28 setembro 2011

Clube de Montanhismo de Braga conquista o cume do Perdiguero nos Pirinéus, atingindo os 3222 metros de altitude


Depois de alguns de nós já termos realizado algumas ascensões nos Pirinéus, alcançando alguns dos seus cumes mais significativos (Aneto, Posets, Monte Perdido e Vignemale), foi a vez de escolher nessa extensa cordilheira novos objectivos e aventuras.
Assim, formámos um grupo constituído pelo Paulo Costa, o Amadeu Barros, a Maria Carronda, o Daniel Ribeiro, o Vítor Veloso e o Manuel Ribeiro, na nossa maioria associados do Clube de Montanhismo de Braga, e partimos no passado dia 23 de Julho de 2011 da cidade de Braga com destino aos Pirinéus, mais concretamente com o objectivo de alcançar o cume das montanhas “Pica D’Estats”, situado a 3.143 mts e o Perdiguero com 3.222 mts .
Após uma noite e praticamente um dia de viagem, chegámos ao Camping D’Estats, situado na bela povoação de Àreu, na Catalunha, onde pernoitámos, preparando, entretanto, o equipamento necessário para “atacar”, no dia seguinte, a montanha “Pica D’Estats”.
O “Pica D’Estats” é o cume mais alto da Catalunha, situado na zona do Pirinéu de Lérida. A ascensão tem início num parque de estacionamento situado a cerca de 20 minutos do refúgio de Valferrera. Quando passámos junto ao refúgio de Valferrera estávamos já a uma altitude de 1.940 mts, avizinhando-se então um desnível teórico de 1.203 mts. Após uma subida íngreme em zig-zag alcançámos em muito pouco tempo a altitude de 2.080 metros. Superada esta rampa seguimos por uma zona mais ou menos plana que nos conduziu ao “Plan de Sotllo”. Neste ponto já deveríamos avistar o cume do Pica D’Estats, não fosse o intenso nevoeiro e as primeiras gotas de chuva que nos surpreenderam. Continuando a caminhada, alcançámos o primeiro lago, o “Estany de Sotllo”, onde montámos as tendas debaixo de chuva contínua. Inicia
lmente a ideia era ficar cerca de meia hora mais acima, no “Estany d’Estats”, porém, as más condições de tempo forçaram-nos a mudar os planos. Fomos toda a noite fustigados pelo mau tempo que se manteve de manhã, obrigando o grupo a abortar a missão devido aos perigos que o mau tempo acarretava. Iniciámos então a descida de regresso ao Camping para descansar um pouco. No dia seguinte, partimos para a povoação de Benasque, numa zona mais central dos Pirinéus, que dá igualmente acesso à zona do “Aneto””, que com os seus 3404 mts, vem a ser o ponto mais alto da Cordilheira, para daí procurarmos atingir o cume do “Perdiguero”. Nessa noite pernoitámos no “Camping Aneto”, em Benasque, e no dia seguinte (28 de Julho) iniciámos a subida. O início do trilho situa-se na ponte de Literola, aos 1600 metros. Inicialmente o trilho sobe bastante, numa zona com muita vegetação e arvoredo, até alcançarmos o “LLano de LLosgro”, onde se revela um vale e começa, com a altitude, a escassear a vegetação. Subimos a primeira “cascalheira” de rochas soltas que se desprendem da montanha, a qual se subiu ziguezagueando pelo trilho e, passados uns momentos, consegue-se avistar a Cabana de LLanos del Forcallo. Prosseguimos o trilho subindo por bons minutos sobre rochas, tendo o rio a correr em cascatas do nosso lado esquerdo. No cimo das cascatas encontrámos uma pequena lagoa situada a 2.286 metros, sendo junto a esta que elegemos o local para montar o acampamento e pernoitar. Infelizmente o céu

quase sempre encoberto impediu-nos a visão do céu noturno e constituía uma ameaça para o sucesso do dia seguinte.
Na manhã seguinte tínhamos sol! foi desmontado o acampamento e retomada a marcha, subindo uma zona rochosa e acidentada que passava junto do Lago Ibonet de Literola, situado nos 2.460 metros, sendo um lago de uma beleza rara e onde já se avistava alguma neve e onde se presenteava o grupo com a vista à sua frente do cume do Perdiguero. O trilho continuou sinuoso em cima de rochas e subimos até à base do Pico Perdigueret, situado a 2.765 metros e do qual se avista o deslumbrante Val de Estós.
A partir deste ponto a subida acentuou-se, e tornou-se ainda mais difícil pelo facto de efectuar-se, exclusivamente, sobre blocos (os “Bolos”) de rocha, o que obrigou a uma ascensão árdua e cautelosa até atingirmos a cumeada leste do Perdiguero (Hito Este do Perdiguero, situado a 3170 metros, que oficialmente implica um cume alcançado). Depois foram 15 minutos bem mais tranquilos até alcançarmos o cume central do Perdiguero, a uma altitude de 3.222 metros.
O cume do Perdiguero oferece uma paisagem deslumbrante, onde nos vimos rodeados de montanhas, e com as nuvens abaixo do nível onde nos encontrávamos. Dali avistávamos, por exemplo, a zona da Maladeta, com o Aneto em destaque, bem como o Posets (o 2ºcume mais alto da cordilheira – 3385 mts.) avistando-se, ainda, dois lagos com uma cor azul fora do comum, o Ibôn Blanco de Literola situado em Espanha e o Lac du Portillon D’Oô situado em França e, ainda, o glaciar de Literola.
Depois de comer uma “bucha” e tirarmos as fotos da praxe, iniciou-se a descida com cuidados redobrados, tendo bem presente que geralmente os piores acidentes ocorrem nas descidas. Felizmente, todos regressámos satisfeitos e fora de perigos, com mais uma conquista para recordar e enriquecer o curriculum pessoal de cada um e o do clube.
Curiosidades sobre o Perdiguero
O Perdiguero situa-se na província de Huesca, no limite com o Departamento de Haute-Garonne, no maciço Clarabide-Perdiguero-Boum.
Perdiguero em espanhol é o nome original, no entanto os franceses chamam-lhe Perdiguere. Consta-se que o nome deriva de perdiz, ave que abunda nos vales próximos. Foi baptizado pela primeira vez em 1850 pelo topógrafo francês Toussaint Lézat e pelo guia francês Pierre Redonnet.
A ascenção desta montanha é considerada algo difícil tecnicamente, com um desnível de 1662 metros

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