Princípios simples estão na base da sobrevivência. Estes incluem a
atitude mental, o que vestir e o que transportar. Como sobrevivente, devem-se
desenvolver estas artes básicas de sobrevivência, especialmente as relativas à
psicologia de sobrevivência, pois estas determinarão se conseguiremos ou não
sobreviver.
As Facas
De entre os itens a transportar a faca revela-se de extrema
importância numa situação de sobrevivência. Pode ser utilizada para muitas
coisas, tais como esfolar animais, preparar frutos e legumes cortar árvores,
etc. Por isso mesmo, deve-se manter
sempre a faca limpa e afiada e deve-se tê-la muito bem guardada quando
estivermos a caminhar. A lâmina da faca deve ter cerca de 15 cm. Se não existir
uma lima ou pedra de amolar, qualquer arenito costuma costuma servir para afiar
as facas. Um arenito cinzento dá melhores resultados do que quartzo puro. O
quartzo é o único mineral que risca o aço, abrindo um sulco brilhante em todas
as texturas. Se não encontrarmos nenhum arenito, devemos procurar granito ou
qualquer rocha brilhante e cristalina, com a excepção do mármore. Se tivermos
granito, esfregam-se dois pedaços de pedra um contra o outro até ficarem lisos,
antes de serem usados como mó. As facas são afiadas de preferência com a pedra
de amolar. Deve-se manter a lâmina com uma ligeira inclinação em relação à
pedra, Empurrando-se a lâmina afastando-a de nós. Deve-se afiar a lâmina
alternadamente de um lado e do outro. Pode-se obter um gume mais afiado
aliviando gradualmente a pressão sobre a lâmina.
As facas improvisadas podem ser feitas de madeira, osso, pedra, metal
ou mesmo vidro. Para se fazer uma faca com vidro, corta-se ao meio um pau de
madeira, insere-se o pedaço de vidro e ata-se tudo muito apertado. Para fazer
uma faca a partir de um pedaço de osso, afia-se um dos extremos, (o osso da
perna de um veado ou de qualquer outro animal de porte médio é o melhor) e do
outro extremo faz-se um cabo. Mesmo as tampas das latas de comida podem ser
inseridas num pedaço de madeira e transformadas numa faca improvisada, para
melhorar pode-se encontrar um pedaço de ferro macio cuja forma se assemelhe a
uma lâmina de uma faca, coloca-se o metal sobre uma superfície dura e lisa e
martela-se de modo a obter a forma desejada, de seguida amola-se o metal numa
pedra áspera de modo a obter um fio de corte, para finalizar ata-se a um cabo
de madeira macia.
Utensílios improvisados para
caçar (e não só)
Os sobreviventes imaginativos devem ser capazes de fazer instrumentos
e armas a partir dos materiais
encontrados no meio à sua volta e que servirão, na maior parte das vezes,
melhor do que os objectos comerciais.
Lança – É a rma mais simples de fazer e de usar. Para tal basta
encontrar uma vara, o mais direita possível e afiar-lhe a ponta, ou então colocar
nesta uma faca, um bocado de lata, de sílex, de osso, ou de madeira queimada
Cacete – Apesar da sua simplicidade, este é provavelmente um
dos instrumentos mais úteis que se pode ter numa situação de sobrevivência. É
fácil de fazer e pode ser substituído sem o mínimo esforço. Independentemente
do local onde nos encontremos, devemos sempre tentar fazer um cacete. Valerá o
seu peso em ouro.
Faz-se o cacete a partir de um ramo com cerca de 5 cm a 6 cm de
diâmetro e com aproximadamente 75 cm de comprimento. Pode ser usado para verificar
os laços e as armadilhas mortais, para matar os animais que caíram nas nossas
armadilhas, como arma, pode também ser usado para matar caça que se desloque
lentamente.
Como fazer o cacete
Não se deve escolher um pau que seja demasiado grande ou pesado. Procura-se
uma pedra que tenha um formato que permita ser seguramente amarrado ao cacete,
isto é, uma pedra em forma de ampulheta. Procura-se um pedaço de madeira, de
preferência dura e ata-se uma pega à pedra (pode-se rachar a pega, ou raspar o
extremo do cajado até metade do seu diâmetro e encaixa-se a pedra na ponta
amarrando-se firmemente). Deve-se inspecionar com regularidade as ataduras para
ver se não estão gastas ou laças.
