15 novembro 2013

Escalada à TORRECERREDO…




O grande desafio da conquista do tecto dos PICOS DA EUROPA,
por três membros do Clube de Montanhismo de Braga




Osvaldo Oliveira, Manuel Martins e João Paulo conquistaram o cume da Torrecerredo numa jornada marcada pelas adeversidades do terreno e pela "agressividade" dos desniveis cortantes.


 No passado dia 26 de Outubro, exactamente às 12.12h locais (11.12 h em Portugal), três montanhistas bracarenses "conquistaram o TECTO DOS PICOS DA EUROPA", o cume da Torrecerredo, com 2648 metros de altitude (8.688 pés), acima do nível do mar, localizado geograficamente na latitude 43° 11′ 54.64″ N e na longitude 4° 51′ 13.1″ W, estando encravada no Maciço Central dos Picos de Europa ou Maciço de Urrieles, na divisória das províncias de Astúrias e León. Refira-se que é a mais alta montanha da Cordilheira Cantábrica e de todo o noroeste da Península Ibérica.








A etapa final de ascensão à Torrecerredo, que constituía o grande desafio dos três elementos do Clube de Montanhismo de Braga, Osvaldo Oliveira, Manuel Martins e João Paulo, teve início cerca das 9:22 h, no refúgio de Urriellu, a cerca de 1953 metros de altitude, onde haviam dormido.









Nesta ascensão, que demorou menos de 4 horas, os três montanhistas tiveram que enfrentar vários desníveis muito acentuados, quer positivos quer negativos, para além de alguns ventos fortes e situações de escalada, com o vazio, como pano de fundo, para tentarem ultrapassar os 695 metros de desnível, que os separava do tão desejado cume. Para, no final, descerem até ao refúgio de Urriellu e, aí, prepararem o regresso a Braga.





O início da actividade começou no dia 25 de outubro, ao fim da tarde, quando os três associados do Clube de Montanhismo de Braga partiram de Braga, com destino a Sotres, mais concretamente ao Collado de Pandebano. Aqui, tiveram o primeiro contacto com a cordilheira do Maciço Central dos Picos de Europa, onde chegaram cerca das 23:00h, tendo iniciado a caminhada nocturna, para o refúgio de Urriellu.





Esta abordagem, algo desgastante, já que tiveram que vencer um desnível acumulado de 695 metros, com recurso a frontais e que teve a duração de 3:12h, tendo os três montanhistas chegado cerca das 2:00 horas da manhã, ao refúgio.





Por companhia, dado o adiantado da hora, os montanhistas só tinham algumas estrelas e o som de alguns chocalhos de animais que andam pela montanha.

No dia seguinte, depois de terem preparado todo o equipamento de escalada, revisto o percurso nos mapas topográficos, da zona, e de se abastecerem com água e alimentos, os três montanhistas iniciaram a caminhada, com destino à Torrecerredo.





Este é um dos cumes mais desejados por todos os montanhistas, que caminham pelos Picos da Europa. A caminhada teve início às 9:22 h, no refúgio de Urriellu. A partir daqui, tiveram que ter determinação, sangue frio e boa condição física. A resistência e a técnica são outras condicionantes fundamentais, para que eles pudessem ultrapassar todas as adversidades e obstáculos, subir e descer vários montes e brechas, de modo a irem ganhando altitude. Começaram por terem que escalar a Brecha de los Cazadores, prosseguindo em direção ao majestoso e imponente Diente de Urrillo.





Daqui, iniciaram uma descida bastante técnica, onde os desníveis negativos estavam sempre na ordem das centenas de metros. Por isso é que descrever a dificuldade técnica é uma tarefa bastante complicada, já que este percurso está catalogado com um grau entre II+ e III-, ou seja, com baixa dificuldade. Contudo, a permanente exposição ao vazio (200, 300 ou até mais de 400 metros) promove uma pressão psicológica permanente.





