Os peixes vivem nos mares, rios e lagos de todo o mundo e
podem ser pescados com relativa facilidade. Os anzóis e os pesos de chumbo, no
seu conjunto, valem o seu peso em ouro em caso de necessidade de pescar peixes
para sobreviver a uma situação enrascada.
Os peixes podem ser enganchados, arrecadados, aprisionados,
espetados ou até apanhados à mão se tivermos sorte. Deve ser observado o seu
comportamento, como onde e quando comem e o que costumam comer, de forma a
determinar o método a utilizar para os pescar. É conveniente informar que
algumas técnicas de pesca são legalmente proibidas em determinadas partes do
mundo e apenas deverão ser utilizadas em verdadeiras situações de
sobrevivência.
Pescar
É difícil dizer qual a melhor altura para pescar, dado que
espécies diferentes se alimentam em alturas diferentes, quer de dia, quer de
noite. Como regra geral, deve-se procurar o peixe a alimentar-se, o que sucede
imediatamente antes do alvorecer ou logo após o anoitecer. Outras boas oportunidades
acontecem também antes de uma tempestade
ou quando ela se aproxima, e à noite, durante a lua cheia ou no quarto
minguante. Os saltos dos vairões e as bolhas na água são bons sinais de peixes
a alimentarem-se.
Onde pescar
O local selecionado para começar a pescar, depende do tipo
de águas e da hora do dia. Nos ribeiros torrenciais, durante a força do calor,
deve-se tentar os pegos profundos existentes debaixo das cascatas. Para a tarde
ou de manhã cedo, deve-se lançar o isco perto de troncos submersos, nas margens
escavadas ou debaixo de arbustos pendentes sobre as águas. Nos lagos durante a
força do verão, deve-se pescar em locais profundos. Durante a tarde ou de manhã
cedo, durante o Verão, deve-se pescar em locais pouco profundos.
Isco
Como regra geral, o peixe morde o isco que tenha sido apanhado
nas suas próprias águas. Deve-se procurar insectos aquáticos e vairões na borda
da água, ou vermes e insectos terrestres
nas suas margens. Se for apanhado um peixe, deve-se inspecionar o seu estômago
para ver do que este se alimenta. De forma a fazer render este alimento,
pode-se usar os intestinos e os olhos do peixe como isco, na hipótese de outros
meios se revelarem ineficazes. Ao usar vermes, deve-se cobrir a ponta e a barbela do anzol.
Relativamente aos vairões, devem-se usar os mais pequenos que estejam vivos,
espetando-os pelo lombo (por cima da espinha), do rabo ou pelos beiços. Se for
utilizado isco morto, não se deve sobrecarregar o anzol tão completamente que
este não possa sair para apanhar o peixe. Pode-se fazer negaças (engodos) com
pedaço de tecido colorido e brilhante, de penas e de metal brilhante imitando
vairões feridos.
Como fazer anzóis e
linhas
Se não existirem anzóis, podem-se improvisar recorrendo a
distintivos, alfinetes, ossos ou madeira dura. Os pregos podem também ser
convertidos em anzóis.
Torcendo
fibras de casca de árvore ou de tecido, pode-se improvisar uma linha
resistente. Ao usar fibras de casca de árvore ou de trepadeiras, deve-se dar
nós nas extremidades que devem ser
atados a uma base sólida. Segura-se um cordão em cada mão e torce-se os fios no
sentido do movimento dos ponteiros do relógio, cruzando depois sobre o outro segundo o sentido contrário ao
do movimento dos ponteiros do relógio. Acrescenta-se fibras na medida do
necessário para aumentar o comprimento da linha. Se existirem cordões de
para-quedas, estes podem ser usados para
pescar peixe graúdo.
Os pregos
podem ser convertidos em anzóis.
Por vezes, o
equipamento mais sofisticado e os iscos mais adequados não apanham peixe. Importante
é que não se desista e deve-se tentar novamente mais tarde ou tentar outro
método de pesca.
Mais abaixo desenvolveremos ainda este tema.
Pesca ao fundo
Arma-se a linha com um flutuador e com pesos de chumbo ou
com uma pedra. Prende-se o anzol ou anzóis com isco à linha e deixa-se que
repousem no fundo do rio, ou então que flutuem. Segura-se na parte bamba da
linha e espera-se um puxão. É conveniente ir dando pequenos puxões na linha de
vez em quando.
