16 maio 2012

Orientação e Cartografia (2ª parte)

Nesta segunda parte do tema  Orientação e Cartografia, vamo-nos cingir especificamente a uma componente prática, na sequência da primeira parte, que abordou apenas a componente teórica, que serviu para ajudar melhor a compreender esta continuação.

Como agir no caso de se perder

O que deve fazer se se perder num local deserto depende em grande parte das circunstâncias. De noite ou com tempo frio, a prioridade é encontrar um abrigo, com bom tempo, a prioridade é encontrar uma estrada, uma povoação ou um telefone.


Mal suspeite de que se perdeu, pare e avalie a situação. Continuar às cegas apenas poderá agravá-la. 

Se tiver um mapa, verifique a legenda para saber o que significam os símbolos. Provavelmente ficará com uma noção aproximada do local onde se encontra.

 Olhe em volta à procura de pontos de referência que condigam com o mapa. 

Procure localizar no mapa a última posição antes de se perder e tente traçar o caminho desde então, recordando cursos de água ou outros pontos de referência por onde tenha passado. 

Estude as curvas de nível do mapa para fazer uma ideia da configuração do terreno na área onde se perdeu. As curvas de nível  muito espaçadas correspondem a terreno pouco acidentado. A inexistência de curvas de nível indica uma planície ou um planalto. As curvas muito fechadas assinalam normalmente os contrafortes de um monte ou vale.

Verifique também a escala do mapa, por exemplo 1:50 000 significa que 1 cm no mapa equivale a 50 000 cm (0,5 km) no terreno. 

Sirva-se de um dedo como medidor tosco, se não tiver papel e lápis. O dedo indicador da maioria dos adultos mede cerca de 2,5 cm da ponta até à primeira articulação. Além disso, as cartas topográficas apresentam uma quadrícula que juntamente com a escala pode ser utilizada para calcular distâncias sem a ajuda de uma régua. 

Rode o mapa até os símbolos ficarem alinhados com os pontos de referência que representam. Decida-se quanto à direcção a tomar para alcançar uma estrada ou uma povoação. 

Verifique se existe algum obstáculo, uma escarpa ou um rio largo por exemplo, a barrar-lhe o caminho até ao destino escolhido. Se houver, arranje maneira de o contornar sem se desviar demasiado. 

Procure no mapa e no terreno um ponto de referência para se orientar. Verifique no mapa o seu avanço, procurando outros pontos de referência de um lado e do outro do caminho, à medida que for avançando.


E se não tiver mapa nem bússola?

Mesmo que não tenha mapa ou bússola, poderá encaminhar-se para local seguro, desde que observe alguns preceitos.

Considere em primeiro lugar voltar atrás pelo mesmo caminho até à ultima estrada principal por onde tenha passado.

Se não for possível voltar atrás, olhe à sua volta. Se avistar uma estrada dirija-se para lá.

Se conseguir orientar-se por pontos de referência no terreno de modo a reconhecer pelo menos vagamente o sítio onde se encontra, dirija-se para a estrada, caminho, via férrea ou curso de água mais próximo que saiba ir dar a lugar seguro.


Orientação sem Carta ou Bússola

O passo fundamental para se determinar a direcção, é localizar os quatro pontos cardeais no terreno. Existem vários métodos para o fazer sem bússola.

Pelo Sol

O Sol nasce a Este e põe-se a Oeste nos dias do Equinócio (por volta de 21 de Março e 21 de Setembro), mas ligeiramente a Sul destes pontos no Outono e Inverno e ligeiramente a Norte destes pontos na Primavera e Verão. Contudo convém lembrar que a direcção é função do nosso propósito. Se formos obrigados a atingir um ponto ou local específicos, é forçoso que alinhe a direcção pretendida com o Norte ou o Sul Magnéticos ou Geográficos. Mas se apenas pretende manter uma direcção, a trajectória do Sol é o melhor ponto de referência permanente.


A Bússola das mãos

Se for de manhã, estenda o braço direito na direcção em que o Sol está a nascer, que é o Este, desta forma, ficaremos com o Oeste na direcção do braço esquerdo, o Norte estará à nossa frente e o Sul estará atrás de nós. Se for da parte da tarde, basta estender o braço o braço esquerdo na direcção em que o Sol vai caindo, que é o Oeste, assim o Este ficará no lado do braço direito, o Norte à frente e o Sul atrás.


Método da sombra da vara

1 -  Cravar uma vara no chão, em local onde se possa projectar uma sombra distinta, marcar onde a sombra da ponta da vara bater no chão.

