O nevoeiro é um fenómeno muito comum na montanha, principalmente nos dias carregados de nuvens posteriores a outros dias em que ocorreram chuvas e/ou nevões.
Da mesma forma que a chuva, o nevoeiro também produz uma baixa de temperatura e aumento de humidade, pelo que convém ir sempre para a montanha, preparados com roupas adequadas para o enfrentar. O nevoeiro é logicamente um perigo para aquelas pessoas que não levam o equipamento adequado para a montanha, mas o maior perigo é a perda do campo de visão, podendo provocar desorientação e outros perigos adjacentes a esta.
Aventurar-se por zonas desconhecidas com nevoeiro, é uma aventura que dificilmente terminará bem.
O nevoeiro não é mais nem menos do que uma suspensão de minúsculas gotas de água ou cristais de gelo numa camada próxima da superfície da terra.
Diferença entre Neblina e Nevoeiro
A única diferença entre nevoeiro e neblina é a visibilidade. O fenómeno é chamado de neblina se a visibilidade for superior a um quilómetro, e nevoeiro se a visibilidade for inferior a um quilómetro.
As camadas de ar mais baixas e em contacto com o solo, podem regularmente originar neblinas, quando se concentram partículas secas, invisíveis ao olho humano, mas suficientemente numerosas para dar ao ar uma aparência opaca (entre branco e azulado).
As camadas baixas podem também saturar-se por esfriamento no contacto com o solo e formar uma acumulação de minúsculas gotas de água, denominada bruma, quando causa uma moderada redução da visibilidade, sempre superior a 1 km e com uma humidade relativa igual ou superior a 70%. Em situações de bom tempo, as brumas matinais, desaparecem à medida que a acção solar começa a instaurar o regime de brisas.
Quando a bruma se torna mais densa, falamos de nevoeiro. Com o nevoeiro, a visibilidade reduz até menos de 1 km e classifica-se de espessa, quando esta é inferior a 200 m.
O nevoeiro espesso, constitui um dos nossos maiores problemas em montanha, devido à desorientação que produz, inclusive em locais que conhecemos como a palma das mãos.
Os bancos de nevoeiro são causados por condições locais, sobre áreas bem concretas de algumas centenas de metros de comprimento. São particularmente persistentes sobre lagos, rios e mares, todos eles fontes de humidade, mas a situação típica em Montanha surgirá nas noites de irradiação, claras e estreladas, que recebem todo o calor acumulado pela terra durante o dia.
Como proceder perante o nevoeiro
Para situações de má visibilidade, à noite ou com nevoeiro, convém conhecer a medida dos nossos passos em diferentes situações. Para isso podemos percorrer uma distância facilmente calculável em linha recta e determinar desta forma quantos passos damos para a percorrer . Assim, dividindo, obtemos o que mede a nossa passada. Estas medições serão muito úteis. Também devemos efectuar o cálculo para trajectos encosta acima e encosta abaixo.
Outra opção é contar também com o tempo que demoramos a percorrer essa distância, o que nos permitirá realizar o cálculo de forma mais cómoda do que ir contando os nossos passos. Uma vez que ambos os métodos podem apresentar variações e uma ampla margem de erro, contar com os dois simultaneamente permite-nos obter um resultado mais preciso.
Se formos apanhados pelo nevoeiro cerrado, todos os dados anteriores serão valiosos aliados, mas mais ainda será o nosso senso comum que prevalece. Ainda que não sejamos capazes de reconhecer nenhum acidente geográfico à nossa volta, com a ajuda de uma bússola teremos sempre à nossa disposição a localização dos pontos cardeais.
Mas como dizíamos, o nosso senso comum é um companheiro valiosíssimo que nos dirá quando devemos parar e se é necessário passar a noite num local, esperando que melhorem as condições. Esta decisão não tem que ser igual para todos, o nosso conhecimento e experiência permitirão determina-lo.
O nevoeiro é um dos piores inimigos que pode encontrar um montanheiro, pois podemos começar uma actividade com o melhor tempo do mundo e de repente pode cair um nevoeiro que nos irá desorientar totalmente.
Se a obscuridade da noite reduz as nossas possibilidades e aumentam as dificuldades, com o nevoeiro aumentam em proporção e não podemos permitir nenhuma falha. Deparando-nos com a mínima duvida, o melhor, se for possível, será parar e esperar, agasalhando-nos e protegendo-nos convenientemente dentro do possível.
Além do risco de nos perdermos, o nevoeiro pode produzir enjoo e desiquilíbrio, quando perdermos os pontos de referência. Se estivermos a esquiar, devemos fazê-lo lentamente, fixando o nosso olhar nos esquis do companheiro da frente, ou em pedras, arbustos ou qualquer ponto de referência, se estivermos a caminhar podemos fixar o nosso olhar na mochila do companheiro da frente, etc. A melhor forma de nos orientarmos em caso de nevoeiro é com GPS, mapa, Bússola e/ou altímetro. Um método muito eficaz será utilizar o GPS, mas o grande inconveniente deste é a duração das suas baterias, pelo que é conveniente sabermos utilizar uma bússola, a qual nunca teremos esse problema e funcionará em qualquer circunstância desde que estejamos afastados de fontes magnéticas.
Em caso de desorientação, o melhor é descer ao fundo de um vale que nos permita perder altitude e portanto sair do banco de nevoeiro e seguir rio abaixo, até chegar a uma povoação.
Algumas normas básicas de actuação em caso de depararmos com nevoeiro
. O melhor será, termos conhecimentos básicos de meteorologia que permita detectar quando se irá formar o nevoeiro e tentar evitar o mesmo.
. A primeira coisa a fazer, será abortar a actividade e iniciar o regresso, pois o ano tem muitos dias e a montanha não se vai deslocar do local em que está. O ideal será regressar antes de estarmos envoltos pelo nevoeiro.
. Deslocar-nos para locais com o trilho bem marcado, para que no caso de sermos apanhados pelo nevoeiro, seja fácil seguir o trilho.
. Se o nevoeiro for muito intenso, não devemos prosseguir a marcha, o aconselhado é parar, de forma a evitar ter acidentes, pois podemos encontrar terrenos acidentados.
. Fugir de zonas sem referências (bosques, grandes campos, etc).
. Se o nevoeiro não se desvanecer, será melhor parar e passar uma noite com intempérie, do que ter um acidente.
Nunca devemos esquecer que o nevoeiro denso é um dos piores inimigos do montanheiro. O ditado já é antigo e felizmente não passa de moda “nevoeiro na montanha, montanheiro na cabana.”
Tenham cuidado, e, boas caminhadas.
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