Neste artigo consideraremos o desafio com que se enfrenta a
homeostase (fenómeno que consiste na capacidade do organismo de apresentar uma
situação físico-química característica e constante, dentro de determinados
limites, mesmo diante de alterações impostas pelo meio ambiente).
Com a pressão atmosférica reduzida (hipobarica) e com a menor
quantidade de oxigénio (hipoxia) presente nos terrenos em altitude, estaremos
na zona onde ocorre o que se conhece como “mal de altitude”ou “mal de montanha”.
Quando o corpo se aclimata a uma grande altitude, os sistemas respiratório e circulatório
estarão a responder à hipobaria e à hipoxia.
Da exposição a grandes altitudes podem derivar várias consequências
para o corpo que são singulares em termos fisiológicos. A incidência do “mal de
altitude” aumenta em função da velocidade de ascensão, a altitude alcançada e a
duração da estadia.
Os conselhos de
segurança e prevenção concentram-se em questões como a alimentação, a bebida e
os medicamentos que podem optimizar a saúde e o rendimento.
A natureza do ar a
grande altitude
A pressão atmosférica a grandes altitudes é consideravelmente
inferior à que existe ao nível do mar. Acima do nível do mar, a pressão
atmosférica, a 5.500 metros, diminui aproximadamente 50%. Portanto o ar tem uma
densidade menor a maiores altitudes (quer dizer menos partículas por centímetro
cúbico) isto porque os gases que o compõem encontram-se expandidos.
Ainda que a percentagem de oxigénio e outros gases no ar não
mudem à medida que aumenta a altitude, esse ar “mais fino” transporta menos
oxigénio aos pulmões, altera as respostas fisiológicas do organismo dando lugar
a um tipo de doenças que são exclusivas dessa situação particular.
Como veremos, três definições ajudarão a entender as
respostas fisiológicas do nosso corpo e os problemas médicos associados com o
ambiente hipobárico e hipóxico (quer dizer, aqueles que têm pouca pressão de ar
e pouca quantidade de oxigénio). Nos seguintes artigos quando usarmos a
terminologia “grande altitude” refere-se a locais que se situam entre 1.500 e
3.500 metros acima do nível do mar.
Falaremos de “altitude
elevada” quando nos referirmos a locais situados entre 3.500 e 5.500 metros.
Refira-se que mais de dez milhões de pessoas vivem a altitudes compreendidas
dentro desta terminologia de “grande altitude”.
A terminologia “altitude extrema”, por sua vez, irá dizer
respeito a qualquer local acima dos 5.500 metros acima do nível do mar, sendo
certo que muito poucos seres humanos habitam acima dessa altitude.
É provável que o
limite superior a que vivem seres humanos, sejam os 5.820 metros, ainda que por
exemplo, os vigilantes da mina de Aucanquilcha, no norte do Chile, vivem a
5.985 metros. Quando não se mencionar nenhuma elevação concreta (ou quando um
principio sirva para grande altitude, altitude elevada e altitude extrema)
utilizaremos simplesmente a terminologia “altitude”.
As respostas do corpo
em ambientes de altitude
O resultado característico da exposição a altitudes que
variem de altas a extremas, é a hipóxia. Metabólicamente, a hipoxia é um estado
no qual o ritmo de utilização de oxigénio pelas células é inadequado para
abastecer todos os requisitos energéticos do corpo humano. Este défice de
energia pode-se compensar, dentro de certos limites, produzindo energia com
base no metabolismo anaeróbico (quer dizer, glicose anaeróbica).
No entanto esta via bioquímica tem três desvantagens
inerentes: por um lado, produz bastante menos ATP (trifosfato de adenosina:
molécula que serve como moeda de troca energética; o ATP é utilizado como fonte
de energia para as contracções musculares e para a maioria das restantes
funções das células) por grama de combustível do que o metabolismo aeróbico,
depende em grande parte da disponibilidade de carbohidratos e produz ácido
láctico que pode alterar o equilíbrio ácido-base das células.
O corpo humano com a sua “habitual sensatez”, defende o transporte
de oxigénio ao cérebro e a outros órgãos utilizando numerosas respostas à
hipoxia aguda que podem durar desde poucos minutos, a horas ou dias. Estas
respostas a curto prazo são as que se descrevem nos artigos seguintes.
Boas caminhadas
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