Está cada vez mais próxima a data da partida para o Monte
Branco, por elementos do CMB (Clube de Montanhismo de Braga). Antes de
partirmos, convém fazer um resumo desta Montanha e da sua história, de forma a
compreendê-la melhor e sabermos o que se nos depara, para mais uma desejada
conquista.
O Monte Branco (em francês “Mont Blanc”) é a mais alta
montanha dos Alpes e da Europa Ocidental, atingindo uma altitude de 4810,45
metros. Embora possa variar um pouco de ano para ano, em função das condições
atmosféricas (é comum estimar a altitude entre 4808 m e 4810 m).
Localização e altitude do cume
As duas mais conhecidas cidades junto ao Monte Branco são
“Chamonix” (França) e “Courmayer” (Itália).
Conquanto partes significativas da montanha se dividam por
França e Itália, a localização precisa do pico mais alto em relação à fronteira
permanece um tema de certa forma controverso. O cume parece coincidente com a
fronteira nos mapas italianos, mas completamente no lado de França nos mapas
franceses.
A altitude máxima do Monte Branco estava desde há muito,
estabelecida em 4807 metros acima do nível do mar, mas medições feitas através
do Sistema de Posicionamento Global em 2001 e 2003 mostram uma variação de
vários metros de ano para ano, considerados o resultado de flutuações,
provocadas por diferentes condições atmosféricas, na espessura do glaciar que
cobre o cume. Essa espessura das neves eternas que recobrem o monte desde a sua
meia encosta até ao cimo, varia de 15 a 23 metros.
De notar que o Monte Branco é o mais alto pico da Europa
Ocidental. Se for considerado que a Europa se estende até ao Cáucaso, de acordo
com a visão geopolítica do Conselho da Europa e as definições das fronteiras
dos continentes, aí se encontram oito picos de altitude superior, sendo o Monte
Elbrus, na Rússia (já alcançado por elementos do CMB) com os seus 5642 metros,
o mais alto de todos.
A que país pertence o ponto mais alto do Monte Branco?
Desde a Revolução Francesa que esta questão é polémica.
Antes dela, toda a região fazia parte do Reino da Sardenha e assim foi durante
vários séculos.
O primeiro tratado para definir a fronteira na região data
de 15 de Maio de 1976. Neste tratado, o Rei da Sardenha foi forçado por
Napoleão Bonaparte a ceder a Saboia e territórios de Nice, à República
Francesa. No artigo 4, é dito que “A fronteira entre o Reino da Sardenha e os
departamentos da República Francesa será estabelecida pela linha determinada
pelos mais avançados pontos do lado do Piemonte, pelos cumes ou picos das
montanhas e outros locais subsequentemente mencionados, tal como, pelos picos intermédios, observando que partem
do ponto onde as fronteiras de Faucigny, do Ducado de Aosta e do cantão de
Valais se encontram até à extremidade dos glaciares ou Montes Malditos:
primeiro os picos ou planaltos dos Alpes, até ao tergo de Col Mayor”. Esta
delimitação, assinada em Turim em 24 de Março de 1860 por Napoleão III de
França e Vitor Emanuel II de Saboia, é confusa, porque estabelece que a
fronteira deve ser visível de Chamonix e de Courmayer. Mas o cume não é visível
de Courmayer, porque se encontra obstruído por um pico mais baixo. O tratado
foi entretanto substituído.
Posterior convenção de 7 de Março de 1861 reconhece as
dificuldades apresentadas pelo tratado de 1796 e delimitação de 1860, e anexa
um novo mapa, que tem em consideração os limites do maciço, e desenha a
fronteira pelo cume do Monte Branco, tornando-o francês e Italiano.
Embora o facto da fronteira franco-italiana ter sido
redefinida em 1947 e 1963, as comissões ignoraram tacitamente a questão do
Monte Branco.
A única certeza é que o ponto mais elevado da Itália
totalmente em seu território é o Monte Branco de Courmayer.
Os Glaciares
Esta montanha tem alguns glaciares deslizando lentamente
pelos seus flancos. O maior destes glaciares é conhecido por “Mar de Gelo”.
A subida
A primeira escalada de que há notícia, ocorreu em 08 de
Agosto de 1786. Efectuada por Jacques Balmat e Michel Paccard. A primeira
mulher a atingir o cume foi Marie Paradis em 1808. As primeiras ascensões marcaram
este local como “berço” do alpinismo moderno.
Hoje em dia, um teleférico faz o percurso do centro da
localidade de Chamonix (1030 metros) até ao cume da Aiguille du Midi (3842
metros) em vinte minutos. Em cada dia, cerca de cinco mil pessoas utilizam este
meio para subir ao monte.
Existe a falsa ideia de que a escalada deste monte, apesar
de longa, é fácil para quem estiver bem treinado e habituado às grandes
altitudes. No entanto, em cada ano que passa, numerosos montanhistas vão
engrossar a já extensa lista de vítimas do maciço do Monte Branco. Na
realidade, trata-se de uma escalada longa e cheia de passagens perigosas que
não deve ser tentada sem o acompanhamento de um guia experiente.
