16 outubro 2013

Via Ferrata da Póvoa de Lanhoso




Hoje decidimos falar da via ferrata que se encontra localizada no Monte do Pilar na freguesia e concelho de Póvoa de Lanhoso aproveitando a oportunidade para abordar um tema um pouco esquecido relativo à história do seu castelo.










Iniciamos este artigo explicando o que é uma via ferrata e abordando um pouco respectiva história. Assim uma via ferrata (do italiano, caminho de ferro) consiste num itinerário preparado normalmente nas paredes rochosas de montanhas, com o recurso a escadas, pontes, cavilhas, agrafos, etc, de forma a facilitar a progressão e proporcionar alguma segurança a quem os percorre. Apesar de algumas fontes situarem a sua origem na Itália, no maciço dos Dolomites no final do século dezanove, outras advogam o seu aparecimento na europa durante a primeira guerra mundial. Com a necessidade das tropas passarem com maior rapidez pelas montanhas, foram preparadas algumas vias com a ajuda de cabos de aço e outros artifícios como degraus de ferro (tipo agrafos presos às rochas) facilitando e agilizando a passagem dos soldados. Mais tarde, nos anos 70, estas vias foram aperfeiçoadas, proporcionando aos turistas, leigos em montanhismo, a oportunidade de usufruírem de uma via pela montanha com o máximo de segurança.






A Via Ferrata da Póvoa

A Via Ferrata em questão, encontra-se na encosta do Monte do Pilar, o maior monólito granítico da Península Ibérica, onde se encontram vestígios de um povoado da época do ferro, junto ao castelo da Póvoa de Lanhoso





Esta Via Ferrata parte da base deste enorme rochedo e leva-nos até ao castelo em pouco mais de quinze minutos, salvando um desnível de aproximadamente sessenta e cinco metros.






 É uma via de iniciação, com bastantes apoios para a progressão. A via é, em termos atléticos, acessível a todos. Em termos psicológicos destacamos uma travessia horizontal de uns quinze metros sobre um pátio considerável e uma secção vertical final de uns doze ou treze metros bastante aérea e exposta mas muito agradável e com excelentes vistas.













Equipamento necessário para efectuar a via ferrata




. Dissipador






. Capacete homologado






. Arnês






. Luvas





A progressão na via ferrata

A progressão na via ferrata, faz-se utilizando as peças ali instaladas para o efeito. O asseguramento é efectuado de forma individual, conectando-se os mosquetões do dissipador ao cabo de aço existente e que está fixado paralelamente aos agrafes metálicos. Nas transições das secções do cabo de aço, conecta-se um mosquetão à frente da secção, enquanto o outro continua conectado e este apenas se desconecta quando o outro fica devidamente colocado. Desta forma termos sempre um mosquetão a dar-nos segurança preso ao cabo de aço. Em casos de trovoada, convém abandonar o mais rapidamente possível a via ferrata, pois tornam-se um óptimo para-raios.











O Castelo

Abordemos agora abordar um tema histórico,  um pouco esquecido no tempo, mas que reúne acontecimentos marcantes e de algum fascíneo do passado do nosso país. O Castelo de Lanhoso, também referido como Castelo de Póvoa de Lanhoso, localiza-se na freguesia de Póvoa de Lanhoso, no mesmo concelho e distrito de Braga, Portugal.





Embora esteja bastante descaracterizado, é um dos mais imponentes castelos portugueses, contabilizando a expressiva marca de 100 mil visitantes entre 1996 e 2006, sendo um destaque no circuito turístico regional.
Encontra-se erguido no topo do Monte do Pilar, na sua cota máxima de 385 metros acima do nível do mar,  isolado na divisão dos vales dos rios Ave e Cávado, dentro dos seus muros foi erguido um santuário seiscentista, utilizando a própria pedra das antigas muralhas. A meia encosta, no seu acesso, podem ser apreciados os vestígios de um antigo castro romanizado.





Este local já tinha sinais de ocupação humana desde o período calcolítico e também os romanos o dotaram de uma fortificação.

O castelo medieval

Entre o século X e o século XI, a antiga fortificação romana encontrava-se reduzida aos seus alicerces. O arcebispo D. Pedro I de Braga, visando a defesa avançada da sede episcopal de Braga, determinou a construção do castelo, acompanhando os alicerces e o perímetro da primeira fortificação. Nesta defesa refugiou-se a condessa Teresa de Leão, viúva do conde D. Henrique e mãe de D. Afonso Henriques,





quando foi atacada pelas forças de sua meia-irmã, D. Urraca, raínha de Leão. Aqui, cercada pelas tropas de D. Urraca, D. Teresa conseguiu negociar um acordo – o Tratado de Lanhoso – graças ao qual salvou a chefia do seu condado. Mais tarde D. Teresa retornou para lá, desta feita detida por seu próprio filho após a batalha de S. Mamede.





Data do final do século XII e o início do século XIII a reforma do castelo, com a construção da torre de menagem. O castelo era então o que se chamava de “cabeça de terra”, o que traduz a sua importância regional.





Nesse contexto, no século XIII, o castelo foi palco de um terrivel crime passional, o seu alcaide, D. Rui Gonçalves de Pereira, Tetravô do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que se encontrava fora do castelo e ao inteirar-se da infidelidade conjugal de sua esposa, Inês Sanches, que estava enamorada de um frade do mosteiro de Bouro, retornou e fechando as portas, ordenou que se incendiasse a alcáçova, provocando com isso a morte da infiel e de seu amante, bem como dos serviçais, que considerou cúmplices pelo facto de não terem denunciado aquela infifelidade.




O santuário de Nossa Senhora do Pilar

Com o início da Idade Moderna, consolidadas as fronteiras do reino, o castelo perdeu progressivamente a sua importância estratégica, vindo a conhecer o abandono e a ruína. Esse processo seria acentuado a partir do final do século XVII, quando André da Silva Machado, um comerciante abastado do Porto, decidiu erguer uma réplica do Santuário do Bom Jesus  de Braga. Para esse fim, obteve autorização para demolir o antigo castelo e reaproveitar a pedra para edificar um santuário sob a invocação de Nossa Senhora do Pilar. Iniciou-se assim o desmantelar de parte da barbacã e das muralhas, edificando-se no interior do recinto uma igreja, a escadaria e as capelas de peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora do Pilar.





O castelo, ou o que dele sobrou, foi classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910, publicado no DG nº 136 de 23 de Junho de 1910.




Devido às suas características este grande maciço rochoso tem sido também procurado na actualidade, por diversos escaladores, encontrando-se várias vias de escalada devidamente equipadas por grande parte do maciço.

















 É um espaço agradável e tranquilo, com uma vista soberba e que proporciona dias agradáveis para os praticantes da modalidade e não só, pois o acesso ao seu topo é facultado por uma estrada acessível a trânsito automóvel.
Um local que aconselhamos a visitar para quem ainda não o conhece.





Boas caminhadas

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