28 maio 2014

Altitude: o ambiente hipobárico da Terra (1)




Neste artigo consideraremos o desafio com que se enfrenta a homeostase (fenómeno que consiste na capacidade do organismo de apresentar uma situação físico-química característica e constante, dentro de determinados limites, mesmo diante de alterações impostas pelo meio ambiente).





Com a pressão atmosférica reduzida (hipobarica) e com a menor quantidade de oxigénio (hipoxia) presente nos terrenos em altitude, estaremos na zona onde ocorre o que se conhece como “mal de altitude”ou “mal de montanha”. Quando o corpo se aclimata a uma grande altitude, os sistemas respiratório e circulatório estarão a responder à hipobaria e à hipoxia.





Da exposição a grandes altitudes podem derivar várias consequências para o corpo que são singulares em termos fisiológicos. A incidência do “mal de altitude” aumenta em função da velocidade de ascensão, a altitude alcançada e a duração da estadia.





 Os conselhos de segurança e prevenção concentram-se em questões como a alimentação, a bebida e os medicamentos que podem optimizar a saúde e o rendimento.






A natureza do ar a grande altitude

A pressão atmosférica a grandes altitudes é consideravelmente inferior à que existe ao nível do mar. Acima do nível do mar, a pressão atmosférica, a 5.500 metros, diminui aproximadamente 50%. Portanto o ar tem uma densidade menor a maiores altitudes (quer dizer menos partículas por centímetro cúbico) isto porque os gases que o compõem encontram-se expandidos. 





Ainda que a percentagem de oxigénio e outros gases no ar não mudem à medida que aumenta a altitude, esse ar “mais fino” transporta menos oxigénio aos pulmões, altera as respostas fisiológicas do organismo dando lugar a um tipo de doenças que são exclusivas dessa situação particular.





Como veremos, três definições ajudarão a entender as respostas fisiológicas do nosso corpo e os problemas médicos associados com o ambiente hipobárico e hipóxico (quer dizer, aqueles que têm pouca pressão de ar e pouca quantidade de oxigénio). Nos seguintes artigos quando usarmos a terminologia “grande altitude” refere-se a locais que se situam entre 1.500 e 3.500 metros acima do nível do mar.





 Falaremos de “altitude elevada” quando nos referirmos a locais situados entre 3.500 e 5.500 metros. Refira-se que mais de dez milhões de pessoas vivem a altitudes compreendidas dentro desta terminologia de “grande altitude”.





A terminologia “altitude extrema”, por sua vez, irá dizer respeito a qualquer local acima dos 5.500 metros acima do nível do mar, sendo certo que muito poucos seres humanos habitam acima dessa altitude.





 É provável que o limite superior a que vivem seres humanos, sejam os 5.820 metros, ainda que por exemplo, os vigilantes da mina de Aucanquilcha, no norte do Chile, vivem a 5.985 metros. Quando não se mencionar nenhuma elevação concreta (ou quando um principio sirva para grande altitude, altitude elevada e altitude extrema) utilizaremos simplesmente a terminologia “altitude”.






As respostas do corpo em ambientes de altitude

O resultado característico da exposição a altitudes que variem de altas a extremas, é a hipóxia. Metabólicamente, a hipoxia é um estado no qual o ritmo de utilização de oxigénio pelas células é inadequado para abastecer todos os requisitos energéticos do corpo humano. Este défice de energia pode-se compensar, dentro de certos limites, produzindo energia com base no metabolismo anaeróbico (quer dizer, glicose anaeróbica).





No entanto esta via bioquímica tem três desvantagens inerentes: por um lado, produz bastante menos ATP (trifosfato de adenosina: molécula que serve como moeda de troca energética; o ATP é utilizado como fonte de energia para as contracções musculares e para a maioria das restantes funções das células) por grama de combustível do que o metabolismo aeróbico, depende em grande parte da disponibilidade de carbohidratos e produz ácido láctico que pode alterar o equilíbrio ácido-base das células.





O corpo humano com a sua “habitual sensatez”, defende o transporte de oxigénio ao cérebro e a outros órgãos utilizando numerosas respostas à hipoxia aguda que podem durar desde poucos minutos, a horas ou dias. Estas respostas a curto prazo são as que se descrevem nos artigos seguintes.





Boas caminhadas

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