O desnível da base de partida até ao topo é superior a 3900
metros, e os glaciares descem até aos 1200 metros. Há várias rotas para a
subida, muitas das quais com desníveis suaves. Porém, a extensão da subida, e a
própria grande altitude, além da instabilidade das condições meteorológicas,
tornam a subida muito difícil, e já mais de 1000 pessoas morreram nesta
montanha, sobretudo por desconhecerem os seus limites de resistência ou a falta
de preparação. Duas rotas ditas “normais” existem para subir, além de outras
que envolvem maiores perigos. O topo tem espaço para cerca de 100 a 200
montanhistas em simultâneo.
Subidas de destaque
. O Monte Branco foi escalado pela primeira vez em 1786 por
Michel-Gabriel Paccard e Jacques Balmat, na época da exploração dos Altos
Alpes.
. A quarta subida, em 1787, foi feita pelo inglês Mark
Beaufoy, com seis guias e um criado.
. A primeira mulher a subir ao topo foi Marie Paradis em
Julho de 1808, com Balmat como guia. Henriette D’Angeville foi a segunda mulher
no topo, em 1838.
. Em 1886, o futuro presidente dos Estados Unidos, Theodore
Roosevelt, liderou uma expedição ao topo do Monte Branco.
. Em 1890, Giovenni Bonin, Luigi Grasselli e Fr. Achille
Ratti (que viria a ser o Papa Pio XI) descobriram a chamada Rota Italiana
“Normal” (Vertente Ocidental Direita) para descida.
. Em 1960, o piloto aéreo Henri Giraud aterrou no cume, que
só tem 30 m de espaço.
. Em 1990, o suíço Pierre-André Gobet, partindo de Chamonix,
completou a subida e descida em 5 horas, 10 minutos e 14 segundos.
. Em 30 de Maio de 2003, Stéphane Brosse e Pierre Gignoux
tentaram bater o recorde em esqui. Subiram em 4 horas e 7 minutos, e desceram
em 1 hora e 8 minutos. No total a ida e volta demoraram 5 horas e 15 minutos.
. Em 13 de Agosto de 2003 sete pessoas em parapente
aterraram no topo, tendo partido de Planpraz, Rochebrune, Megève e Samoens.
. Em 8 de Junho de 2007, o artista dinamarquês Marco
Evaristti cobriu o topo do Monte Branco com tecido vermelho, e colocou um poste
com uma bandeira que tinha escrito “Pink State”. Já tinha sido detido dois dias
antes por tentar pintar um caminho para o topo, de cor vermelha, com o intuito
de chamar a atenção para a degradação ambiental.
. Em 13 de Setembro de 2007, um grupo de 20 pessoas colocou
uma bandeira no topo.
. Em 29 de Maio de 2009 a campeã olímpica francesa de
snowboard, Karine Ruby e um companheiro de escalada morreram quando ela e
outros caíram numa crevasse.
. Mais recentemente, em 17 de Junho de 2012, perdeu a vida
no Monte Branco, o Tricampeão francês de esqui de montanha, Stephane Brosse,
após o rompimento de uma geleira, caindo de uma altura de 600 metros.
O Túnel
Iniciado em 1957 e terminado em 1965, o túnel do Monte
Branco percorre cerca de 11.611 m pelo interior da montanha sendo uma das
maiores vias de comunicação entre França e Itália, proporcionando desde viagens
de rotina, até transportes de pesados. Depois de passar o acontecimento trágico
de um incêndio de um camião cisterna, em que morreram 39 pessoas no dia 24 de
Março de 1999 e depois de reabrir apenas em 2002, medidas foram aparentemente
tomadas para que tal não se repita.
Em 4 de Agosto de 1962, as duas equipas de perfuração do
túnel do Monte Branco, a italiana e a francesa, juntaram as suas galerias
debaixo da montanha, após três anos de trabalho. O túnel passa sob a Aiguille
du Midi, e foi aberto ao tráfego em 1965. Permite franquear a fronteira natural
que representa o maciço do Monte Branco em 15 minutos, evitando assim as
sinuosas estradas que passam pelos passos de montanha do Grande São Bernardo e
Pequeno São Bernardo.
O Monte Branco constitui um popular destino turístico, sendo
Chamonix uma das mais famosas estâncias de desportos de inverno do mundo, com
excepcionais condições para a prática de montanhismo e esqui.
Classificação pela UNESCO
O maciço do Monte Branco está classificado como Património
da Humanidade pela UNESCO em função do seu importante significado cultural,
como local de nascimento e símbolo do alpinismo.
Todavia, o próprio sucesso do Monte Branco como destino
turístico, com muitos milhares de visitantes, exercendo uma perigosa pressão sobre a
natureza do local, coloca em perigo este estatuto de “lugar excepcional, único
no mundo”.
O CMB, se as condições meteorológicas o permitirem, pretende
juntar ao seu curriculum, mais esta mítica conquista, (cujo cume já foi anteriormente alcançada por alguns membros do CMB). É com esse intuito que
este grupo de valorosos montanheiros se desloca para o Monte Branco, nunca
descurando todas as questões de segurança.
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