Sementes e Grãos
As sementes de muitas plantas, tais como o figo-mourisco, a tasneira,
a amaranto, a anserina e os feijões e ervilhas de plantas do tipo do feijoeiro,
contêm óleos ricos em proteína. Os grãos de todos os cereais e muitas outras
ervas também são ricos em proteína vegetal. Podem ser moídos entre duas pedras,
misturados com água e cozidos, para fazerem papas, ou podem ser comidos secos.
Os grãos como o milho também podem ser
conservados para uso futuro quando secos.
Arroz – O arroz cresce em estado selvagem por todo o mundo e
encontra-se nos trópicos em terrenos húmidos e baixos. O painço, um primo do
arroz, encontra-se em territórios temperados, quentes e tropicais. O
arroz-bravo, cornudo, existe na Ásia, África e em algumas zonas dos Estados
Unidos. É uma erva robusta que atinge uma altura de 90 cm a 1,20 m, com folhas
ásperas e duras em forma de lâmina com 2 cm a 5 cm de largura. Os bagos de
arroz crescem dentro de uma casca peluda e cor de palha que os bagos feitos
rompem quando maduros. Assa-se estes bagos de arroz e esmagam-se para obter uma
farinha fina. Mistura-se esta farinha com óleo de palma para fazer bolos.
Embrulha-se estes em grandes folhas verdes e guardam-se para uso futuro. O
arroz também pode ser cozido.
Feijão Goa (Goa Bean) – Esta planta cresce na África tropical,
na Ásia, nas Indias Orientais, nas Filipinas e na Formosa. A vagem é
comestível, vulgar nos trópicos, e encontra-se em clareiras e em torno das
hortas abandonadas. É uma planta trepadora, cobrindo árvores e arbustos, com
uma vagem com 22,5 cm de comprimento. As folhas têm 15 cm de comprimento e dá
flores azuis-brilhantes. O fruto desenvolvido tem quatro ângulos com asas entalhadas.
Come-se o fruto novo como se fosse feijão-verde. Preparam-se as sementes
secando-as ou assando-as sobre carvão quente. Come-se as raízes ao natural e as
folhas novas ao natural ou aferventadas.
Sorgo – Cultivado em abundância na India e em partes do Sudeste
da Ásia, Arábia, Egipto e nas partes mais
quentes da África e da América do Sul, esta planta pode ser encontrada
em campos abandonados. O grão é pulverizado e pode ser cozinhado como papas de
aveia, transformado em bolos ou usado
para engrossar um molho ou uma sopa. Esta planta tem enorme valor alimentar.
Milho-painço – O painço vulgar dá-se na Coreia e no Norte da
China, mas é cultivado com abundância em qualquer parte da Ásia e na África,
especialmente onde não é possível o cultivo do arroz. O milho-painço é uma das
formas das nossas gramíneas vulgares e normalmente utilizadas na alimentação
das aves de capoeira.
Frutos
A fruta comestível é abundante na natureza e pode ser classificada
como sobremesa ou como vegetal. Os frutos de sobremesa incluem os familiares
mirtilos e a camarinha-do-norte e a cereja, a framboesa, a ameixa e a maçã da
zona temperada. Os frutos que não são usados como sobremesa incluem o tomate
vulgar, o pepino, o pimento, a beringela e o quiabo. Os frutos fornecem,
talvez, a mais completa fonte de alimento nos trópicos. Os que se encontram em
abundância incluem as bananas e as bananas-de-são-tomé, papaias, a
fruta-de-bael, os figos silvestres, a fruta-pão e o jambo (fruto do jambeiro,
árvore da India e do Brasil).
Alguns dos frutos e bagas silvestres são:
A centáuria-azul, o mirtílo e o arando silvestre – Largas
manchas de centáureas-azuis medram na tundra europeia, na Ásia e na América no
fim do verão. Mais para o Sul, em todo o hemisfério norte, são vulgares estas
bagas e as suas semelhantes, o mirtilo e o arando. Quando aparecem na tundra do
Norte, estas bagas silvestres crescem em arbustos rasteiros. As suas
semelhantes do Sul desenvolvem-se em arbustos mais altos, os quais podem
atingir 1,80 m de altura. São vermelhas, azuis ou pretas quando maduras.