2 – Aguardar que a sombra da vara se desloque alguns centímetros. Se a vara tiver cerca de 1 metro, bastam quinze minutos. Quanto mais comprida for a vara, tanto mais rapidamente se deslocará a sombra. Marcar a nova posição da sombra da ponta da vara.

3 – Traçar uma linha recta, passando pelas duas marcas referidas, obtendo aproximadamente, a linha Este-Oeste. A primeira marca fica sempre para Oeste, a segunda marca fica sempre para Este, a qualquer hora do dia e em qualquer lugar da Terra.

4 – Qualquer linha perpendicular à anterior indicará, aproximadamente, a direcção Norte-Sul, a qual ajudará a orientar para qualquer direcção de marcha.




 
Determinação da hora pelo método da sombra da vara

Ao meio-dia, a hora dada por este relógio de Sol está próxima da hora dos relógios convencionais e o espaçamento das outras horas, comparado com o das horas convencionais, varia um pouco o local e a data.

Para saber as horas do dia crava-se a estaca verticalmente na intersecção das linhas Este-Oeste e Norte-Sul. A ponta Oeste da linha Este-Oeste indica as 6 horas e a ponta Este as 18 horas, em qualquer ponto da Terra. A linha Norte-Sul fica assim transformada na linha do meio-dia. A sombra da vara é o ponteiro das horas deste relógio de Sol e com ela pode estimar as horas usando a linha do meio-dia e a linha das 6-18 horas como referências. A sombra pode deslocar-se quer no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, quer no sentido contrário, conforme a localização e a estação do ano, mas este facto não altera a maneira de ler este relógio de Sol. O relógio de Sol não é um relógio em sentido comum. Nele o dia tem doze horas desiguais e lêm-se sempre 6 horas ao nascer do Sol e 18 horas ao pôr do Sol.


Método do relógio

Pode usar-se o relógio para determinar, aproximadamente, quer o Norte quer o Sul verdadeiros. Apenas na zona temperada do Norte o ponteiro das horas é apontado para o Sol. A meia distância entre o ponteiro das horas e s 12 horas do relógio corre uma linha que aponta o Sul. Para poupar tempo e à luz do dia, a linha Norte-Sul pode ser determinada a meia distância entre o ponteiro das horas e a 1 hora. Se tiver dúvidas acerca de qual das extremidades da linha aponta o Norte, basta recordar que o Sol está a Este antes do meio-dia e a Oeste da parte da tarde.

O relógio também pode ser usado para orientação na zona temperada do Sul, porém o método é diferente. Aponta-se a marca das 12 horas do relógio para o Sol e a meia distância entre as “12” e o ponteiro das horas estará  a linha que indica o Norte. À luz do dia, e para poupar tempo, esta linha pode ser determinada a meia distância entre o ponteiro das horas e o “1”. As zonas temperadas em ambos os hemisférios ficam compreendidas entre os  23,5º e os 66,5º de latitude.



Método das sombras iguais

1. Crava-se uma vara ou ramo verticalmente em local apropriado para se obter uma sombra nítida com, pelo menos 30 cm de comprimento. Marca-se a sombra do topo da vara com uma pedra, cavaco ou qualquer outra coisa. Esta operação tem de ser feita cinco a dez minutos antes do meio-dia (hora solar).

2. Traça-se um arco cujo raio seja o comprimento da sombra anteriormente marcada e cujo centro seja a base da vara. Para fazer isto, pode-se usar um cordel, os atacadores dos sapatos ou uma outra vara.

3. À medida que o meio-dia se for aproximando, a sombra irá encurtando. Após o meio-dia, o comprimento da sombra irá aumentando até cruzar o arco. Mal a sombra da ponta da vara tocar o arco pela segunda vez, marque o sítio.

4. Risque uma linha recta que passe pelas duas marcas para obter a linha Este-Oeste.
Embora esta seja a versão mais rigorosa do método da sombra da vara:

. Tem de ser efectuada próximo do meio-dia.

. Para se completar o processo, o observados tem de estar atento à sombra e executar o passo 3 no instante em que a ponta da sombra tocar o arco.



Orientação durante a noite

Orientar-se à noite no céu parece ser difícil, mas na realidade é como ler um mapa de estradas. Se olharmos para o céu durante algum tempo percebemos que toda a esfera celeste parece rodar em torno de um ponto fixo. No hemisfério Norte, a esse ponto chamamos Pólo Norte Celeste. Próximo desse ponto encontra-se uma estrela não muito brilhante, mas importante porque está orientada a Norte e ao contrário de todas as outras estrelas mantendo a mesma posição ao longo da noite. No meio de tantas estrelas apenas temos que encontrar a Estrela Polar.


