Sobre o terreno
Os problemas psicológicos que ocorrem nas expedições podem dividir-se
basicamente naqueles que afectam o grupo como um conjunto e aqueles que afectam
os expedicionários individualmente. Aqui esses problemas são descritos separadamente,
mas, na realidade, eles interligam-se um pouco.
Problemas do grupo
Os seres humanos são animais sociais e tendem instintivamente a formar
grupos. Esta conduta acentua-se num ambiente estranho e isolado, que é o
cenário em que se desenvolvem as expedições.
Quando as pessoas se acostumam umas às outras, acabam por desenvolver
papéis socias dentro do grupo, como por exemplo, ser o piadista que levanta a
moral ou o moralista, que diz em voz alta o que os outros pensam. Ao mesmo
tempo, fomentam-se fortes amizades e os membros desenvolvem um intenso sentido
de adesão ao grupo.
A este processo junta-se o facto de se partilharem as
responsabilidades e a tomada de decisões, a que se associam outros aspectos
simbólicos, como será o caso de levar a camisola da expedição.
Ainda que ser membro de um grupo constitua uma experiência positiva,
mesmo assim apresenta inconvenientes. A intrusão na intimidade e no espaço
pessoal pode ser mal tolerada e podem existir pressões de comportamento, que no
contexto geral podem resultar incómodas. Um fenómeno comum em qualquer grupo de
pessoas é encontrar um bode expiatório a quem atribuir as culpas de tudo. Isto
pode acabar por ser um problema grave se não se encontrar uma solução para o
resolver rapidamente.
O chefe deve-se aperceber atempadamente quando este fenómeno ocorre e
deve actuar imediatamente de forma a recuperar o membro rejeitado. Isto pode-se
conseguir de forma eficaz, mudando ao elemento em questão o seu papel no grupo,
ou atribuindo-lhe uma tarefa importante, com a finalidade de aumentar o
respeito do grupo e a sensação de que o elemento é necessário.
Um casal pode ser um problema especial no contexto de um grupo. A forte
união entre estes dois membros pode ser vista com algum ressentimento pelos
outros expedicionários e acabar por fazer deste casal o tal bode expiatório.
Outra possibilidade é que um dos membros deste casal se integre bem com o resto
do grupo, mas deixando o outro sentir-se rejeitado e isolado.
As estatísticas com casais inseridos em grupos que incluem na sua
maioria elementos masculinos, concluem que as mulheres ficaram isoladas
enquanto que os seus companheiros se integraram com o resto do grupo. Quem
selecionar um casal para uma expedição, deve estar prevenido para estes
problemas e os membros do casal têm que compreender as inevitáveis tensões que
se poderão produzir no seu relacionamento.
A maioria das expedições passam por períodos de moral baixa, que podem
ser momentos de prova para o chefe. Se os motivos que originam estes períodos
persistirem sem motivo aparente, um elemento do grupo poderá acabar por transmitir
a sua própria infelicidade ao resto do grupo. Ter uma pessoa que vá de trás
para a frente dizendo: estou no meu limite para tudo isto, estou saturado, etc…
pode originar um efeito devastador numa expedição previamente feliz. O chefe
tem que se aperceber se tal tipo de fenómeno está a ocorrer e tratar de ajudar
a pessoa afectada pelo mau estar.
Haverá que ter em mente que uma função importante de qualquer chefe, é
a de facilitar a comunicação entre os elementos da equipa. Deve existir uma
estrutura formal que permita partilhar a informação e arejar as reclamações.
Pode ser utilizado o método de um encontro diário, ou um contacto via
rádio, no caso de a expedição se encontrar dispersa.
Os bons chefes compreendem a importância que tem, o escutar. Por
vezes, a única coisa que faz falta, é que os demais membros da expedição
reconheçam que os seus problemas são compreendidos.
No próximo artigo continuaremos a abordar este tema. Até lá…
Boas caminhadas
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