10 julho 2012

O CMB prepara-se para partir para o Monte Branco



Está cada vez mais próxima a data da partida para o Monte Branco, por elementos do CMB (Clube de Montanhismo de Braga). Antes de partirmos, convém fazer um resumo desta Montanha e da sua história, de forma a compreendê-la melhor e sabermos o que se nos depara, para mais uma desejada conquista.

O Monte Branco (em francês “Mont Blanc”) é a mais alta montanha dos Alpes e da Europa Ocidental, atingindo uma altitude de 4810,45 metros. Embora possa variar um pouco de ano para ano, em função das condições atmosféricas (é comum estimar a altitude entre 4808 m e 4810 m).




Localização e altitude do cume

As duas mais conhecidas cidades junto ao Monte Branco são “Chamonix” (França) e “Courmayer” (Itália).
Conquanto partes significativas da montanha se dividam por França e Itália, a localização precisa do pico mais alto em relação à fronteira permanece um tema de certa forma controverso. O cume parece coincidente com a fronteira nos mapas italianos, mas completamente no lado de França nos mapas franceses.
A altitude máxima do Monte Branco estava desde há muito, estabelecida em 4807 metros acima do nível do mar, mas medições feitas através do Sistema de Posicionamento Global em 2001 e 2003 mostram uma variação de vários metros de ano para ano, considerados o resultado de flutuações, provocadas por diferentes condições atmosféricas, na espessura do glaciar que cobre o cume. Essa espessura das neves eternas que recobrem o monte desde a sua meia encosta até ao cimo, varia de 15 a 23 metros.



De notar que o Monte Branco é o mais alto pico da Europa Ocidental. Se for considerado que a Europa se estende até ao Cáucaso, de acordo com a visão geopolítica do Conselho da Europa e as definições das fronteiras dos continentes, aí se encontram oito picos de altitude superior, sendo o Monte Elbrus, na Rússia (já alcançado por elementos do CMB) com os seus 5642 metros, o mais alto de todos.


A que país pertence o ponto mais alto do Monte Branco?

Desde a Revolução Francesa que esta questão é polémica. Antes dela, toda a região fazia parte do Reino da Sardenha e assim foi durante vários séculos.
O primeiro tratado para definir a fronteira na região data de 15 de Maio de 1976. Neste tratado, o Rei da Sardenha foi forçado por Napoleão Bonaparte a ceder a Saboia e territórios de Nice, à República Francesa. No artigo 4, é dito que “A fronteira entre o Reino da Sardenha e os departamentos da República Francesa será estabelecida pela linha determinada pelos mais avançados pontos do lado do Piemonte, pelos cumes ou picos das montanhas e outros locais subsequentemente mencionados, tal como,  pelos picos intermédios, observando que partem do ponto onde as fronteiras de Faucigny, do Ducado de Aosta e do cantão de Valais se encontram até à extremidade dos glaciares ou Montes Malditos: primeiro os picos ou planaltos dos Alpes, até ao tergo de Col Mayor”. Esta delimitação, assinada em Turim em 24 de Março de 1860 por Napoleão III de França e Vitor Emanuel II de Saboia, é confusa, porque estabelece que a fronteira deve ser visível de Chamonix e de Courmayer. Mas o cume não é visível de Courmayer, porque se encontra obstruído por um pico mais baixo. O tratado foi entretanto substituído.



Posterior convenção de 7 de Março de 1861 reconhece as dificuldades apresentadas pelo tratado de 1796 e delimitação de 1860, e anexa um novo mapa, que tem em consideração os limites do maciço, e desenha a fronteira pelo cume do Monte Branco, tornando-o francês e Italiano.
Embora o facto da fronteira franco-italiana ter sido redefinida em 1947 e 1963, as comissões ignoraram tacitamente a questão do Monte Branco.
A única certeza é que o ponto mais elevado da Itália totalmente em seu território é o Monte Branco de Courmayer.



Os Glaciares

Esta montanha tem alguns glaciares deslizando lentamente pelos seus flancos. O maior destes glaciares é conhecido por “Mar de Gelo”.





A subida

A primeira escalada de que há notícia, ocorreu em 08 de Agosto de 1786. Efectuada por Jacques Balmat e Michel Paccard. A primeira mulher a atingir o cume foi Marie Paradis em 1808. As primeiras ascensões marcaram este local como “berço” do alpinismo moderno.



Hoje em dia, um teleférico faz o percurso do centro da localidade de Chamonix (1030 metros) até ao cume da Aiguille du Midi (3842 metros) em vinte minutos. Em cada dia, cerca de cinco mil pessoas utilizam este meio para subir ao monte.
Existe a falsa ideia de que a escalada deste monte, apesar de longa, é fácil para quem estiver bem treinado e habituado às grandes altitudes. No entanto, em cada ano que passa, numerosos montanhistas vão engrossar a já extensa lista de vítimas do maciço do Monte Branco. Na realidade, trata-se de uma escalada longa e cheia de passagens perigosas que não deve ser tentada sem o acompanhamento de um guia experiente.



