Cerca de dez por cento da superfície da Terra está coberta de gelo. O
gelo sob a forma de glaciares pode escavar grandes vales e transportar detritos
ao longo de centenas de quilómetros.
Apesar de outrora o gelo ter
coberto enormes áreas do nosso planeta, hoje encontra-se concentrado nos pólos
e nas zonas de grandes montanhas. Contudo, a paisagem que escavou mantém-se.
Embora sólido, o gelo sob pressão pode mover-se da mesma forma que as
rochas no manto da Terra. A sua estrutura é também muito semelhante. À medida
que a neve se torna compacta, o ar é empurrado para fora e a neve branca e
friável torna-se numa substância cristalina azul, formada por cristais de gelo
em vez de minerais. Os cristais são lubrificados por uma película microscópica
de água, mantida líquida pelos sais nela dissolvidos. O gelo tem a capacidade
de transformar a paisagem em que se encontra.
Mover-se através da Terra
O gelo ocupa mais volume do que a
água. Quando esta, que se infiltra nas fendas das rochas e pedras, gela, e estilhaça-as.
Entretanto, a neve cobre o chão à volta das montanhas, cai em avalanches ou
transforma-se em gelo. Finalmente este gelo começa a mover-se. Em regiões
extremamente frias, o gelo cobre a paisagem como um lençol, que pode alcançar
centenas de metros de espessura. O chão pode ceder e, no seu interior,
formam-se correntes rápidas de gelo lubrificadas pela lama ou aquecidas pela
actividade vulcânica (como sucede em parte da Antártica). Quando o lençol de
gelo fica mais fino, pode separar picos rochosos, contornando-os e formando
glaciares de vale, dando origem aos chamados glaciares Piedmont.
Os índices de fluidez dum glaciar
podem variar entre apenas alguns metros e centenas de metros por anos. Para
manter a mesma fluidez, tal como um riacho de montanha, tem de preencher todo o
vale. À medida que se move, o glaciar mói pequenas rochas, transformando-as em
pó. Rochedos encravados podem deixar marcas profundas, as estrias, nos lados dos
vales em forma de “U”. Nalguns vales de glaciares, o gelo corta profundamente o
chão, dando lugar a lagos, após a sua retirada.
À medida que o gelo se move, uma
camada grossa de argila fina forma-se na parte inferior do glaciar. A pressão
pode ser suficiente para manter a água em estado líquido, lubrificando a base do glaciar e deixando montes de argila
que são conhecidos por monte de aluvião. Na embocadura do glaciar, o resto dos
sedimentos e rocha depositam-se formando uma moraina. Muitas vezes, um bloco de
gelo fica para trás, derrete e forma um lago profundo.
As eras glaciares
Os geólogos não sabem ao certo o
que provoca as eras glaciares. Contudo, os longos ciclos, na inclinação do eixo
da Terra, chamados ciclos Milankovitch, parecem estar relacionados com elas. As
flutuações, nos níveis de bióxido de carbono da atmosfera, podem também ter o
seu papel neste fenómeno. Certo é que a partir do momento em que o gelo começa
a avançar, a mudança é rápida. O gelo e a neve branca reflectem para o espaço uma
maior parte de radiação do sol e, desse modo o planeta arrefece. Os cientistas
descobriram que as temperaturas globais parecem flutuar entre dois estados
relativamente estáveis. Estas flutuações ocorreram cerca de 35 vezes na
história da Terra. A primeira prova clara duma era glaciar vem do período
Pré-Câmbrico, há cerca de quatro biliões de anos.
A era glaciar mais recente
começou há cerca de 3,25 milhões de anos e Pode estar ainda a decorrer, apesar
do actual clima ameno. Até há cerca de 14.000 anos, havia uma enorme quantidade
de gelo concentrada nos pólos e os níveis do mar eram cerca de 80 metros mais baixos do que
actualmente. Mas o gelo vai abatendo a terra, situação que ainda se verifica,
Lentamente, nas latitudes a norte.
Curiosidades
O mapa abaixo, mostra as
temperaturas médias em todo o mundo (em graus célsios) no mês de Julho, nos
últimos 200 000 anos e mostra que na actualidade as temperaturas são
particularmente quentes.
Durante a última era glaciar, a
capa de gelo sobre a Escandinávia tinha mais de 3000 metros de espessura. As
mais recentes eras glaciares começaram há cerca de 3,25 milhões de anos e, como
referimos, os cientistas não estão certos de que tenham acabado.
No cimo das montanhas, a neve compacta começa a mover-se,
formando um anfiteatro (um buraco com o aspecto de uma cadeira de braços) no
começo do vale. Anfiteatros de costas uns para os outros originam picos
pontiagudos piramidais. À medida que o gelo se desloca ou a superfície se
inclina, abrem-se fendas no gelo. Os detritos de rochas formam morainas
laterais no gelo. À medida que o glaciar desce a montanha, a base do gelo pode
escavar demasiado um vale, parecendo deslocar-se para cima. No local em que um
glaciar cai numa encosta ingreme, forma quedas de gelo rugosas. A embocadura é
o local onde o glaciar pára e, finalmente, derrete.
A maior parte da Antártica está coberta por um lençol
espesso de gelo. O gelo desce de regiões onde cai muita neve, no centro do
continente, correndo para a costa. No Inverno, o lençol estende-se até ao mar.
Algumas plataformas espessas de gelo permanecem todo o ano, libertando
ocasionalmente enormes icebergs. Muitos cientistas temem que o aquecimento
global possa provocar o colapso do lençol de gelo da Antártica Ocidental,
aumentando dramaticamente os níveis globais do mar.
Estes icebergs gigantes, representados na figura abaixo,
separaram-se dos lençóis de gelo da Antártica e mostram claramente os efeitos
das ondas nas suas bases. Cerca de 90% do volume dos icebergs está escondido
debaixo da água, o que significa que podem ser extremamente perigosos para a
navegação. Os icebergs podem transportar argila e rocha da terra até ao mar
profundo, dando origem aos sedimentos oceânicos.
Contamos com este artigo ter contribuído para que
compreendam melhor as questões relativas ao gelo, e a sua importância na
história e dinâmica do nosso planeta.
Boas caminhadas…
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