Zonas de aterragem
A eleição de uma zona de aterragem é determinada por uma
série de factores. A zona de aterragem deve reunir o máximo de vantagens para o
helicóptero, de modo que este possa descolar contra o vento e passar a um voo
horizontal. Quando se efectua uma manobra de vôo estacionário, convém ter
prevista uma via de saída para o helicóptero, tendo em conta casos em que
ocorra uma perda de altura motivada pela recirculação do ar, uma volta
giratória para baixo, ou uma perda de potência do motor. Nestes casos, o piloto
do helicóptero pode efectuar um vôo horizontal, ganhar velocidade e recuperar o
controlo dos comandos.
Se for possível, a zona de aterragem deve estar localizada
numa zona elevada, na qual o helicóptero consiga aterrar ou descolar desde
qualquer ponto. Para garantir a segurança durante a descolagem, caso seja
viável, deve-se abrir um caminho com pelo menos 20 metros de largura e todo o
comprimento possível.
Para ganhar altura, o helicóptero deve conseguir aterrar e
descolar contra o vento, principalmente se a manobra acontecer a grandes
altitudes. Devem-se evitar as zonas de aterragem inclinadas. Se o único local
disponível for o fundo de um vale, devemos recordar que uma descolagem vertical
deve ser considerada perigosa a qualquer altura e que um helicóptero pequeno
deve estar no mínimo a 100 metros de altura em relação ao solo, para poder
girar por si ou voltar a aterrar em caso de perda de potência. Devem-se evitar
os locais sem vento, como as encostas a
sotavento ou o fundo dos vales. A pista de descolagem deve ter pelo menos 100
metros de comprimento e possuir uma ligeira inclinação. Nos circos glaciares e
no fundo dos vales, não devem existir correntes de ar descendente provenientes
de alguma crista próxima. Se o vale for profundo, o helicóptero deverá alcançar
uma velocidade horizontal apreciável, com a finalidade de alcançar a altura
suficiente para sair do vale.
Aterragem no fundo de um
vale
O último recurso – o buraco de suspensão – que consiste num
local de aterragem onde o piloto deve travar o helicóptero até que este
permaneça imóvel sobre a área de aterragem, para de seguida descer. Para
descolar, deve obter a máxima potência do motor para elevar o helicóptero
verticalmente até que o terreno permita efectuar um voo horizontal. Os perigos
deste sistema são no entanto, evidentes.
Aterragem num buraco de
suspensão
A segurança e o helicóptero
Antes de alguém se aproximar de um helicóptero, deve estar
seguro de que o piloto finalizou completamente a manobra de aterragem. Com
frequência, o piloto tem que manobrar o helicóptero antes de parar os motores.
Uma vez finalizada a manobra, aquele deverá fazer um sinal levantando o dedo
polegar em sinal de “ok”.
A pessoa que se aproxima de um helicóptero deve-o fazer
sempre desde um ângulo visível para o piloto. Enquanto se aproxima deverá
manter a cabeça baixa, mas em vez de olhar para o solo, deve olhar para o
piloto.
Em função da zona de aterragem e outros factores de voo, é
provável que o piloto deva manter os motores em funcionamento. Nestes casos, é
possível que o helicóptero descole imediatamente ou comece a vibrar devido ao
desequilíbrio entre o trem de aterragem e as pás dos rotores. Em qualquer uma
das situações, o helicóptero deve subir. As mesmas precauções devem ser tomadas
nas aterragens sobre gelo e neve.
Deve-se subir para um helicóptero tomando precauções e,
sempre que possível, devem ser combinados com o piloto, os sinais e os
procedimentos a adoptar. As subidas e as descidas sobre um dos patins do
helicóptero devem-se efectuar com muito cuidado, para evitar mudanças de peso
bruscas.
Zona de segurança para a
aproximação ao helicóptero
Para se saltar de um helicóptero, o que é uma acção bastante
perigosa, deve-se ter colocado um capacete e um par de botas sólidas. No
entanto, saltar é mais rápido e menos complicado do que descer em rappel ou ser
içado até ao helicóptero, podendo ser uma técnica sensata, sempre e quando se
realize dentro da margem de segurança e tendo em conta as limitações do modelo
de helicóptero.
Regra geral, é mais conveniente encontrar um local de
aterragem do que efectuar acrobacias aéreas sobre um patim ou pendurado numa
corda. O resgate com helicóptero é perigoso por si só, pelo que se podermos
optar entre transportar a vítima a braços até um local de aterragem adequado ou
içá-la até ao helicóptero, será preferível escolher a primeira. A evacuação
rotineira de um ferido com uma fractura de perna, pode-se transformar num
acidente se o helicóptero perder altura por qualquer razão.