O desnível da base de partida até ao topo é superior a 3900 metros, e os glaciares descem até aos 1200 metros. Há várias rotas para a subida, muitas das quais com desníveis suaves. Porém, a extensão da subida, e a própria grande altitude, além da instabilidade das condições meteorológicas, tornam a subida muito difícil, e já mais de 1000 pessoas morreram nesta montanha, sobretudo por desconhecerem os seus limites de resistência ou a falta de preparação. Duas rotas ditas “normais” existem para subir, além de outras que envolvem maiores perigos. O topo tem espaço para cerca de 100 a 200 montanhistas em simultâneo.




Subidas de destaque

. O Monte Branco foi escalado pela primeira vez em 1786 por Michel-Gabriel Paccard e Jacques Balmat, na época da exploração dos Altos Alpes.

. A quarta subida, em 1787, foi feita pelo inglês Mark Beaufoy, com seis guias e um criado.

. A primeira mulher a subir ao topo foi Marie Paradis em Julho de 1808, com Balmat como guia. Henriette D’Angeville foi a segunda mulher no topo, em 1838.

. Em 1886, o futuro presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, liderou uma expedição ao topo do Monte Branco.

. Em 1890, Giovenni Bonin, Luigi Grasselli e Fr. Achille Ratti (que viria a ser o Papa Pio XI) descobriram a chamada Rota Italiana “Normal” (Vertente Ocidental Direita) para descida.

. Em 1960, o piloto aéreo Henri Giraud aterrou no cume, que só tem 30 m de espaço.

. Em 1990, o suíço Pierre-André Gobet, partindo de Chamonix, completou a subida e descida em 5 horas, 10 minutos e 14 segundos.

. Em 30 de Maio de 2003, Stéphane Brosse e Pierre Gignoux tentaram bater o recorde em esqui. Subiram em 4 horas e 7 minutos, e desceram em 1 hora e 8 minutos. No total a ida e volta demoraram 5 horas e 15 minutos.

. Em 13 de Agosto de 2003 sete pessoas em parapente aterraram no topo, tendo partido de Planpraz, Rochebrune, Megève e Samoens.

. Em 8 de Junho de 2007, o artista dinamarquês Marco Evaristti cobriu o topo do Monte Branco com tecido vermelho, e colocou um poste com uma bandeira que tinha escrito “Pink State”. Já tinha sido detido dois dias antes por tentar pintar um caminho para o topo, de cor vermelha, com o intuito de chamar a atenção para a degradação ambiental.

. Em 13 de Setembro de 2007, um grupo de 20 pessoas colocou uma bandeira no topo.

. Em 29 de Maio de 2009 a campeã olímpica francesa de snowboard, Karine Ruby e um companheiro de escalada morreram quando ela e outros caíram numa crevasse.  

. Mais recentemente, em 17 de Junho de 2012, perdeu a vida no Monte Branco, o Tricampeão francês de esqui de montanha, Stephane Brosse, após o rompimento de uma geleira, caindo de uma altura de 600 metros.




O Túnel

Iniciado em 1957 e terminado em 1965, o túnel do Monte Branco percorre cerca de 11.611 m pelo interior da montanha sendo uma das maiores vias de comunicação entre França e Itália, proporcionando desde viagens de rotina, até transportes de pesados. Depois de passar o acontecimento trágico de um incêndio de um camião cisterna, em que morreram 39 pessoas no dia 24 de Março de 1999 e depois de reabrir apenas em 2002, medidas foram aparentemente tomadas para que tal não se repita.
Em 4 de Agosto de 1962, as duas equipas de perfuração do túnel do Monte Branco, a italiana e a francesa, juntaram as suas galerias debaixo da montanha, após três anos de trabalho. O túnel passa sob a Aiguille du Midi, e foi aberto ao tráfego em 1965. Permite franquear a fronteira natural que representa o maciço do Monte Branco em 15 minutos, evitando assim as sinuosas estradas que passam pelos passos de montanha do Grande São Bernardo e Pequeno São Bernardo.
O Monte Branco constitui um popular destino turístico, sendo Chamonix uma das mais famosas estâncias de desportos de inverno do mundo, com excepcionais condições para a prática de montanhismo e esqui.




Classificação pela UNESCO

O maciço do Monte Branco está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em função do seu importante significado cultural, como local de nascimento e símbolo do alpinismo.
Todavia, o próprio sucesso do Monte Branco como destino turístico, com muitos milhares de visitantes,  exercendo uma perigosa pressão sobre a natureza do local, coloca em perigo este estatuto de “lugar excepcional, único no mundo”.



O CMB, se as condições meteorológicas o permitirem, pretende juntar ao seu curriculum, mais esta mítica conquista, (cujo cume já foi anteriormente alcançada por alguns membros do CMB). É com esse intuito que este grupo de valorosos montanheiros se desloca para o Monte Branco, nunca descurando todas as questões de segurança.

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