Pesca com mosca
Este método é usado quando o peixe que se pretende pescar se
alimenta à superfície da água. Improvisa-se uma cana com um pau e uma porção de
linha ou corda. Lança-se o anzol com a mosca e deixa-se esta flutuar. Deve-se
experimentar com moscas de vários tamanhos e cores. Convém advertir que este
processo não resultará durante o tempo muito frio, pois não existem insectos
voadores à superfície destas águas.
Linhas corridas
Constituem
um método prático para apanhar peixe se ficarmos algum tempo perto de um lago
ou de um ribeiro. Atam-se vários anzóis
ao longo de uma linha com um peso adequado na extremidade. Iscam-se os
anzóis e amarra-se a linha a um ramo baixo, suspenso e que vergue, mas que não
parta, quando o peixe picar. Deixa-se a
linha dentro de água enquanto permanecermos na zona, verificando-a
periodicamente para recolher o peixe e renovar o isco.
Um anzol
excelente para uma linha corrida é o “anzol de engolir” ou “de espeto de
madeira”. Este anzol não é nada mais do que uma lasca de madeira ou osso a cujo
centro se ata a linha. Embebe-se a lasca
num pedaço de isco, de modo que a lasca fique no prolongamento da linha e possa
ser engolido facilmente. Depois de o peixe engolir o isco e se puxar pela
linha, a lasca rodará, atravessando-se e alojando-se no estômago do peixe.
Pescar com negaça
Este método exige uma cana flexível ou vara similar com 2,5
m a 3 m de comprimento, um pedaço de metal brilhante com a forma de uma negaça
comercial, uma tira de carne branca de pele de porco ou de intestino de peixe
com 5 cm a 7,5 cm de comprimento e um bocado de fio com cerca de 2,5 m. Ata-se
o anzol à ponta da linha, (imediatamente abaixo da negaça) e a linha à ponta da cana. Actuando próximo
dos leitos ervosos, agita-se a negaça imediatamente abaixo da superfície da
água. De vez em quando deve-se bater na água com a ponta da cana para atrair
peixe graúdo para a área. Este método é bastante eficaz.
Pescar à mão
Este método
é eficaz em pequenas correntes de água com margens escavadas ou em charcos
baixos deixados no leito pelo refluxo das águas. Mete-se as mãos na água até
ficarem à temperatura desta. Procura-se logo debaixo das margens lentamente,
mantendo-se as mãos tão próximas do fundo quanto possível. Mexe-se os dedos
suavemente até tocar num peixe. Desloca-se então a mão suavemente ao longo da
barriga do peixe até lhe alcançar as guelras. Agarra-se o peixe com firmeza
pela zona situada imediatamente atrás das guelras.
Nos cursos de águas torrenciais, pode-se atirar o peixe para
fora de água utilizando as mãos. Os ursos pescam eficazmente desta maneira.
Pescar por
obscurecimento da água
Os pequenos charcos deixados pelo refluxo das águas dos
cursos de água que transbordaram estão, por vezes, repletos de peixe miúdo.
Revolvendo-se o lodo do fundo destes charcos, arrastando os pés através deles
ou usando um pau. O peixe costuma vir à superfície em busca de águas mais
límpidas. Atiram-se então para fora de água, utilizando as mãos ou
atordoando-os à paulada.
Pescar por arpoamento
Este método
é de difícil sucesso, excepto quando o curso de água é baixo e o peixe é graúdo
e em quantidade, o que sucede durante a época de desova ou quando o peixe se
junta nos pegos. Pode-se fabricar um arpão de várias formas, como por exemplo: amarrando-se uma faca à ponta de uma vara,
afiando-se um pedaço de madeira, atando-se dois aguilhões compridos num pau,
usando-se uma ponta de osso ou um pau rachado com os dois rebordos afiados, pode-se
cortar o extremo do arpão em três partes no sentido do comprimento e colocar
uma cunha de modo a manter separados esses três pedaços, etc.
Colocados em cima de uma rocha ou tronco, aguarda-se
pacientemente que o peixe apareça e tenta-se arpoar.
Pescar à rede
As margens e
os tributários dos lagos e dos cursos de água têm muitas vezes uma grande
quantidade de peixe o qual pode ser demasiado pequeno para ser pescado com
anzol ou arpoado, mas suficientemente grande para ser apanhado à rede. Se
existir uma rede construída para apanhar peixe pelas guelras à medida que
tentam passar por ela, será o ideal. É muito eficaz em correntes de água.
Amarram-se pedras ao longo de um dos lados da rede para que esta se mantenha no
fundo.
Para
improvisar, e quando não existir uma rede, escolhe-se uma forquilha de madeira
nova e faz-se um arco. Cose-se uma camisola interior até à zona da cintura, assegurando-se
que o fundo fica fechado. Então corre-se pela corrente acima à volta das pedras
ou nos pegos com esta rede improvisada.