Serras de arame – Pode-se improvisar uma serra a partir de um
ramo verde novo ou fazer uma serra de mão,
se formos mais ambiciosos unindo as pontas do ramo com um arame e
esticando-o naturalmente pela pressão do ramo verde ou por um engenho criado em
madeira para a serra de mão.
se formos mais ambiciosos unindo as pontas do ramo com um arame e
esticando-o naturalmente pela pressão do ramo verde ou por um engenho criado em
madeira para a serra de mão.
Ferramentas de pedra – O sílex, a obsidiana, o quartzo e outras
pedras de cristal podem ser usadas pelo sobrevivente. As pedras podem fazer
bons martelos, quer isoladas ou dotadas com
cabos. As pedras de cristal podem ser lascadas ou laminadas de modo a formar um
extremo afiado. Quando se estiverem a lascar as pedras com recurso a outra
pedra, o golpe deve ser dado num ângulo inferior a 90º, pois de outra forma o
choque será absorvido pela pedra. É necessária certa prática para fazer
instrumentos de pedra.
Instrumentos de osso -
Se foi morto um animal de grande porte, não nos devemos desfazer da
carcaça. As armações e os chifres podem ser usados para escavar, cortar e
martelar. Pode-se usar uma faca para talhar os ossos. Assim, por exemplo, a pá
do ombro pode ser partida ao meio e cortada de modo a fazer dentes, teremos
assim uma serra. Os ossos dos animais mais pequenos também podem ser úteis, as
costelas podem ser bem aguçadas e servir de estacas; outros ossos podem ser
afiados num dos extremos, enquanto o outro extremo é queimado com um arame
quente de modo a fazer-se um buraco, o resultado é uma agulha sólida.
Arco e Flechas – A tensão na madeira não amadurecida é muito
fraca, pelo que é necessário fazer diversos arcos e mudar quando o que
estivermos a utilizar perder a tensão. A madeira de teixo é das melhores para
esse efeito, mas pode-se ter de usar outro tipo de madeira, dependendo do local
onde nos encontremos. A madeira do arco deve ter cerca de 120 cm de
comprimento. Apara-se a madeira de modo a ter uma espessura de 5 cm no centro e
de 1,5 cm nos extremos. Faz-se um corte em cada extremo, com cerca de 1,25 cm
de comprimento, para poder encaixar a corda do arco. Esfrega-se o arco com óleo
ou gordura animal.
Para a corda, o melhor será utilizar couro cru, embora qualquer corda
ou cordel sirvam. Quando a corda estiver esticada no arco, deverá estar sob uma
ligeira tensão. O resto da tensão será dada por nós quando a puxarmos para
atirar a seta.
As setas devem ser feitas de madeira direita com 60 cm de comprimento
e 6mm de largura. Os pedaços de madeira devem ser macios e o mais direitos
possível. Abre-se uma ranhura com cerca de 6mm de comprimento, onde caiba a
corda do arco. As asas da seta podem ser feitas de penas, papel, tecidos leves
ou folhas ajustadas à forma. Se uma pena for dividida pelo centro do cálamo
abaixo, deixa-se cerca de 2cm do cálamo em cada extremo da pena para atar à
seta. O melhor será atar três asas igualmente espaçadas em torno da seta. As
pontas das setas podem ser feitas de lata,
de sílex,
de osso,
ou de madeira queimada.
Para atirar com o arco, coloca-se uma seta na corda e levanta-se o
centro do arco até ao nível dos olhos. Segura-se no centro do arco com a mão
esquerda (se formos dextros) e pousa-se a seta no cimo dessa mão. Mantém-se o
braço que segura o arco estendido à medida que se puxa a corda com a outra mão.
Mantém-se a seta ao nível dos olhos enquanto se fizer este movimento. Alinha-se
o alvo com a seta e liberta-se a corda. Não se deve agarrar na corda à medida
que se liberta esta. Em situação de caça, é muito útil termos várias setas.
Deve-se tentar transportar as setas nalgum tipo de aljava e mantê-las sempre
secas.
