20 novembro 2013

Glaciares e lençóis de gelo




Cerca de dez por cento da superfície da Terra está coberta de gelo. O gelo sob a forma de glaciares pode escavar grandes vales e transportar detritos ao longo de centenas de quilómetros.





Apesar de outrora o gelo ter coberto enormes áreas do nosso planeta, hoje encontra-se concentrado nos pólos e nas zonas de grandes montanhas. Contudo, a paisagem que escavou mantém-se.





Embora sólido, o gelo sob pressão pode mover-se da mesma forma que as rochas no manto da Terra. A sua estrutura é também muito semelhante. À medida que a neve se torna compacta, o ar é empurrado para fora e a neve branca e friável torna-se numa substância cristalina azul, formada por cristais de gelo em vez de minerais. Os cristais são lubrificados por uma película microscópica de água, mantida líquida pelos sais nela dissolvidos. O gelo tem a capacidade de transformar a paisagem em que se encontra.







Mover-se através da Terra

O gelo ocupa mais volume do que a água. Quando esta, que se infiltra nas fendas das rochas e pedras, gela, e estilhaça-as. Entretanto, a neve cobre o chão à volta das montanhas, cai em avalanches ou transforma-se em gelo. Finalmente este gelo começa a mover-se. Em regiões extremamente frias, o gelo cobre a paisagem como um lençol, que pode alcançar centenas de metros de espessura. O chão pode ceder e, no seu interior, formam-se correntes rápidas de gelo lubrificadas pela lama ou aquecidas pela actividade vulcânica (como sucede em parte da Antártica). Quando o lençol de gelo fica mais fino, pode separar picos rochosos, contornando-os e formando glaciares de vale, dando origem aos chamados glaciares Piedmont.






Os índices de fluidez dum glaciar podem variar entre apenas alguns metros e centenas de metros por anos. Para manter a mesma fluidez, tal como um riacho de montanha, tem de preencher todo o vale. À medida que se move, o glaciar mói pequenas rochas, transformando-as em pó. Rochedos encravados podem deixar marcas profundas, as estrias, nos lados dos vales em forma de “U”. Nalguns vales de glaciares, o gelo corta profundamente o chão, dando lugar a lagos, após a sua retirada.






À medida que o gelo se move, uma camada grossa de argila fina forma-se na parte inferior do glaciar. A pressão pode ser suficiente para manter a água em estado líquido, lubrificando  a base do glaciar e deixando montes de argila que são conhecidos por monte de aluvião. Na embocadura do glaciar, o resto dos sedimentos e rocha depositam-se formando uma moraina. Muitas vezes, um bloco de gelo fica para trás, derrete e forma um lago profundo.







As eras glaciares

Os geólogos não sabem ao certo o que provoca as eras glaciares. Contudo, os longos ciclos, na inclinação do eixo da Terra, chamados ciclos Milankovitch, parecem estar relacionados com elas. As flutuações, nos níveis de bióxido de carbono da atmosfera, podem também ter o seu papel neste fenómeno. Certo é que a partir do momento em que o gelo começa a avançar, a mudança é rápida. O gelo e a neve branca reflectem para o espaço uma maior parte de radiação do sol e, desse modo o planeta arrefece. Os cientistas descobriram que as temperaturas globais parecem flutuar entre dois estados relativamente estáveis. Estas flutuações ocorreram cerca de 35 vezes na história da Terra. A primeira prova clara duma era glaciar vem do período Pré-Câmbrico, há cerca de quatro biliões de anos.






A era glaciar mais recente começou há cerca de 3,25 milhões de anos e Pode estar ainda a decorrer, apesar do actual clima ameno. Até há cerca de 14.000 anos, havia uma enorme quantidade de gelo concentrada nos pólos e os níveis do mar  eram cerca de 80 metros mais baixos do que actualmente. Mas o gelo vai abatendo a terra, situação que ainda se verifica, Lentamente, nas latitudes a norte.







Curiosidades

O mapa abaixo, mostra as temperaturas médias em todo o mundo (em graus célsios) no mês de Julho, nos últimos 200 000 anos e mostra que na actualidade as temperaturas são particularmente quentes.





Durante a última era glaciar, a capa de gelo sobre a Escandinávia tinha mais de 3000 metros de espessura. As mais recentes eras glaciares começaram há cerca de 3,25 milhões de anos e, como referimos, os cientistas não estão certos de que tenham acabado.





No cimo das montanhas, a neve compacta começa a mover-se, formando um anfiteatro (um buraco com o aspecto de uma cadeira de braços) no começo do vale. Anfiteatros de costas uns para os outros originam picos pontiagudos piramidais. À medida que o gelo se desloca ou a superfície se inclina, abrem-se fendas no gelo. Os detritos de rochas formam morainas laterais no gelo. À medida que o glaciar desce a montanha, a base do gelo pode escavar demasiado um vale, parecendo deslocar-se para cima. No local em que um glaciar cai numa encosta ingreme, forma quedas de gelo rugosas. A embocadura é o local onde o glaciar pára e, finalmente, derrete.





A maior parte da Antártica está coberta por um lençol espesso de gelo. O gelo desce de regiões onde cai muita neve, no centro do continente, correndo para a costa. No Inverno, o lençol estende-se até ao mar. Algumas plataformas espessas de gelo permanecem todo o ano, libertando ocasionalmente enormes icebergs. Muitos cientistas temem que o aquecimento global possa provocar o colapso do lençol de gelo da Antártica Ocidental, aumentando dramaticamente os níveis globais do mar.





Estes icebergs gigantes, representados na figura abaixo, separaram-se dos lençóis de gelo da Antártica e mostram claramente os efeitos das ondas nas suas bases. Cerca de 90% do volume dos icebergs está escondido debaixo da água, o que significa que podem ser extremamente perigosos para a navegação. Os icebergs podem transportar argila e rocha da terra até ao mar profundo, dando origem aos sedimentos oceânicos.






Contamos com este artigo ter contribuído para que compreendam melhor as questões relativas ao gelo, e a sua importância na história e dinâmica do nosso planeta.





Boas caminhadas…

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