Pescar com armadilhas
Este método consome muito tempo para apanhar peixe,
especialmente o que se desloca em cardume. Em lagos ou grandes cursos de água,
o peixe aproxima-se das margens e dos baixios de manhã e à noite. Uma armadilha
para peixe é um invólucro com uma abertura disfarçada entre duas paredes de
pedras ou estacas em forma de funil. Também se pode improvisar uma armadilha
fazendo uma construção com pedras ou rochedos e retendo lá o peixe.
O tempo e o esforço despendidos na construção de uma
armadilha dependem das necessidades em alimentos e do tempo que se planeia
permanecer num dado local.
Armadilha de garrafa
Também conhecida como “armadilha de peixinhos”. Com este método, utiliza-se uma garrafa de
plástico grande para apanhar pequenos peixes. Corta-se a garrafa um pouco
abaixo do gargalo desta e introduz-se o gargalo para o interior da garrafa
através da parte dortada. De seguida atam-se as duas partes nesta posição.
Fazem-se buracos na garrafa com um ferro aquecido, para permitir que a garrafa
se afunde. Coloca-se isco no interior da armadilha e coloca-se esta num riacho.
Verifica-se regularmente a armadilha para retirar peixes encurralados nela e
para substituir o isco.
Apetrechos de pesca
Equipamentos de pesca podem ser fabricados através de todos
os equipamentos constituintes do kit de sobrevivência de qualquer montanheiro,
o qual deve conter alguma linha de pesca (sediela) e ganchos ou anzóis. Mas se
o montanheiro não possuir um kit de sobrevivência, poderá sempre procurar improvisar apetrechos de pesca.
Como improvisar uma linha através de produtos naturais
Se não
possuirmos uma linha ou uma corda fina poderemos utilizar fibras de plantas
urticáceas para fabricar um cordel.
Velhas urtigas com longos caules possuem umas das melhores fibras. Com o
auxilio de luvas retiram-se as folhas das urtigas e de seguida segura-se o
caule pela base e desliza-se a mão com o punho fechado por todo o caule,
fazendo alguma pressão. Coloca-se o caule numa base lisa e roda-se lentamente
sobre ele com um pau arredondado para a frente e para trás, pressionando
simultâneamente com força. Deve-se continuar a rolar o pau até o caule ficar
esmagado.
De seguida abre-se o caule da urtiga em todo o
seu comprimento usando a nossa unha. Esta tarefa irá expor o miolo esponjoso do
interior do caule.
Dobra-se depois o caule pelo meio e quando este ficar dobrado, o miolo interior vai-se separar da casca nesse ponto, facilitando desta forma a sua separação.
Neste
momento deve-se separar cuidadosamente a casca do miolo interior do caule. Com
o auxilio do dedo polegar de uma das mãos, puxa-se suavemente a camada externa, enquanto se puxa para baixo com o
auxilio do dedo polegar da outra mão. Desta forma conseguem-se ter longas
fibras da pele exterior do caule (casca), com as quais se poderá fazer cordéis.
Após se conseguir separar uma quantidade significativa de
fibras, é conveniente deixa-las secar, antes de serem usadas. Podem-se secar
colocando-as ao Sol ou junto de uma fogueira (em situações extremas poderão ser
usadas mesmo sem serem expostas a secagem). Torcer ou enrolar as fibras são os
dois principais métodos utilizados para fabricar cordéis naturais.
. Método de cordéis torcidos
Deve-se iniciar a torção pelo fim do caule e não pelo meio
deste de forma a prevenir que todas as subsequentes emendas coincidam no
mesmo ponto. Proporcionaremos assim maior
resistência ao cordel, pois cada emenda representa um seu potencial ponto
fraco. Se as fibras forem bastantes, podem ser banhadas em água de forma a
criar um cordel ainda mais forte.
Agarra-se na
primeira parte do cordel na medida de um terço do seu comprimento total entre o
dedo polegar e o indicador da mão esquerda.
De seguida segura-se a fibra da mesma forma
com a mão direita cerca de 3 cm a contar dos dedos do lado esquerdo.
Seguidamente
torce-se a fibra com a mão direita até formar uma laçada. Deve-se manter a
tensão no cordel, de forma a que se mantenha a laçada em tensão.
De seguida
colocar os dedos médio e o quarto da mão direita para cima segurando a parte
solta dos dedos da mão esquerda e rodando-a sobre a parte segura.
A seguir,
com os dedos da mão esquerda deve-se segurar a nova laçada criada.