Encontrar o Norte

A Polar encontra-se na constelação da Ursa Menor, mas é mais fácil de localizar pela constelação da Ursa Maior. As duas estrelas da extremidade da “caçarola” (que são as mais brilhantes desta constelação e dão pelo nome de Dubhe e Merak), são normalmente designadas por “guardas”. A Estrela Polar fica no prolongamento da linha que une as “guardas” (cerca de cinco vezes a distância que as une), esta linha tem que ser prolongada para o lado de convexidade da cauda. A Uesa Maior roda lentamente em torno da Estrela Polar e nem sempre aparece na mesma posição.


A constelação de Cassiopeia também pode ser usada. Este grupo de cinco estrelas brilhantes apresenta-se como um “M” cambado (ou como um “W”, quando está próxima da linha do horizonte). A Estrela Polar fica exactamente em frente da Estrela do centro a cerca de meio caminho entre a Cassiopeia e a Ursa Maior. A Cassiopeia também roda lentamente em torno da Estrela Polar e localiza-se sempre em posição quase diametralmente oposta à da Ursa Maior. Esta posição constitui um auxiliar valioso quando a Ursa Maior se encontra baixa ou fora da vista devido à vegetação ou ao terreno elevado.



Encontrar o Sul

A Sul do Equador, encontrar esse ponto cardeal não é assim tão fácil, pois não há uma estrela brilhante próxima. Ainda assim, a constelação do Cruzeiro do Sul ajudará a localizar a direcção geral do Sul e, a partir desta base, qualquer outra direcção. Este grupo de quatro estrelas brilhantes tem a forma de uma cruz, e daí o seu nome. As duas estrelas que formam o eixo maior do Cruzeiro são designadas por “pontas”. Prolonga-se o eixo maior da Cruz, na direcção do nosso pé, quatro vezes e meia a distância que separa as duas “pontas” e obtém-se um ponto imaginário. Este ponto assinala a direcção geral do Sul. Deste ponto, olha-se perpendicularmente à linha do horizonte e escolhe-se uma referência no terreno.




Pela Lua

Tal como o Sol, a Lua nasce aproximadamente a Este e põe-se a Oeste. Mas por ter um período de rotação diferente da Terra, ela nasce e põe-se sempre em horas diferentes.



As fases da Lua são causadas pela sua posição em relação ao Sol, a parte iluminada é a que se encontra na direcção do Sol.



A Lua Cheia é visível toda a noite, nasce a Este, atinge a máxima altura no céu na direcção Sul e põe-se aproximadamente a Oeste. Pelo contrário, a Lua Nova não é visível porque atravessa o céu durante o dia.

Em Quarto Crescente (forma de “D”) a Lua é visível no início da noite aproximadamente a Sul e põe-se a Oeste no início da madrugada. Pelo contrário em Quarto Minguante (forma de “C”) a Lua nasce a Este no início da madrugada e encontra-se na direcção Sul ao amanhecer.

Para os habitantes do Hemisfério Sul, a Lua não é visível na direcção Sul, mas sim a Norte. A Lua em Quarto Crescente passa a ter a forma de “C” e consequentemente, tem a forma de “D” em Quarto Minguante.


Orientação por indícios e informações

Igrejas – (Nas antigas) estão normalmente orientadas de Oriente para Ocidente, isto é, a entrada está voltada a poente e o altar a nascente. Outra maneira, o altar fica do lado da Terra Santa.

Cataventos – Colocados nas torres das igrejas e noutros edifícios com uma cruzeta, com as indicações dos pontos cardeais.

Acção Clorofilia – O cimo (copa) dos pinheiros inclinam-se mais para o Sol nascente. Os ramos das árvores são maiores e mais numerosos do lado Sul, por ser desse lado que incide mais o Sol.

Casca das árvores – Apresentam-se mais rugosas, mais grossas e com mais fendas do lado em que são batidas pelas chuvas, isto é, do lado voltadas a Norte ou Noroeste.

Caracóis – Geralmente encontram-se mais nas paredes voltadas a Sul e a Este.

Formigas – Têm o formigueiro e principalmente as estradas abrigadas dos ventos dominantes (Norte em Portugal, ficando portanto a entrada virada a Sul).