Como foi referido pelos nossos montanhistas, «para cada montanhista, o limite entre o sofrimento ou prazer da caminhada, é uma questão muito pessoal, já que depende da sua experiência, da sua técnica e capacidade para controlar a tensão e as emoções. O que para um poder ser trepar, para outro pode ser escalada; onde um pode necessitar de corda, outro pode ultrapassar o obstáculo com naturalidade. O fundamental é saber ler, em cada momento, o percurso, e ter consciência que o perigo espreita em cada passo ou em cada ponta rochosa que colocamos os pés ou as mãos».







Chegados à base da Torrecerredo, os três montanhistas, descansaram um pouco, aproveitando para se alimentarem e hidratarem. A partir daqui, fizeram o “assalto” ao cume. Para tal, tiveram que ultrapassar um desnível de cerca de 450 metros, muitas das vezes com pendentes quase verticais, onde a utilização das mãos foi permanente, para ajudar na ascensão e para manter o equilíbrio. «É uma ascensão lenta, com uma exposição ao vazio permanente e com um grau de exigência física elevado. Há que estar permanentemente concentrado para que não resvalemos, tropecemos ou nos caia uma pedra movida por um colega. Se algum acidente acontecer, quer na ascensão ou na descida, a probabilidade de ser mortal é muito elevada», referiram os nossos associados. Como tal, os três montanhistas tiveram que minimizar todo o risco trepando e destrepando com muita atenção, fixando bem os pés e as mãos, para que o indesejável não acontecesse, para além de utilizarem técnicas de encordoamento típicas de escalada, para fazerem toda a actividade com segurança, nomeadamente na descida.






Chegados ao tão desejado cume da Torrecerredo, cerca das 12:12h, os montanhistas do Clube de Braga, rasgaram sorrisos de orelha a orelha, observaram a imponente paisagem que rodeava a Torrecerredo, tiraram fotos e desfraldaram as bandeiras do Clube de Montanhismo e do Município de Braga, naquele que é o cume mais alto dos Picos da Europa.








O regresso fez-se com toda a prudência, até ao refúgio de Urrillu, onde tiveram tempo para “cruzar” amizades e experiências com escaladores asturianos.








Depois de terem percorrido algumas montanhas e cumes das mais emblemáticos a nível mundial, como são o exemplo do Kilimanjaro, na Tanzânia, o Monte Branco, nos Alpes Franceses, o Pico Aneto e o Monte Perdido, nos Pirinéus, o Jebel Toubkal, em Marrocos, o Monte McKinley, no Alasca, o Aconcágua, na Argentina, o Elbrus, na Rússia, a Torrecerredo surge como mais uma conquista bem sucedida por parte de elementos do Clube de Montanhismo de Braga. Foi, aliás, êxito para esta instituição, ainda jovem, mas que se propõem continuar na senda da conquista de cumes, procurando levar cada vez mais alto as bandeiras do Clube de Montanhismo de Braga, de Portugal e da nossa cidade de Braga.

Os protagonistas desta aventura





João Paulo Soares





Manuel Martins




Osvaldo Oliveira



A Torrecerredo ou Torre de Cerredo (La Torre Cerredu em língua asturiana) é a mais alta montanha dos Picos de Europa, com 2648 m. É também a mais alta da Cordilheira Cantábrica e de todo o noroeste da Península Ibérica, estando encravada no Maciço Central dos Picos de Europa ou Maciço de los Urrieles, na divisória das províncias de Astúrias e León. Tem um desnível de mais de 2200 m sobre o rio Cares, e dispõe de magníficas vistas do maciço ocidental e canais que vertem sobre a garganta do Cares.
Não possui um grau de dificuldade muito elevado e foi ascendida pela primeira vez por Aymar d’Arlot de Saint Saud, Paul Labrouche, Juan Suárez, de Espinama, e Francois Salles, de Gvarnie, em 30 de Junho de 1882.

A Torrecerredo pode reclamar um lugar de destaque, em todos os Picos da Europa, fazendo valer, para isso, a sua altitude e as fabulosas vistas que se podem disfrutar desde o seu cume.
A abordagem à sua ascensão, normalmente inicia-se no refúgio de Urriellu, por ser esta a opção mais curta, ainda que também se pode chegar, de um modo comodo, desde o pequeno refúgio de Jou de Cabrones.






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