Diarreia do viajante

Causas e mecanismos

De seguida fazemos uma breve descrição dos microorganismos mais frequentes.

. Escherichia coli enterotoxigénica

Escherichia coli é uma bactéria que habita normalmente no intestino grosso. A E. coli enterotoxigénica é uma variedade de E. coli que produz uma toxina que actua de modo parecido ao da cólera: aumenta a secreção de água e electrólitos à luz do intestino sem causar inflamação das paredes deste.

Quando se supera a capacidade reabsorciva do cólon, produz-se uma diarreia aquosa muito abundante. A E. coli enterotoxigénica é responsável por 10% a 40% de casos de diarreia do viajante. Já existe uma vacina oral contra esta bactéria, no entanto não está comercializada.

. Shigella

Shigella é a principal causa de disenteria bacteriana e pode ser responsável por 20% dos episódios de diarreia nos viajantes.

Pode existir uma fase transitória de diarreia hipersecretora devido à afectação do intestino delgado, no entanto, onde esta bactéria actua mais é no intestino grosso; o cólon sofre uma inflamação aguda, pelo que nos casos graves as fezes contém sangue e pus.

No entanto, quando a doença é menos grave pode ser impossível distingui-la das diarreias não disentéricas.

. Salmonella e Campylobacter

Ambos os organismos produzem inflamação do íleo e do cólon. O quadro clínico varia entre uma diarreia não específica e uma desinteria.

A Salmonella origina cerca de 4% dos casos e a Campylobacter pode causar até 15%. Outras espécies bacterianas podem causar diarreia do viajante; é o caso dos vibriões não coléricos e inclusivé o próprio Vibrio cholerae e de outras espécias que se vão identificando actualmente.

. Vírus

Os vírus, especialmente o vírus Norwalk y os rotavirus, representam em conjunto aproximadamente 10% dos casos de diarreia.

Estas infecções não respondem aos antibióticos, pelo que, desde um ponto de vista prático, não resta outra opção que não seja esperar que a doença siga o seu curso.

 Os rotavírus são contagiados facilmente pelas gotas de Pfluge e pode causar surtos de diarreia nas pessoas afectadas. Para evitar estes surtos é necessária uma higiene escrupulosa.

. Disenteria amebiana e giardiasis

Estas doenças parasitarias podem ser difíceis de diagnosticar e de tratar. Correspondem a aproximadamente 5% dos casos de diarreia do viajante, mas a proporção é muito maior no sub-grupo dos viajantes cuja diarreia persiste depois do regresso a casa. A disenteria amebiana caracteriza-se por sangue nas fezes. A giardiasis causa flatulência com fezes fedorentas que se colam na sanita.

Em cerca de 10% a 15% dos casos, a culpa é de mais do que um microorganismo. Aproximadamente na mesma proporção não se encontra nenhum germe casual.

No entanto, constantemente estão-se a descobrir novas causas de diarreia. Entre os últimos micróbios que chegaram à lista, figuram o Cryptosporidium e a Coccidia. Pelo que se consta, estes últimos são os responsáveis de muitos casos de diarreia do viajante no Nepal.

No próximo artigo daremos continuidade a este tema. Até lá...

Boas caminhadas