Moínhos – Em Portugal, a porta está geralmente voltada para Sudeste (também devido aos ventos dominantes).

Criptogâmicos – (Musgo, cogumelos, etc) A sua existência, que se desenvolve mais no lado húmido, indica-nos o Norte. O Sol incide no lado Sul porque estamos a Norte da zona tórrida.


A título de curiosidade, é importante no final do dia sabermos quanto tempo temos de luz solar. Pois existe um método simples de o calcular, basta estender  o nosso braço colocando a nossa mão em frente e colocando o sol na intersecção do dedo polegar e do indicador, os dedos que ficam para baixo em direcção à linha do horizonte, dão-nos um tempo aproximado  de quando o sol desaparecerá, contando que cada dedo equivale a 15 minutos de luz solar, basta somar quinze minutos pelos dedos que separam o Sol da linha do horizonte.



A Variação ou Declinação Magnética

Aparentemente, para orientar a carta, o único que temos que fazer, é verificar a direcção que a bússola nos indica o Norte e alinhar a carta com essa direcção. Mas desgraçadamente a vida não é assim tão simples. Para tornar isto mais complicado e como já dissemos no artigo anterior, existem 3 Nortes, entre os quais temos que eleger e o mais exacto ou não que resultará a nossa orientação vai depender do que elegermos. O Norte Geográfico é o Pólo Norte, que não terá grande interesse para nos orientarmos na montanha. O Norte Verdadeiro é o Norte que assinalam as linhas de coordenadas, da quadricula, da carta e o Norte Magnético, que muda ligeiramente de posição todos os anos e que nos é assinalado pela bússola. A diferença entre o Norte Verdadeiro e o Norte Magnético chama-se Variação ou declinação magnética. A causa desta aparente anomalia é derivada pela atração magnética que se situa numa pequena ilha situada ligeiramente a Oeste do Polo Norte Geográfico, e consequentemente a variação magnética será um pouco diferente dependendo do local onde nos encontremos. Nas cartas, geralmente está indicado o valor aproximado da declinação.
Portanto o Norte Verdadeiro, que é o que as cartas nos indicam, está na direcção do Polo Norte Geográfico e o Norte que nos assinala a agulha da bússola está a cerca de 2.250 km de distância do geográfico. No Dakota existe muito pouca declinação, porque o Norte Magnético está mesmo muito próximo. Na Califórnia, o Norte Magnético situa-se ligeiramente a Este do Norte Verdadeiro e no New England está um pouco a Oeste. Estas diferenças servem para exemplificar um pouco as diferenças existentes.

Para corrigir a declinação na bússola e podermos orientar a carta correctamente, temos que ler primeiro na legenda da carta qual é a declinação (neste exemplo prático será 352 graus).

1. Roda-se o limbo até que o Norte coincida com a seta de direcção do rumo.




2. Coloca-se um dos lados da bússola paralelo a qualquer meridiano (ou linha de quadrícula Norte-Sul) no mapa.



3. De seguida, giram-se ambos, a bússola e o mapa, até que a ponta vermelha da agulha imãnada indique a declinação (neste caso 352 graus). O mapa neste momento está orientado e portanto coincide com o terreno.



Processos de Orientação

A carta topográfica

As cartas topográficas estão divididas em quadriculas com numeração, estas servem para calcularmos as coordenadas geográficas. Portanto as quadrículas das cartas ajudam-nos a localizar com toda a precisão, a nossa posição. Para calcular as coordenadas, primeiro seguimos as linhas horizontais (a) e verificamos que o quadrado sombreado (neste caso será a nossa localização) se situa entre as linhas com os números 43 e 44. De seguida subimos pelas linhas verticais (b) e verificamos que o quadrado se situa entre os números 25 e o 26. A posição do quadrado é portanto 4.325. Para sermos mais exactos utilizaremos uma referência com 6 dígitos. Podemos utilizar o lado graduado da bússola para dividir os lados da quadrícula identificada com a referência de 4 dígitos em 10 partes iguais e deste modo conseguimos a terceira e sexta numeração. Desta forma sabemos que a nossa posição exacta é 436.253.



