Conforme o prometido, nesta semana retomamos o tema da última
publicação.
Sistema nervoso central
Como o sistema nervoso central é muito sensível à hipoxia,
não é de estranhar que se tenham observado muitas mudanças na função
neuropsicológica em situações de altitudes extremas. Estas incluem alterações
da visão, do ouvido, da habilidade motora, da memória e do humor. Também são
conhecidos casos de alucinações visuais, visão em túnel e alterações
psiquiátricas persistentes. No geral, a maioria dos entendidos na matéria estão
de acordo no que concerne a poder-se levar a cabo um trabalho de precisão a uma
altitude extrema. No entanto, para que tal seja possível, é requerido mais
tempo e um grande esforço de concentração.
Metabolismo
Perder peso em altitude é normal, como consequência dos
factores que aparecem na figura abaixo.
Isto ficou claramente demonstrado durante a expedição
científica e de montanha que se realizou no Everest em 1960-1961 encabeçada por
Sir Edmund Hillary e cientistas conceituados. A sua equipa de investigação
montou um laboratório a 5.834 metros de altitude e anotou as suas observações
durante vários meses. Verificou-se que a maioria das pessoas perdiam entre 0,5
e 1,5 kg por semana.
As causas dessa perda de peso não foram totalmente clarificadas
na altura e podem ser distintas para cada alpinista. No entanto, os factores
acima referidos são, sem dúvida, relevantes para o tema que aqui nos trás.
Assim e a título de exemplo,
. A hipoxia e os sintomas de mal de montanha agudo, reduzem o
apetite.
. Comer e beber ficam em segundo plano devido à necessidade
de concentração em tarefas físicas e na escalada.
. Pode verificar-se uma alteração a nível do metabolismo de proteínas.
Sono
A grande altitude o sono deteriora-se em praticamente todos
as pessoas. Os alpinistas costumam queixar-se de que têm problemas para dormir,
que despertam com frequência em plena noite e que não se sentem recuperados
quando acordam pela manhã. Em grandes altitudes, um maior stress por hipoxia,
aumenta a frequência de um sono deteriorado. A denominada respiração
Cheyne-Stokes (periódica) é outra das características verificadas quando se
dorme em altitude. Ainda que alguns entendidos defendam que a respiração
periódica é a responsável por essas perturbações do sono, verificou-se, no
entanto, em certos alpinistas, que essa anormalidade respiratória pode ocorrer
sem que se verifiquem alterações do sono.
A respiração de
Cheyne-Stokes (assim chamada em homenagem dos dois cientistas que descobriram
este fenómeno). Ocorre quando a hipoxia,
aumenta o ritmo respiratório pela noite, gerando aumento da eliminação de CO2 e
da alcalose respiratória. Por sua vez o aumento do PH actua sobre o centro de
controlo respiratório do cérebro para reduzir a frequência respiratória em
função do aumento do nível de CO2 no sangue, originando um maior ritmo
ventilatório e um ciclo repetitivo de respiração lenta interrompida e rápida. O
fármaco mais eficaz para tratar este fenómeno é a acetazolamida. Este reduz a
respiração periódica, aumenta a oxigenação e é uma grande ajuda para dormir.
Na próxima semana continuaremos a abordar esta temática, até
lá…
Boas caminhadas
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