Precauções
Qualquer avalanche,
por pequena que seja, é altamente perigosa e são poucas as possibilidades de
sobreviver ou não sair ferido. É necessário adoptar sempre medidas preventivas
para nos expormos o mínimo possível.
Informar-nos do risco de avalanches
Será a primeira
precaução antes de sairmos para a montanha, e para isso dispomos das zonas de
risco que nos são facultadas pelos telefones de informações nivometeorológicas
dos grandes maciços montanhosos, como os pirinéus ou os alpes. Nestes locais
facilitam dados que devemos saber interpretar na hora que ocorra algo, ou de
abortar a nossa actividade prevista, ou então procurar alternativas mais
seguras.
O dado mais
significativo é o índice de risco ou perigo de avalanches, que na europa se
analisa com uma escala normalizada para todos os países. Estes dados juntamente
com outros que nos facilitam, darão uma informação prévia de grande
importância.
No quadro seguinte,
vemos uma interpretação geral de risco de avalanches.
O risco "0"
não existe, sempre existe um certo risco acidental, o que não quer dizer que não
devemos sair para a montanha, mas sim que devemos planear o nosso percurso em
função do risco previsto e evitar as ladeiras e vertentes que se prevêm
perigosas. Se as circunstâncias o aconselharem e ainda que seja difícil essa
decisão, será melhor ficarmos em casa ou procurar actividades alternativas.
Estudar o terreno e agir em conformidade
. Utilizaremos para
nos deslocarmos, de preferência as colinas e os cumes.
. Geralmente devem-se
evitar os fundos dos vales estreitos e as pendentes abertas sem obstáculos.
. Procurar as zonas
mais protegidas, com obstáculos naturais que segurem a neve, como árvores ou
pedras e utiliza-las na nossa progressão pelas áreas de risco, como ilhas de
segurança.
. No caso de termos
que cruzar uma pendente perigosa, devemos fazê-lo o mais próximo possível da
parte superior, com muito cuidado e uma pessoa de cada vez, bem separados uns
dos outros, mas ao alcance visual enquanto os restantes vigiam. Como precaução
devemos desapertar as correias dos esquis e bastões, devemos fechar os zippers
e os botões da roupa, e colocaremos luvas e gorro. Se a mochila for volumosa,
soltaremos uma das alças para nos podermos libertar dela com facilidade, se for
uma mochila pequena, será melhor deixa-la bem ajustada para que sirva de
protecção e isolamento. Também podemos colocar um "buffo" ou algo
similar a tapar o nariz e a boca.
. Se tivermos que
descender ou ascender numa zona perigosa, será aconselhável fazê-lo a pé (sem esquis)
e na linha máxima pendente, sem diagonais, para evitar quebrar as possíveis
placas que possam existir na neve.
. Em zonas de perigo
não se deve andar encordados, pois é fácil que uma avalanche nos arraste a
todos.
. É importante
conhecer o terreno no Verão e assim conhecer o relevo da superfície base. As
zonas com blocos rochosos, grandes arbustos, árvores ou outros acidentes
segurarão melhor o manto de neve, do que as ladeiras sem obstáculos e cobertas
de erva. A vegetação pode-nos informar sobre as zonas típicas de avalanches.
Devemos observar os ramos quebrados e as árvores caídas.
. Após alguns dias de
vento, devemos suspeitar da formação de placas. Devemos observar se existem
cornijas nas arestas. As placas costumam-se distinguir pela sua cor branco
mate. Para as evitar, devemos caminhar pelas ladeiras a barlavento. Se
observarmos fracturas na superfície, indica que a placa cedeu, ainda que não se
tenha desprendido definitivamente, e o nosso peso pode ser o suficiente para
colocar em movimento toda a ladeira. Podemos atravessar aproveitando a linha de
fractura ou acima desta, mas nunca pelo centro da placa, pois desta forma
mantemo-nos encima da maior parte da massa instável.
. Cavar um buraco na
neve é muito instrutivo e eficaz para determinar um risco potencial. Para que
seja útil, devemos escavar próximo da área do teórico e possível desprendimento
(no entanto, em lugar seguro) e escavar até ao solo ou até à camada mais dura
da base. A pá, que sempre deveriamos transportar connosco, será uma grande
ajuda neste trabalho. No corte que nos oferece a neve, testamos a resistência
das diferentes camadas e a coesão entre elas, introduzindo os dedos nos
estratos. Será mais didático se podermos observar os cristais das diferentes
camadas utilizando uma pequena lupa. Para confirmar a estabilidade, podemos
fazer alguns dos testes que falaremos a seguir num próximo artigo, ou podemos
saltar repetidas vezes na pendente, lógicamente em lugar seguro ou bem presos.
Provocar uma avalanche é muito instrutivo.
Para a semana
voltaremos a este tema. Até lá...
Boas caminhadas
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