05 fevereiro 2014

Problemas psicológicos nas grandes expedições (2ª parte)




Sobre o terreno

Os problemas psicológicos que ocorrem nas expedições podem dividir-se basicamente naqueles que afectam o grupo como um conjunto e aqueles que afectam os expedicionários individualmente. Aqui esses problemas são descritos separadamente, mas, na realidade, eles interligam-se um pouco.







Problemas do grupo

Os seres humanos são animais sociais e tendem instintivamente a formar grupos. Esta conduta acentua-se num ambiente estranho e isolado, que é o cenário em que se desenvolvem as expedições.





Quando as pessoas se acostumam umas às outras, acabam por desenvolver papéis socias dentro do grupo, como por exemplo, ser o piadista que levanta a moral ou o moralista, que diz em voz alta o que os outros pensam. Ao mesmo tempo, fomentam-se fortes amizades e os membros desenvolvem um intenso sentido de adesão ao grupo.





A este processo junta-se o facto de se partilharem as responsabilidades e a tomada de decisões, a que se associam outros aspectos simbólicos, como será o caso de levar a camisola da expedição.





Ainda que ser membro de um grupo constitua uma experiência positiva, mesmo assim apresenta inconvenientes. A intrusão na intimidade e no espaço pessoal pode ser mal tolerada e podem existir pressões de comportamento, que no contexto geral podem resultar incómodas. Um fenómeno comum em qualquer grupo de pessoas é encontrar um bode expiatório a quem atribuir as culpas de tudo. Isto pode acabar por ser um problema grave se não se encontrar uma solução para o resolver rapidamente.





O chefe deve-se aperceber atempadamente quando este fenómeno ocorre e deve actuar imediatamente de forma a recuperar o membro rejeitado. Isto pode-se conseguir de forma eficaz, mudando ao elemento em questão o seu papel no grupo, ou atribuindo-lhe uma tarefa importante, com a finalidade de aumentar o respeito do grupo e a sensação de que o elemento é necessário.





Um casal pode ser um problema especial no contexto de um grupo. A forte união entre estes dois membros pode ser vista com algum ressentimento pelos outros expedicionários e acabar por fazer deste casal o tal bode expiatório. Outra possibilidade é que um dos membros deste casal se integre bem com o resto do grupo, mas deixando o outro sentir-se rejeitado e isolado.





As estatísticas com casais inseridos em grupos que incluem na sua maioria elementos masculinos, concluem que as mulheres ficaram isoladas enquanto que os seus companheiros se integraram com o resto do grupo. Quem selecionar um casal para uma expedição, deve estar prevenido para estes problemas e os membros do casal têm que compreender as inevitáveis tensões que se poderão produzir no seu relacionamento.





A maioria das expedições passam por períodos de moral baixa, que podem ser momentos de prova para o chefe. Se os motivos que originam estes períodos persistirem sem motivo aparente, um elemento do grupo poderá acabar por transmitir a sua própria infelicidade ao resto do grupo. Ter uma pessoa que vá de trás para a frente dizendo: estou no meu limite para tudo isto, estou saturado, etc… pode originar um efeito devastador numa expedição previamente feliz. O chefe tem que se aperceber se tal tipo de fenómeno está a ocorrer e tratar de ajudar a pessoa afectada pelo mau estar.





Haverá que ter em mente que uma função importante de qualquer chefe, é a de facilitar a comunicação entre os elementos da equipa. Deve existir uma estrutura formal que permita partilhar a informação e arejar as reclamações.
Pode ser utilizado o método de um encontro diário, ou um contacto via rádio, no caso de a expedição se encontrar dispersa.





Os bons chefes compreendem a importância que tem, o escutar. Por vezes, a única coisa que faz falta, é que os demais membros da expedição reconheçam que os seus problemas são compreendidos.

No próximo artigo continuaremos a abordar este tema. Até lá…





Boas caminhadas



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