Em variados momentos
de montanha, podemos ver-nos deparados com situações em que temos que apelar
para o nosso poder imaginativo e de criação. Esse poder pode servir-nos para
improvisar um utensílio que nos pode salvar a vida, como pode ser para nos proteger
dos perigos naturais, ou simplesmente para nos proporcionar conforto. Existem
variadíssimas formas de fabricar utensílios nestas situações e neste artigo
vamos apenas partilhar algumas ideias que poderão ser o ponto de partida para
muitas mais ideias, dependendo da criatividade e improviso de cada um.
Improvisar calçado
Se por algum motivo
perdermos o calçado ou este se deteriorar, podemos improvisar um par de
sandálias práticas com recurso a um pedaço de casca de árvore para funcionar
como sola, e um bocado de lona para a parte superior e para as correias do
calcanhar. Pode-se também criar um sapato com uma caixa de cartão, reforçando o
conforto dos pés com lenços ou ligaduras em volta destes. bastando para melhor
compreensão seguir as imagens abaixo.
Proteger a cabeça do
Sol
Quando o Sol estiver
muito quente é importante proteger a cabeça deste e se por acaso não tivermos
como o fazer, podemos sempre improvisar uma protecção utilizando lenços, panos,
camisolas etc. Abaixo apresentamos alguns exemplos.
Improvisar raquetas de
neve
Para facilitar a
deslocação na neve solta e profunda, podemos improvisar raquetas de neve com
variadíssimos materiais. Podemos utilizar madeira verde e uma correia ou corda,
como podemos observar no esquema abaixo.
Outra forma mais
simples de improvisar umas raquetas de neve consiste em procurar dois ramos de
árvores com folhagem abundante e o mais grossa possível, coloca-se os ramos na
neve com a curvatura natural para baixo no centro e os extremos levantados à
frente e atrás. A extremidade mais larga do ramo deve ficar para a frente e a
haste atrás do calcanhar. Amarra-se o ramo ao pé com atilhos improvisados de
pano ou atacadores de bota (ver figura abaixo).
Se as fixações dos esquis
se quebrarem
As fixações dos esquis
podem quebrar-se impossibilitando a utilização do equipamento da forma
habitual. Se tal acontecer, poderemos assim descer uma encosta em segurança,
improvisando um transporte com os esquis. Atam-se os esquis um ao outro com
tiras de pano e prende-se os bastões atravessados na extremidade posterior dos
esquis. Sentando-nos nos esquis como se vê na gravura e agarrando os bastões
levantando-os, podemos seguir encosta abaixo controlando a descida com os pés.
Trenó para cargas
Em terreno nevado, se
por acaso rebentar uma das alças da mochila, ou mesmo se esta se tornar
demasiado pesada para quem a transporta, podemos sempre improvisar um trenó
construído com paus que facilitará o transporte da carga, como podemos
verificar na imagem abaixo.
Talheres improvisados
As colheres podem ser
talhadas a partir de um pedaço de madeira que seja uma ligação entre ramos. O
ramo torna-se o cabo. A forma do objecto deve seguir o veio da madeira, o que
ajuda a torna-lo mais resistente à água. Um garfo pode ser feito a partir de um
pau. As imagens abaixo ajudam a perceber melhor o agora explicado.
Protecção dos olhos
Devemos usar óculos de
sol ou óculos de protecção na montanha. Se não os tivermos, ou se por acaso os
perdemos, podemos improvisar uns óculos de sol a partir de tecido (figura A),
ou de casca de árvore (figura B). Deve-se fazer as fendas para os olhos
estreitas. Podemos reduzir o brilho produzido pela pele esfregando fuligem de
uma fogueira na zona abaixo dos olhos. É importante não esquecer que não
devemos negligenciar a protecção dos olhos.
Molas para a roupa
improvisadas
Se não tivermos molas
para a roupa podemos sempre improvisar algumas. Para isso arranjamos dois
pauzinhos com cerca de 10 cm cada um. Alisa-se um dos lados de cada pauzinho, unem-se
com um elástico, deixando os lados lisos voltados para dentro. O elástico
permite que apertem e desapertem as molas conforme se mostre necessário.
Cabides naturais
Os ramos das árvores
podem sempre ser utilizados como cabides naturais para pendurar tachos, sacos
de lixo, roupa, etc.
Tenazes improvisadas
Pode-se improvisar uma
tenaz utilizando um bocado de madeira rija. Desbasta-se na parte média do pau
até reduzir a sua grossura a metade. De seguida coloca-se esta parte do pau nas
brasas por momentos e dobra-se o pau ponta com ponta. Por fim aparam-se as
extremidades internamente, para que prendam melhor o que pretendermos segurar.
Colchão improvisado
Se por acaso não
tivermos a esteira ou se quisermos tornar mais confortável a nossa hora de
descanso, podemos improvisar um colchão de fetos, urze, palha ou erva. Para tal
utilizamos um tear de campo. Crava-se no chão uma fiada de cinco estacas e em
frente destas espetam-se duas estacas com uma travessa em cima. Amarra-se um
cordel à ponta de cada estaca das cinco e estica-se até à travessa,
prendendo-se bem. Volta-se em seguida com o cordel até às cinco estacas, e
prende-se os cordeis a uma estaca livre. Uma pessoa segura essa travessa e
desloca-a ora para baixo ora para cima, enquanto outra pessoa coloca
alternadamente por cima e por baixo dos cordeis fixos, molhos de palha, de
fetos, etc. Desta maneira os molhos ficam presos pelas voltas dos cordeis da
travessa móvel.
Escova de dentes
improvisada
Nem sempre levamos uma
escova de dentes para a montanha, mas podemos improvisar uma desfibrando paus
secos numa das suas extremidades.
Usar botas como
suporte
As nossas próprias
botas podem servir de suporte para muitas coisas, como por exemplo o fogão de
gás e o copo para evitar que se virem e caiam.
Esperamos com estes
exemplos ter despertado a vossa curiosidade e partilhado algumas ideias acerca
de como improvisar utensílios em situações de sobrevivência. Existem inúmeras
técnicas neste domínio do improviso e seria impossível enumerar todas, pelo que
apelamos sobretudo à vossa criatividade para o “desenrascanso”.
Boas caminhadas
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