Couro verde – Este material é muito útil e pode ser feito a
partir de peles de qualquer animal. O processo pelo qual se obtém o couro é um
pouco moroso, mas o resultado final merece o esforço e o tempo gastos. O couro
verde tem muitas utilizações, tais como em chicotes, cordas, baínhas para facas
e ferramentas. O primeiro passo a dar será remover toda a gordura e músculos da
pele (corta-se os grandes bocados e raspa-se o resto com uma faca ou sílex).
Deve-se então remover o pelo, aplicando-se uma grossa camada de cinzas no lado
da pele que tem o pêlo. Borrifa-se algumas gotas de água sobre as cinzas, após
estas terem sido colocadas sobre a pele, enrola-se e guarda-se a pele num local
frio durante alguns dias. Quando o pêlo começar a cair passaremos a ter o
chamado couro(deve-se verificar constantemente quando é que ele começa a cair).
Este couro deve ser desenrolado e colocado sobre uma pedra. O restante pêlo
pode ser então raspado, com uma faca ou com um pedaço de sílex.
Quando o pêlo for removido, deve-se lavar o couro e estica-lo dentro
de uma moldura. Deve-se secar o couro lentamente à sombra. O couro verde é
muito duro quando está seco, mas pode ser amaciado quando embebido em água.
Fisga – Escolhe-se um ramo forte em forma de Y e um pedaço de
material elástico (um pedaço de borracha das câmaras de ar dos pneus é o ideal),
faz-se uma tira para o centro do elástico e enfia-se ou cose-se na posição
correcta a dois fios ou elásticos. Atam-se os extremos dos fios ou elásticos a
cada uma das pontas do ramo. Usam-se pedras pequenas como munições. Com a
prática pode tornar-se uma arma muito certeira e mortal.
Quando se fizer o tiro com a fisga, coloca-se a fisga acima da nossa
cabeça e liberta-se a tira para atirar as munições na direcção do alvo. Quando
se estiver a usar a fisga para apanhar pássaros, devem-se usar várias pedras de
uma só vez.
Bolas – Embrulha-se as pedras num tecido e ata-se este ao
extremo de cordas com cerca de 90 cm de comprimento. Atam-se os outros extremos
das cordas uns aos outros. Pega-se na extremidade em que as cordas estão juntas
e rodam-se por cima e em torno da nossa cabeça. Quando são largadas, as bolas
conseguem alcançar uma vasta área.
Podem ser usadas para apanhar pássaros em voo ou para apanhar as
pernas de um animal, dando-nos a oportunidade de nos aproximarmos deles.
Estrela de arremesso – Com esta arma temos quatro vezes mais
hipóteses de caçar do que com uma lança. O peso da arma deve ser o suficiente
para pelo menos atordoar a pesa. Para fabricar esta arma, deve-se procurar dois
paus com cerca de 5 cm de diâmetro e 45 cm de comprimento cada um. Faz-se um
corte em quadrado no meio de cada pau e afiam-se as pontas destes.
De seguida colocam-se os cortes em quadrado um sobre o outro formando
uma cruz com os paus, os quais se fixam
por intermédio de um nó com um cordel.
Pode-se exercer maior força se estivermos numa posição erecta e
arremessarmos a estrela para as pernas da presa.
Espeto de roedores - Uma
lança bifurcada pode ser usada para capturar pequenos animais nas suas tocas.
Deve-se empurrar a ponta da lança para o interior da toca. Quando se sentir o
animal deve-se torcer a lança bifurcada até o enrolar pela pele. De seguida
cuidadosamente puxa-se a lança para fora junto com o animal.
Convém frisar mais uma vez que estes instrumentos são utilizados para
situações de sobrevivência extrema, pois é impensável matarmos animais pelo
puro prazer de matar. Os animais são lindos de se ver no seu estado selvagem e
todos os seres vivos têm direito à vida, mas em questões de sobrevivência
prevalece sempre o mais forte, o mais astuto e o mais inteligente, e,
logicamente, para além do mais, o saber
não ocupa espaço.
No próximo artigo voltaremos ao mesmo tema, até lá…
Boas caminhadas
Sem comentários:
Enviar um comentário
comentários