Ambiente
hipobárico-hipóxico e rendimento físico
Apesar da existência de grande quantidade de investigações e
teorias, não está claro o que é que limita o rendimento do organismo a grandes
altitudes.
O Dr. Charles Houston,
um dos especialistas de altitude mais destacados do mundo, concluiu, de uma
forma simples, muito do que sabemos actualmente sobre a matéria. Segundo este,
parece provável que a fadiga muscular limita o rendimento até cerca de 3.000 a
4.600 metros de altitude. Entre 4.600 e 6.100 metros as causas de diminuição de
rendimento parecem ser distintas para cada pessoa. Acima dos 6.100 metros, as
principais restrições são a incapacidade de respirar ou de difundir ar
suficiente (quer dizer, desde o interior dos pulmões para o sangue).
Exercício máximo
Os alpinistas em altitude precisam de realizar um esforço
físico máximo apenas em raras ocasiões. Mesmo assim, apenas o podem prestar
durante breves períodos e, depois, necessitam de tempo para recuperar.
Fazer exercício a uma altitude extrema exige um exercício de
ventilação muito elevado. Perto do cume do Evereste, por exemplo, cada passada
que se dá para a frente e para cima necessita de 7 a 10 ciclos de respiração
completos. Um alpinista descreveu de maneira muito expressiva esta experiência ao
usar as seguintes palavras: “após cada pequena passada dobramo-nos sobre os
nossos piolets, com a boca aberta, esforçando-nos por respirar o suficiente
para que os nossos músculos continuem a trabalhar. Tenho a sensação de que vou
explodir. À medida que ganhamos altitude, é necessário deitar-nos para
recuperar da respiração ofegante.”
Acima de 1.500 metros, a diminuição da potência aeróbica
máxima (VO2 max) devido a uma exposição a altitude, assume aproximadamente 3% a
cada 300 metros de subida. Este efeito está ausente abaixo dos 1.500 metros.
No entanto, esta resposta varia de pessoa para pessoa. É
provável que a variação que se verifica de pessoa para pessoa, se deva à
natureza do VO2 max, a qual não é determinada por um único parâmetro, mas que
implica muitas componentes fisiológicas num sistema complexo de transporte de
O2 desde os alvéolos dos pulmões até às mitocôndrias das células musculares.
Outros componentes
fisiológicos importantes são o ritmo de ventilação pulmonar, o estado
ácido-base, o rendimento cardíaco e a concentração de hemoglobina.
A uma altitude
extrema, o ritmo máximo de trabalho (potência) e o VO2 max, caem rapidamente à
medida que aumenta a altitude. Isto traduz-se, por exemplo, num menor
rendimento em competição. Assim, os tempos de provas de estádio e de natação
aumentam cerca de 3% em corridas que durem 4 minutos e cerca de 8% nas corridas
que durem sensivelmente 1 hora.
Ainda que a glicose anaeróbica compense a redução da
capacidade aeróbica a altitude extrema, esta resposta não ocorre durante um
exercício levado ao máximo, porque o metabolismo anaeróbico também está muito
limitado.
Biopsias efectuadas em músculo humano mostraram que os níveis
de lactato intramuscular são mais baixos durante um exercício máximo num
ambiente hipobárico-hipóxico (em altitude) do que num exercício exaustivo ao
nível do mar.
No próximo artigo damos continuidade ao tema, até lá…
Boas caminhadas
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