Esfolar e amanhar
Aves
A maior parte das aves devem ser depenadas e cozinhadas com a pele,
tendo em vista reter a humidade e aumentar o seu valor alimentar.
Após a ave depenada, corta-se-lhe a cabeça e faz-se um golpe no ânus
através do qual se possa remover as vísceras.
Lava-se a cavidade do corpo da ave com água doce e limpa. Separa-se a
moela, fígado e coração para assar.
Limpa-se a moela, abrindo-a e removendo-lhe os grãos, areias e a pele
interior.
É mais fácil depenar uma ave
depois de escaldada.
As aves aquáticas são uma excepção, estas aves são mais fáceis de
depenar a seco. Depois de cozinhadas, algumas aves podem ser esfoladas para se
lhes melhorar o sabor, no entanto o valor alimentar pode perder-se.
Aves necrófagas, tais como abutres e tartaranhões, devem ser fervidas
pelo menos durante 20 minutos para que os parasitas sejam destruídos.
Guardam-se todas as penas (excepto as das necrófagas). Estas podem ser usadas
para isolar os sapatos ou o vestuário ou para pôr na cama.
Animais
As pulgas e os parasitas costumam abandonar um corpo frio. Deve-se
aguardar que tal suceda antes de limpar e amanhar as carcaças. A limpeza deve
ser feita estando-se próximo de água corrente, sempre que possível, onde as
carcaças possam ser lavadas.
Para preparar animais de pequeno e médio porte:
1) Pendura-se a carcaça de cabeça para baixo num ramo apropriado.
Corta-se-lhe a garganta e deixa-se sangrar para um recipiente. Ferve-se o
sangue. Este é uma fonte valiosa de alimento, vitaminas, minerais e de sal.
2) Faz-se uma incisão em torno dos “pulsos” e “tornozelos” do animal e
uma outra em forma de “Y” desde as patas traseiras até à garganta através da
barriga. Não se corta a carne, apenas se corta a pele.
3) A partir do tórax, faz-se uma incisão em direcção de cada uma das
patas dianteiras.
4) faz-se uma incisão circular em torno dos órgãos sexuais.
5) Esfola-se actuando de cima para baixo. A pele da maior parte dos
animais mortos recentemente costuma sair como se fosse uma luva justa,
revelando-se mais difícil em algumas espécies.
6) abre-se-lhe a barriga e retira-se as entranhas, da traqueia para
cima, separando toda a massa visceral com um corte circular para remover os
órgãos sexuais.
7) Guarda-se os rins, fígado e coração. Utiliza-se a gordura aderente
aos intestinos e ao couro. Todas as partes de um mamífero são comestíveis,
inclusive as partes carnudas do crânio, tais como os miolos, língua e outras
partes moles. Inspecciona-se o coração, rins, fígado e intestinos para verificar
se têm manchas ou vermes.
Se o animal tiver alguma
doença, o perigo estará presente durante o manuseamento e a preparação da carne
para cozinhar. Se tivermos luvas, devemos usá-las durante a preparação do
animal. Elas ajudarão a evitar que se contraia a doença. Uma vez o animal bem
cozido, há poucas hipóteses de sermos contaminados pela doença.
8) Não se deita fora nenhuma das partes do animal. As glândulas,
entranhas e órgãos reprodutores podem ser usados como isca em armadilhas e em
linhas de pesca.
Como estripar os animais
Corta-se a pele em volta do ânus, e se o animal for macho corta-se a
pele paralela, mas não contígua, ao pénis.
Insere-se o indicador e o dedo
médio entre a pele e a membrana que contém as entranhas, coloca-se a lâmina da
faca entre os dois dedos e faz-se um corte até à queixada.
Corta-se o diafragma quando chegarmos às costelas, corta-se o osso
pélvico e remove-se o ânus,
abre-se o peito, separa-se e remove-se a maior quantidade da traqueia
que se puder.
Coloca-se o animal numa posição lateral e retira-se as entranhas.
Como esfolar animais de grande
porte
Após termos caçado o animal, deita-se este de costas. Corta-se a pele
em linha recta (será uma grande ajuda ter uma faca bem afiada) desde o osso da
cauda até um ponto sob a queixada do animal.
Pressiona-se a abertura a abertura na pele até que dois dedos possam ser
inseridos entre a pele e a fina membrana que contém as entranhas. Coloca-se a
lâmina entre os dedos, corta-se e força-se com os dedos para a frente, tendo a
palma da mão voltada para cima, cortando a pele e não a membrana. Quando se
chegar às costelas não necessitamos de ser tão cuidadosos. Retiramos os dedos,
forçamos com a faca para baixo da pele e levantamo-la. Corta-se até ao ponto C.