Amora – A amoreira cresce nas América do Norte e do Sul, na
Ásia e na África. No estado selvagem aparece em zonas florestadas, ao longo das
bermas das estradas e em terrenos
baldios, atingindo por vezes 6 m a 18 m de altura. O fruto parece-se com a
amora silvestre e tem 3 cm a 5 cm de comprimento. Cada fruto tem a grossura de
um dedo e a sua cor pode ser vermelha ou preta.
Videira-brava – Esta planta parasita encontra-se por toda a
parte no Leste e no Sudoeste dos Estados Unidos, no México, na zona
mediterrânea, na Ásia, nas Indias Orientais, na Austrália e na África. As suas
folhas são fortemente lobadas e semelhantes às da vinha cultivada. Os frutos
pendem em cacho e são ricos em açucar. Também se pode obter água a partir das
videiras bravas.
Maçã-brava – Este fruto é vulgar nos Estados Unidos, na Ásia
temperada e na Europa. Procure-a nos bosques abertos, na orla das matas ou nos
campos. A maçã parece-se com a sua congénere cultivada e pode ser reconhecida
facilmente onde quer que se encontre. Esta fruta pode ser cortada em fatias
finas que uma vez secas ao sol servem como reserva alimentar.
Alcaparra-brava – Esta planta cresce quer como arbusto, quer
como pequena árvore, com cerca de 6 m de altura, na África do Norte, na Arábia,
na India e na Indonésia. Não tem folhas, os ramos são cobertos de espinhos e as
flores e o fruto crescem perto dos topos dos ramos. Come-se o fruto, bem como
os botões florais.
Banana e bananas-de-são-tomé – Encontram-se em todas as regiões
tropicais e subtropicais. As bananas maduras, tal como as encontramos nos
mercados, raramente aparecem na bananeira porque as aves, os morcegos, os
insectos e outros seres as apanham antes de atingirem a maturação. As
bananas-de-são-tomé são geralmente verde-escuras, castanhas, amarelas ou
alaranjadas e parecem bananas verdes. As bananas verdes são comestíveis quando
cozinhadas. Cozem-se, fritam-se ou assam-se. As bananas-de-são-tomé nunca
amaciam mesmo quando maduras e têm de ser cozidas ou assadas. Os botões florais
e as tenras pontas em crescimento na parte superior do caule de ambas as
espécies são também comestíveis. As bananas maduras podem ser conservadas se
forem cortadas em fatias e secarem ao sol. Os rebentos tenros, as partes moles
do interior da raiz grossa e o miolo tenro da base do caule podem ser comidos
ao natural ou cozidos. Nenhuma banana silvestre é venenosa. As folhas das
bananeiras são resistentes. Podem-se usar como pratos, como substituto de papel
de embrulho e para tapar os materiais.
Papaia – Esta árvore cresce em todos os territórios tropicais,
especialmente nas zonas húmidas. Encontra-se em redor de clareiras e antigas
habitações e também em lugares abertos e ensolarados em zonas de selva
desabitada. A árvore da papaia tem entre 1,80 m e 6 m de altura, com um tronco
mole e oco que quebrará sob o nosso peso se tentarmos trepar por ela. O tronco
é rugoso e as folhas grandes, verde escuras e lobadas, que se aglomeram no
topo. O fruto, amarelo ou esverdeado, cresce em cachos entre e debaixo das
folhas, directamente agarrado ao tronco, e tem a forma de abóbora. É rico em
vitamina C e pode ser comido ao natural ou cozinhado depois de descascado. A
seiva leitosa do fruto verde é um bom amaciador da carne, se esfregada nela.
Deve ser evitado o contacto deste suco com os olhos, pois causará dor violenta
e cegueira temporária ou mesmo permanente. As folhas, flores e caules da papaia
nova são também comestíveis. Cozem-se cuidadosamente mudando-se a água pelo
menos duas vezes.
