Forma
de apresentação da doença
O
período que decorre desde a picada pela carraça até ao início das manifestações
clínicas pode ir de 4 a 12 dias. Geralmente surge febre que é elevada e
acompanhada de sintomas gripais – dores de cabeça, abdominais e musculares,
calafrios, e após 4 a 5 dias surge o exantema – manchas avermelhadas, punctiformes,
que começam geralmente a aparecer nos membros, inclusive na palma das mãos e
planta dos pés, e rapidamente se espalham para o resto do corpo. Demoram
cerca de 8 a 10 dias a desaparecer sendo que por vezes ficam com uma coloração
acastanhada até desaparecerem.
O
diagnóstico é fundamentalmente clínico e ajuda bastante se ainda se conseguir
encontrar a carraça ou o local da picada. A picada tem aspecto de ferida,
de cor negra, vulgarmente designada por “tâche noire”. Nalguns casos podem
palpar-se gânglios com características inflamatórias junto ao local de
inoculação. O local da picada localiza-se frequentemente em locais pouco
evidentes, como a parte detrás das orelhas, no couro cabeludo, nas axilas, por
entre os dedos dos pés e nas virilhas. Pode também estar em zonas de pele
descoberta, mas pode apresentar uma reduzida dimensão e ser confundida com um
sinal cutâneo.
O que fazer
1.
Uma vez feito o diagnóstico, o
tratamento com antibiótico deve ser iniciado o mais cedo possível, de modo a
evitar complicações orgânicas – falência do coração, rins, fígado e alterações
hemorrágicas, entre outras.
a. Doxiciclina em doses de 200 mg/dia durante 10 dias, embora outras tetraciclinas são também utilizados.
b. Outras alternativas: fluoroquinolonas e claritromicina, cloranfenicol, azitromicina e josamicina.
2.
Se ainda se detectar a carraça, esta
deve ser retirada com éter ou alcóol e com a ajuda duma pinça, de modo a
retirá-la na totalidade (uma tarefa nem sempre fácil!).
a. Usar se possível uma pinça para prender a carraça o mais junto à pele possível e depois puxá-la com força sem fazer movimentos de rotação. Não se deve dobrar ou rasgar a carraça porque pode levar a que peças bucais permaneçam na pele (se isso acontecer, deve-se remover as peças bucais restantes com uma pinça).
b. Depois de retirar o agente, deve-se desinfectar o local da picada e lavar bem as mãos com água e sabão.
c. Se se optar por retirá-la com os dedos, usa-se um pano e quando terminar lavar muito bem as mãos.
Prevenção
Quando
realizamos actividades ao ar livre, principalmente em zonas onde a vegetação é
densa, devemos:
1.
Reduzir a área de pele exposta,
usando camisa de mangas compridas, calças compridas e sapatos fechados;
2.
Usar roupas de cor clara
3. Ao regressar a casa, inspeccionar cuidadosamente toda a roupa e corpo, em especial a cabeça e o pescoço, bem como as áreas onde a roupa está mais apertada, como a cintura e as axilas, quer das crianças, quer dos adultos. Se possível usar um espelho de corpo inteiro para ver todas as partes do corpo. Caso se encontre uma carraça, esta deve ser imediatamente removida.
a. Se for encontrada uma carraça numa criança. NÃO SE DEVE ENTRAR EM PÂNICO!!!. Felizmente, só uma pequeníssima percentagem de carraças estão infectadas. Pelo que só deve recorrer ao médico se surgirem queixas ou sinais sugestivos da doença.
4.
Com os animais de companhia também
devemos ter os seguintes cuidados:
a.
Sempre que regressem da rua, devem
ser inspeccionados para detecção de carraças, devendo estas ser removidas;
b.
Devem usar coleiras ou produtos
repelentes, recomendados pelo veterinário.
5. Existe a possibilidade de aplicar repelentes contendo permetrina ou com DEET (N-dietil-m-toluamida). Devem ser tomadas precauções na aplicação desses repelentes em crianças, uma vez que tem sido associado com reações adversas.
6. Nota importante: Não se devem colocar fontes de calor junto aos bichos para os remover (cigarro por exemplo) pelo risco de aumentar o volume de uniculação.
A melhor arma: a prevenção
BOAS CAMINHADAS!!!
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