É necessário prever zonas de aterragem durante as operações
de resgate com helicóptero. Em terreno plano com bosques espessos, pode ser
difícil encontrar um lugar de aterragem adequado. Mesmo que se disponha de
espaço, se a zona estiver rodeada de obstáculos, o mais provável será o
helicóptero não conseguir aterrar. A pessoa que orienta o piloto desde terra
pode colocar-se de costas para o vento estendendo ambos os braços
paralelamente. Se a zona de aterragem for inclinada, esta deve aproximar-se ou
afastar-se do helicóptero em posição agachada. Antes de pararem, os rotores
costumam aproximar-se bastante do solo ou o vento pode força-los para baixo,
pelo que não será aconselhável a aproximação ao helicóptero pelo lado mais alto
do terreno.
Perto do helicóptero deve ter-se cuidado na zona de alcance
do rotor principal e do rotor da cauda. Se quando se estiver próximo do
helicóptero se pretender mudar de lado, deve-se dar a volta pela parte frontal
do aparelho, de forma a estar em contacto visual com o piloto. Enquanto se
carrega ou descarrega carga ou feridos, é perigoso permanecer junto dos patins,
pois o piloto poderá arrancar o motor sem aviso prévio.
Em qualquer operação de busca e resgate, deve-se designar um
coordenador de segurança. Este deve dispor de óculos, capacete e um rádio. Toda
a sua atenção deverá estar concentrada na segurança das pessoas e do material
que se estiver a carregar ou descarregar. Ecarregar-se-á também, de controlar
as cargas, organizar os voos dentro dos limites de peso fornecidos previamente
pelo piloto, deve ainda informar todas as pessoas envolvidas sobre a forma como
se abrem as portas e sobre as normas de segurança, sendo portanto o encarregado
geral da segurança da operação.
Aterragens sobre um patim
Este tipo de aterragens efectuam-se em terrenos escarpados e
difíceis. Nunca se deve correr encosta acima em frente das pás do rotor, nem
movimentarmo-nos em terreno onde se possa escorregar com facilidade. Geralmente,
neste tipo de condições, é impossível mantermo-nos afastados do helicóptero.
Portanto será conveniente ficar quietos e esperar que o helicóptero volte a
descolar.
Depois de conhecermos um pouco os helicópteros e as suas
limitações, abordaremos agora algumas técnicas de utilização dos mesmos pelas
equipas de resgate:
As cargas suspensas
Os helicópteros equipados com uma roldana ou um gancho para
suspender uma corda são muito úteis no resgate para o transporte de materiais.
No entanto pode ser perigoso utilizar um gancho para elevar as pessoas até ao
helicóptero. Durante um resgate numa parede escarpada, situada numa zona de
difícil aterragem, os membros da equipa de resgate podem descer em rapel até
próximo da parede ou podem ser transportados para uma pista de aterragem a
pouca distância do local da operação, equipados apenas com um equipamento
básico de bivac. Entretanto, faz-se descer o restante material com o cabo junto
à parede; deste modo ganha-se tempo e poupa-se esforço para transportar o
material.
Este método representa dois problemas básicos para os
pilotos: o peso da carga e as condições aerodinâmicas da carga. As limitações
de peso estão determinadas pelo tipo de helicóptero e pelos factores de voo,
assim como a altitude, a temperatura e o vento. Das condições aerodinâmicas
dependerá se a carga se move ou cai durante o voo.
O comprimento da corda ou do cabo de suspensão podem variar
conforme a situação, no entanto não devem medir mais de 70 metros.
Com este procedimento é possível transportar numerosas partes
do equipamento, como, as mochilas, cordas e macas, sempre tudo na condição que
se tenha pesado, previamente, todo o material e envolto o mesmo em lona, para-quedas
ou algo similar. Em qualquer das situações, é necessário fechar bem o “pacote”
com uma anilha que se prenderá directamente
ao gancho existente debaixo do helicóptero. A corda que segura a malha,
fixa-se à anilha e à carga. A carga e a corda distribuem-se pela farte frontal
do helicóptero, à vista do piloto. A anilha prende-se ao gancho desde na
frente, e nunca por cima dos patins ou a partir da parte traseira do
helicóptero.
Uma vez dado o sinal, o piloto elevará um pouco o helicóptero
até que a corda fique tensa, e de seguida compensará gradualmente o peso da
carga. Normalmente, os pilotos preferem não transportar passageiros quando
levam carga. No lugar onde deve ser depositado o material, deverá estar uma
pessoa (sempre protegida com capacete e óculos), a qual no momento oportuno,
dará o sinal para baixar a carga.