Fruta-de-bael – Este fruto cresce em pequenas árvores tipo
citrinos e é aparentada com as laranjas, limões e toranjas. Encontra-se em
estado selvagem nas regiões da India que bordejam a cordilheira do Himalaia, no
Centro e no Sul da India e em Burma. A árvore tem 2,40 m a 4,5 m de altura, apresenta um desenvolvimento
compacto, é espinhosa e o fruto tem 5 cm a 10 cm de diâmetro, o qual é cinzento
ou amarelado e cheio de pevides. Come-se o fruto quando estiver a amadurecer ou
mistura-se o suco em água para fazer uma bebida acre mas refrescante. Tal como
os outros citrinos, este fruto é rico em vitamina C.
Figo bravo – A maior parte das oitocentas variedades de
figueiras-bravas crescem nas zonas tropicais e subtropicais por contarem com
chuvas abundantes. Na América, contudo, existem algumas espécies que se dão no
deserto. As árvores têm folha persistente, larga e rija. Procura-se esta árvore
nas hortas abandonadas, ao longo das estradas e trilhos e nos campos, a qual
apresenta longas raízes aéreas crescendo do tronco e dos ramos. Depois de se
ter identificado a árvore, procura-se o fruto, que cresce directamente agarrado
aos ramos e se parece com uma pêra. Muitas das variedades são duras e lenhosas,
coberta de pêlos irritantes. Estas não têm interesse como alimento de
sobrevivência. O tipo comestível é macio quando maduro, quase careca e de cor
verde, vermelha ou preta.
Fruta-pão – A fruta-pão é uma árvore tropical vulgar. Cresce
até 12 m de altura, com folhas rijas de 30 cm a 90 cm de comprimento. A fruta é
deliciosa quando madura e pode ser comida ao natural, cozida ou grelhada na
brasa. Para se comer ao natural, descasca-se primeiro e retiram-se os pedaços
carnudos para os separar das sementes e deita-se fora a casca dura exterior.
Para a cozer corta-se em pedaços pequenos e coze-se durante dez minutos. Para a
grelhar, raspa-se e retira-se o pedúnculo.
Jambeiro – Esta árvore é nativa da região indo-malaia, mas tem
sido plantada na maior parte dos outros territórios tropicais. Esta árvore (de
3 m a 9 m de altura) também aparece no estado semi-selvagem em matagais
cerrados, em terrenos de pousio e em florestas secundárias. Tem folhas
pontiagudas com cerca de 20 cm de comprimento e flores verde-claras de 7,5 cm
de diâmetro. O fruto jambo tem 5 cm de diâmetro, esverdeado ou amarelo, e tem
um odor semelhante ao das rosas. É excelente fresco ou cozinhado com mel ou seiva
de palmeira.
Bagas do Árctico – A fambroesa-do-pacífico (fruto do
framboeseiro-do-pacífico, planta de vistosas flores vermelhas das costas do
Pacífico) é a mais importante das bagas do Norte. Todas as bagas, com excepção
do fruto venenoso da erva-de-são-cristóvão (planta da família do
rainúnculo-amarelo, de fruto ácido), são comestíveis. Esta última planta tem as
suas bagas vermelhas em cachos pedunculados de uma dúzia ou mais.
Uva-do-monte – Arbusto baixo, rastejante, de folhas coriáceas
pernes. Tem bagas solitárias, vermelhas, que contém elevado conteúdo
vitamínico.
Uva-do-monte alpina gigante – Esta baga aparece aos cachos de
três ou quatro na ponta de fortes pedúnculos, num arbusto trepador de casca às
tiras e folhas redondas e torna-se vermelha e quase insípida no estado maduro.
Roseira brava – O fruto aparece por meados do Verão e dura até
ao Outono (muitas vezes até ao Inverno e mesmo até ao início da Primavera). A
roseira-brava dá-se nos bosques secos, especialmente ao longo dos cursos de
água e das falésias. Distingue-se pelo caule espinhoso. A cor dos frutos vai do
vermelho ao laranja. Na Primavera e no
Inverno, os frutos da roseira-brava são duros e secos, mas mesmo assim são
comestíveis e altamente nutritivos. Outras bagas comestíveis nestas regiões são
a amora-brava e a camarinha. Esta é azul ou preta.