Orientação de uma carta

Sabe-se que muita gente se colocou a caminhar em direcção errada, simplesmente porque pegaram na carta como se fosse um livro, que tem uma parte de cima e uma parte de baixo e não como um mapa que tem um Norte e um Sul. Portanto, um mapa deve-se segurar comparando-o com os acidentes de terreno, ainda que implique pegar nele de pernas para o ar. Devemos observar as características da paisagem que nos rodeia, identificando lagos, bosques, colinas, etc,  e comparar com as suas representações na carta. Se não estiverem no seu sítio, devemos dar a volta ao mapa até que todos os pontos identificados fiquem no devido sítio em relação à carta. Devemos levar em conta que não temos uma perspectiva de um pássaro em relação ao terreno, pelo que é necessária uma certa práctica para orientar e interpretar a carta desta forma.


Métodos de orientação:

a) Com a bússola: Determina-se a declinação cartográfica, marca-se sobre a carta a direcção do Norte Magnético (na escala de tangente).
Faz-se coincidir a direcção da agulha magnética com a direcção marcada na carta (Norte Magnético) ficando assim a carta orientada.


b) Conhecendo o ponto de estação (ponto onde nos encontramos) e identificando um ponto do terreno na carta.

Faz-se coincidir a direcção do terreno (ponto estação – ponto identificado) com a sua homóloga na carta (ponto de estação na carta – ponto identificação na carta). A carta fica orientada.


c) Não sendo conhecido o ponto estação, mas sendo conhecido e identificado no terreno uma linha bem defenida (estrada, linha de água, linha férrea, etc).

1) Há que determinar o ponto estação para isso.

a) Por comparação com os objectos que nos rodeiam. Depois de a carta estar orientada através da comparação carta-terreno e pelo cálculo da distância a 1 ou 2 acidentes comparados, sabe-se a nossa posição (ponto de estação).

b) Por intersecções – Orienta-se a carta, escolhe-se um ponto de referência no terreno e com uma régua, marca-se na carta a direcção segundo a qual se vê o ponto (a direcção marcada deve passar pelo sinal que representa na carta o ponto escolhido). Repete-se a operação para outro ponto de referência. O cruzamento das duas linhas traçadas, de preferência 3, é o ponto estação.



Determinar o local onde nos encontramos

Procurar os símbolos. 

Uma vez orientada a carta, segure-a com firmeza. Examine no mapa a área onde julgamos encontrar-nos e procurar localizar símbolos que representem pontos de referência fáceis de identificar, tais como o cume de um monte, uma ponte ou uma igreja. Devemos olhar à nossa volta e procurar encontrar esses pontos de referência no terreno. Depois, mira-se ao longo do mapa de modo que o símbolo neste e o ponto correspondente no terreno fiquem alinhados. A nossa posição situa-se algures ao longo dessa linha. Repete-se o processo com outros pontos de referência e a nossa posição será algures no triângulo formado geralmente por essas linhas.




Como Utilizar a bússola

. Colocamo-nos em frente ao objecto cuja direcção tomamos como referência.

. Mantemos a bússola nivelada (deve estar paralela ao solo de preferência). Mantendo-a assim, a agulha move-se livremente.

. Mantemos a bússola directamente à nossa frente, não angulada.

. Para alinhar a agulha magnética e a flecha de orientação, mantemos a bússola o mais próxima possível, de forma que se veja a esfera olhando-a para baixo e não desnivelada. Assim seremos capazes de situar a agulha exactamente sobre a flecha de orientação com os extremos alinhados.

. Devemos estar afastados de tempestades magnéticas, rochas eruptivas, grandes massas de ferro (torres, pontes, hangares, etc), cabos condutores de energia eléctrica, etc, pois provocam desvios da agulha da bússola.


Orientação pela bússola

. A agulha magnética da bússola indica-nos o Norte Magnético, pelo que, para se determinar o Norte Geográfico, bastará entrar em linha de conta com o valor da declinação magnética.

. Na prática, para nos orientarmos com a bússola, colocamo-la horizontalmente e rodamos o limbo graduado até que o Norte fique alinhado com a linha de leitura. Com este procedimento obtemos uma orientação Norte, que é o mesmo que 0º ou 360º. De seguida segura-se a bússola nivelada à nossa frente a uma distância que se consiga ver facilmente.



Seguidamente roda-se o corpo e a bússola simultaneamente, até que o extremo vermelho da agulha fique sobre a ponta da seta de direcção.



Neste momento estaremos orientados para o Norte magnético. Para seguir essa direcção, deslocamo-nos ao longo da linha indicada pela seta de direcção.



. A direcção a seguir, no terreno é definida com base na linha Norte-Sul do mostrador.


