22 janeiro 2014

O Sol, o Calor e a Humidade (4ª parte)




Aclimatação ao exercício em ambiente quente

É possível a aclimatação do corpo ao calor fazendo exercício em ambiente quente durante períodos de cerca de uma hora diária, durante um período de 10 – 14 dias.  O exercício deve ser efectuado com uma intensidade de 60 – 70%, e o desportista deve procurar proteger-se do calor, deve beber muitos líquidos e estar alerta para qualquer sintoma de golpe de calor.





As mudanças cardiovasculares ocorrem nos primeiros 3 – 5 dias e os relativos aos mecanismos de sudoração aos 10 dias. A aclimatação ao calor  reduz o uso de glicogénio muscular até cerca de 50 – 60%, reduzindo desta forma a fadiga.






cãíbras devido ao calor

As cãibras provocadas pelo calor são contracções musculares espasmódicas, que ocorrem geralmente nas pernas e podem durar até 15 minutos ou mais.
Provavelmente serão originadas pela perda de minerais e devido à desidratação que acompanha a sudoração excessiva.





Podem-se prevenir bebendo abundantemente líquidos que contenham sal. Melhoram ao estirar-se o músculo afectado.
Tratam-se colocando o paciente num local fresco e administrando líquidos ou uma solução salina.






Sincope por calor

A síncope é uma perda de consciência, que, também neste caso é motivada pela perda de minerais e pela desidratação que acompanha a sudorese excessiva.





Em esforço e porque aumenta a perda de calor, os vasos sanguíneos da pele dilatam até ao ponto em que que neles se acaba por acumular uma grande quantidade de sangue neles, provocando assim uma diminuição da quantidade de sangue que chega ao cérebro, o que, por sua vez, provoca uma perda de consciência.






Sintomas e sinais da síncope de calor

. Fadiga extrema, respiração ofegante, vertigens, vómitos, desmaio.
. Pele fria e húmida ou quente e seca, hipotensão, pulso fraco e rápido.

Tratamento

. Repouso em lugar fresco com os pés elevados.






. Se ficar consciente, administração de água salgada (diluir uma colher de sopa com sal num jarro com um litro de água).
. Se estiver inconsciente, o socorrista habilitado, procederá à perfusão de soro salino. Se a desidratação for grande, poderá necessitar facilmente de mais de 4 litros de soro.
. Se a vítima não for tratada pode degenerar num golpe de calor.

Golpe de calor e Hipertermia extrema

O golpe de calor corresponde a um aumento da temperatura corporal devido a uma falha da termorregulação. Trata-se de um processo agudo que origina hipertermia por desidratação.





Surge quando o corpo não pode eliminar o calor produzido pelas condições ambientais ou produzido pelo próprio corpo. Quando falham os mecanismos de termorregulação, a não ser travado, este processo progride até à hipertermia extrema, a qual pode colocar a vida em risco.
A hipertermia pode originar edema (acumulação de água) cerebral e um aumento da pressão intracrâneana, que combinada com a descida da pressão arterial reduz a quantidade de sangue que chega ao cérebro. Ao mesmo tempo as proteínas do corpo desnaturalizam-se, originando lesões nos tecidos.






Inicialmente aparecem sintomas  como: cãibras musculares precoces e persistentes, dores abdominais, náuseas, alterações de comportamento (confusão, desorientação, agitação, dor de cabeça).
Seguidamente aparecem alterações neurológicas (sonolência, estupor, coma, convulsões, perda do tónus muscular com contracturas, alterações pupilares), alterações cardiocirculatórias (pulso rápido superior a 130 batimentos por minuto, descida da pressão arterial), respiração rápida, pele quente, a temperatura central superior a 40ºC e aparecimento de pontos de sangue na pele (petéquias roxas) e hemorragias nas mucosas e nariz (epistaxe). Os sintomas podem aparecer apenas na noite seguinte à exposição ao sol. A mortalidade é de 30 – 50%.






Tratamento

O tratamento preventivo baseia-se em reduzir a actividade física ou descansar totalmente, hidratar e nutrir convenientemente, vestir roupa leve e colocar a vítima deve ser colocada num ambiente fresco e refrescanda a miúdo, sempre que se passar por qualquer ponto de água.





 É importante proteger a cabeça do sol com um gorro claro e se possível de algodão, uma vez que muitos tecidos sintéticos deixam passar as radiações ultravioletas. Devemos também  recordar-nos que a neblina e as nuvens não impedem a passagem destas radiações. Quando se pratica exercício num ambiente quente, há que estar alerta, e se, repentinamente se sentir frio e se fica com “pele de galinha”, o exercício deve ser interrompido, e devemos dirigir-nos para um local fresco e tomar muitos líquidos frios, pois o sistema termorregulador está confuso e pensa que é necessário aumentar ainda mais a temperatura corporal. Se não for tratada, esta situação pode-se converter em golpe de calor e até levar à morte.





A mortalidade é proporcional ao tempo que demora a elevação da temperatura central e o início da refrigeração do corpo. O golpe de calor é uma das poucas emergências médicas em que um atraso de poucos minutos pode mudar significativamente o prognóstico.

O tratamento curativo baseia-se em arrefecer a vítima, até alcançar uma temperatura corporal inferior a 39ºC.





Enquanto não se chega ao hospital, é conveniente tirar a roupa à vítima, colocando-a deitada de lado e em posição fetal para obter a máxima superfície de evaporação, e aplicar-lhe compressas frias. Deve-se evacuar rapidamente a vítima para o hospital, e uma vez lá, provocar induzir-lhe um arrefecimento interno, fazer a imersão do corpo em água fria de forma a controlar as complicações deste tratamento, e administrar tratamento fármaco se for necessário.
A perda de conhecimento de mais de duas horas constitui sempre um mau prognóstico.






Seca e humidade

Seca

A zona de bem-estar situa-se entre 40 e 60% de humidade relativa e neste tipo de ambiente perdem-se 1 – 1,5 litros/dia. Uma descida da humidade relativa abaixo de 30% pode originar desidratação com perdas hodroelectrolíticas. A perda de água pode chegar até 7 litros.





A reposição correcta de água deve assegurar uma quantidade de urina diária superior a 1 litro, mas, mesmo assim, não chega a compensar as desidratações locais (pele, mucosa respiratória e conjuntivas). 





A secura cutânea produz prurido. A secura das mucosas respiratórias produz sede, ronqueira e dor retroesternal. A secura conjuntival produz sensação de ardência.

Humidade

Um aumento da humidade relativa acima de 70% pode comprometer a evaporação de suor. O golpe de calor é mais frequente em ambientes que superam  os 90% de humidade. Mesmo assim, naquelas condições, provoca mal estar e baixo rendimento psicomotor. A pele perde o manto ácido favorecendo o aparecimento de fungos (micoses) e infecção na raíz dos pelos da pele (foliculitis).





E com este artigo finalizamos o tema em questão que esperamos ter sido do vosso agrado, enriquecendo ainda mais o vosso conhecimento sobre o assunto.






Boas caminhadas

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