Problemas individuais
Existe uma quantidade de problemas psicológicos e psiquiátricos que
podem afectar as pessoas no decorrer das expedições. Se existirem antecedentes em
relação a algum destes problemas será fundamental antes da expedição ouvir a
opinião de um especialista e seguir os seus conselhos.
Ataques de pânico
Podem afectar qualquer pessoa e podem ocorrer espontaneamente. Muitas
vezes o ataque de pânico é precipitado por uma situação temida pela pessoa. Os
ataques caracterizam-se por pânico extremo e por vezes as pessoas descrevem uma
sensação de morte iminente.
O pânico é acompanhado por sintomas físicos, tais como, dores
torácicas, visão turva, enjoo e formigueiro nos dedos das mãos e dos pés. A
pessoa costuma apresentar falta de ar e hiperventila. Por sua vez, os
companheiros que nunca assistiram a um ataque deste género, costumam ficar
alarmados o que faz com que a vítima se sinta ainda pior.
O tratamento imediato perante um ataque de pânico será o de tranquilizar
a vítima e fazer que respire para dentro de um saco de papel ou de plástico
colocado à frente do seu nariz e da boca. Se for usado um saco de plástico, deverá
ter-se cuidado em nunca se cobrir toda a cabeça com ele.
Com o tempo, os ataques de pânico tendem a ser menos frequentes e
menos graves. Se os ataques persistirem, será conveniente consultar um
especialista, que prescreva medicação e/ou alguma terapia psicológica.
Depressões
Qualquer pessoa numa expedição está sujeita a ver-se alvo de uma
situação de depressão. Ocasionalmente alguém pode apresentar uma doença de
contornos depressivos. Pode ocorrer, por exemplo, após padecer-se de uma doença
infecciosa, ou após um outro factor desencadeante, como seja receber más
notícias da família. No entanto, a causa pode não ser imediatamente evidente
para os outros elementos do grupo, ou inclusive para a própria vítima.
Além de um estado de ânimo deprimido e falta de energia, outras
manifestações características da depressão são as seguintes:
. Dormir mal e especialmente despertar cedo após uma noite sem
repouso.
. Anorexia
. Dificuldade de concentração mental.
. Choro frequente.
. Preocupações e sentimento de culpa.
. Pensamentos de suicídio ou de auto-mutilação.
Se estas características ocorrerem todas em simultâneo, ou se
verificarmos que estamos perante um
conjunto significativo de algumas destas manifestações, será necessário tomar o
assunto como muito sério. A vítima pode melhorar por si mesmo, mas se piorar ou
se pensarmos que existe risco de suicídio, será conveniente repatriar a vítima
para casa para que tenha o devido acompanhamento.
Estados de confusão agudos
Em comparação com os ataques de pânico e as depressões - os quais são mais
frequentes - os estados de confusão agudos são raros. As suas manifestações
características são as seguintes:
. Comportamento estranho e inexplicável.
. Convicções de perseguição estranhas e frequentes.
. Alucinações visuais ou auditivas.
. Desorientação no tempo, no espaço e em termos pessoais.
Qualquer uma destas manifestações pode coexistir com alterações a
nível da consciência, o que será um sinal inequívoco de gravidade. O paludismo
e o golpe de calor, são duas das muitas causas que podem originar um síndroma
de confusão agudo. Também pode ser induzido pela ingestão de drogas.
Claramente, nenhum membro da expedição devia consumir drogas ilegais, nem drogas locais, nem de ervas nem de
qualquer outro tipo.
Alguns medicamentos também podem causar um estado de confusão agúdo.
Por exemplo, existem informações de que o antipaludismo mefloquina (Lariam)
pode causar transtornos transitórios do estado de ânimo e confusão. É raro que isso aconteça, mas mesmo que seja
o caso, nem por isso se deve interromper a profilaxia da malária. Também podem
surgir estados de confusão consecutivos perante situações de traumatismos
craneoencefálicos. O aparecimento de sintomas perante esta situação de
traumatismo pode surgir apenas passados vários dias. Esta é uma urgência
extrema, que exige que a vítima seja evacuada imediatamente.
Esperemos ter sido úteis com mais este artigo, na próxima semana
regressamos à abordagem deste tema. Até lá…
Boas caminhadas
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