O grande desafio da conquista do tecto dos PICOS DA EUROPA,
por três membros do Clube de Montanhismo de Braga
Osvaldo
Oliveira, Manuel Martins e João Paulo conquistaram o cume da Torrecerredo numa jornada marcada pelas adeversidades do terreno e pela "agressividade" dos desniveis cortantes.
No passado dia 26 de Outubro, exactamente às 12.12h locais (11.12 h em Portugal), três montanhistas bracarenses "conquistaram o TECTO DOS PICOS DA EUROPA", o cume da Torrecerredo, com 2648 metros de altitude (8.688 pés), acima do nível do mar, localizado geograficamente na latitude 43° 11′ 54.64″ N e na
longitude 4° 51′ 13.1″ W, estando encravada no Maciço Central
dos Picos de Europa ou Maciço de Urrieles, na divisória das províncias de Astúrias
e León. Refira-se que é a mais alta montanha da Cordilheira Cantábrica e de
todo o noroeste da Península Ibérica.
A etapa final de ascensão à Torrecerredo, que
constituía o grande desafio dos três elementos do Clube de Montanhismo de
Braga, Osvaldo Oliveira, Manuel Martins e João Paulo, teve início cerca das 9:22
h, no refúgio de Urriellu, a cerca de 1953 metros de altitude, onde haviam
dormido.
Nesta ascensão, que demorou menos de 4 horas, os
três montanhistas tiveram que enfrentar vários desníveis muito acentuados, quer
positivos quer negativos, para além de alguns ventos fortes e situações de
escalada, com o vazio, como pano de fundo, para tentarem ultrapassar os 695
metros de desnível, que os separava do tão desejado cume. Para, no final,
descerem até ao refúgio de Urriellu e, aí, prepararem o regresso a Braga.
O
início da actividade começou no dia 25 de outubro, ao fim da tarde, quando os
três associados do Clube de Montanhismo de Braga partiram de Braga, com destino
a Sotres, mais concretamente ao Collado de Pandebano. Aqui, tiveram o primeiro
contacto com a cordilheira do Maciço Central dos Picos de Europa, onde chegaram
cerca das 23:00h, tendo iniciado a caminhada nocturna, para o refúgio de
Urriellu.
Esta
abordagem, algo desgastante, já que tiveram que vencer um desnível acumulado de
695 metros, com recurso a frontais e que teve a duração de 3:12h, tendo os três
montanhistas chegado cerca das 2:00 horas da manhã, ao refúgio.
Por
companhia, dado o adiantado da hora, os montanhistas só tinham algumas estrelas
e o som de alguns chocalhos de animais que andam pela montanha.
No
dia seguinte, depois de terem preparado todo o equipamento de escalada, revisto
o percurso nos mapas topográficos, da zona, e de se abastecerem com água e alimentos,
os três montanhistas iniciaram a caminhada, com destino à Torrecerredo.
Este
é um dos cumes mais desejados por todos os montanhistas, que caminham pelos
Picos da Europa. A caminhada teve início às 9:22 h, no refúgio de Urriellu. A
partir daqui, tiveram que ter determinação, sangue frio e boa condição física. A
resistência e a técnica são outras condicionantes fundamentais, para que eles pudessem
ultrapassar todas as adversidades e obstáculos, subir e descer vários montes e
brechas, de modo a irem ganhando altitude. Começaram por terem que escalar a
Brecha de los Cazadores, prosseguindo em direção ao majestoso e imponente
Diente de Urrillo.
Daqui,
iniciaram uma descida bastante técnica, onde os desníveis negativos estavam
sempre na ordem das centenas de metros. Por isso é que descrever a dificuldade
técnica é uma tarefa bastante complicada, já que este percurso está catalogado
com um grau entre II+ e III-, ou seja, com baixa dificuldade. Contudo, a
permanente exposição ao vazio (200, 300 ou até mais de 400 metros) promove uma
pressão psicológica permanente.
