Hoje decidimos falar da via ferrata que se encontra localizada
no Monte do Pilar na freguesia e concelho de Póvoa de Lanhoso aproveitando a
oportunidade para abordar um tema um pouco esquecido relativo à história do seu
castelo.
Iniciamos este artigo explicando o que é uma via ferrata e
abordando um pouco respectiva história. Assim uma via ferrata (do italiano,
caminho de ferro) consiste num itinerário preparado normalmente nas paredes
rochosas de montanhas, com o recurso a escadas, pontes, cavilhas, agrafos, etc,
de forma a facilitar a progressão e proporcionar alguma segurança a quem os
percorre. Apesar de algumas fontes situarem a sua origem na Itália, no maciço
dos Dolomites no final do século dezanove, outras advogam o seu aparecimento na
europa durante a primeira guerra mundial. Com a necessidade das tropas passarem
com maior rapidez pelas montanhas, foram preparadas algumas vias com a ajuda de
cabos de aço e outros artifícios como degraus de ferro (tipo agrafos presos às
rochas) facilitando e agilizando a passagem dos soldados. Mais tarde, nos anos
70, estas vias foram aperfeiçoadas, proporcionando aos turistas, leigos em
montanhismo, a oportunidade de usufruírem de uma via pela montanha com o máximo
de segurança.
A Via Ferrata da Póvoa
A Via Ferrata em
questão, encontra-se na encosta do Monte do Pilar, o maior monólito granítico
da Península Ibérica, onde se encontram vestígios de um povoado da época do
ferro, junto ao castelo da Póvoa de Lanhoso
Esta Via Ferrata parte
da base deste enorme rochedo e leva-nos até ao castelo em pouco mais de quinze
minutos, salvando um desnível de aproximadamente sessenta e cinco metros.
É uma via de iniciação, com bastantes apoios
para a progressão. A via é, em termos atléticos, acessível a todos. Em termos
psicológicos destacamos uma travessia horizontal de uns quinze metros sobre um
pátio considerável e uma secção vertical final de uns doze ou treze metros
bastante aérea e exposta mas muito agradável e com excelentes vistas.
Equipamento necessário para efectuar a via ferrata
. Dissipador
. Capacete homologado
. Arnês
. Luvas
A progressão na via ferrata
A progressão na via ferrata, faz-se utilizando as peças ali
instaladas para o efeito. O asseguramento é efectuado de forma individual,
conectando-se os mosquetões do dissipador ao cabo de aço existente e que está
fixado paralelamente aos agrafes metálicos. Nas transições das secções do cabo
de aço, conecta-se um mosquetão à frente da secção, enquanto o outro continua
conectado e este apenas se desconecta quando o outro fica devidamente colocado.
Desta forma termos sempre um mosquetão a dar-nos segurança preso ao cabo de
aço. Em casos de trovoada, convém abandonar o mais rapidamente possível a via
ferrata, pois tornam-se um óptimo para-raios.
O Castelo
Abordemos agora
abordar um tema histórico, um pouco
esquecido no tempo, mas que reúne acontecimentos marcantes e de algum fascíneo
do passado do nosso país. O Castelo de Lanhoso, também referido como Castelo de
Póvoa de Lanhoso, localiza-se na freguesia de Póvoa de Lanhoso, no mesmo
concelho e distrito de Braga, Portugal.
Embora esteja bastante
descaracterizado, é um dos mais imponentes castelos portugueses, contabilizando
a expressiva marca de 100 mil visitantes entre 1996 e 2006, sendo um destaque
no circuito turístico regional.
Encontra-se erguido no
topo do Monte do Pilar, na sua cota máxima de 385 metros acima do nível do mar,
isolado na divisão dos vales dos rios
Ave e Cávado, dentro dos seus muros foi erguido um santuário seiscentista,
utilizando a própria pedra das antigas muralhas. A meia encosta, no seu acesso,
podem ser apreciados os vestígios de um antigo castro romanizado.
Este local já tinha
sinais de ocupação humana desde o período calcolítico e também os romanos o
dotaram de uma fortificação.
O castelo medieval
Entre o século X e o
século XI, a antiga fortificação romana encontrava-se reduzida aos seus
alicerces. O arcebispo D. Pedro I de Braga, visando a defesa avançada da sede
episcopal de Braga, determinou a construção do castelo, acompanhando os
alicerces e o perímetro da primeira fortificação. Nesta defesa refugiou-se a
condessa Teresa de Leão, viúva do conde D. Henrique e mãe de D. Afonso
Henriques,
quando foi atacada
pelas forças de sua meia-irmã, D. Urraca, raínha de Leão. Aqui, cercada pelas
tropas de D. Urraca, D. Teresa conseguiu negociar um acordo – o Tratado de
Lanhoso – graças ao qual salvou a chefia do seu condado. Mais tarde D. Teresa
retornou para lá, desta feita detida por seu próprio filho após a batalha de S.
Mamede.
Data do final do
século XII e o início do século XIII a reforma do castelo, com a construção da
torre de menagem. O castelo era então o que se chamava de “cabeça de terra”, o
que traduz a sua importância regional.
Nesse contexto, no
século XIII, o castelo foi palco de um terrivel crime passional, o seu alcaide,
D. Rui Gonçalves de Pereira, Tetravô do Condestável D. Nuno Álvares Pereira,
que se encontrava fora do castelo e ao inteirar-se da infidelidade conjugal de
sua esposa, Inês Sanches, que estava enamorada de um frade do mosteiro de
Bouro, retornou e fechando as portas, ordenou que se incendiasse a alcáçova, provocando
com isso a morte da infiel e de seu amante, bem como dos serviçais, que
considerou cúmplices pelo facto de não terem denunciado aquela infifelidade.
O santuário de Nossa
Senhora do Pilar
Com o início da Idade
Moderna, consolidadas as fronteiras do reino, o castelo perdeu progressivamente
a sua importância estratégica, vindo a conhecer o abandono e a ruína. Esse
processo seria acentuado a partir do final do século XVII, quando André da Silva
Machado, um comerciante abastado do Porto, decidiu erguer uma réplica do
Santuário do Bom Jesus de Braga. Para
esse fim, obteve autorização para demolir o antigo castelo e reaproveitar a
pedra para edificar um santuário sob a invocação de Nossa Senhora do Pilar.
Iniciou-se assim o desmantelar de parte da barbacã e das muralhas,
edificando-se no interior do recinto uma igreja, a escadaria e as capelas de
peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora do Pilar.
O castelo, ou o que
dele sobrou, foi classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de
Junho de 1910, publicado no DG nº 136 de 23 de Junho de 1910.
Devido às suas características este grande maciço rochoso tem
sido também procurado na actualidade, por diversos escaladores, encontrando-se
várias vias de escalada devidamente equipadas por grande parte do maciço.
É um espaço agradável
e tranquilo, com uma vista soberba e que proporciona dias agradáveis para os
praticantes da modalidade e não só, pois o acesso ao seu topo é facultado por
uma estrada acessível a trânsito automóvel.
Um local que aconselhamos a visitar para quem ainda não o
conhece.
Boas caminhadas
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