Com o corte central completo faz-se de seguida cortes cortes laterais desde A
até C (ver figura). Corta-se no lado interior de cada perna até ao joelho e
jarrete. Fazem-se então cortes em torno das pernas da frente imediatamente acima dos joelhos bem como em torno das
pernas traseiras logo acima do jarrete. Faz-se o último cruzamento no ponto C e
dá-se um corte completo em torno do pescoço e na parte de trás das orelhas.
Começa-se então a esfolar.
Começa-se exactamente pelos cantos onde os cortes se encontram. Após
esfolarmos o animal o mais que pudermos num dos lados, roda-se a carcaça para
esfolar a parte de trás. Espalha-se a pele solta, de modo a evitar que a carne
toque no chão, e roda-se o animal no seu lado esfolado. Seguem-se os mesmos
procedimentos para o lado oposto até que toda a pele esteja liberta.
Curtimento
Guarda-se a pele. Quando fica seca torna-se leve e é um bom isolante
como cobertura de cama ou artigo de vestuário. A pele pode ser curada
removendo-se-lhe todo o excesso de carne e esticando-a numa armação.
Pode obter-se ácido tânico
arrancando a parte interior da casca do carvalho e ensopando-a em água. Quanto
mais concentrada for a solução, tanto mais eficaz será. A pele deve ser
alternadamente ensopada nesta solução e pendurada à sombra para secar. Quanto
maior for o número de aplicações, tanto mais bem curtido ficará o couro. O
ácido tânico também se encontra no castanheiro, na mimosa, e no chá.
Animais de grande porte
Para a preparação, segue-se as indicações já referidas, tendo em
atenção que teremos de ter mais cuidado (e cordas mais robustas) para suspender
as carcaças dos animais mais pesados. Se isto for impossível, amanha-se o
animal no chão.
Roedores
As ratazanas, das matas e do deserto, têm carne saborosa,
particularmente se estufada. Estes roedores devem ser esfolados, estripados e
escaldados.
As ratazanas e os ratos devem ser cozidos durante cerca de 10 minutos.
Qualquer deles pode ser cozinhado com folhas de dente-de-leão. Incluem-se
sempre os fígados.
Coelhos
São saborosos, mas fornecem pouca gordura à dieta. Apanham-se e
matam-se com facilidade. Para os esfolar, faz-se uma incisão atrás da cabeça ou
corta-se um bocado à pele que nos permita enfiar os dedos.
Retira-se a pele.
Para limpar o coelho, faz-se uma incisão ao longo da barriga, abre-se
completamente e roda-se vigorosamente para baixo. A maior parte dos intestinos
costuma pender para o exterior. O que fica, pode ser arrancado e deitado fora.
(Guarda-se o coração e o fígado, se não apresentarem manchas).
Esquilos
A carne de esquilo é tenra e saborosa. Após esfolar o esquilo,
simplesmente coloca-se num espeto improvisado e assa-se inteiro numa fogueira.
Como alternativa pode-se cortar a carne em pedaços e fazer um guizado. Um
esquilo grande pode alimentar duas pessoas. Para o esfolar corta-se a pele ao
redor das patas e de seguida corta-se a pele através do meio das costas do
animal.
Colocamos então dois dedos por
baixo da pele de cada um dos lados do corte efectuado e puxa-se para os lados
opostos, retirando a pele do corpo do esquilo.
Outros animais comestíveis
Todos os mamíferos são comestíveis. Cães, gatos, ouriços-cacheiros,
porcos-espinhos e texugos devem ser esfolados e estripados antes de serem
cozinhados, Fazem-se estufados com uma boa dose de folhas comestíveis.
Répteis
As cobras e os lagartos são comestíveis. Descabeçam-se e esfolam-se
antes de serem comidos. Os lagartos encontram-se um pouco por toda a parte,
especialmente nas regiões tropicais e subtropicais, Assam-se ou fritam-se. Para
preparar as cobras, agarram-se firmemente por detrás da cabeça, a qual é
cortada com uma faca,
abre-se a barriga e retira-se o interior, esfola-se a cobra e pode-se
ainda usar a pele para improvisar cintos e correias.
Partes dos animais que podem
ser utilizadas
Entranhas – O coração, fígado e rins podem ser comidos, no entanto
devem-se rejeitar todos aqueles que estiverem descolorados.
Sangue – É uma boa base para sopas.
Gordura – É boa para fazer sopas.
Pele – Pode ser usada como couro para roupas entre outras utilidades
de agasalho.
Tendões e ligamentos – Podem ser utilizados como tiras e cordas.
Tutano – É uma fonte de alimento muito rica.
Ossos – Podem ser usados para fazer armas e ferramentas.
Com mais este artigo esperamos ter contribuído para te ajudar a
enfrentar mais algumas situações de sobrevivência. Sublinhando uma vez mais,
que apenas devemos recorrer a estes ensinamentos em situações de extrema necessidade.
Brevemente voltaremos ao tema. Até lá…
Boas caminhadas