22 abril 2015

“Febre da Carraça”

Esta semana vamos começar a abordar um tema que nos deve preocupar quando vamos caminhar na serra, as carraças. Este trabalho exaustivo foi elaborado pela nossa associada, Drª Teresa Macedo, a quem desde já o CMB agradece a colaboração. Esperemos que seja do vosso agrado.





“Febre da Carraça”


. Febre da carraça
. Introdução
. Definição da doença
. Ciclo de vida da carraça
. Forma de apresentação da doença
. O que fazer
. Prevenção












Introdução





Vulgarmente designada por “febre da carraça”, a febre escaro-nodular (FEN) é a rickettsiose com maior impacto em Saúde Pública em Portugal.



O receio do aumento de casos de morte devido à febre da carraça em Portugal – só em 2012 foram confirmadas 220 infeções e morreram 10 pessoas – levou o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) a intensificar a vigilância, controlo e prevenção nesta área. Os distritos mais afectados têm sido Beja e Bragança.




Definição da doença





A FEN é causada por uma bactéria, a Rickettsia conorii, que infecta frequentemente a carraça. Só surge doença no ser humano após a picada por uma carraça infectada. A bactéria em questão causa uma lesão inflamatória dos vasos sanguíneos, denominada vasculite, que a nível da derme é responsável pelo exantema (ou manchas).



A doença ocorre fundamentalmente nos meses de Verão, quando são mais frequentes as actividades ao ar livre e manifesta-se principalmente por febre elevada e exantema.



Existem ainda outras doenças transmitidas por carraças, como a Borreliose de Lyme, Febre Q, Tularémia, e Ehrlichiose, que não serão abordadas nesta apresentação.






Ciclo de vida da “Carraça”





Em geral são as carraças adultas que chamam mais a atenção pelo seu tamanho; sobretudo as fêmeas que ingurgitadas com sangue aumentam várias vezes de volume. As carraças passam cerca de 90 % da sua vida fora do hospedeiro e encontram-se mais activas na primavera e verão e em zonas rurais, factores que devem ser tidos em conta em qualquer programa de controlo de carraças. O crescente aumento do número de hospedeiros (nomeadamente cães e gatos abandonados) e um clima cada vez mais com características tropicais resultantes do aquecimento global, alertam-nos para uma proliferação destes parasitas e o consequente perigo em termos de saúde pública.




Uma fêmea grávida deposita no chão cerca de 2000 a 4000 ovos, podendo atingir um número superior a 12000. Cerca de um mês depois nascem as larvas, sobem a vegetação e aguardam até que um hospedeiro conveniente passe ao qual se fixam. Após alguns dias, já totalmente ingurgitadas, caem no chão, procuram abrigo e transformam-se em ninfas, que por sua vez procuram a sua “refeição”, ingurgitam, destacam-se e transformam-se em carraças adultas. Nessa altura as fêmeas adultas trepam a vegetação, aguardam a passagem de um “cliente” de eleição, permanecendo sempre no mesmo uma a quatro semanas até que se destacam, caem no chão e procuram abrigo em locais com alguma humidade, preferencialmente em zonas de vegetação de baixa e média altura. É neste comportamento que reside em parte a explicação para o facto de animais em pastoreio, cães após um dia no campo ou em zonas cinegéticas serem as “refeições” sanguíneas predilectas para estes parasitas.




Na maior parte dos casos, as carraças precisam de estar fixas ao seu hospedeiro durante pelo menos 24 horas para transmitirem os microrganismos causadores da doença, dependendo do agente patogénico. Os vírus podem ser transmitidos em minutos, embora as bactérias e os parasitas precisem de mais tempo. As carraças depositam os seus ovos no solo, em vegetação de dimensão média e alta, que apresentem algum grau de humidade. No verão, e especialmente nas horas mais frescas do dia (de manhã ou ao final da tarde), as carraças instalam-se na ponta das ervas e arbustos, sendo por isso mais fácil a sua passagem para os animais. Os locais que apresentam maior risco são os parques e jardins, havendo também uma maior prevalência de carraças na zona interior do país.



No próximo artigo continuaremos com esta temática de acordo com indice apresentado no início. Até lá...

Boas caminhadas


 

Sem comentários:

Enviar um comentário

comentários