Agora que a nova laçada fica segura pelos
dedos da mão esquerda, pode-se soltar
a ponta mais curta do cordel. Agora aperta-se a corda de cima com os
dedos da mão direita a cerca de 3 cm distanciada dos dedos da mão esquerda.
Seguidamente
move-se a mão direita para trás a cerca de 3 cm do cordel visível e faz-se uma
nova laçada ao mesmo tempo que os dedos da mão direita seguram o cordel onde
estavam os dedos da mão esquerda.
De seguida repete-se o processo desde o início até terminar
o cordel.
. Método dos cordéis enrolados
Este método
dos cordéis enrolados é também conhecido por “rolo de pigmeu”. É fácil de fazer
desde que o montanheiro esteja sentado.
É uma aplicação simplificada do método
dos cordéis torcidos. Começa-se com duas fibras de comprimentos diferentes e
atam-se os finais de cada fibra uma à outra.
Segura-se as
extremidades amarradas entre os dedos polegar e indicador da mão esquerda,
colocando as duas caudas das fibras na mão direita.
Usa-se a
palma da mão direita para enrolar as duas fibras simultaneamente para a frente.
Pode ser mais fácil de executar se forem usadas as palmas dos dedos da mão. No
final do enrolamento prendem-se as fibras contra a coxa com a ponta dos dedos
da mão.
De seguida
solta-se os dedos polegar e indicador
esquerdos e as fibras naturalmente ficam torcidas juntas formando um fio de
cordel.
Pode-se
repetir o mesmo processo em vários cordéis de forma a fazer um cordel maior.
Anzóis improvisados
Anzóis podem ser fabricados a partir de qualquer pedaço de
metal . Podem também ser fabricados através de materiais naturais:
. Espinho único
Corta-se um bocado de caule de amoreira ou de
espinheiro, com cerca de 2,5 cm de
comprimento, que tenha um largo e forte espinho. Ata-se a linha na outra
extremidade do caule.
. Vários espinhos
Unem-se três bocados de caule de amoreira, com as
características do “espinho único” e unem-se os três caules com fio, ficando os
espinhos voltados para fora. Prende-se a linha de pesca na outra
extremidade dos caules unidos.
. Madeira ou osso
Esculpe-se um pedaço de osso formando uma ponta de flecha,
deve-se usar um bocado de madeira dura (tipo
Carvalho) e ata-se a este tipo um galho.
. Prego
Faz-se um entalhe formando uma pequena saliência na base de
um bocado de madeira dura. Coloca-se a cabeça de um prego no entalhe e ata-se
este ao pedaço de madeira.
. Alfinete de dama
Remove-se o fecho de segurança do alfinete. Dobra-se a ponta
afiada do alfinete, de modo a formar um gancho. De seguida ata-se a linha de
pesca na argola superior.
Fazer um flutuador
Pode-se utilizar qualquer material natural que flutue, como
um pedaço de casca de árvore ou um botão de rosa. Se arranjarmos uma pena de
ave, pode-se fazer um flutuador aparando a pena até ficar apenas a parte oca.
De seguida dobra-se a pena ao meio e atam-se as duas pontas.
Pode-se usar
um alfinete afiado, um arame ou um longo espinho, e com este trespassa-se um
botão de rosa.
Passa-se a
linha de pesca através do orifício criado no botão de rosa.
Amarram-se
pequenos galhos acima e abaixo do botão de rosa. Estes actuarão como
estabilizadores e impedirão que o flutuador deslize para cima ou para baixo da
linha.
De seguida
prende-se o anzol, na distância necessária abaixo do flutuador e se for
possível deve-se atar um peso abaixo do anzol.
Normas a ter em
atenção
. Sempre que possível deve-se usar um isco natural.
. Nunca utilizar um isco demasiado grande para o tipo de
peixe que se está a tentar pescar. É melhor ser mais pequeno do que maior.
. Se um método de pesca funcionar, deve-se mantê-lo.
. Se não se estiver a conseguir pescar, deve-se mudar de
método ou de isco.
. Deve-se guardar os olhos e as entranhas dos peixes
pescados, para a pesca do dia seguinte.
. Os peixes alimentam-se mais activamente quando há uma mudança
de tempo, sendo portanto essa uma boa altura para tentar pescar.
No próximo artigo voltaremos a falar sobre este tema,
esperemos que seja do vosso agrado.
Até lá…
Boas caminhadas
Muito bom e completo
ResponderEliminarMuito obrigado é muito completo sua publicação
ResponderEliminarBom o conteúdo publicado
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