Como determinar o azimute magnético de um alvo usando a bússola

Primeiro deve-se alinhar a fenda de pontaria com a linha de pontaria e com o alvo. Depois deste alinhamento, espreita-se pela ocular para o mostrador e lê-se a medida junto ao ponto de referência.



Quando nos é dado um azimute

Se nos é fornecido um azimute em graus, rodamos o mostrador da bússola de modo que esse valor fique virado para a linha de referência. Segura-se a bússola horizontalmente à nossa frente, com a linha de direcção a apontar para a frente.

Rodamos o corpo até que a ponta vermelha da agulha magnética esteja alinhada com o Norte do mostrador. Neste momento ficamos virados na direcção do deslocamento.



Orientação com carta e bússola

. Coloca-se a bússola sobre a carta, de modo a que as respectivas linhas Norte-Sul  fiquem paralelas.


. Roda-se todo o conjunto (a carta e o mostrador da bússola devem manter as mesmas posições relativas), até que a ponta da agulha que indica o Norte Magnético fique sobre o ponto do mostrador que define a declinação.



. Deve-se notar que esta operação deverá ser efectuada fora da influência de quaisquer massas metálicas.



Transformação de um rumo do mapa para a bússola

1. Segura-se a carta, plana e calcula-se o rumo a olho, para evitar erros de 180º no rumo final. No exemplo apresentado, o rumo de “A” a “B” é de aproximadamente 45 graus.


2. Coloca-se a bússola sobre a linha imaginária que une “A” a “B”, de forma que a seta indicadora do rumo apresente essa direcção.

3. Roda-se o limbo da bússola, até que as linhas de orientação fiquem paralelas aos meridianos da carta, e agora lê-se o rumo na marca de indicação dos graus. Já temos o rumo verdadeiro. Se nos situamos numa zona onde a variação magnética é superior a 3 graus, devemos tomar particular atenção. Para conseguirmos um rumo magnético teremos que aumentar (somar) de modo que se o rumo verdadeiro for de 46 graus e a declinação magnética, segundo o mapa, fôr de 5º, o rumo magnético será de 51 graus. Teremos então que rodar o limbo da bússola até que a marca indicadora, marque 51 graus.


4. Para conseguir o rumo, segura-se a bússola plana na mão, à nossa frente. Rodamos até que o extremo vermelho da agulha imânada coincida com o Norte do limbo e seja paralela às linhas de orientação. A direcção a seguir, é a que aponta a seta de indicação do rumo.


Como devem compreender Muito fica por abordar sobre este tema, mas apenas tentamos deixar uma ideia simples de como nos orientarmos. Lógicamente, aconselhamos que frequentem uma  formação e saiam para o campo com pessoas que dominem esta matéria, de forma a aprofundarem os conhecimentos. E para terminar este artigo, gostaríamos de deixar algumas chamadas de atenção de forma a evitar problemas de desorientação quando sairmos para o monte.

Assim, qualquer pessoa que se aventure a pé na montanha, pode reduzir ao mínimo os riscos de se perder, se observar algumas regras simples:

Informe alguém do local aonde vai e da hora a que espera chegar. Confirme a sua chegada para que o seu contacto não peça desnecessariamente auxilio.

Calcule quanto tempo a sua viagem irá demorar. Um adulto em boa forma pode estimar a caminhada em campo aberto à velocidade de cerca de 4 km/h, excluindo as paragens para descansar.


Acrescente 50 minutos à sua estimativa por cada 500 m de escalada ao longo do percurso.

Informe-se das condições meteorológicas antes da partida e vista-se em conformidade com a previsão do estado do tempo.

Se se deslocar para um local desconhecido, tente reunir um grupo de pelo menos quatro pessoas. Se uma se ferir ou magoar, um membro do grupo pode ficar junto à vítima, enquanto os outros dois buscam socorro.

Se tiver pouca experiência de caminhar em campo aberto, pondere bem antes de se aventurar sozinho.

Se os seus planos forem alterados por qualquer razão após a partida, informe aqueles que o esperam, se tal for possível. Deste modo poderá evitar  alarmes falsos e impedir que quaisquer serviços de socorro sejam alertados desnecessariamente.


Posto isto, basta-nos terminar com os votos de boas caminhadas … e, orientados

Nota: gostaríamos de deixar aqui o nosso agradecimento ao Benjamim Ribeiro, pela sua colaboração na parte de orientação nocturna.

1 comentário:

  1. Excelente artigo - arriscaria a dizer o melhor actualmente disponível em língua portuguesa - bem explicado, bem escrito, bem ilustrado, em suma, parabéns!!

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