Sinais de instabilidade
Já sabemos que sempre
são perigosos os dias após um nevão, e o perigo pode aumentar se as
temperaturas baixas não permitirem que a neve se estabilize. Igualmente as
chuvas podem ser causas de instabilidade. Portanto, é importante conhecer o
tempo que fez antes, para termos uma ideia das condições, como sendo mais um
dado.
A observação atenta do
terreno e da neve durante a caminhada, podem fazer-nos suspeitar de zonas
perigosas. Estes sinais, observados no seu conjunto, apenas nos darão uma ideia
clara da situação, através da experiência e do conhecimento da neve, que
constantemente devemos adquirir; estudando o máximo possível sobre a neve e as
avalanches.
Podemos recorrer a
diversos testes e observações que nos darão uma ideia da maior ou da menor
estabilidade do manto de neve. Não são determinantes, mas no conjunto podem-nos
ajudar a confirmar as nossas suspeitas.
Estimativa da inclinação da pendente
Sabendo que o ângulo
de pendente mais propício às avalanches está entre os 25º e os 45º, podemos calcular,
o quanto a pendente em que nos encontramos, é potencialmente perigosa, se
medirmos aproximadamente a sua inclinação. Algumas bússolas estão equipadas com
um clinómetro com o qual podemos medir a inclinação da pendente.
Com os bastões também
podemos fazer uma estimativa da pendente colocando um verticalmente ao outro
horizontal, como se pode ver na figura seguinte.
Teste do bastão
É um teste rápido para
se ir fazendo durante a caminhada, ainda que apenas se possam testar as camadas
superficiais. Trata-se simplesmente de espetar com o bastão em vários golpes a
maior área possível na zona perpendicularmente à superfície e sentir a
resistência das diferentes camadas. De preferência, a resistência deve ser
maior, quanto maior for a profundidade. As camadas mais suaves e instáveis
intermédias, podem ser causa de instabilidade.
Teste do método norueguês
É um sistema muito interessante para confirmar
a estabilidade das camadas superficiais. na pendente supostamente perigosa,
recorta-se e separa-se, com a ajuda de uma pá, um trapézio de aproximadamente
0,30 m2, a parte superior com aproximadamente 40 cm, a inferior de
aproximadamente 80 cm e a altura do trapézio com aproximadamente 50 cm.
A neve abaixo do
trapézio é limpa e removida e então empurra-se com a pá na parte superior do
trapézio até este se desprender.
A força que tenhamos que exercer para o soltar
é inversamente proporcional ao perigo potencialmente existente.
Orientativamente podemos considerar: até 10 kg, grande perigo; de 10 a 20 kg,
médio a grave; mais de 20 kg, perigo escasso.
Teste do salto
Mais trabalhoso de
fazer, já que se afasta neste caso, pelos quatro lados, um bloco de neve do
comprimento dos esquis e com 1,5m de comprimento. Uma vez separado, um esquiador
sobe para a parte mais alta do bloco, primeiro com um esqui e seguidamente com
os dois. De seguida efectua um pequeno salto, e depois saltos repetitivos até
que o bloco deslize. O risco suspeitado é maior quando o bloco desliza com
maior facilidade.
As "rodas de
carro" e as bolas de neve que se desprendem e que deixam marcas na
pendente, são sinais de que a camada superficial está a humedecer e tende para
a instabilidade. As triturações, fracturas na superfície e o corte da
superfície em blocos à nossa passagem, também são suspeitas fortes da
existência de placas. Um momento adequado para avaliar a instabilidade
superficial, é quando fazemos uma volta ao monte com esquis e observar se o
triângulo de neve que cortamos se desprende coeso numa só peça. Devemos lembrar
também do ponto anterior como suspeita da presença de placas.
Para a semana
voltaremos a esta temática. Até lá...
Boas caminhadas
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