É possível transportar mais do que uma carga, fazendo uso
simultâneo de duas cordas ou cabos, de cada vez em tandem. A carga mais pesada
deve ser colocada na parte inferior e deve-se utilizar um pedaço de corda
(cerca de 1 metro) para unir a essa as outras cargas à mais pesada.
Este método de transporte deve ser utilizado principalmente
pelas equipas de busca e resgate. É também muito prático para deixar cair
material desde o ar, depois de envolver e proteger as peças mais frágeis.
Rapel desde um helicóptero
O rapel desde um helicóptero com corda estática aumenta a
eficácia nas operações de busca e resgate. Esta técnica pode ser treinada,
mesmo que o helicóptero não esteja equipado com uma grua.
O rapel apresenta vantagens sobre a técnica de descer por
cabo, sendo mais rápido, mais seguro do que saltar, dispensa sistemas mecânicos
de guincho, e a pessoa que efectua o rapel pode controlar a velocidade da
descida, bem como eleger o local da aterragem.
O ponto de ancoragem da corda de rapel deve ser bastante
sólido. Os anéis da cobertura, aparelhados correctamente constituem uma
ancoragem simples e segura que pode ser executada de forma rápida. O braço da
grua do guincho, também pode ser utilizado para ancorar as cordas de rapel.
Uma vez escolhida a ancoragem, pode-se eleger entre
diferentes tipos de rapel. O Sky Genie é um rolo de metal alongado e resistente
em volta do qual se enrola a corda de rapel. Quantas mais voltas se der à corda, mais lenta
será a descida. O escalador poderá deter-se ou controlar a sua velocidade sempre
que o desejar. O Sky Genie fixa-se ao assento de rapel ou ao arnês por meio de
um mosquetão de segurança. Um defeito importante desta peça, é que a corda tem de ser especificamente
de nylon e trançada ou torcida, não se podendo utilizar a corda que normalmente
se usa em escalada. A corda deve ter 13mm de diâmetro e garantir uma
resistência à tensão de 2.600 kg.
Sky Genie
Para realizar um rapel com o Sky Genie, prende-se um dos
extremos da corda a um ponto de ancoragem. O escalador veste um arnês e segura
o Sky Genie na corda, enquanto continua preso ao helicóptero. O helicóptero
deve ficar imóvel no ar. Quando o piloto der o sinal, atira-se a mochila com a
corda de rapel (entre 30 e 89 metros de comprimento) pela porta lateral do
helicóptero e sempre por cima do patim. Quando a mochila chegar ao solo,
deve-se confirmar que a corda não tenha ficado com torções ou nós. O escalador
solta então o cinto de segurança, coloca-se num dos patins, efectua um último
controle de segurança e, ao sinal do piloto, que é transmitido através do chefe
de equipa, começa a descer com rapidez em rapel.
Durante a descida deve manter a corda sem torções e emaranhados. Se o sistema bloquear
sem que o escalador o consiga soltar, a única hipótese será, levá-lo pendurado
até uma zona onde se consiga pousá-lo. Uma vez em terra firme, o escalador
solta-se rapidamente da corda, a qual, por sua vez, soltar-se-á do helicóptero
para o solo. Normalmente o rapel pode ser realizado em menos de um minuto,
incluindo já o tempo de suspensão do helicóptero, a duração do rapel e o voo
horizontal do helicóptero.
ilustração esquemática
de um sistema de segurança básico de helicóptero para utilizar com uma grua. A
corda de 11mm de diâmetro guarda-se numa mochila ou num saco, e passa-se
através de uma peça de fricção atado a uma ancoragem autorregulável e até ao
gancho do cabo.
Também se pode utilizar uma cadeira de rapel, um descensor
oito e uma corda normal com núcleo ou um corda torcida. Esta pode ser amarrada
com um gancho de pivot ao sistema de grua se o helicóptero o possuir e de
seguida deixa-se descer a corda. O chefe de equipa coloca o descensor oito na
corda e passa-o ao escalador, que por sua vez o prende à cadeira de rapel.
Quando receber o sinal, o escalador sai do helicóptero e inicia uma descida
rápida.
O rapel efectuado desde o helicóptero é muito seguro, e tanto
assim é que nos muitos anos que leva a ser efectuado em todo o mundo, não se
conhecem registos de acidentes nem outras contrariedades.
Continuaremos com este tema no próximo artigo. Estejam
atentos.
Até lá, tenham cuidado na montanha
E boas caminhadas
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