com compressas.
- Arrefecimento do
local com frio, aplicado indirectamente.
- Pedir ao
sinistrado que não fale, grite, tussa, cuspa ou fungue para não dificultar a
formação de coágulos.
- Se ao fim de 10
minutos, aliviada a compressão, a hemorragia persiste, deve aplicar-se nova
pressão durante mais períodos de 10 minutos.
- Se a hemorragia
persistir depois de 30 minutos, será conveniente tentar contactar as equipas de
resgate da zona.
- Uma vez controlada
a hemorragia, o paciente deve colocar a cabeça inclinada para a frente e o
socorrista/montanheiro deve lavar-lhe suavemente o nariz e a boca com água
tépida.
- Aconselhar repouso
durante umas poucas horas e evitar esforços, sobretudo que impliquem a assoadela
do nariz.
Hemorragia pela boca
Hematemese
. Definição
Saída de sangue pela boca proveniente do sistema digestivo
alto.
. Sinais e sintomas
- O sangue vomitado
pode ser vermelho brilhante ou ter um aspecto de borras de café (vómitos
misturados com sangue digerido).
- Se ocorrer perda
significativa do volume sanguíneo pode surgir taquipneia, taquicardia e
hipotensão.
. Actuação de emergência
- Aplicação de frio
local.
- Aliviar as peças
de vestuário que comprimam o sinistrado, facilitando a circulação sanguínea.
. Posicionamento
- Sinistrado
consciente: posição de semi-sentado com
pernas flectidas.
- Sinistrado
inconsciente: posição lateral de segurança.
- Sinistrado com
suspeita de trauma: decúbito dorsal.
- Não dar nada de
beber ou de comer ao sinistrado.
- Prevenir o choque
hipovolémico: cobrindo o sinistrado com um lençol isotérmico.
- Vigiar
continuamente as funções vitais.
Hemoptise
. Definição
Inclui tanto a
expectoração mucosa raiada de sangue como a saída de sangue pela boca
procedente da árvore broncopulmonar. A hemoptise maciça define-se como a saída
de 200-600 ml/24 horas ou mais de 100 ml/dia durante 3 a 7 dias e requer
intervenção imediata para evitar a asfixia por alterações na hematose. Na
hemoptise mediana a saída de sangue é de cerca de 20-200 ml/24h, enquanto na
hemoptise escassa o valor se situa à volta de 20 ml/24h.
. Sinais e sintomas
- Tosse.
- Sangue
vermelho-vivo, misturado com espuma e cheiro a óxido.
- Probabilidade da
ocorrência de:
- Dispneia
- Taquicardia
- Hipertermia
- Dor toráxica
- Sudação nocturna
(por exemplo, associada a tuberculose pulmonar)
- Hipotensão
. Actuação de emergência
- Tentar contactar
as equipes de resgate da zona.
- Tranquilizar o
sinistrado, que amiúde se apresenta com um estado de ansiedade e angústia
importantes pela emissão de sangue.
- Aplicar frio
indirectamente sobre o local.
- Aliviar as peças
de roupa que comprimam o sinistrado, facilitando a circulação sanguínea.
. Posicionamento:
- Sinistrado
consciente: posição de decúbito lateral sobre o lado provável da lesão.
- Sinistrado
inconsciente: posição lateral de segurança.
- Sinistrado com
suspeita de trauma: decúbito dorsal.
- Não dar nada de
beber ou de comer ao sinistrado.
- Guardar amostras
do vómito para observação médica posterior.
. Melena
. Definição
Uma melena corresponde a uma hemorragia pelo ânus, de origem
gastrointestinal superior, com fezes escuras e alcatroadas, com consistência
mole e cheiro intenso. Pode ter origem em úlcera péptica, esofagite ou varizes
gastroesofágicas, entre outras causas menos frequentes. São necessários mais de
100 ml de sangue para surgir uma situação de melena.
Uma hematoquésia corresponde a uma saída de sangue (>
1000 ml) pelo anus de origem rectal, proveniente, por exemplo, de lesões anais
(hemorroidas, fissuras), traumatismo rectal, colite, etc.
. Sinais diferenciados
- No caso da melena,
o sangue apresenta-se muito escuro, com
cheiro fétido, misturado com fezes.
- Na hematoquésia o
sangue é vermelho-vivo ou acastanhado.
. Actuação de emergência
- Tentar contactar
as equipes de resgate da zona.
- Lavar a zona anal
com água.
- Posicionar a
vítima em decúbito dorsal com membros inferiores unidos.
- Prevenir o choque
hipovolémico: cobrir com lençol isotérmico.
- No caso das
hematoquésias, associadas por exemplo a hemorroidas, pode eventualmente
aplicar-se gelo indirecta e localmente.
- Vigiar as funções
vitais.
Metroragia
. Definição
Hemorragia pela vagina que aconteça entre menstruações
ovulatórias cíclicas.
. Sinal diferenciado
Saída de sangue pela vagina que pode dever-se a lesões
cervicais ou endometriais.
. Actuação de emergência
- Tentar alertar as
equipas de resgate da zona.
- Colocar um penso
hemostático na vagina.
- Posicionar a
vítima na posição de semi-sentada com os pés cruzados.
- Prevenir o choque
hipovolémico: cobrir com lençol isotérmico.
- Vigiar
continuamente as funções vitais.
Como norma geral, enquanto não se demonstre o contrário, em montanha devemos assumir que qualquer politraumatizado que esteja taquicárdico e frio, se encontra em choque. E um grande hemorrágico é com toda a certeza um grande chocado.
Voltamos a lembrar, que todos estes métodos necessitam de
ter por base treino e supervisão de um
profissional, portanto aconselhamos a frequência de um curso de socorrismo, de
forma a aprender simples gestos que salvam vidas, mas que se utilizados
inadequadamente, podem retirá-las. Sejam conscientes e…
Boas caminhadas
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