Casca
A parte interior da casca de uma árvore, a camada junto da madeira,
pode ser comida cozinhada ou ao natural. Pode fazer-se farinha com a parte
interior da casca do algodoeiro, da faia-preta, do vidoeiro, do salgueiro e do
pinheiro reduzindo-a a pó. Deve-se evitar a parte exterior da casca devido à
presença de grandes quantidades de tanino amargo. A casca do pinheiro é rica em
vitamina C. Remove-se parte exterior da
casca e descola-se do tronco a parte interior da casca. Come-se fresca, seca ou
cozida ou mói-se para fazer farinha.
Gramíneas
Muitas das plantas das regiões nórdicas são boas substitutas das
hortaliças normalmente comidas como parte da dieta diária.
Dente-de-leão – Esta planta é um potencial salva-vidas nas
regiões polares. Quer as folhas, quer as raízes, podem ser comidas ao natural,
mas sabem melhor depois de levemente aferventadas. As raízes de dente-de-leão
podem ser usadas como um substituto do café. Para as preparar, limpam-se as
raízes, dividem-se ao meio e cortam-se em pequenos pedaços. Assam-se e depois
ralam-se entre duas pedras. Trata-se o pó como se fosse café.
Malmequer-dos-brejos – Esta planta dá-se nos pântanos e ao
longo dos cursos de água e rebenta no princípio da Primavera. As folhas e os
caules, particularmente os das plantas jovens, são saborosos quando cozinhados.
Salgueiros – Estes arbustos ou pequenas árvores encontram-se
por todo o mundo. Na tundra podem ter apenas alguns centímetros de altura. Têm
rebentos novos, tenros e folhosos que são comestíveis durante a Primavera.
Tornam-se amargos e duros quando velhos. Os salgueiros podem ser identificados
pelos cachos de flores ou frutos que se desenvolvem como espigas com a forma de
lagarta, de 3 cm ou mais de comprimento. Dão-se em quase todos os habitats e
são uma das mais ricas origens de vitamina C.
Salgueirinha-anã (esteva) – As folhas, caules e flores jovens
são comestíveis na Primavera, mas tornam-se rijas e amargosas no Verão e morrem
no Outono. Pode ser encontrada ao longo dos cursos de água, restingas, margens
de lagos e nas encostas alpinas e árcticas. Os caules têm 30 cm a 60 cm de
altura e as folhas são grossas, quase brancas, com cerca de 7,5 cm de
comprimento. As flores vão do rosa ao púrpura, são grandes e vistosas e têm
quatro pétalas.
Salgueirinha – As folhas, caules e flores jovens são
comestíveis na Primavera, tornando-se rijas e amargosas no Verão. Esta planta
pode ser encontrada nos bosques abertos, nas encostas das colinas e nas margens
dos cursos de água e perto das praias marítimas. É particularmente abundante
nas áreas queimadas. É semelhante à salgueirinha-anã, mas as suas folhas são
verdes e os seus caules avermelhados e mais altos que os da salgueirinha-anã.
Atinge a altura de um homem e as suas flores têm um cor-de-rosa vistoso.
Tussilagem – As suas folhas e os botões florais são comestíveis
na Primavera e no Verão. A planta pode ser encontrada nos bosques húmidos e na
tundra alagada. Tem folhas um tanto espessas, de forma triangular, e atinge de
8 cm a 25 cm de comprimento. São verde-escuras por cima e branco-sujas por
baixo e nascem apenas na Primavera. O caule é carnudo e penugento, com cerca de
30 cm de altura, e tem um cacho de flores macias no topo.
Não esqueçam, apenas se devem ingerir as plantas que
realmente temos a certeza que conhecemos, nunca devemos ingerir nenhuma quando
existirem incertezas.
Boas caminhadas
Sem comentários:
Enviar um comentário
comentários