Aclimatação ao exercício em
ambiente quente
É possível a aclimatação do corpo ao calor fazendo exercício em
ambiente quente durante períodos de cerca de uma hora diária, durante um
período de 10 – 14 dias. O exercício
deve ser efectuado com uma intensidade de 60 – 70%, e o desportista deve
procurar proteger-se do calor, deve beber muitos líquidos e estar alerta para
qualquer sintoma de golpe de calor.
As mudanças cardiovasculares ocorrem nos primeiros 3 – 5 dias e os
relativos aos mecanismos de sudoração aos 10 dias. A aclimatação ao calor reduz o uso de glicogénio muscular até cerca
de 50 – 60%, reduzindo desta forma a fadiga.
cãíbras devido ao calor
As cãibras provocadas pelo calor são contracções musculares
espasmódicas, que ocorrem geralmente nas pernas e podem durar até 15 minutos ou
mais.
Provavelmente serão originadas pela perda de minerais e devido à
desidratação que acompanha a sudoração excessiva.
Podem-se prevenir bebendo abundantemente líquidos que contenham sal.
Melhoram ao estirar-se o músculo afectado.
Tratam-se colocando o paciente num local fresco e administrando
líquidos ou uma solução salina.
Sincope por calor
A síncope é uma perda de consciência, que, também neste caso é
motivada pela perda de minerais e pela desidratação que acompanha a sudorese
excessiva.
Em esforço e porque aumenta a perda de calor, os vasos sanguíneos da
pele dilatam até ao ponto em que que neles se acaba por acumular uma grande
quantidade de sangue neles, provocando assim uma diminuição da quantidade de
sangue que chega ao cérebro, o que, por sua vez, provoca uma perda de
consciência.
Sintomas e sinais da síncope de
calor
. Fadiga extrema, respiração ofegante, vertigens, vómitos, desmaio.
. Pele fria e húmida ou quente e seca, hipotensão, pulso fraco e
rápido.
Tratamento
. Repouso em lugar fresco com os pés elevados.
. Se ficar consciente, administração de água salgada (diluir uma
colher de sopa com sal num jarro com um litro de água).
. Se estiver inconsciente, o socorrista habilitado, procederá à
perfusão de soro salino. Se a desidratação for grande, poderá necessitar facilmente
de mais de 4 litros de soro.
. Se a vítima não for tratada pode degenerar num golpe de calor.
Golpe de calor e Hipertermia
extrema
O golpe de calor corresponde a um aumento da temperatura corporal
devido a uma falha da termorregulação. Trata-se de um processo agudo que
origina hipertermia por desidratação.
Surge quando o corpo não pode eliminar o calor produzido pelas
condições ambientais ou produzido pelo próprio corpo. Quando falham os
mecanismos de termorregulação, a não ser travado, este processo progride até à
hipertermia extrema, a qual pode colocar a vida em risco.
A hipertermia pode originar edema (acumulação de água) cerebral e um
aumento da pressão intracrâneana, que combinada com a descida da pressão
arterial reduz a quantidade de sangue que chega ao cérebro. Ao mesmo tempo as
proteínas do corpo desnaturalizam-se, originando lesões nos tecidos.
Inicialmente aparecem sintomas
como: cãibras musculares precoces e persistentes, dores abdominais,
náuseas, alterações de comportamento (confusão, desorientação, agitação, dor de
cabeça).
Seguidamente aparecem alterações neurológicas (sonolência, estupor,
coma, convulsões, perda do tónus muscular com contracturas, alterações
pupilares), alterações cardiocirculatórias (pulso rápido superior a 130
batimentos por minuto, descida da pressão arterial), respiração rápida, pele
quente, a temperatura central superior a 40ºC e aparecimento de pontos de
sangue na pele (petéquias roxas) e hemorragias nas mucosas e nariz (epistaxe).
Os sintomas podem aparecer apenas na noite seguinte à exposição ao sol. A
mortalidade é de 30 – 50%.
Tratamento
O tratamento preventivo baseia-se em reduzir a actividade física ou
descansar totalmente, hidratar e nutrir convenientemente, vestir roupa leve e
colocar a vítima deve ser colocada num ambiente fresco e refrescanda a miúdo,
sempre que se passar por qualquer ponto de água.
É importante proteger a cabeça
do sol com um gorro claro e se possível de algodão, uma vez que muitos tecidos
sintéticos deixam passar as radiações ultravioletas. Devemos também recordar-nos que a neblina e as nuvens não
impedem a passagem destas radiações. Quando se pratica exercício num ambiente
quente, há que estar alerta, e se, repentinamente se sentir frio e se fica com
“pele de galinha”, o exercício deve ser interrompido, e devemos dirigir-nos
para um local fresco e tomar muitos líquidos frios, pois o sistema
termorregulador está confuso e pensa que é necessário aumentar ainda mais a
temperatura corporal. Se não for tratada, esta situação pode-se converter em
golpe de calor e até levar à morte.
A mortalidade é proporcional ao tempo que demora a elevação da
temperatura central e o início da refrigeração do corpo. O golpe de calor é uma
das poucas emergências médicas em que um atraso de poucos minutos pode mudar
significativamente o prognóstico.
O tratamento curativo baseia-se em arrefecer a vítima, até alcançar
uma temperatura corporal inferior a 39ºC.
Enquanto não se chega ao hospital, é conveniente tirar a roupa à
vítima, colocando-a deitada de lado e em posição fetal para obter a máxima superfície
de evaporação, e aplicar-lhe compressas frias. Deve-se evacuar rapidamente a
vítima para o hospital, e uma vez lá, provocar induzir-lhe um arrefecimento
interno, fazer a imersão do corpo em água fria de forma a controlar as
complicações deste tratamento, e administrar tratamento fármaco se for
necessário.
A perda de conhecimento de mais de duas horas constitui sempre um mau
prognóstico.
Seca e humidade
Seca
A zona de bem-estar situa-se entre 40 e 60% de humidade relativa e
neste tipo de ambiente perdem-se 1 – 1,5 litros/dia. Uma descida da humidade
relativa abaixo de 30% pode originar desidratação com perdas
hodroelectrolíticas. A perda de água pode chegar até 7 litros.
A reposição correcta de água deve assegurar uma quantidade de urina
diária superior a 1 litro, mas, mesmo assim, não chega a compensar as
desidratações locais (pele, mucosa respiratória e conjuntivas).
A secura cutânea produz prurido. A secura das mucosas respiratórias
produz sede, ronqueira e dor retroesternal. A secura conjuntival produz
sensação de ardência.
Humidade
Um aumento da humidade relativa acima de 70% pode comprometer a
evaporação de suor. O golpe de calor é mais frequente em ambientes que
superam os 90% de humidade. Mesmo assim,
naquelas condições, provoca mal estar e baixo rendimento psicomotor. A pele
perde o manto ácido favorecendo o aparecimento de fungos (micoses) e infecção
na raíz dos pelos da pele (foliculitis).
E com este artigo finalizamos o tema em questão que esperamos ter sido
do vosso agrado, enriquecendo ainda mais o vosso conhecimento sobre o assunto.
Boas caminhadas
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