Como
foi referido pelos nossos montanhistas, «para cada montanhista, o limite entre
o sofrimento ou prazer da caminhada, é uma questão muito pessoal, já que
depende da sua experiência, da sua técnica e capacidade para controlar a tensão
e as emoções. O que para um poder ser trepar, para outro pode ser escalada;
onde um pode necessitar de corda, outro pode ultrapassar o obstáculo com
naturalidade. O fundamental é saber ler, em cada momento, o percurso, e ter
consciência que o perigo espreita em cada passo ou em cada ponta rochosa que
colocamos os pés ou as mãos».
Chegados
à base da Torrecerredo, os três montanhistas, descansaram um pouco,
aproveitando para se alimentarem e hidratarem. A partir daqui, fizeram o
“assalto” ao cume. Para tal, tiveram que ultrapassar um desnível de cerca de 450
metros, muitas das vezes com pendentes quase verticais, onde a utilização das
mãos foi permanente, para ajudar na ascensão e para manter o equilíbrio. «É uma
ascensão lenta, com uma exposição ao vazio permanente e com um grau de
exigência física elevado. Há que estar permanentemente concentrado para que não
resvalemos, tropecemos ou nos caia uma pedra movida por um colega. Se algum
acidente acontecer, quer na ascensão ou na descida, a probabilidade de ser
mortal é muito elevada», referiram os nossos associados. Como tal, os três
montanhistas tiveram que minimizar todo o risco trepando e destrepando com
muita atenção, fixando bem os pés e as mãos, para que o indesejável não
acontecesse, para além de utilizarem técnicas de encordoamento típicas de
escalada, para fazerem toda a actividade com segurança, nomeadamente na descida.
Chegados
ao tão desejado cume da Torrecerredo, cerca das 12:12h, os montanhistas do
Clube de Braga, rasgaram sorrisos de orelha a orelha, observaram a imponente
paisagem que rodeava a Torrecerredo, tiraram fotos e desfraldaram as bandeiras
do Clube de Montanhismo e do Município de Braga, naquele que é o cume mais alto
dos Picos da Europa.
O
regresso fez-se com toda a prudência, até ao refúgio de Urrillu, onde tiveram
tempo para “cruzar” amizades e experiências com escaladores asturianos.
Depois
de terem percorrido algumas montanhas e cumes das mais emblemáticos a nível
mundial, como são o exemplo do Kilimanjaro, na Tanzânia, o Monte Branco, nos
Alpes Franceses, o Pico Aneto e o Monte Perdido, nos Pirinéus, o Jebel Toubkal,
em Marrocos, o Monte McKinley, no
Alasca, o Aconcágua, na Argentina, o Elbrus, na Rússia, a Torrecerredo surge
como mais uma conquista bem sucedida por parte de elementos do Clube de
Montanhismo de Braga. Foi, aliás, êxito para esta instituição, ainda
jovem, mas que se propõem continuar na senda da conquista de cumes, procurando
levar cada vez mais alto as bandeiras do Clube de Montanhismo de Braga, de
Portugal e da nossa cidade de Braga.
Os
protagonistas desta aventura
João Paulo
Soares
Manuel Martins
Osvaldo Oliveira
A Torrecerredo
ou Torre de Cerredo (La Torre Cerredu em língua asturiana) é a
mais alta montanha dos Picos de Europa, com 2648 m. É também a mais alta da Cordilheira
Cantábrica e de todo o noroeste da Península Ibérica, estando encravada no Maciço
Central dos Picos de Europa ou Maciço de los Urrieles, na divisória das
províncias de Astúrias e León. Tem um desnível de mais de 2200 m sobre o rio
Cares, e dispõe de magníficas vistas do maciço ocidental e canais que vertem
sobre a garganta do Cares.
Não possui um grau de dificuldade muito elevado e foi
ascendida pela primeira vez por Aymar d’Arlot de Saint Saud, Paul Labrouche,
Juan Suárez, de Espinama, e Francois Salles, de Gvarnie, em 30 de Junho de
1882.
A Torrecerredo pode reclamar um lugar de destaque, em
todos os Picos da Europa, fazendo valer, para isso, a sua altitude e as
fabulosas vistas que se podem disfrutar desde o seu cume.
A abordagem à sua ascensão, normalmente inicia-se no
refúgio de Urriellu, por ser esta a opção mais curta, ainda que também se pode
chegar, de um modo comodo, desde o pequeno refúgio de Jou de Cabrones.
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